USI Biorefinarias pretende começar a produzir no Rio Grande do Sul ainda em 2014
Por Conrado Esber
A
dependência gaúcha do etanol importado de outros estados pode estar chegando ao
fim em breve. Um
projeto audacioso, que prevê a implantação de 15 usinas no Rio Grande do Sul
até 2017, deve diminuir – e muito – a necessidade de compra do etanol hoje
utilizado no Estado. A USI Biorefinarias, especializada em tecnologia
industrial para a construção de usinas de pequena escala, conseguiu juntar as
pontas entre uma cooperativa americana, produtores gaúchos e pesquisadores para
viabilizar a produção em solo gaúcho.
Até hoje, o clima inadequado para cultivar a cana-de-açúcar tem sido de determinante para que o Rio Grande do Sul deixe de figurar no mapa da produção de etanol, e importe de outros Estados praticamente 100% do combustível. Por encomenda da USI, no entanto, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola e Pecuária) desenvolveu a semente de outro vegetal também aproveitável no processo: o arroz gigante. “A cana não cresce aqui por conta do inverno. Por isso, procuramos a Embrapa, de Pelotas, para produzir um arroz gigante, que serve para ração animal e produzir etanol”, conta Francisco Mallmann, presidente da USI.
A tecnologia para montar as usinas já estava pronta. Desde 2011 uma usina em São Gabriel (RS) já está em funcionamento, mas não opera com 100% de sua capacidade por conta da falta de matéria-prima. Os restos industriais utilizados no processo, provenientes da casca do arroz comum, são insuficientes. Com o desenvolvimento do arroz gigante, não só a usina já construída poderá operar a pleno como também são planejadas outras 15. “Além do etanol teremos o etanol neutro, que você destina para cosméticos, alimentação e setor farmacêutico. E o etanol neutro de arroz é um dos mais valorizados do mercado mundial”, salienta Mallmann.
A semente do arroz gigante está sendo plantada em áreas do centro-oeste e espera-se que até o final de 2014 a produção já comece no Rio Grande do Sul. Produtores rurais gaúchos fazem fila, interessados em plantar o grão. “Fechamos uma parceria com uma cooperativa americana, a maior de todas, com ações na bolsa e credibilidade global. Esse é o pulo do gato. Fechamos com eles exclusividade na comercialização do que é produzido nas usinas. Agora o produtor que for parceiro da USI já tem o etanol comercializado por 10 anos”, comemora Mallmann.
Os americanos, da empresa CHS, já reservaram três locais para armazenar o etanol: no porto de Rio Grande, em Santa Maria – por conta da ferrovia, e em Esteio, para atender as refinarias locais. A produção já é dada como certa. Mesmo que o arroz gigante não seja tão produtivo e barato como a cana-de-açúcar, ainda assim sairá mais em conta para os gaúchos quando confrontado com o custo logístico de trazer o combustível de outros Estados. “A cana é mais produtiva e o custo de produção é mais baixo. Mas aqui não tem, e quando você tem que importar de São Paulo se torna caro. Por isso se torna viável o custo de produção do arroz gigante”, sustenta Francisco Mallmann.
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