domingo, 13 de abril de 2014

Custo do investimento no Brasil registra queda

Segundo estudo do Ministério da Fazenda, desde 2004, custo de se investir no País recuou 14%; mesmo assim, investimento tem avanço tímido

JOÃO VILLAVERDE / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
 
Investir no Brasil ficou mais barato, segundo o Ministério da Fazenda. Estudo técnico preparado pelo órgão aponta que, entre 2012 e 2013, o preço relativo do investimento caiu 2,6%. Do pico, atingido em 2004, até o ano passado, o custo de se investir no País caiu quase 14%.

Isso é resultado, principalmente, das desonerações de tributos concedidas a empresas de diversos setores, em especial para os fabricantes de máquinas e equipamentos e o segmento de construção civil.

Além disso, a criação de linhas especiais de crédito, como o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES e da Finep, e outras mudanças microeconômicas no mercado financeiro têm permitido, no geral, um barateamento do investimento no País.

O levantamento do Ministério da Fazenda aponta que o deflator do PIB aumentou 7,69% em 2013, enquanto o deflator dos investimentos subiu bem menos, 4,83%. O deflator é um cálculo de inflação específico para cada indicador. Em outras palavras, os dados mostram que a inflação para o empresário foi menor do que para o conjunto da economia em 2013.

Isso tudo, no entanto, não fez o investimento aumentar tanto. Segundo as contas nacionais do IBGE, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que contabiliza os gastos com máquinas e equipamentos e também construção civil, atingiu 18,4% do PIB em 2013, ante 18,2% do PIB em 2012. Os melhores indicadores da série, iniciada em 1995, foram obtidos em 2008 (19,1% do PIB), 2010 (19,5%) e 2011 (19,3%), quando o preço relativo do investimento era mais alto do que agora.


Confiança.  


Segundo críticos da política econômica do governo Dilma Rousseff, a queda no custo do investimento no País é inegável, mas o fenômeno só terá efeito de impulsão da taxa de investimento quando o empresário confiar que haverá crescimento sustentável por um período prolongado. Já o governo avalia que as medidas de redução de custos para o empresário brasileiro investir começaram a surtir efeito nos dois últimos anos, e em especial em 2013. 

"A crise mundial reduziu drasticamente os nossos mercados para exportação, ao mesmo tempo que freou o ritmo interno de crescimento. Mas a taxa de investimento aumentou no ano passado, e em parte, é possível dizer que isso se deu graças à redução do custo de se investir", afirmou o secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Márcio Holland.

Autor do estudo sobre o preço relativo do investimento, Holland defende as diversas medidas tomadas pelo governo desde 2011. Segundo ele, o aumento de 6,3% da FBCF no ano passado foi resultado direto dessas medidas. 

No grupo das 20 maiores economias do mundo, o G-20, o avanço da taxa de investimento em 2013 no Brasil ficou atrás somente dos expressivos 19,6% de alta na China. Países em patamar de desenvolvimento semelhante ao do Brasil registraram elevações muito inferiores, como África do Sul (4,7%) e Turquia (4,1%).

"O investimento ficou mais barato, e isso terá efeito em cascata, aos poucos, ficando evidente no médio prazo", afirmou Holland, para quem a melhora da logística é a próxima fronteira para barateamento dos investimentos no País.


STF decretara impeachment de Dilma se acatar denúncia do MPF contra ela e Mantega no Pasadenagate



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net



Dilma Rousseff (Presidenta da República) e de Guido Mantega (Ministro da Fazenda) terão dificuldades de se livrar de uma investigação rigorosa, com grandes chances de condenação, na ação coletiva de responsabilidade civil que pede a reparação de danos estimados em US$ 1,18 bilhão aos acionistas da Petrobras e à própria empresa, apenas no surreal processo de compra da velha refinaria Pasadena (no Texas, EUA) – negócio armado entre 2006 e 2009. O Palácio do Planalto está mais preocupado agora em abafar tal ação contra o “Pasadenagate” – que pode tornar a quase certa CPI da Petrobras ainda mais infernal para o governo.

