quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Santa Catarina é o segundo estado mais competitivo do Brasil para o agronegócio


O estado se destacou na infraestrutura, em razão dos portos, e na educação por causa da alta taxa de aprovação e baixo abandono nas escolas rurais

Da Redação, com Agência Brasil


21-pier-de-itajaiSão Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal são as unidades da Federação mais competitivas para o agronegócio, revelou levantamento divulgado nesta terça-feira (2) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Pela primeira vez, a entidade apresentou um ranking estadual para medir o ambiente de negócios dos produtores rurais. Chamado de Índice de Competitividade do Agronegócio, o indicador varia de 0 (menos competitivo) a 1 (mais competitivo) e baseia-se em seis quesitos: infraestrutura, educação, saúde, ambiente macroeconômico, inovação e mercado de trabalho. A nota final baseia-se na média aritmética dos seis indicadores.

Com nota 0,752, São Paulo destacou-se por causa da infraestrutura, com rodovias em bom estado e o maior porto da América Latina, em Santos. “São Paulo ficou entre os primeiros lugares na maioria das áreas analisadas, mas o estado ficou muito à frente dos demais na nota de infraestrutura”, explicou o coordenador do estudo, Marcelo de Ávila. São Paulo também liderou o ranking de ambiente macroeconômico. Maior produtor de soja e de milho do país, Mato Grosso ficou em décimo lugar, com nota 0,425. De acordo com Ávila, o estado foi prejudicado justamente pela carência de infraestrutura. “Mato Grosso ocupou o primeiro lugar na produtividade agrícola e o segundo em ambiente macroeconômico, mas perde competitividade à medida que a produção é escoada para fora do estado”, disse Ávila.

Com nota 0,611, Santa Catarina conquistou o segundo lugar por causa da infraestrutura e da educação. Na infraestrutura, o estado destacou-se por causa dos quatro portos marítimos: Itajaí (foto acima), Navegantes, São Francisco do Sul e Imbituba. O estado ficou em primeiro lugar no quesito educação, que mediu a taxa de aprovação e de abandono nas escolas rurais, o analfabetismo rural e a distorção entre idade e série escolar na população rural.

Apesar de notas intermediárias no ranking de infraestrutura, de educação e de ambiente macroeconômico, o Distrito Federal conquistou o terceiro lugar, com nota 0,608, por ter conquistado a liderança em inovação e saúde. O coordenador do estudo explicou, no entanto, que a população pequena em relação a outras unidades da Federação beneficiou o Distrito Federal no quesito inovação, na hora de dividirem o valor investido em bolsas de estudo e o número de patentes pelo número de habitantes.

Segundo Ávila, o estudo levou em conta apenas dados oficiais de 2011, último ano em que os indicadores para as seis áreas pesquisadas estavam disponíveis. A CNA pretende atualizar o índice de competitividade do agronegócio a cada ano. Dessa forma, o indicador de 2015 será baseado em números oficiais de 2012. Uma defasagem, portanto, de três anos.

Na ponta oposta, Alagoas (0,229), Sergipe (0,225) e Amapá (0,207) ocupam os últimos lugares da lista. “O índice de competitividade por estados é importante porque possibilita o desenho de políticas públicas. O conhecimento das vantagens e dos problemas em cada estado permite que a CNA consiga sugerir iniciativas para melhorar a competitividade do agronegócio”, explicou o coordenador do estudo.

A CNA também divulgou, pela primeira vez, um índice da qualidade das moradias rurais em todo o país. São Paulo (nota 0,814), Distrito Federal (0,804) e Santa Catarina (0,771) lideraram o ranking. As piores notas ficaram com Amapá (0,548), Acre (0,502) e Amazonas (0,496). O indicador levou em conta o material usado na construção do domicílio, o acesso a serviços públicos – água encanada, coleta de lixo, energia elétrica e esgoto – e a presença de 12 bens essenciais, como telefone, fogão, geladeira e filtro de água.

Um certo Mr. Elbling



Inquieto e inventivo, ele era quase cinquentão quando cruzou o Atlântico para criar o Grupo Digicon e fazer no sul o primeiro caixa eletrônico

Por Eugênio Esber


1-a-imagem-home1Fechei os olhos algumas vezes e disse... Pááá! Como tudo em minha vida é uma série de sôrte!” 
 
“Sorte, apenas?”, questiona o repórter, ao final de dois encontros com Joseph Elbling, o canadense que girou pelo mundo até dar um basta na vida executiva e vir empreender no sul do Brasil, em meados dos anos 1970. Joseph, ou Joe (para os amigos), ou ainda o “Senhor Elbling”, como é tratado pelos filhos, faz uma pausa. E responde citando Michael Bloomberg, que numa entrevista recente foi instado a indicar atributos para o êxito. “Senhor Bloomberg disse que é importante ter três coisas: estudar muito uma coisa, aquilo que os italianos chamam de mestiere; não se poupar de trabalho, trabalhar todo dia, todo dia, todo dia, pum-pum-pum (dá três pancadinhas na mesa); e finalmente ter sorte”, diz Joseph, para em seguida completar. “E eu teve muita sorte.”

