Paulo Whitaker / Reuters
Dilma Rousseff: o objetivo é alegar que há vício no processo de
impeachment, à semelhança do que foi feito quando Cunha foi afastado
Isabela Bonfim, do Estadão Conteúdo
Brasília - O PT se prepara para uma fase mais técnica do processo de impeachment. O objetivo é pedir diferentes documentos e perícias, mas também fazer uso político de situações negativas no governo Temer.
Para aproveitar a primeira crise do presidente em exercício, os petistas
querem inserir a gravação do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá no processo.
A comissão processante retornou aos trabalhos nesta quarta-feira, 25, e o
relator Antonio Anastasia apresentou uma sugestão de calendário para os
trabalhos.
O cronograma será votado pelo colegiado na próxima semana. Na proposta,
constam duas semanas dedicadas a ouvir testemunhas, apresentação de
documentos e perícias.
Nessa etapa, os petistas querem trazer o diálogo entre o senador Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
O objetivo é alegar que há vício no processo de impeachment, à
semelhança do que foi feito quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), foi afastado do cargo pelo Supremo sob o argumento de desvio
de finalidade na função.
Da mesma forma, os petistas querem fazer uma correlação da atuação de
Jucá, que foi um dos principais articuladores do processo de
impeachment, com desvio de finalidade.
"Ele fala na conversa que é preciso trocar o governo, fazer o
impeachment. Mas ele não fala ali sobre pedaladas, sobre créditos
suplementares. O argumento é parar a Lava Jato", disse o petistas
Lindbergh Farias (PT-RJ). No diálogo Jucá fala sobre trocar o governo
para "estancar" a operação da Polícia Federal.
Na sessão desta quarta-feira, o presidente da comissão, Raimundo Lira
(PMDB-PB), recusou o pedido de suspensão dos trabalhos por alegação de
vício, considerando a atuação de Jucá.
Os petistas querem levar a questão à Procuradoria Geral da República e ao Supremo.
Provas
Além da gravação de Jucá, a defesa da presidente Dilma pedirá documentos
relacionados ao Plano Safra para demonstrar que não há autoria de Dilma
Rousseff nas chamadas pedaladas, que atrasou repasses do governo ao
Banco do Brasil.
A defesa pretende ainda trazer perícias feitas por consultorias externas
demonstrando que a edição de créditos suplementares não alterou a meta
fiscal, de forma que não haveria então crime de responsabilidade.