Fabricar uma impunidade para o escândalo será uma jogada quase impossível. Investidores que representam contra Dilma e Mantega listaram pelo menos nove atos ilícitos bem evidentes contra os presidentes do Conselho de Administração da Petrobras. Na tensa véspera da campanha à reeleição, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, tem evidências de sobra para processar Dilma e Mantega no foro privilegiado do Supremo Tribunal Federal. Será mais uma bomba de pepino a ser política e juridicamente descascada pelos 11 ministros do STF. Se o Supremo aceita uma ação contra Dilma, o impeachment é automático. 

Investidores apontaram, claramente, como os presidentes do Conselho de Administração da Petrobras falharam no dever de cuidado e descumpriram o dever de diligência previsto para os gestores de companhias abertas no artigo 153 da Lei das Sociedades Anônimas (número 4.604, de 1976). Pela legislação, a diligência consiste em “atenção, cautela, perícia e legalidade de conduta”. Na filosofia escrita da lei, “o administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios”.

Os nove atos falhos apontados pelos investidores: 1) Aprovação, pelo Conselho de Administração, em apenas três dias, da compra da refinaria Pasadena; 2) Aprovação com base em informações insuficientes; 3) Aprovação de conteúdo contratual desvantajoso, também com base em informações sabidamente insuficientes; 4) Avaliação superestimada da segunda metade das ações da refinaria de Pasadena; 5) Decisão do Conselho de exonerar Nestor Cerveró, dando-lhe outro emprego, sem investigar sua responsabilidade na compra de Pasadena; 6) Aprovação pelo Conselho da nomeação de pessoa sem competência para gerir a Petrobras América em momento de crise; 7) Aprovação para descumprir cláusula contratual expressa de “put option”; 8) Aprovação de não pagar a dívida com a belga Astra, apesar da determinação em sentença arbitral; 9) Decisão do Conselho de descumprir decisões judiciais contra parecer jurídico da própria empresa.

Será impossível que o Procurador-Geral consiga preservar Dilma do enrosco Pasadena. Até porque a Presidência da República soltou uma nota oficial, no final do mês passado, confirmando que Dilma, quando presidia o conselhão da empresa, aprovou a compra da refinaria, com a questionável ressalva de ter sido mal assessorada sobre o assunto. A pretensa tese das “informações incompletas” é derrubada pelo diretor afastado da Petrobras, Nestor Cerveró, responsável pelo relatório que recomendava a compra da refinaria Pasadena. O advogado dele, Edson Ribeiro, sustentou a versão de que os membros do Conselho de Administração da Petrobras receberam, com antecedência de 15 dias, a documentação completa referente à compra da refinaria.

Baseando-se na Lei das Sociedades Anônimas, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pode estender a mesma ação a outros conselheiros e membros da diretoria da empresa, especificamente na compra temerária da refinaria Pasadena, nos EUA: José Sergio Gabrielli, presidente da estatal na época, Antonio Palocci Filho, Fábio Barbosa, Gleuber Vieira, Jaques Wagner, Arthur Sendas (já falecido), Cláudio Luiz da Silva Haddad e Jorge Gerdau. Como membros do Conselhão da estatal, todos ficam enquadrados no artigo 158 da Lei das SAs, que prevê dois casos de responsabilização pessoal: quando agir com dolo ou culpa ou quando agir em violação à lei e ao estatuto da companhia, independentemente de culpa ou dolo.

A ação de investidores contra Dilma e Mantega – que o Palácio do Planalto agora tenta abafar nos bastidores jurídicos – foi movida no dia 31 de março. No dia 2 de abril, tal representação foi anunciada pelo investidor Romano Allegro na Assembleia Geral da Companhia, que foi presidida pelo diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa. O documento foi protocolado no Conselho de Administração da Petrobras para fazer parte da ata da AGO. A ação conta com o apoio da Associação de Engenheiros da Petrobras – o que aumenta o impacto interno na companhia.

A situação de Dilma fica complicadíssima se o MPF aceitar a representação e pedir ao STF que processe a ex-presidente-conselheira Dilma e o atual-presidente-conselheiro Mantega. No caso de processo, o impechment de Dilma é automático. 
Não dependerá de consulta ao Congresso nacional. Uma Presidenta processada não pode continuar no cargo. Por isso, o esforço governista, além de impedir a instauração da CPMI da Petrobras no Congresso, vai se concentrar na missão quase impossível de impedir que tal ação de investidores contra Dilma vá adiante.

