A ideia dos empresários é entregar os resultados aos dois
governos, com a identificação de setores e produtos que podem ser
cobertos pela liberalização comercial, facilitando o lançamento de
negociações formais. Além do estudo, serão preparadas recomendações
sobre possíveis medidas e ações fora do âmbito de um tratado de livre
comércio, como um acordo capaz de eliminar barreiras sanitárias e
fitossanitárias.
"Brasil e Japão são parceiros tradicionais, mas precisamos explorar
novas complementariedades", diz o diretor de desenvolvimento industrial
da CNI, Carlos Abijaodi. "O contexto mudou e precisamos de novas
iniciativas para estreitar as relações entre os dois países", acrescenta
o empresário, que participa da 17ª reunião do comitê bilateral de
cooperação econômica, em Tóquio.
De acordo com a CNI, tomar a dianteira e preparar o terreno para
negociações comerciais entre governos é algo relativamente comum em
países desenvolvidos, mas que acontece pela primeira vez no caso do
Brasil.
Negociadores brasileiros veem com ceticismo a perspectiva de
desdobramentos favoráveis no curto prazo. O Brasil, conforme lembram, só
discute acordos comerciais junto com os demais sócios do Mercosul. E a
maioria dos países ricos demonstra baixa disposição, segundo admitem
reservadamente esses negociadores, em abrir novas discussões com o bloco
sul-americano como um todo - reflexo, em boa medida, da perda de
credibilidade da Argentina no cenário internacional. O temor de muitos
países é entrar em frentes de negociação que se arrastem durante anos,
sem resultados concretos, como nas conversas entre o Mercosul e a União
Europeia.
Apesar de ter registrado picos em alguns anos, o comércio bilateral
entrou em trajetória de relativa estagnação. Mesmo assim, o Japão ocupa a
quinta posição entre os principais destinos das exportações
brasileiras, que se concentram em produtos básicos: minério de ferro,
milho em grãos e café cru. Na mão contrária, o Japão é o sétimo colocado
entre os maiores fornecedores brasileiros, com destaque para bens
industrializados - como automóveis, autopeças, motores para veículos,
circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos. Os manufaturados
representam 99% do total.
Por outro lado, empresas japonesas investiram US$ 2,5 bilhões no
Brasil só em 2013 e continuam na lista dos dez primeiros investidores.
Fábricas da Toyota, Honda, Mitsubishi, Brasil Kirin, Cenibra, Ajinomoto,
Panasonic e Toshiba são alguns exemplos.
Há casos ainda de atuação conjunta entre multinacionais, como a joint
venture entre Mitsui e empresas controladas pela Vale para a exploração
mineral, na Austrália.
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