Teve, sem dúvida. Afinal, Joseph Elbling se safou de seis cirurgias delicadas desde que enfrentou seu primeiro câncer. Aplica-se insulina todo dia para controlar o diabetes. E ainda assim, aos 87 anos, tem disposição para nadar um quilômetro todas as manhãs, nas águas cálidas de Aruba, pedaço de paraíso no Caribe, onde foi morar com a esposa depois de convencido pelos médicos e familiares de que precisava mudar de rotina. Não poderia manter o ritmo trepidante de toda uma vida voltada para o trabalho e especialmente para o desafio de unir mecânica e eletrônica – obsessão que talvez seja a explicação mais evidente para sua sorte. Ou para o que os italianos chamam de mestiere.

De um banheiro feminino e mais algumas poucas peças que alugou na fábrica da alemã Wotan Máquinas Operatrizes, em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre, Joseph lançou as bases do Grupo Digicon, fundado em 1977, que hoje tem entre seus clientes os grandes bancos brasileiros, além de fornecer componentes com qualidade e precisão à altura das exigências da Embraer e da Nasa. Seus dois filhos tocam os negócios. Peter, o Píder, como diz Joseph, comanda a Digicon, que dá nome ao grupo e fabrica uma linha diversificada de produtos – sistemas semafóricos, catracas eletrônicas, parquímetros, componentes para aviação, etc. Thomas, o Tom, toca a empresa caçula, Perto S/A, fundada em 1986 e hoje o carro-chefe dos negócios do grupo. Especializada em ATMs (máquinas para sacar dinheiro), a Perto faturou em 2013 R$ 241 milhões (80% da receita do grupo).

Apaixonado pelo universo das máquinas, Joseph tem em sua casa, em Aruba, um torno, uma fresa e alguns outros equipamentos que utilizou, 37 anos atrás, para dar partida na Digicon. Ali, naquele canto que é um misto de memorial e de oficina, ele se refugia algumas horas por dia para “brincar um pouco”. Nada que surpreenda quem conhece sua biografia. Quando, a pedido do repórter, começa a puxar da memória as suas andanças como executivo por Inglaterra, Itália, Canadá e Estados Unidos, empolga-se com passagens que têm a ver com a aventura do conhecimento aplicado a engrenagens, mecanismos e comandos computadorizados. “Na Inglaterra, que trabalho fantástico era”, deslumbra-se, ao se transportar para meados dos anos 1950. Ele estava na BTH, e perdia a noção das horas para sugar o que podia da experiência dos profissionais da companhia onde, durante a II Guerra, foram testados os primeiros motores dos aviões a jato. “Na BTH, eles deixavam a fábrica aberta todo o tempo, e os engenheiros podiam entrar a qualquer hora do dia ou da noite. Podiam usar todas as facilidades da fábrica, podiam fazer o que queriam, à meia-noite, à uma da madrugada”, relembra Joseph, descrevendo o que, na sua expressão de nostalgia, parece ter sido uma autêntica Disneylândia para engenheiros jovens e inquietos como ele, então com 27 anos.

“Eu não me interessava dinheiro nem um pouco, you know?”, conta Joseph, ao rememorar como foi parar na BTH. Era início dos anos 1950, e ele estava no Brasil trabalhando para a Light, no Rio de Janeiro. Viera da Westinghouse americana, que fornecia geradores para a Light. Gostou do país e especialmente do Rio, onde conheceu Maria Jacqueline, a filha de um respeitado egiptólogo, Alberto Childe. “Eu encontrei ela e alguma coisa imediatamente deu certo”, relembra, com um sorriso embaraçado. Casou, cumpriu os três anos acertados com a Light, mas bem antes do término do contrato, em 1955, já estava com a cabeça no hemisfério norte. Havia lido sobre a descoberta do transístor, que aposentaria as velhas válvulas. “Isso vai mudar o mundo”, apostou. Logo depois, veio a notícia de que no MIT fora construída uma máquina operatriz comandada por computador. “Pááá, eu pensei, isso é para mim.”

Saiu então pela Europa e América do Norte à procura de oportunidade em uma indústria de vanguarda que estivesse utilizando transístores no chão de fábrica. Foi chamado para quatro entrevistas. Em todas, foi recusado por não pertencer ao mundo da eletrônica. “Diziam: você gastou quatro anos da sua vida fazendo grandes geradores... Agora, você não serve!”, conta, parecendo se divertir com a peripécia. Surgiu, então, a entrevista na BTH, em Londres. Era mais uma chance de ingressar no mundo da automação. O recrutador perguntou quanto ele ganhava lá no Brasil. Quando soube, foi seco: “Para engenheiros como você nós pagamos metade disso.” Joseph foi mais direto ainda: “Aceito.”

