Muitos dos maiores escândalos
corporativos dos últimos anos seguiram um padrão: o comportamento ético
dos envolvidos erodiu com o passar do tempo.
Certa vez Bernie Madoff, que foi presidente de uma das mais importantes sociedades de investimento de Wall Street e, em 2008, detido pelo FBI e acusado de fraude, comentou com sua secretária: “Bem, o que acontece é que começa com você tomando uma pequena parte, algumas centenas, alguns milhares. Você se sente confortável e, antes que perceba, isso se torna grande, como uma bola de neve”.
Podemos não rolar tão para baixo quanto Madoff, mas todos nós estamos vulneráveis ao mesmo declive escorregadio em que ele tombou. Podemos começar com pequenas indiscrições como levar para casa materiais de escritório ou comer em um restaurante em horário livre e debitar na conta da empresa como se fosse um almoço de negócios.
Cerca de três quartos dos empregados que responderam a uma pesquisa da consultoria americana LRN disseram que haviam observado comportamento antiético ou ilegal por parte de colegas de trabalho no ano anterior.
“A estrada mais segura para o inferno é a gradual, de declives suaves, sem grandes curvas, sem indicações”, escreveu C. S. Lewis. A pesquisa retoma a intuição de Lewis: as pessoas começam a agir de maneira imprópria com pequenas transgressões.
David Welsh e Lisa Ordóñez descobriram que as pessoas que se deparam com oportunidades crescentes de comportamento antiético estão muito mais propensas a racionalizar essa conduta do que aquelas que se veem às voltas com uma mudança abrupta. E trapaceiam um pouco no primeiro “round”, trapacearão um pouco mais no segundo e muito mais no terceiro.
Isso é precisamente o que encontraram: diante de uma série de problemas a ser solucionados, 50% da amostra trapaceou para ganhar US$ 0,25 por problema no primeiro “round”, e 60% trapacearam para obter US$ 2,50 na rodada final. Contudo, as pessoas que não podiam trapacear nas duas primeiras rodadas foram menos propensas a fazê-lo para ganhar US$ 2,50 no “round” final – apenas 30% o fizeram.
Para piorar a situação, as pessoas tendem a negligenciar o comportamento antiético dos outros quando ele se deteriora gradualmente com o passar do tempo. Francesca Gino e seu colega Max Bazerman descobriram que as pessoas que desempenharam o papel de auditor em uma tarefa de auditoria simulada estavam muito menos propensas a reportar aqueles que gradualmente inflacionavam seus números ao longo do tempo que os que faziam mudanças abruptas de uma só vez, mesmo que o nível de inflação fosse eventualmente o mesmo.
A pesquisa também indicou que empurrões éticos ajudam as pessoas a evitar o começo da queda rumo a comportamentos criminosos. Em outro estudo, Dave e Lisa descobriram que mesmo a exposição subconsciente a conteúdo ético aumenta o discernimento moral das pessoas e as predispõe a agir eticamente. Com isso em mente, algumas organizações incorporaram “cutucões” de ética em imagens, símbolos, histórias e slogans. Na International Paper, por exemplo, os empregados recebem uma pasta com questões éticas a serem consideradas na hora de tomar decisões de negócio.
Certa vez Bernie Madoff, que foi presidente de uma das mais importantes sociedades de investimento de Wall Street e, em 2008, detido pelo FBI e acusado de fraude, comentou com sua secretária: “Bem, o que acontece é que começa com você tomando uma pequena parte, algumas centenas, alguns milhares. Você se sente confortável e, antes que perceba, isso se torna grande, como uma bola de neve”.
Podemos não rolar tão para baixo quanto Madoff, mas todos nós estamos vulneráveis ao mesmo declive escorregadio em que ele tombou. Podemos começar com pequenas indiscrições como levar para casa materiais de escritório ou comer em um restaurante em horário livre e debitar na conta da empresa como se fosse um almoço de negócios.
Cerca de três quartos dos empregados que responderam a uma pesquisa da consultoria americana LRN disseram que haviam observado comportamento antiético ou ilegal por parte de colegas de trabalho no ano anterior.
“A estrada mais segura para o inferno é a gradual, de declives suaves, sem grandes curvas, sem indicações”, escreveu C. S. Lewis. A pesquisa retoma a intuição de Lewis: as pessoas começam a agir de maneira imprópria com pequenas transgressões.
David Welsh e Lisa Ordóñez descobriram que as pessoas que se deparam com oportunidades crescentes de comportamento antiético estão muito mais propensas a racionalizar essa conduta do que aquelas que se veem às voltas com uma mudança abrupta. E trapaceiam um pouco no primeiro “round”, trapacearão um pouco mais no segundo e muito mais no terceiro.
Isso é precisamente o que encontraram: diante de uma série de problemas a ser solucionados, 50% da amostra trapaceou para ganhar US$ 0,25 por problema no primeiro “round”, e 60% trapacearam para obter US$ 2,50 na rodada final. Contudo, as pessoas que não podiam trapacear nas duas primeiras rodadas foram menos propensas a fazê-lo para ganhar US$ 2,50 no “round” final – apenas 30% o fizeram.
Para piorar a situação, as pessoas tendem a negligenciar o comportamento antiético dos outros quando ele se deteriora gradualmente com o passar do tempo. Francesca Gino e seu colega Max Bazerman descobriram que as pessoas que desempenharam o papel de auditor em uma tarefa de auditoria simulada estavam muito menos propensas a reportar aqueles que gradualmente inflacionavam seus números ao longo do tempo que os que faziam mudanças abruptas de uma só vez, mesmo que o nível de inflação fosse eventualmente o mesmo.
A pesquisa também indicou que empurrões éticos ajudam as pessoas a evitar o começo da queda rumo a comportamentos criminosos. Em outro estudo, Dave e Lisa descobriram que mesmo a exposição subconsciente a conteúdo ético aumenta o discernimento moral das pessoas e as predispõe a agir eticamente. Com isso em mente, algumas organizações incorporaram “cutucões” de ética em imagens, símbolos, histórias e slogans. Na International Paper, por exemplo, os empregados recebem uma pasta com questões éticas a serem consideradas na hora de tomar decisões de negócio.