quarta-feira, 10 de setembro de 2014

8 respostas para decifrar (por ora) o escândalo da Petrobras


Após denúncias que envolvem nomes ligados ao governo com esquema de corrupção na Petrobras, CPI retoma investigações nesta quarta-feira. Entenda o que está em jogo

Sergio Moraes/Reuters
Petróleo sendo examinado na Petrobras
São Paulo - Da Petrobras aos parlamentares que trabalham na CPI que investiga as irregularidades na estatal, passando por Marina Silva e governo: todos afirmam que querem ter acesso ao conteúdo integral das denúncias feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. 

Segundo relato da revista Veja desta semana, Costa teria afirmado que uma série de políticos ligados ao governo estariam envolvidos em esquema de corrupção na Petrobras

Na manhã de hoje, o teor das denúncias será pauta de reunião entre o senador Vital do Rêgo (PMDB), que preside a CPI Mista da Petrobras, e outros parlamentares. À tarde, a comissão deve ouvir o também ex-diretor Nestor Cerveró, que, junto com Costa, aprovou a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).

Confira uma seleção de perguntas e respostas que explicam o que está em jogo 


 O que motivou a instalação da CPI da Petrobras?


A CPI da Petrobras foi instalada por iniciativa de parlamentares de oposição em decorrência de diversas denúncias envolvendo a Petrobras.

Em março, quando a operação Lava-Jato, da Polícia Federal, revelou relações entre o doleiro Alberto Youssef e Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, a gestão da estatal foi posta à prova já que os dois foram presos em uma investigação de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões.

Por conta disso, a oposição cobrou a instalação de uma CPI para investigar irregularidades. No entanto, devido a divergências entre oposição e governo, há duas investigações em curso desde maio. Uma apoiada pela bancada governista, no senado, e outra mista (com integrantes de ambas as casas), que é defendida pela oposição. As duas CPIs terão prazo de 180 dias para apresentar o relatório final.


O que está sendo investigado?


As CPIs estão investigando irregularidades envolvendo a Petrobras ocorridas entre os anos de 2005 e 2014. Entre os fatos investigados estão a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), o lançamento de plataformas inacabadas, denúncias de pagamento de propina a funcionários da estatal e o superfaturamento na construção de refinarias.

Agência Petrobras / Divulgação
Refinaria da Petrobras em Pasadena
Refinaria da Petrobras em Pasadena


O caso de Pasadena é um dos de maior repercussão. A refinaria no estado do Texas, nos Estados Unidos, foi comprada pela Petrobras por 1,2 bilhão de dólares, em 2007. Pouco antes, seu antigo dono a havia comprado por 42,5 milhões de dólares. Segundo Paulo Roberto Costa, a operação de compra de Pasadena também estava envolvida no mega esquema de corrupção denunciado por ele à PF.


Qual a relação da Operação Lava-Jato com isso?


A Operação Lava Jato da Polícia Federal foi deflagrada no dia 17 de março de 2014, com o objetivo de desarticular organizações criminosas que tinham como finalidade a lavagem de dinheiro em diversos estados do país. Suspeita-se que o esquema tenha movimentado R$ 10 bilhões.

Segundo a PF, 30 pessoas foram presas na operação, entre elas o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, suspeito de receber propina de Youssef para faciltar negócios na estatal.

A investigação revelou que Youssef deu uma Range Rover Evoke no valor de R$ 250 mil para Costa em 2012. Ao ir mais fundo na investigação, a PF descobriu uma série de negócios suspeitos com obras e serviços pagos com dinheiro da Petrobras.


Afinal, quem é Paulo Roberto Costa?

Funcionário de carreira da Petrobras, Costa é engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Paraná e, segundo o jornal O Globo, mantém vínculos estreitos com o PP e PMDB.

Entrou na Petrobras em 1977 para trabalhar na área de exploração e produção de petróleo. Chegou ao cargo de diretor da Petrobras Gás (Gaspetro) em 1997. Em 2001, assumiu a Gerência Geral de Logística da Unidade de Negócios Gás Natural da Petrobras. Em 2003, virou diretor-superintendente da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil.


Geraldo Magela/Agência Senado
Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa durante depoimento na CPI que investiga denúncias de corrupção na estatal
Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa durante depoimento no Senado


Em maio de 2004, assumiu a diretoria de Abastecimento da estatal. O que significa que ele atuava diretamente nas decisões de compra de refinarias, aluguel de plataformas e navios, ou manutenção de gasodutos, como relata a revista Veja desta semana.

 Com a chegada de Maria das Graças Foster à presidência da Petrobras, Costa deixou o cargo. 
Em depoimento na CPI mista, Costa teria negado participação no esquema de corrupção e qualquer envolvimento com Yousseff. 

No entanto, graças a um esquema de delação premiada (que pode reduzir a pena de criminosos caso denunciem comparsas), Costa colocou a boca no trombone. E, em 40 horas de depoimento, revelou a lista de nomes envolvidos no esquema.


Por que a própria CPI está sendo investigada?


Segundo reportagem da Revista Veja publicada na primeira semana de agosto, a atual presidente da Petrobras Maria das Graças Foster, o ex-presidente da empresa José Sergio Gabrielli e o ex-diretor da Área Internacional Nestor Cerveró receberam com antecedência as perguntas que seriam feitas durante a CPI do Senado.


Antonio Cruz/ABr
A CPI da Petrobras no Senado ouve a presidenta da estatal, Graça Foster
A CPI da Petrobras no Senado ouve a presidenta da estatal, Graça Foster

No dia 6 de agosto, foi aberta uma sindicância para apurar a suposta fraude. Na última quinta-feira, o prazo para conclusão das investigações foi prorrogado.


O que as novas denúncias trazem à tona?


A revista VEJA desta semana divulgou uma lista de políticos que estariam envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras.

 Entre os nomes listados por Costa, ex-diretor da estatal, estão o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB) e os presidente do Senado e Câmara dos Deputados Renan Calheiros (PMDB) e Henrique Eduardo Alves (PMDB).

Eduardo Campos (PSB) e Sérgio Cabral, ex-governadores de Pernambuco e Rio de Janeiro, respectivamente, também foram citados pelo ex-diretor.

Além deles, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) e Mário Negromonte (PP), ex-ministro das Cidades do governo Dilma aparecem na lista a que Veja teve acesso. Veja quais são os outros listados.

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