Aproveitou bem o ambiente de excelência técnica da BTH, mas percebeu que não havia ali a uma pegada comercial suficiente para transformar aquelas soluções em um business. “Comercialmente, eles não eram frente do mundo”, recorda Joseph. Outra vez, sentiu que a cabeça já não estava mais onde ele pisava. Um amigo que havia trabalhado para a Olivetti, o poderoso e diversificado conglomerado industrial italiano que ficou famoso em todo o mundo pelas máquinas de escrever e de calcular, fez a ponte para que Joseph chegasse até o capo da companhia, Roberto Olivetti, em Milão. O emprego, tão sonhado por qualquer jovem engenheiro, estava na mão. Mas então Joseph resolveu apostar alto nas suas convicções e propôs uma condição, correndo o risco de colocar tudo a perder. “Eu disse: Aceito, senhor Olivetti, mas eu queria trabalhar é no controle de máquinas operatrizes, que vocês não estão fazendo Queria lhe mostrar que controlar máquinas vai ser muito, muito importante. Eu asseguro que um dia a diferença entre o escritório e a oficina vai ficar menor, porque se vai poder programar tudo. O senhor me deixa fazer isso aqui? Depois de três anos, o senhor decide. Se o senhor decide que isso não ser bom para Olivetti, eu trabalho mais três anos para o senhor, fazendo outra coisa aqui em Milão.”

Uma oferta improvável, em um lugar igualmente improvável – eles não estavam na sala do líder da Olivetti, e sim em um bar. “E então?”, indaga o repórter. “Enton nós bebemos um campari com soda”, responde, rindo à solta, como poucas vezes fez durante a entrevista. O ok do “Senhor Olivetti” descortinou para Joseph o melhor dos mundos: carta branca para introduzir a Olivetti no ramo da fabricação de máquinas operatrizes, contando com os recursos de engenharia, projetistas e uma ferramentaria que deslumbrariam o fundador do grupo Digicon. “Fantástico, you know, uma companhia avançada, fantástica”, rememora, olhar de garoto em parque de diversões. O período na Itália reconectaria Joseph com o Brasil – mas isso só ficaria claro para ele anos mais tarde. O fato é que passou mais de dez anos na Olivetti e de lá só saiu, em 1969, atrás, novamente, de conhecimento. Não para ele, mas para os dois garotos. Queria proporcionar a Peter e a Tom – já fluentes em italiano – uma formação em escolas norte-americanas. E novamente fez as malas para morar nos arredores de Nova Iorque e trabalhar na empresa de Clair Farrand, um virtuose que nos anos 1920 havia chefiado laboratórios da Warner Brothers e que, antes de completar 20 anos de idade, ganhara seu primeiro milhão de dólares ao inventar o primeiro alto-falante com bobina móvel. “Wow, 1 milhão de dólares”, admira-se Joseph. “Ele era muito bom. Registrou em seu nome 250 patentes fortíssimas. Nós nos demos muito bem.”

Deram-se tão bem que Farrand não só aceitou como se dispôs a apoiar a decisão que Joseph iria tomar alguns anos depois. Seja pela esposa carioca, ou pela saudade do país que conhecera no início da carreira, Joseph mirava a luneta para o Brasil. As notícias de que o governo militar fazia uma aposta na capacitação tecnológica da indústria brasileira o atraíram. Já beirava os 50 anos, e sentia o desejo de ser dono do próprio negócio. O que faria, exatamente, não estava claro. Mas onde, sim. “Como posso te ajudar?”, prontificou-se Farrand, disposto a abrir a carteira para investir no que quer que Joseph fosse fazer no Brasil. Dinheiro era o menor dos problemas para Joseph, porque, a exemplo de Farrand, outros amigos que ele havia feito na carreira executiva queriam entrar de sócios. Apostavam, meio às cegas, no negócio que “Joe” tocaria no tal país do futuro, no outro lado do oceano. A um executivo italiano da Fiat, que queria assinar um cheque mais alto, Joseph agradeceu, mas pediu menos. “Eu não precisava de muito cash. Eu tinha andado pelos Estados Unidos olhando leilões de empresas falidas. Comprei torno, comprei fresa, a preço muito bom. Foram dois contêineres que descarreguei aqui no Brasil”, sorri Joseph. Havia outra razão para levantar menos capital: como era seu primeiro negócio, queria estar no controle.

