sexta-feira, 4 de abril de 2014

Azul estaria cogitando compra de aviões para voo no exterior


A companhia aérea brasileira estaria negociando com o Airbus e a Boeing para começar a realizar voos internacionais

Julie Johnsson e Mary Schlangenstein e Andrea Rothman, da
Brendon O'Hagan/Bloomberg
Jato 787-9 Dreamliner da Boeing em um hangar da Air New Zealand no Aeroporto Internacional de Auckland, na Nova Zelândia
Jato 787-9 Dreamliner da Boeing: este é um dos modelos cogitados

Chicago, Dallas e Toulouse - A Azul, a companhia aérea brasileira criada pelo fundador da JetBlue Airways, David Neeleman, está negociando com o Airbus Group NV, com a Boeing Co. e com locadores sobre jatos de fuselagem larga para começar a voar para o exterior, disseram fontes do setor.

O 787-8 Dreamliner da Boeing é um dos modelos cogitados, disseram duas das fontes, que solicitaram o anonimato porque as negociações são confidenciais. O atual A330-200 da Airbus e uma versão atualizada que ainda está na mesa de projeto também fazem parte da discussão, disseram as fontes.

A aquisição de jatos com corredores duplos seria uma mudança do foco atual da Azul, que utiliza aviões menores em rotas domésticas. A expansão também impulsionaria a Azul para concorrer com as duas maiores companhias aéreas que operam no Brasil, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes SA e o Latam Airlines Group SA, bem como com as linhas aéreas americanas com descontos que concorrem por uma parte maior no florescente mercado interamericano de viagens.

É possível que Neeleman “esteja fazendo isso de olho nos Jogos Olímpicos” no Rio de Janeiro em 2016, disse Robert Mann, consultor de aviação com sede em Port Washington, Nova York. “Como operadora de baixo custo, eles têm grandes vantagens”.

Jacques Rocca, porta-voz da Airbus, com sede em Toulouse, França, não quis comentar, nem Marc Birtel, da Boeing. Gianfranco Panda Beting, diretor de comunicações e marca da Azul Linhas Aéreas Brasileiras SA, nome formal da companhia, disse que a empresa não possui “planos concretos” por agora.
“Estamos focados no Brasil”, disse ele ontem, em entrevista por telefone. “Este é um projeto no longo prazo”.
Companhia aérea doméstica


A frota da Azul está ajustada ao mercado doméstico do Brasil, onde a companhia aérea com descontos e sede em Barueri, São Paulo, atualmente controla cerca de 17 por cento dos voos, após adquirir a Trip no ano passado. Atualmente, a Azul utiliza 134 aviões, de jatos da Embraer SA com capacidade para até 118 pessoas até aviões turboélices menores, conforme seu site.

Os aviões Dreamliner discutidos com a Boeing incluíram modelos 787 que fazem parte da fase inicial de produção do primeiro avião comercial do mundo feito de plástico composto, disse uma fonte. Esses aviões, que são conhecidos como os “adolescentes” e são mais pesados do que os jatos montados depois, seriam vendidos com grandes descontos, disse a fonte.

A Azul também está considerando modelos de menor fuselagem, como o A321neo da Airbus e o 737 Max da Boeing, além de uma versão atualizada do E190 planejada pela Embraer, que não poderiam realizar rotas internacionais, disse uma das fontes. A empresa está examinando os aspectos econômicos de cada tipo de avião e como eles se encaixariam com o atual modelo de negócios, disse essa fonte.


Moeda desvalorizada


Os possíveis planos de expansão chegam em meio a uma desvalorização do real, que encareceu as viagens ao exterior para os brasileiros. No mês passado, a Azul adiou planos para uma venda pública de ações que teria arrecadado US$ 450 milhões, citando condições macroeconômicas desfavoráveis.

A desregulamentação das companhias aéreas na América Latina está abrindo grandes mercados como o México, a Argentina e o Chile, países onde a Azul aproveitaria uma vantagem de custos frente a concorrentes consolidados, disse Mann em entrevista por telefone.

As viagens aéreas entre os EUA e o Brasil aumentaram rapidamente graças a um tratado de Céus Abertos assinado em 2010, que deu às companhias aéreas americanas um maior acesso a aeroportos com vagas limitadas em São Paulo e no Rio de Janeiro a partir de 2011, e que eliminará todas as barreiras à concorrência das companhias aéreas entre ambos os países até o final de 2015.

Após construir uma rede que oferece 860 voos diários para 104 cidades dentro do Brasil, é natural que Neeleman passe para aviões maiores para satisfazer a crescente demanda, disse Mann.

“O próximo passo seria usar esse sustento para entrar no serviço internacional”, disse Mann.

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