Após denúncias que envolvem nomes ligados
ao governo com esquema de corrupção na Petrobras, CPI retoma
investigações nesta quarta-feira. Entenda o que está em jogo
São Paulo - Da
Petrobras aos
parlamentares que
trabalham na CPI que investiga as irregularidades na estatal, passando
por Marina Silva e governo: todos afirmam que querem ter acesso ao
conteúdo integral das denúncias feitas por Paulo Roberto Costa,
ex-diretor da Petrobras, ao Ministério Público Federal e à Polícia
Federal.
Segundo relato da revista Veja desta semana, Costa teria afirmado que
uma série de políticos ligados ao governo estariam envolvidos em esquema
de
corrupção na
Petrobras.
Na manhã de hoje, o teor das denúncias será pauta de reunião entre o senador Vital do Rêgo (PMDB), que preside a
CPI Mista
da Petrobras, e outros parlamentares. À tarde, a comissão deve ouvir o
também ex-diretor Nestor Cerveró, que, junto com Costa, aprovou a compra
da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).
Confira uma seleção de perguntas e respostas que explicam o que está em jogo
O que motivou a instalação da CPI da Petrobras?
A CPI da Petrobras foi instalada por iniciativa de parlamentares de
oposição em decorrência de diversas denúncias envolvendo a Petrobras.
Em março, quando a operação Lava-Jato, da Polícia Federal, revelou
relações entre o doleiro Alberto Youssef e Costa, ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras, a gestão da estatal foi posta à prova já que
os dois foram presos em uma investigação de um esquema de lavagem de
dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões.
Por conta disso, a oposição cobrou a instalação de uma CPI para
investigar irregularidades. No entanto, devido a divergências entre
oposição e governo, há duas investigações em curso desde maio. Uma
apoiada pela bancada governista, no senado,
e outra mista (com integrantes de ambas as casas), que é defendida pela oposição. As duas CPIs terão prazo de 180 dias para apresentar o relatório final.
O que está sendo investigado?
As CPIs estão investigando irregularidades envolvendo a Petrobras
ocorridas entre os anos de 2005 e 2014. Entre os fatos investigados
estão a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), o lançamento de
plataformas inacabadas, denúncias de pagamento de propina a
funcionários da estatal e o superfaturamento na construção de
refinarias.
Agência Petrobras / Divulgação
Refinaria da Petrobras em Pasadena
O caso de Pasadena é um dos de maior repercussão. A refinaria no estado
do Texas, nos Estados Unidos, foi comprada pela Petrobras por 1,2
bilhão de dólares, em 2007. Pouco antes, seu antigo dono a havia
comprado por 42,5 milhões de dólares. Segundo Paulo Roberto Costa, a
operação de compra de Pasadena também estava envolvida no mega esquema
de corrupção denunciado por ele à PF.
Qual a relação da Operação Lava-Jato com isso?
A Operação Lava Jato da Polícia Federal foi deflagrada no dia 17 de
março de 2014, com o objetivo de desarticular organizações criminosas
que tinham como finalidade a lavagem de dinheiro em diversos estados do
país. Suspeita-se que o esquema tenha movimentado R$ 10 bilhões.
Segundo a PF, 30 pessoas foram presas na operação, entre elas o doleiro
Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa,
suspeito de receber propina de Youssef para faciltar negócios na
estatal.
A investigação revelou que Youssef deu uma Range Rover Evoke no valor
de R$ 250 mil para Costa em 2012. Ao ir mais fundo na investigação, a PF
descobriu uma série de negócios suspeitos com obras e serviços pagos
com dinheiro da Petrobras.
Afinal, quem é Paulo Roberto Costa?
Funcionário de carreira da Petrobras, Costa é engenheiro mecânico
formado pela Universidade Federal do Paraná e, segundo o jornal
O Globo, mantém vínculos estreitos com o PP e PMDB.
Entrou na Petrobras em 1977 para trabalhar na área de exploração e
produção de petróleo. Chegou ao cargo de diretor da Petrobras Gás
(Gaspetro) em 1997. Em 2001, assumiu a Gerência Geral de Logística da
Unidade de Negócios Gás Natural da Petrobras. Em 2003, virou
diretor-superintendente da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia
Brasil.
Geraldo Magela/Agência Senado
Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa durante depoimento no Senado
Em maio de 2004, assumiu a diretoria de Abastecimento da estatal. O que
significa que ele atuava diretamente nas decisões de compra de
refinarias, aluguel de plataformas e navios, ou manutenção de gasodutos,
como relata a revista Veja desta semana.
Com a chegada de Maria das Graças Foster à presidência da Petrobras, Costa deixou o cargo.
Em depoimento na CPI mista, Costa teria negado participação no esquema de corrupção e qualquer envolvimento com Yousseff.
No entanto, graças a um esquema de delação premiada (que pode reduzir a
pena de criminosos caso denunciem comparsas), Costa colocou a boca no
trombone. E, em 40 horas de depoimento, revelou a lista de nomes
envolvidos no esquema.
Por que a própria CPI está sendo investigada?
Segundo reportagem da Revista Veja publicada na primeira semana de
agosto, a atual presidente da Petrobras Maria das Graças Foster, o
ex-presidente da empresa José Sergio Gabrielli e o ex-diretor da Área
Internacional Nestor Cerveró receberam com antecedência as perguntas que
seriam feitas durante a CPI do Senado.
Antonio Cruz/ABr
A CPI da Petrobras no Senado ouve a presidenta da estatal, Graça Foster
No dia 6 de agosto, foi aberta uma sindicância para apurar a suposta
fraude. Na última quinta-feira, o prazo para conclusão das investigações
foi prorrogado.
O que as novas denúncias trazem à tona?
A
revista VEJA desta semana divulgou uma lista de políticos que estariam envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras.
Entre os nomes listados por Costa, ex-diretor da estatal, estão o
ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB) e os presidente do
Senado e Câmara dos Deputados Renan Calheiros (PMDB) e Henrique Eduardo
Alves (PMDB).
Eduardo Campos (PSB) e Sérgio Cabral, ex-governadores de Pernambuco e
Rio de Janeiro, respectivamente, também foram citados pelo ex-diretor.
Além deles, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) e Mário
Negromonte (PP), ex-ministro das Cidades do governo Dilma aparecem na
lista a que Veja teve acesso. Veja
quais são os outros listados.