O desdobramento do escândalo na Petrobras pode abrir caminho para aquela que parecia improvável: a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. Caso Dilma seja impedida – tudo pode acontecer antes ou, principalmente, depois da Copa do Mundo da Fifa -, o vice Michel Temer assumiria a Presidência. Se o PMDB vai manter a aliança com PT caso tal “acidente” ocorra é a grande dúvida. Lula sairia candidato de emergência para tentar vencer a complicada eleição, com os desgastes da Petrobras e da Copa (ainda mais se a seleção brasileira não vencer, conforme programado). Os escândalos na Petrobras (não apenas restritos a Pasadena, tem a Gemini, Comperj, Abreu e Lima, San Lorenzo, Plataformas holandesas, BB Milenium, Conta Combustível, Br Distribuidora, e etc) vão enterrar os petralhas.    

Na avaliação de especialistas em Direito Administrativo e Empresarial, será praticamente impossível salvar ela e os demais conselheiros da acusação de descumprir o "dever de diligência" de administradores, previsto no estatuto da Petrobras. Se o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, não pedir a abertura de processo contra Dilma, como pedem investidores da Petrobras, a impunidade estará definitivamente instaurada na República Sindicalista do Brasil – na qual o regime capimunista promove a aliança entre governantes, políticos, sindicatos, fundos de pensão e empresários para tocar negócios lícitos ou ilícitos – na governança do crime organizado.

Investigação concreta que mais apavora o governo – e que fatalmente deverá ter ligações com a Petrobras – é a Operação Lava Jato. A investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre lavagem ilegal de pelo menos R$ 10 bilhões envolve, diretamente, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que também era conselheiro da Br Distribuidora e da Brasken (joint venture entre Odebrecht e Petrobras). Paulo Costa está preso, por ligações diretas com o doleiro Alberto Yousseff, com quem agora a PF revela que mantinha até uma conta corrente conjunta. Paulo Costa cuidou, pessoalmente, do caso Pasadena, que agora enrola Dilma e Mantega.

Paulo Costa é o homem bomba da Petrobras. A data da explosão é ainda incerta. Mas o governo Dilma já apresenta sinais de implosão. Se o MPF denunciá-la ao STF no caso Pasadena, a Presidenta vai para o inferno di impeachment, sem escala de uma desgastante CPMI, que todo mundo sabe como começa, mas que tem sempre chance enorme de acabar muito mal, mesmo no Brasil da impunidade ampla, geral e irrestrita, onde os bandidos são anistiados e o honestos, punidos com impostos elevados para financiar o Estado de delinquência.

País perde 13% do PIB com logística deficiente

 

 

 

Custo ideal de escoamento não só da safra deveria ser de no máximo 6,2% do PIB


TÂNIA RABELLO, ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estado de S.Paulo
 
O PIB brasileiro em 2013 foi de R$ 4,8 trilhões. Deste total, 19,23%, ou R$ 923 bilhões, representam o que se gasta com logística no Brasil. Para o bem ou para o mal. Embutido nesse valor, está também o desperdício, ocasionado pelas rodovias mal conservadas; pela baixa integração e insuficiência de modais mais baratos, como ferrovias e hidrovias; por portos e terminais de carga com capacidade aquém da demanda atual; por aeroportos insuficientes e superlotados, além de deficiência de armazenagem.

Nestes números, apresentados pela consultoria gaúcha Intelog, especializada em cálculos logísticos, está tanto o dinheiro "bem gasto" quanto o dinheiro "mal gasto", explica o diretor-presidente da Intelog, Paulo Manzel, acrescentando que, dadas as deficiências acima citadas, o dinheiro do desperdício supera em 13,03% os recursos que efetivamente deveriam ser investidos em transporte e logística para tudo o que se produz no País. "Ou seja, o custo logístico ideal do Brasil deveria ser de 6,2% do PIB", diz Manzel, acrescentando que, nos Estados Unidos, este custo é de apenas 8,5% do PIB. 