No Brasil, fez muitos contatos, especialmente com setores do governo que poderiam dar incentivos para projetos vinculados a indústria de base tecnológica. Mas o apoio decisivo para formar o Grupo Digicon ele não buscou. Simplesmente lhe caiu no colo. Ou no ouvido. Estava em Nova Iorque quando recebeu uma ligação surpreendente. Era o presidente da alemã Wotan, o primeiro grande cliente que ele havia conquistado quando saiu pela Europa a vender as máquinas operatrizes que começou a desenvolver na Fiat. A Wotan decidira instalar no Brasil, na cidade de Gravataí (RS), um centro de produção de máquinas operatrizes. E como também perambulava pelos gabinetes palacianos em busca de incentivos, o chefão da Wotan soube, por acaso, que um certo canadense estava garimpando oportunidades para se instalar no Brasil. Quando soube que era Joseph, ligou para o amigo e fez uma proposta: que construísse seu negócio junto à planta da Wotan, no sul. “Nos ofereceu um contrato para fornecer armários elétricos para a Wotan por mais de dois anos”, lembra. “Então era uma situação, you know, muito boa. Começamos com dinheiro, com área física e com pedidos em mom”, diverte-se. O próprio presidente da Wotan acabaria desembolsando algum dinheiro para compor o capital inicial da firma de Joseph.

Como é comum em empresas familiares, a Digicon prosperou ao estilo personalíssimo do seu fundador. A linha diversificada de produtos, por exemplo, vem da postura inquieta e criativa de Joseph, na opinião de um ex-funcionário da companhia e hoje presidente da Altus Automação, Luiz Gerbase. “A lembrança que tenho do Joseph é a daquele cara que não para nunca, que está sempre vislumbrando novas possibilidades. Para você ter uma ideia, os olhos dele faziam assim, ó...”, descreve Gerbase, movendo as pupilas em várias direções. “Outra característica era a liderança”, sublinha Gerbase. “De um jeito simpático, ele, com aquela inquietude criativa, e com uma grande visão de mercado, juntava talentos complementares e vendia suas ideias. Desafiava o pessoal a empreender. Perguntava: como é que faz? Como é que faz? Como é que resolve?” Gerbase situa Joseph no restrito grupo de visionários da indústria brasileira. “Ele trazia uma base técnica excelente. Chegou ao Brasil determinado a juntar a mecânica fina com a eletrônica. Não veio para cá fazer TV ou radinho de pilha”, diz. Ex-executivo, com passagens por multinacionais como a Carrier, o consultor de empresas Paulo Vellinho acentua um outro traço em Joseph. Trata-se de um verticalista convicto, define. “Para produzir com qualidade ele usa componentes de alta precisão que são todos feitos em casa. A verticalização é tal que os itens adquiridos no mercado são poucos – são só aqueles que não justifica produzir na própria fábrica, como chapas de aço e tintas”, exemplifica Vellinho. Em linha com Gerbase, destaca a ousadia de Joseph. “Ele sempre procurou produzir equipamentos com tecnologia de ponta, jamais focou no trivial”, elogia.

Pode parecer um depoimento com peso relativo. Afinal, aos 87 anos, mesma idade de Joseph, Vellinho construiu uma longa relação com o fundador do Grupo Digicon.
Mas um recuo até o início dos anos 1980 mostra que a convicção de Vellinho é antiga, e que, por ela, arriscou o pescoço. Ele era diretor, no Brasil, da britânica Thomas de La Rue, referência mundial em impressão de papel-moeda. Os ingleses, que haviam fabricado o primeiro caixa eletrônico do mundo, queriam produzir os equipamentos no Brasil e Vellinho estava incumbido de encontrar um fabricante nacional para licenciar o uso da tecnologia. Procurou grandes bancos. Ouviu um não, obrigado. Os executivos dos bancos se perguntavam que instituição financeira investiria US$ 30 mil por um equipamento que entregaria dinheiro aos correntistas, quando tudo poderia continuar perfeitamente como estava – o cliente indo ao banco fazer seu saque diretamente no caixa, sendo atendido por um funcionário de salário modesto. Inviável fazer esses equipamentos no Brasil, concluíram. Vellinho, então, resolveu ligar para Joseph:
- Você está interessado em licenciar a tecnologia da Thomas de La Rue para fabricar cash dispenser no Brasil?
- Mas eu nem sei o que é isso, devolveu Joseph.
- Venha ao Rio e nós vamos mostrar a você, insistiu Vellinho.

O que se passou, desde então, é uma longa história. Mas, em resumo, o negócio que a grande banca não quis explodiu no mundo e particularmente no Brasil, hoje o terceiro país com maior volume de ATMs, nome das máquinas que entregam dinheiro nos caixas eletrônicos. E a Perto, subsidiária criada por Joseph para se dedicar à fabricação desses equipamentos, se tornou a unidade de maior faturamento do Grupo Digicon.

Sujeito de “sôrte” este Joseph.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Isabel dos Santos irá registrar oferta pela Portugal Telecom


Simon Dawson/Bloomberg
Homem falando ao celular as ruas de Luanda, capital da Angola
Homem falando ao celular as ruas de Luanda, capital da Angola
Mariana Sallowicz, do Estadão Conteúdo

Rio - A empresária angolana Isabel dos Santos deve entregar nesta sexta-feira, 28, a oferta pública de aquisição (OPA) por ações da holding Portugal Telecom SGPS, de acordo com a imprensa portuguesa. 

