sexta-feira, 28 de novembro de 2014

IBGE: PIB cresce 0,1% no 3º trimestre e país sai da "recessão técnica"


Por Alessandra Saraiva e Elisa Soares | Valor
Image Source/Peter Frank/Folhapress

RIO  -  (Atualizada às 11h15) O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve expansão de 0,1% no terceiro trimestre, comparado ao segundo trimestre deste ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o país sai da chamada “recessão técnica”, quando há dois trimestres consecutivos de queda da atividade econômica. No segundo trimestre deste ano, o PIB teve contração de 0,6%, dado mantido. No primeiro trimestre, houve queda de 0,2%.

O resultado ficou abaixo da estimativa média apurada pelo Valor Data junto a 19 consultorias e instituições financeiras, que apontava crescimento de 0,2% no PIB do período. As projeções variaram de queda de 0,6% a alta de 0,5%. O percentual do terceiro trimestre também veio abaixo do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB e que mostrou expansão de 0,59% sobre o período de abril a junho de 2014.

O crescimento de 0,1% na comparação com o segundo trimestre pode ser considerado uma estabilidade. "É uma variação positiva, mas não é um crescimento", disse a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Tampouco o IBGE considera que o país estava em “recessão técnica”. O diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, voltou a afirmar que o instituto não usa o conceito. "Este termo é usado fora de qualquer padrão de normatização estatística. O conceito de recessão é complicado e envolve muitas outras variáveis", disse.


Comparação anual


No confronto do terceiro trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado, houve queda de 0,2% no PIB. A média das estimativas do Valor Data apontava recuo de 0,2%, com intervalo entre alta de 0,1% e queda de 0,5%.

A queda na arrecadação de impostos teve uma influência negativa. Na comparação com o terceiro trimestre de 2013, o recolhimento de impostos sobre produtos caiu 1,3%. É o segundo consecutivo em queda e se explica porque atividades econômicas que pagam muito imposto, como a indústria, tiveram mau desempenho no trimestre. 

O volume dos impostos sobre produtos caíram mais do que o valor adicionado. Segundo Rebeca Palis, o ICMS e IPI tiveram queda no trimestre. "O recuo maior do que o registrado no valor adicionado puxou para baixo um pouco também o PIB na comparação interanual", explicou.


Oferta


No lado da oferta, a indústria registrou aumento de 1,7% no terceiro trimestre, na comparação com o trimestre anterior, resultado que veio acima da média de alta de 0,8% apurada pelo Valor Data. O setor de serviços teve expansão de 0,5% no período. A expectativa era de expansão de 0,4%.

Já a agropecuária caiu 1,9%, resultado abaixo da projeção média de queda de 0,6%.


Demanda


Pelo lado da demanda, o consumo das famílias caiu 0,3% no terceiro trimestre deste ano, ante o segundo. 

Já o consumo do governo aumentou 1,3% e a formação bruta de capital fixo (FBCF - que representa o investimento em máquinas e equipamentos e na construção civil) subiu 1,3% entre julho e setembro, sobre abril a junho, feitos os ajustes sazonais.

Por fim, a taxa de investimento atingiu 17,4% do PIB no terceiro trimestre.

Analistas consultados pelo Valor Data estimaram alta de 0,2% para o consumo das famílias, avanço de 1,2% no consumo do governo e aumento de 1,3% na formação bruta de capital fixo.


Setor externo


No setor externo, as exportações cresceram 1%, segundo o IBGE, enquanto as importações cresceram de 2,4% no terceiro trimestre, sobre o segundo.

A média apurada pelo Valor Data foi de aumento de 0,7% para as exportações e crescimento de 2,2% para as importações.

(Alessandra Saraiva e Elisa Soares | Valor)

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