Safra de verão, E é o agronegócio, responsável há anos pelo superávit da Balança Comercial Brasileira e por quase um terço do PIB do País, um dos setores que mais sofrem com as deficiências logísticas para escoar sua produção, principalmente entre fevereiro e abril, período em que a safra de verão é colhida e tem de ser distribuída pelo País ou escoada para os portos, para exportação. Ainda segundo Menzel, o impacto da logística no agronegócio é de 8% do Valor Bruto de Produção (VPB), que é tudo o que o setor produz em um ano. O VPB de 2013 ficou em R$ 421,5 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

"Este ano o escoamento da safra só não tem sido tão caótico quanto foi no ano passado porque a safra norte-americana de milho foi normalizada - reduzindo as necessidades de exportação do cereal pelo Brasil", diz o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, que continua: "Ou seja, não houve coincidência de grandes volumes de milho e soja nos portos de exportação", diz. "Além disso, este ano não tem chovido no período de embarque dos grãos no porto. Quando chove - e no ano passado choveu muito - toda a operação de carregamento dos navios tem de ser paralisada."

O que se conclui, então, é que a relativa "normalização" do escoamento da safra brasileira de grãos, que deve alcançar 190 milhões de toneladas em 2013/2014, um recorde, deu-se mais por questões climáticas do que por efetivas melhorias de infraestrutura e logística, diz Mendes.

"O que estamos vendo ao longo dos anos por parte do governo federal são só medidas paliativas para tentar minimizar os gargalos de escoamento das safras", declara o presidente da Seção de Cargas da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Flávio Benatti. A CNT elaborou, em 2011, um extenso plano de transporte e logística - que está sendo atualizado este ano, informa Benatti - no qual, segundo a entidade, seriam necessários cerca de R$ 700 bilhões para implementar obras integradas, desde a origem até o destino das cargas, para resolver o problema dos transportes no País, não só do agronegócio. "Para ver como os investimentos no setor têm sido tímidos, basta dizer que o governo previa gastar, em todos os modais de transporte, no orçamento do ano passado, R$ 15,33 bilhões e, ainda assim, só R$ 13,4 bilhões foram efetivamente empenhados", informa o representante da CNT.


Plano de armazenagem.  


Entre as providências mais comentadas pelo setor agro, tomadas pelo governo federal para tentar minimizar o caos logístico no País, estão um plano de financiamento para armazéns e sistemas de armazenagem, com recursos de R$ 25 bilhões em cinco anos (de 2013 para cá); a concessão à iniciativa privada da nevrálgica BR-163, no Mato Grosso, cuja concessionária, a Odebrecht, que assumiu a rodovia no dia 10 de abril, deverá duplicar a estrada em cinco anos, e o sistema de agendamento de caminhões no Porto de Santos, no litoral paulista, para evitar a formação de extensas filas e congestionamento nas rodovias próximas (Veja artigo na pág. H5).

Segundo o Ministério dos Transportes, a concessão da BR 163, num total de 850,9 quilômetros que vão de Sinop (MT) até a divisa com Mato Grosso do Sul, vai gerar em 30 anos investimentos de R$ 4,6 bilhões. "O principal objetivo ao melhorar o trecho de Mato Grosso é aliviar o atual movimento de cargas nas estradas do Sul em direção aos Portos de Santos e Paranaguá (PR)", informa o Ministério, acrescentando que nada menos que 20 milhões de toneladas de soja passam por ali. 

"A BR 163 está com 500% de ocupação, ou seja, suporta cinco vezes mais a sua capacidade em Mato Grosso", diz o especialista em infraestrutura e logística Edeon Vaz Ferreira, que também é consultor da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e diretor-executivo do Movimento Pró-Logística de MT. Conforme explica Ferreira, escoar grãos colhidos em Mato Grosso pelo chamado "Arco Norte", que compreende os terminais portuários do Norte e Nordeste do País, é, efetivamente, muito mais compensador. "Tomemos como exemplo o município de Sorriso, o maior produtor de soja do Brasil", explica Ferreira. "De Sorriso a Santos são 2.250 quilômetros; de Sorriso a Paranaguá, 2.350 quilômetros; de Sorriso até Vila do Conde, no Pará, são 2.000 quilômetros, sendo, porém, 1.090 quilômetros de rodovia e o restante por hidrovia, o que torna o transporte bem mais barato", diz Ferreira, acrescentando que, por estar baseado principalmente no modal rodoviário, o preço do frete em Mato Grosso "é o mais caro do mundo".