O prazo limite para registro da operação é 1º de dezembro, data estabelecida pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM, órgão regulador do mercado português).

A holding alvo da proposta possui fatia de 25,6% na Oi e é dona de opção de compra de ações da tele brasileira, o que poderá elevar a participação para 37,3%. Além disso, possui uma dívida de 897 milhões de euros, após calote da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo.

O anúncio preliminar da oferta foi feito em 9 de novembro, mas, após críticas feitas pela Oi, a Terra Peregrin, empresa da angolana, alterou parte da proposta. Analistas, no entanto, consideraram as alterações insuficientes para que a Oi aceitasse o negócio. 

Entre os pontos mantidos, está a impossibilidade de a Oi se desfazer de ativos estratégicos em um momento em que a tele está em processo de venda da PT Portugal (subsidiária que reúne os ativos em Portugal).

"O nosso objetivo é que a OPA chegue ao mercado no mais curto espaço de tempo possível porque acreditamos que ela valoriza os acionistas da Oi e da PT Portugal", disse ao Diário Económico o porta-voz de Isabel dos Santos.

Segundo o Jornal de Negócios, a empresária manterá o valor oferecido por ação, em 1,35 euros, num total de 1,21 milhões de euros. De acordo com o Económico, o prêmio é de 17% sobre o preço médio das ações. 

O documento está sendo elaborado pela Caixa BI, assessor financeiro da operação.

Lava-Jato faz banco adotar cautela em crédito a empresas

 
 
Por Talita Moreira, Carolina Mandl e Felipe Marques | De São Paulo
 
 
As investigações da Polícia Federal na Operação Lava-Jato já levam os bancos a adotar mais cautela no crédito a empreiteiras e fornecedores da Petrobras.

De forma geral, o maior impacto é nos contratos para recursos sem destinação definida, como capital de giro. Financiamentos para projetos específicos, cujos riscos estão limitados a essas operações, têm sido menos afetados.

Como o desfecho da operação é incerto, a postura dos bancos não é uniforme. Há desde instituições que cortaram o crédito a essas empresas até casos em que apenas têm sido exigidas mais informações para a liberação de recursos.

Segundo fontes de bancos ouvidas pelo Valor, que pediram para não ser identificadas, o crédito tende a ficar bem mais restritivo caso as empresas, e não apenas seus executivos, sejam consideradas responsáveis por atos ilícitos. Nesse caso, o financiamento a essas empresas esbarraria nas normas de conduta das instituições financeiras.

Por enquanto, a situação é mais delicada para os fornecedores da Petrobras, que dependem do fluxo de caixa oriundo dos contratos com a estatal. A petroleira tem segurado alguns pagamentos à cadeia de empresas ao seu redor, especialmente aqueles relativos a aditivos em contratos.

"Em meio à Lava-Jato, o que se percebe é que a Petrobras congelou os pagamentos aos fornecedores, e não vemos que esse quadro se reverterá tão cedo", diz um vice-presidente de um banco de médio porte. Diante disso, a instituição decidiu cortar os desembolsos aos fornecedores. Outros bancos têm seguido o mesmo caminho.

No caso das empreiteiras, os bancos passaram a analisar mais a fundo a documentação para firmar os contratos, numa tentativa de ter maior clareza sobre possíveis riscos. Em algumas operações, aumentou a exigência de garantias. "Estão todos mais cuidadosos tanto em relação a questões financeiras quanto às implicações legais. Ninguém sabe o dia de amanhã", diz um alto executivo de um banco estrangeiro.

O que ameniza a situação das construtoras investigadas pela Polícia Federal - Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS, UTC, Engevix, Iesa, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Odebrecht - é o fato de serem consideradas boas pagadoras. Além disso, são grandes tomadoras de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), repassadas por instituições privadas. Nessas operações, a inadimplência é baixa e as exigências são altas.

"Acendeu uma luz amarela, ficamos com mais cautela nas operações. Mas [as empreiteiras] são empresas com balanços robustos e até agora não deixamos de conceder nem reduzimos operações", afirma executivo de crédito de um banco de varejo. Ele também diz que muitas operações do banco com as envolvidas são feitas com recursos "carimbados", destinados à execução de projetos determinados, e têm o projeto como garantia. "Não costumamos dar dinheiro de caixa para essas empresas."

Uma fonte graduada de um banco nacional afirma não acreditar que a situação econômica das empreiteiras será abalada. Inclusive, segundo ele, a instituição para a qual trabalha prepara uma linha rotativa (em que os recursos só são sacados se for necessário) de R$ 3 bilhões para uma dessas empresas. "São companhias grandes e com negócios em diversas áreas", diz.

Essa também é a leitura de um vice-presidente de um banco médio. O fato de terem fontes de receitas diversificadas, com outros negócios além da construção, traz um certo conforto. "Fizemos algumas simulações dos impactos que as empreiteiras podem sofrer. A conclusão é que estão bem capitalizadas para enfrentar um período de 'vacas magras'", diz.

