Política monetária e crescimento estão caminhando para lados opostos em diferentes lugares do mundo, o que pode esticar o atual ciclo da economia global
São Paulo - Desde a crise financeira de 2008, o crescimento da economia
global tem acelerado lentamente e de forma bem irregular - que o diga a
diferença entre os números de Estados Unidos, Europa, China e Brasil, para ficar só em alguns exemplos.
Mas essa recuperação tímida e dessincronizada pode na verdade ser uma
ótima notícia, de acordo com um relatório estratégico de investimento
lançado essa semana pelo banco americano Morgan Stanley.
"As dinâmicas de crescimento e política monetária seguem altamente
dessincronizadas no mundo desenvolvido e emergente. Isso reduz a
probabilidade de superaquecimento e é uma das razões pelas quais
acreditamos que a expansão global atual pode acabar sendo uma das mais
longas já registradas", diz o texto.
Um ciclo vigoroso de crescimento
costuma gerar as sementes da próxima recessão, mas o banco diz que esse
processo mal começou. Um bom exemplo é os Estados Unidos, onde os
últimos 5 anos de crescimento ininterrupto ocorreram com dívida em queda
e sem grande alavancagem do sistema financeiro.
Moral da história: se a situação é confortável assim no mercado
teoricamente já mais aquecido, a margem para estímulo é ainda maior em
lugares como Japão e Europa.
O desmonte gradual do programa de compra de ativos do banco central
americano já em curso, por exemplo, pode ser compensado parcialmente por
um processo semelhante na Europa, só que na outra direção, como indicam
as últimas medidas anunciadas pelo presidente do Banco Central Europeu.
Há uma divergência forte dentro dos próprios emergentes: o Morgan
Stanley projeta um crescimento para o Brasil de 0,2% em 2014 e 0,3% em
2015 e para a Índia de 5,3% este ano e 6,3% no ano que vem.
Com tanto desequilíbrio, há sempre espaço para um lado puxar o outro
para cima ou para baixo, e com isso a economia global poderá crescer
"mais devagar, mas por mais tempo", nas palavras do banco, evitando uma
nova recessão global em um futuro próximo.
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