Procuradoria do TCU pede que Dilma e conselheiros respondam por Pasadena


Relatório aponta indícios de ‘gestão temerária’ e falhas ‘acima do razoável’ na compra de refinaria


Andreza Matais e Murilo Rodrigues Alves
 
BRASÍLIA - Relatório do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) recomenda que os responsáveis pela negociação de compra da refinaria de Pasadena sejam responsabilizados por eventuais perdas da estatal. O negócio, que contou com o aval da hoje presidente da República, Dilma Rousseff, foi iniciado em 2006 e concluído em 2012, após um longo litígio e gasto superior a US$ 1 bilhão. O documento da procuradoria de contas, ao qual o Estado teve acesso, e que subsidiará a decisão dos ministros do tribunal, afirma que a alta cúpula da Petrobrás, "incluindo os membros do 

Dilma discursa no dia da posse de Graça Foster - Fabio Motta/Estadão
Fabio Motta/Estadão
Dilma discursa no dia da posse de Graça Foster


Conselho de Administração", respondam "por dano aos cofres públicos, por ato antieconômico e por gestão temerária", caso sejam comprovadas irregularidades. Para o MP, as falhas dos gestores da Petrobrás na condução do negócio foram "acima do razoável". Em 2006, Dilma, que era chefe da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva, presidia o Conselho de Administração da Petrobrás. No mês passado, ao saber que o Estado publicaria uma reportagem que revelaria seu voto favorável à compra de 50% da refinaria naquele ano, a presidente divulgou nota na qual afirmou só ter apoiado o negócio porque foi mal informada sobre as cláusulas do contrato.

Em 2008, ainda como presidente do Conselho de Administração, Dilma passou a ser contra o negócio e atuou para tentar barrar a compra de 100% da refinaria, algo que, em razão de custos judiciais, encareceu ainda mais a transação, que precisou ser concretizada. 

Palavra final. O relatório final do TCU, que usará o trabalho da procuradoria de contas como base, deve sair em julho, mês em que a campanha eleitoral será iniciada. Em entrevista no mês passado, o relator da caso de Pasadena no tribunal, ministro José Jorge, afirmou: "Como a compra passou pelo Conselho Administração e pela Diretoria, como regra geral do TCU, eles podem ser chamados a se explicar". 

A procuradoria afirma que a Petrobrás foi "vítima" da "inabilidade de seus gestores em firmar acordos contratuais". Para o MP junto ao tribunal, da forma como o negócio foi fechado, o grupo belga Astra Oil adquiriu o direito "líquido e certo" de vender sua participação à Petrobrás, recebendo o valor fixado nos contratos. "Para ela (Astra Oil), tudo era possível, e, para a Petrobrás, ao que parece, restava acatar a decisão da sócia", afirma o relatório do Ministério Público de Contas. 

Os auditores designados pelo ministro relator trabalham, ainda, com outra linha de responsabilização. A intenção dos técnicos é se basear no artigo 158 da Lei das S.A., que prevê punição aos gestores quando houver violação "ao dever de cuidado e diligência" ou "imprudência, negligência e imperícia".

A legislação impõe que "o administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios". 

Belgas. A Astra impôs várias condições à estatal para firmar a parceria, exatamente o contrário do que deveria ter ocorrido, afirmam os procuradores. "Ela estava fora do negócio e tinha o direito, se não a obrigação, de exigir garantias mínimas da futura sócia, sobretudo ante o preço que se dispôs a pagar", diz o documento. "O poder de decisão não minimizou os riscos do negócio para a estatal brasileira. Ao contrário, só os aumentou", completa o relatório. 

Um dos pontos criticados no texto é o fato de a Petrobrás pagar duas vezes pelo combustível estocado na refinaria, já que arcou pela unidade com estoques inclusos e, posteriormente, pagou mais uma vez pelos estoques. Há "evidências consistentes", diz o texto, de que o valor dos produtos estocados não estava incluso nos US$ 360 milhões pela aquisição porque a Petrobrás nem sequer tinha conhecimento do volume e do valor dos estoques. 