Por enquanto, esse banco não cortou limites de crédito para as empreiteiras. Em casos de empresas com atividades menos diversificadas, a opção foi passar a exigir mais garantias.

Nem todos os bancos, porém, veem com tranquilidade a situação das construtoras. A percepção de que a Lava-Jato apenas começou a desenrolar a ponta do novelo já fez uma instituição estrangeira cortar operações com esse segmento. "A situação vai piorar, e muito", afirma um executivo desse banco, que considera inevitáveis a reestruturação e a venda de ativos dessas companhias.

Embora tenham pouca exposição ao Brasil, alguns bancos estrangeiros têm uma dose razoável de concentração de suas carteiras na cadeia da Petrobras. Um eventual colapso dessas empresas teria impacto para eles.

Há também receio quanto ao risco fiduciário de financiar empresas que podem estar envolvidas em fraudes. Ainda há dúvidas sobre a possibilidade de a Petrobras e as empreiteiras com negócios ou valores mobiliários (como bônus) emitidos nos Estados Unidos serem punidas com base na lei americana anticorrupção no exterior.

Até agora, o caso não foi julgado e os efeitos das investigações recaem sobre executivos e não sobre as companhias. Se esse cenário mudar, aí sim a tendência é de uma restrição muito maior no financiamento às empreiteiras, afirmam fontes de bancos.


Ler mais em Investigação barra mercado de dívida para empreiteiras

Dilma inicia guinada na política econômica


Por Leandra Peres, Lorenna Rodrigues, Bruno Peres e Andrea Jubé | De Brasília
 
 
Ruy Baron/Valor 
 
Levy, ladeado por Tombini e Barbosa: "Quando uma equipe é escolhida é porque há confiança nela e eu não tenho indicação nenhuma em sentido contrário"
 
Em uma guinada da política econômica, a presidente Dilma Rousseff começará seu segundo mandato com metas fiscais definidas até 2017 e passará a utilizar a dívida bruta, que inclui as transferências do Tesouro Nacional para os bancos públicos, como principal indicador dos resultados das contas públicas. O objetivo, anunciado ontem pela nova equipe econômica do governo, é "estabilização e declínio da relação dívida bruta do governo geral como percentual do PIB" e fazer com que a inflação volte ao centro da meta, que é de 4,5% ao ano, em 2016.

Para isso, o ministro nomeado da Fazenda, Joaquim Levy, se comprometeu com um superávit primário de 1,2% do PIB para o setor público consolidado no ano que vem. Em 2016 e 2017, o resultado "não será menor do que 2% do PIB". As novas metas pressupõem que não haverá aumento no estoque de recursos que o Tesouro Nacional já injetou nos bancos públicos e que totalizam hoje R$ 507 bilhões.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, que continuará no cargo, deu o recado sobre a inflação ao dizer que o BC não será "complacente" e que pretende garantir "um cenário de convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% ao ano, no horizonte relevante para a política monetária", que é 2016. Segundo ele, a política fiscal mais apertada deve ajudar o trabalho do BC.

As medidas necessárias para alcançar o primário de 2015 não foram detalhadas, assim como não foram anunciados nomes para as equipes da Fazenda, Planejamento ou BC. Mas os ministros falaram em cortes de gastos, não descartaram aumentos de impostos e sinalizaram, inclusive, que as despesas sociais estão na mira dos cortes.

"A estabilidade econômica não é contraditória (com os gastos sociais). Não implicam renunciar à conquistas recentes, apenas adequar a velocidade (dos ganhos) ao cenário macroeconômico dos próximos anos", disse o ministro indicado do Planejamento, Nelson Barbosa.

Levy fez questão de enfatizar que toda política fiscal depende de escolhas e que sem crescimento econômico não há como financiar as políticas sociais. Ambos disseram mais de uma vez que não haverá anúncio de pacotes ou surpresas pelo governo nas próximas semanas.

Com a meta de não menos que 2% do PIB, o que se espera é que a dívida bruta caia para um patamar inferior a 50% do PIB e, com isso, ao fim do processo de ajuste fiscal, o país consiga não só manter o grau de investimento atual, mas melhorar o nível do rating soberano. O objetivo de Levy é focar na dívida bruta, atualmente próxima a 70% do PIB - superior à média dos países emergentes.

A cerimônia de anúncio dos novos ministros não teve a participação da presidente Dilma Rousseff. Houve gestos ao atual ministro, Guido Mantega - em São Paulo, longe do Planalto durante o anúncio - que foi agradecido na nota oficial do Palácio do Planalto, além do protocolar comentário de Joaquim Levy sobre o "privilégio" de suceder o ministro mais longevo do período democrático. A nova equipe, no entanto, não se viu livre de responder sobre o grau de autonomia que terão para fazer o ajuste fiscal anunciado.

