Aliados
protocolam novo pedido de investigação com participação de deputados e
senadores, em que são alvos também o cartel de trens de São Paulo e as
obras de construção do Porto de Suape
Brasília
- A base aliada da presidente Dilma Rousseff protocolou nesta
quinta-feira, 3, no Congresso Nacional mais um pedido de instalação de
uma CPI Mista que investigue, além de irregularidades na Petrobrás,
episódios ligados aos partidos dos principais adversários na sucessão
presidencial, o senador Aécio Neves (MG) e o governador de Pernambuco,
Eduardo Campos (PSB). A expectativa dos governistas é que só essa
comissão seja instalada, a partir de uma estratégia que tem como
protagonistas o Palácio do Planalto, o PT e o PMDB.
A tática passa
pelo aval, na próxima semana, da Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) do Senado sobre as CPIs exclusivas - só com senadores -
protocoladas na Casa. A tendência é que a CCJ aceite a criação de um
comissão de inquérito com temas desconexos e amplos - da Petrobrás
gerida pelos petistas ao cartel de trens em São Paulo, governado pelos
tucanos há quase 20 anos, passando pelo Porto de Suape, sob gestão do
governo pernambucano.
Após a criação da CPI exclusiva do Senado,
ela seria absorvida pela CPI Mista protocolada ontem na Câmara. Por fim,
o governo quer controlar as indicações de seus integrantes. "A CPI
mista vai ser a maior. Quando tem duas ou mais, é claro que aquela mais
representativa acaba chamando a atenção e esvaziando outras", diz o
líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Com maioria
no Congresso, o governo conta com o apoio das lideranças da base para a
indicação de nomes que trabalhem para minimizar os danos à presidente e
perturbar os adversários.
A ideia é articular a indicação de
parlamentares diretamente ligados às cúpulas dos partidos da base para a
futura CPI Mista. Na Câmara, os líderes Eduardo Cunha (PMDB), Bernardo
Santana de Vasconcellos (PR) e Beto Albuquerque (PSB) afirmam o desejo
de se autoindicarem membros. No PSDB, o escolhido deve ser Carlos
Sampaio (SP), que acumulará a missão com a coordenação jurídica da
campanha presidencial de Aécio.
Chinaglia afirmou que a indicação
de líderes deixará mais nítida a atuação de cada partido durante as
investigações. "Isso é positivo porque não tem como um líder dizer que
perdeu o controle da atuação do indicado", disse. "Não se pode excluir
os outros parlamentares, mas claro que não há representação maior de
cada partido do que seu líder", complementa. Ele próprio não descarta
participar da comissão.
Nas duas Casas os líderes comentam que a
CPI precisa ser tratada com cuidado especial para evitar a tentativa de
atuações solo de parlamentares indicados. "Só vou indicar pessoas
afinadas com a orientação do PT. Se for um meio rebelde do bloco que
quer compor a comissão, é melhor sair", disse o líder petista no Senado,
Humberto Costa (PE). "Vou pôr alguém em que eu possa confiar, que a
gente possa dizer para ter um ou outro procedimento de acordo com nossa
orientação", disse, sob reserva, outro líder do Senado.
Os
senadores devem usar com mais parcimônia o recurso da autoindicação, já
que as posições entre as bancadas são mais consolidadas que na Câmara.
No PMDB, por exemplo, a tendência é de que Romero Jucá (RR) participe,
enquanto os tucanos devem optar por Alvaro Dias (PR) - ambos alinhados
às cúpulas partidárias.
Plano B. O plano leva em conta o fato de
não ser mais possível, na avaliação dos governistas, evitar uma CPI. O
que não significa que impedir seu funcionamento tenha saído do horizonte
do governo. Assim, a estratégia paralela é esgotar as possibilidades
regimentais para, não sendo possível evitar, atrasar ao máximo a
instalação. A CCJ do Senado vai debater o tema na terça-feira e a
decisão final sobre a instalação será levada ao plenário. O presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acertou o rito da decisão com o
presidente da comissão, Vital do Rêgo (PMDB-PB).
A judicialização
do tema também é levada em conta. Governistas admitem que a manobra
feita no Senado tem mero efeito protelatório, motivo pelo qual a
oposição já ameaça obstruir os trabalhos na Câmara e recorrer ao Supremo
Tribunal Federal para acelerar a instalação. A CPMI protocolada ontem
só deve ter seu requerimento lido na próxima sessão do Congresso, em 15
de abril.
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