A análise da operação ainda critica a oposição da estatal de levar adiante uma batalha judicial para não cumprir as cláusulas contidas no contrato de compra da refinaria. Laudo da Justiça dos EUA confirmou o valor de US$ 466 milhões pelo restante da unidades e ainda obrigou a Petrobrás a desembolsar US$ 173 milhões por garantia bancária dos sócios, juros, honorários e despesas processuais, o que fez com que a conta aumentasse para US$ 639 milhões. 

O documento afirma que há de se apurar por que a Petrobrás não cumpriu a decisão proferida em abril de 2009. "Ao que parece, essa postura levou a empresa a arcar com milhares de dólares referentes a juros e correção monetária. E mais uma vez pede a responsabilização do Conselho de Administração caso se constate que não havia razões suficientes para o descumprimento da decisão arbitral, deve-se apurar a responsabilidade dos gestores e membros do Conselho de Administração." 

Crise. A manifestação da presidente ao questionamento do Estado causou uma crise política, que acarretou na aprovação de uma CPI para investigar a estatal. Em meio ao caso de Pasadena, outras suspeitas recaíram sobre a Petrobras. A principal delas envolve o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, alvo da Polícia Federal por suas ligações com o doleiro Alberto Youssef.


Como enviar dinheiro para o exterior sem risco de ser preso pela PF


Há quem tente esconder dinheiro sob as roupas, mas há formas mais inteligentes, e legais, de resolver o problema de remessa monetária internacional


Igor Gadelha, especial para o Estado de S. Paulo
 
 
SÃO PAULO - Brasileiros ou estrangeiros residentes no País que desejam enviar dinheiro para o exterior podem optar por pelo menos quatro alternativas legais, sem correr riscos de ser preso pela Polícia Federal. 


Há quem esconda dólares na roupa, mas há formas seguras e legais - Reprodução


Há quem esconda dólares na roupa, mas há formas seguras e legais

As opções são:

1. Remessa sem conta bancária
2. Vale postal eletrônico pelos Correios
3. Cartões pré-pagos
4. Transferência entre contas

Em todas as alternativas, a transação é simples e não requer autorização do governo.

Os recursos enviados devem obrigatoriamente ser convertidos em moeda estrangeira por uma instituição autorizada pelo Banco Central (BC) a operar no mercado de câmbio brasileiro. 

A cotação da moeda é fixada no momento da transação. Em geral, são cobradas taxas de remessa ou impostos, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). 


Confira abaixo como funcionam e os custos de cada uma dessas opções:


1. Remessa sem conta bancária

O depositante e o beneficiário não precisam ter conta bancária. Basta o dono do dinheiro procurar alguma agência autorizada pelo BC e preencher uma ficha especificando o local, a quantia e os dados de identificação de quem receberá o recurso. Não há limite de valor.

Na operação, são cobrados o IOF de 0,38% sobre o valor a ser enviado e a taxa de remessa, que varia de acordo com a operadora. O dinheiro poderá ser retirado pelo beneficiário em até 24 horas após a transação ser efetivada. Para isso, basta levar o passaporte a um local de atendimento determinado pela agência no Brasil.

2. Transferência entre contas

Nesse caso, tanto o depositante quanto o beneficiário deverão ter uma conta bancária, mesmo que em bancos diferentes. Os recursos podem ser enviados tanto para uma conta corrente do mesmo titular como para de terceiros. Aqui também não há limite de valor, mas é necessário informar o objetivo do dinheiro enviado.

Na transação, é cobrado o IOF de 0,38%, bem como a taxa de remessa. É importante destacar que, nesse caso, é preciso levar em conta também os custos de manutenção da conta bancária no exterior. A cobrança de taxa de saque ou não varia entre os bancos de cada país. A maioria deles não cobra nada dos correntistas.

3. Vale Postal Eletrônico via Correios

Qualquer empresa ou pessoa física (brasileiro ou estrangeiro residente no País) pode enviar dinheiro ao exterior por meio do Vale Postal Eletrônico. Para isso, o interessado deve procurar uma agência dos Correios e apresentar CPF, RG ou Carteira de Trabalho ou de Motorista. No caso dos estrangeiros, basta o passaporte. 