Em sua primeira resposta, Levy foi diplomático e tentou sair pela tangente. Num segundo questionamento, o futuro ministro da Fazenda foi educado, mas enfático. "[A autonomia] está dada. Evidentemente que quando uma equipe é escolhida é porque há confiança nela e eu não tenho indicação nenhuma em sentido contrário", afirmou Joaquim Levy, acrescentando que a questão será respondida "no dia a dia".

No balanço de forças da nova equipe econômica, Nelson Barbosa ganhou espaço. O Ministério do Planejamento passará a comandar todos os programas de investimentos do governo federal, incluindo as concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Esse papel era oficialmente descentralizado, mas vinha sendo oficiosamente exercido pelo atual secretário do Tesouro Arno Augustin, responsável, por exemplo, pela defesa inicialmente feita pelo governo de controlar as taxas de retorno dos investidores privados.

Os discursos dos três novos ministros foram curtos, lidos e previamente vetados pelo Palácio do Planalto. Nos textos de duas páginas, os sinais não se limitaram apenas ao desempenho fiscal. Ficou claro o esforço de marcar diferenças em relação à atual equipe econômica e de adotar uma linguagem muito mais aceitável ao mercado financeiro e investidores privados.

Joaquim Levy falou de transparência, fortalecimento da comunicação e divulgação de dados "que possam ser avaliados por toda a sociedade, incluindo os agentes econômicos". Uma mensagem clara de oposição à contabilidade criativa praticada no primeiro mandato da presidente adotada a partir de 2012.

O futuro ministro também citou a necessidade de aumentar a taxa de poupança da economia brasileira e a intenção de fortalecer o mercado de capitais como financiador da infraestrutura "de acordo com sua própria avaliação de riscos e retorno de cada oportunidade de investimento".

Nelson Barbosa, que é visto como a ala menos ortodoxa da nova equipe, além de não descartar cortes nos gastos sociais, falou sobre eficiência do gasto público, desburocratização, desenvolvimento e ampliação das parcerias público-privadas e aumento da produtividade.

A presidente Dilma não participou da cerimônia. Esperava-se que ela detalhasse os objetivos da política econômica do segundo mandato. Mas a Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que a presidente da República empossa os novos ministros, mas não participa de anúncios, ainda mais de uma equipe de transição. O ministro Mantega mudou sua agenda e viajou para São Paulo no início da tarde, depois que soube que a presidente não participaria da cerimônia de confirmação dos novos ministros.

Ainda não há data definida para a posse da equipe econômica nomeada ontem. A expectativa é que isso ocorra uma vez aprovada a lei que permite ao governo abrir mão da meta fiscal desse ano, que deve ser votada pelo Congresso na semana que vem. Até lá, Levy e Barbosa trabalharão numa sala no Palácio do Planalto e terão reuniões com a atual equipe para detalhar as medidas de ajuste que serão necessárias para cumprir a promessa de austeridade no segundo mandato.

Superávit primário de outubro é o pior para o mês desde 2002, diz BC

Por Eduardo Campos e Lucas Marchesini | Valor
 
 
BRASÍLIA  -  (Ampliada às 11h01) O setor público não financeiro registrou, em outubro, superávit de R$ 3,729 bilhões em suas contas primárias. Esse foi o pior resultado para o mês desde 2002, quando começou a série histórica. Em setembro, houve déficit de R$ 25,491 bilhões. O superávit do mês encerra uma sequência de cinco resultados negativos seguidos.

Os números foram divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Central (BC) e referem-se ao desempenho fiscal de União, Estados, municípios e empresas sob controle dos respectivos governos, excluídos bancos estatais, Petrobras e Eletrobras.

Em outubro do ano passado, fora registrado superávit primário de R$ 6,188 bilhões. Medido em 12 meses, o superávit primário caiu de R$ 31,055 bilhões em setembro, para R$ 28,595 bilhões em outubro de 2014. Medido em proporção do PIB o esforço fiscal passou de 0,61% para 0,56% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo BC, o pior resultado da série histórica iniciada em 2002.
No acumulado do ano, o governo central apresenta um déficit primário é de R$ 11,557 bilhões. Até agosto, era registrado um superávit.

Para este ano, o governo tinha se comprometido em entregar superávit primário de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB. Seriam R$ 80,8 bilhões do governo Central, ou 1,55% do PIB e outros R$ 18,2 bilhões de Estados e municípios, o que equivale a 0,35% do PIB. Passada a eleição e o resultado fiscal de setembro, o governo tenta mudar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Assim estará desobrigado de qualquer meta, podendo até fechar o ano com déficit primário.

Na quarta-feira, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, apontou que a meta sugerida no relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas de R$ 10 bilhões é “a que consideramos melhor para o momento”, mas que ainda há elementos a serem considerados.

Ontem, o futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já determinou a meta para 2015 será de 1,2% do PIB. Para 2016 e 2017, Levy disse que o esforço fiscal não será inferior a 2% do PIB. Falta ainda detalhar como isso será feito.