Já as empresas devem apresentar o CNPJ e documentos do representante pessoa física. Em todos os casos, é necessário ainda informar os dados e endereço do beneficiário. O limite de dinheiro a ser enviado varia de acordo com cada país, assim como prazo para recebimento, que demora de 2 a 15 dias.

Diferentemente das outras formas de enviar dinheiro para o exterior, o Vale Postal é a única isenta de IOF. Apesar disso, exige que o beneficiário saque o dinheiro de uma só vez, o que pode ser perigoso quando a quantia é alta. Outra desvantagem é o fato de que os Correios só têm convênio com 33 países, não tendo acordo com países muito procurados, como os EUA. 

4. Cartão de crédito pré-pago

Para enviar dinheiro por essa opção, basta procurar algum banco ou casa de câmbio no Brasil que emita esses tipos de cartões, adquirir um deles e depositar a quantia que desejar. Para recarregá-lo, basta entrar em contato com a operadora novamente. Na transação, o IOF cobrado é de 6,38%. Além disso, é cobrada uma taxa para sacar o dinheiro no exterior.


Opinião dos analistas.


Especialistas ouvidos pelo Estado avaliam que é preciso considerar uma série de aspectos na hora de escolher a melhor maneira de enviar dinheiro do Brasil para o exterior. Para Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora, a forma mais vantajosa é a transferência entre contas bancárias.

O principal benefício, na avaliação dele, é que a transação é feita pelo câmbio comercial, mais vantajoso do que o câmbio flutuante, utilizado nas outras operações. "O câmbio flutuante é sempre pior para o cliente. Quando manda, é mais caro e, para trazer dinheiro, a cotação é mais barata", explica o especialista.

O professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana, pondera que, além do IOF e do dólar, é preciso levar em conta também o custo da transação. "Normalmente, o custo é alto. Às vezes, chega a 100 dólares", comenta. Diante disso, ele alerta que é preciso analisar a quantidade de vezes que a transação é feita.

"Se fizer transferências com frequência, fica oneroso. Por outro lado, se faz um aporte muito grande, está deixando de render o dinheiro aqui no Brasil. Ou seja, tem que fazer uma comparação entre a taxa de doc e os juros (de rendimento)", afirma. No caso do vale eletrônico, mesmo com custos mais baixos, ele aponta como desavantagem o fato de o beneficiário ter de tirar o dinheiro de uma vez só.

sábado, 12 de abril de 2014

Quer investir no exterior? Que tal considerar a China?


Investidor mais abastado pode considerar investir em investimentos atrelados ao iuane para ganhar mais do que nas aplicações em dólar ou em euro

AFP
A moeda da China, o iuane
Iuane: aplicações permitem que investidor ganhe juros mais a valorização da moeda

São Paulo – Assim como há pessoas que investem em aplicações atreladas ao dólar ou ao euro, é possível também investir em aplicações ligadas à moeda chinesa – o Renminbi, que é uma nomenclatura mais usada oficialmente, ou iuane, como é o nome da unidade da moeda e também o termo mais comumente usado.

De acordo com Bruno Martins, especialista na moeda chinesa do banco suíço Julius Baer, os investimentos atrelados ao iuane vêm se tornando atrativos em função do crescimento da importância da China no cenário econômico internacional.

Ele elenca três fatores principais para crer no fortalecimento da moeda: a vontade de o governo chinês transformar o Renminbi em uma moeda usada internacionalmente, tornando-a uma das principais moedas do comércio mundial, ao lado do dólar e do euro; a necessidade de transmitir confiança aos investidores estrangeiros na China, evitando uma depreciação artificial; e o estímulo do governo ao consumo interno, dotando a população de um maior poder de compra.

Outra vantagem é a baixa volatilidade: “O Renminbi não é uma moeda que está flutuando de maneira livre como o euro e o dólar. Quem estabelece seu valor é o banco central chinês. E o interesse do país, neste momento, é valorizar a moeda”, diz Martins.

Martins lembra que, desde que foi lançado em 2011, o iuane já se valorizou mais de 40% frente ao real. Mas embora a possibilidade de ganhar com a valorização da moeda exista, o investidor não deve esperar grandes ganhos.

Entre as aplicações atreladas ao iuane oferecidas pelo banco suíço estão, por exemplo, os depósitos a prazo e os certificados de depósitos. Aqueles emitidos pelo Banco Popular da China pagam 3% em 12 meses, mais a apreciação da moeda. “Um título semelhante nos Estados Unidos paga 0,3% ou 0,4% em um ano”, diz Martins.

Ele explica que os certificados de depósito são emitidos por bancos, para financiarem suas atividades, mais ou menos como acontece com os CDBs aqui no Brasil.

Outro tipo de investimento são as obrigações em Renminbi, emitidas por empresas como Caterpillar, America Movile e Santander Chile. “Se uma obrigação em dólar pagar 1,0% ou 1,5% ao ano, a obrigação em Renminbi paga o dobro”, diz Martins.

As obrigações são certificados de dívidas de empresas que querem investir na China. Nada mais são que investimentos em que o investidor financia o investimento da empresa em iuanes no país asiático.

Há ainda as opções de investir em fundos de investimento que aplicam em obrigações em Renminbi não acessíveis à pessoa física, que costumam ter retorno médio de 5% ao ano, e os produtos estruturados, que funcionam com um mecanismo de capital protegido.

Martins dá o exemplo de um produto estruturado que paga 8% ao investidor mais a apreciação do iuane, caso a moeda se valorize 1,5% frente ao dólar. Se não chegar a essa alta, o investidor recebe o dinheiro de volta. “Hoje, um produto desse tipo garante 98% ou 99% do capital investido de volta, devido à confiança no Renminbi”, diz Martins.

Embora possa ganhar com a valorização do iuane, o investidor que busca esse tipo de investimento em geral não busca altos retornos, mas diversificação internacional. Apesar do retorno baixo em relação a investimentos brasileiros (sem considerar a alta da moeda), a rentabilidade é mais alta do que a de investimentos similares em euro ou dólar.

“O investimento em Renminbi é para o investidor que já tem veículos diversificados em dólares americanos. Faz sentido para esse investidor ter uma pequena parcela na moeda chinesa”, diz o analista do Julius Baer.

Em relação aos riscos, Bruno Martins aponta a possibilidade de o governo chinês desvalorizar a moeda para compensar com exportações uma crise em algum setor econômico, como o imobiliário e o bancário; e o risco de acabar investindo em um dos setores mais arriscados da economia chinesa, como o imobiliário, o bancário e o de energia.

Esse tipo de investimento está disponível para o investidor pessoa física, mas é preciso ter uma conta internacional, para investir diretamente no exterior. E também é aconselhável que este não seja o único investimento no exterior, atuando como uma diversificação, portanto. Assim, acaba sendo um investimento voltado para investidores mais abastados.


EUA: investimento em publicidade digital ultrapassa TV aberta


Pesquisa da PricewaterhouseCoopers divulgada pelo IAB aponta que a receita de publicidade na internet atingiu US$ 42,8 bilhões contra US$ 40,1 bilhões da televisão aberta


EUA: investimento em publicidade digital ultrapassa TV aberta

Pela primeira vez, em 2013, a receita publicitária de internet ultrapassou a de televisão nos EUA. De acordo com dados compilados pela PricewaterhouseCoopers e divulgados pelo IAB, as vendas de anúncio digital atingiram US$ 42,8 bilhões, um salto de 12% em comparação com 2012.

No entanto, a televisão ainda é o meio com a maior fatia de anúncios. Juntas, as receitas de publicidade na TV aberta e na TV por assinatura somaram US$ 74,5 bilhões.

Em comunicado, Randall Rothenberg, CEO do IAB, afirma que não é nenhuma surpresa que anúncios interativos tenham ultrapassado o tradicional formato da TV aberta. “Isso mostra o poder que as telas digitais têm em alcançar e engajar audiências”.

 
A publicidade mobile prossegue em um bom ritmo de crescimento no mercado norte-americano. Em 2013, o segmento alcançou US$ 7,1 bilhões. Embora a maioria dos meios de publicidade na internet tenha apresentado crescimento em receita, muitos perderam em participação para o mobile. Veja abaixo:

 
Com informações do Mashable