Déficit nominal


No conceito nominal de resultado fiscal, que inclui os gastos com juros, houve déficit de R$ 17,779 bilhões em outubro. Em igual período do ano passado, foi registrado déficit de R$ 11,528 bilhões. A conta de juros alcançou R$ 21,508 bilhões no mês passado, contra R$ 43,885 bilhões em setembro e R$ 17,717 bilhões em outubro do ano passado.

No acumulado dos 12 meses terminados em outubro de 2014, quando o valor líquido pago em  juros atingiu R$ 284,584 bilhões, houve déficit nominal de R$ 255,988 bilhões, o que representa 5,01% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo Banco Central para o período. Esse é o maior déficit em 12 meses desde dezembro de 2003 (5,24%). A situação piorou em relação ao período de 12 meses terminado em setembro de 2014, quando o déficit nominal foi de 4,92% do PIB.

No acumulado do ano, o pagamento de juros soma R$ 230,651 bilhões (5,43% do PIB) e o déficit nominal é de R$ 242,208 bilhões (5,71% do PIB). Em igual período do ano passado, a conta de juros somava R$ 194,923 bilhões (4,89%) e o déficit nominal era de R$ 143,769 bilhões (3,61% do PIB).

IBGE: PIB cresce 0,1% no 3º trimestre e país sai da "recessão técnica"


Por Alessandra Saraiva e Elisa Soares | Valor
Image Source/Peter Frank/Folhapress

RIO  -  (Atualizada às 11h15) O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve expansão de 0,1% no terceiro trimestre, comparado ao segundo trimestre deste ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o país sai da chamada “recessão técnica”, quando há dois trimestres consecutivos de queda da atividade econômica. No segundo trimestre deste ano, o PIB teve contração de 0,6%, dado mantido. No primeiro trimestre, houve queda de 0,2%.

O resultado ficou abaixo da estimativa média apurada pelo Valor Data junto a 19 consultorias e instituições financeiras, que apontava crescimento de 0,2% no PIB do período. As projeções variaram de queda de 0,6% a alta de 0,5%. O percentual do terceiro trimestre também veio abaixo do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB e que mostrou expansão de 0,59% sobre o período de abril a junho de 2014.

O crescimento de 0,1% na comparação com o segundo trimestre pode ser considerado uma estabilidade. "É uma variação positiva, mas não é um crescimento", disse a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Tampouco o IBGE considera que o país estava em “recessão técnica”. O diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, voltou a afirmar que o instituto não usa o conceito. "Este termo é usado fora de qualquer padrão de normatização estatística. O conceito de recessão é complicado e envolve muitas outras variáveis", disse.


Comparação anual


No confronto do terceiro trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado, houve queda de 0,2% no PIB. A média das estimativas do Valor Data apontava recuo de 0,2%, com intervalo entre alta de 0,1% e queda de 0,5%.

A queda na arrecadação de impostos teve uma influência negativa. Na comparação com o terceiro trimestre de 2013, o recolhimento de impostos sobre produtos caiu 1,3%. É o segundo consecutivo em queda e se explica porque atividades econômicas que pagam muito imposto, como a indústria, tiveram mau desempenho no trimestre. 

O volume dos impostos sobre produtos caíram mais do que o valor adicionado. Segundo Rebeca Palis, o ICMS e IPI tiveram queda no trimestre. "O recuo maior do que o registrado no valor adicionado puxou para baixo um pouco também o PIB na comparação interanual", explicou.


Oferta


No lado da oferta, a indústria registrou aumento de 1,7% no terceiro trimestre, na comparação com o trimestre anterior, resultado que veio acima da média de alta de 0,8% apurada pelo Valor Data. O setor de serviços teve expansão de 0,5% no período. A expectativa era de expansão de 0,4%.

Já a agropecuária caiu 1,9%, resultado abaixo da projeção média de queda de 0,6%.


Demanda


Pelo lado da demanda, o consumo das famílias caiu 0,3% no terceiro trimestre deste ano, ante o segundo. 

Já o consumo do governo aumentou 1,3% e a formação bruta de capital fixo (FBCF - que representa o investimento em máquinas e equipamentos e na construção civil) subiu 1,3% entre julho e setembro, sobre abril a junho, feitos os ajustes sazonais.

Por fim, a taxa de investimento atingiu 17,4% do PIB no terceiro trimestre.

Analistas consultados pelo Valor Data estimaram alta de 0,2% para o consumo das famílias, avanço de 1,2% no consumo do governo e aumento de 1,3% na formação bruta de capital fixo.


Setor externo


No setor externo, as exportações cresceram 1%, segundo o IBGE, enquanto as importações cresceram de 2,4% no terceiro trimestre, sobre o segundo.

A média apurada pelo Valor Data foi de aumento de 0,7% para as exportações e crescimento de 2,2% para as importações.

(Alessandra Saraiva e Elisa Soares | Valor)