quinta-feira, 2 de junho de 2016

PIB 1º tri 2016 – O Brasil voltou 5 anos no tempo

Alexandre Cabral


01 junho 2016 | 17:12 


Hoje (01/06) foi divulgado o resultado do PIB brasileiro do primeiro trimestre de 2016 e tivemos uma queda de 0,3% em relação ao último trimestre de 2015. Se a comparação for com o primeiro trimestre de 2015, a queda foi de 5,4%. E recuamos 4,7%, se acumularmos os últimos 4 trimestres. Portanto, o PIB no governo Dilma deu marcha à ré e estamos agora no mesmo patamar de cinco anos atrás. Em outras palavras, a variação do PIB da era Dilma ficou zerada (só pegar os dados divulgados hoje pelo IBGE).

Temos coisas boas e ruins para analisar a partir desses números. E esse é o objetivo deste texto.

Introdução

PIB: Produto Interno Bruto, mede a produção de bens e serviços no País.
Quem divulga: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O que me deixou preocupado
O PIB do setor agrícola registrou queda de 0,3% no 1º trimestre de 2016, em relação ao 4º trimestre de 2015. E caiu 3,7%, na comparação entre o 1º trimestre de 2016 e o 1º trimestre de 2015. Trata-se de um setor que segurou a nossa economia no ano passado. Você pode me falar: “mas e o efeito do verão no PIB do setor agro?”. Eu te respondo: crescemos 4,9% em 2015; +2,8% em 2014; e 2,2% em 2013 – para citar apenas alguns números. No primeiro trimestre, temos a grande colheita da safra do verão. Esse resultado deveria ser bem melhor. Fui investigar o porquê desse número ruim e descobri:

– Queda na produção anual do fumo (- 20,9%), arroz em casca (- 7,6%) e milho (- 5,0%). Além do desempenho ruim desses itens, as principais safras do verão demonstraram queda na produção. Problemas climáticos prejudicaram demais o campo. Uma exceção foi a soja, com alta de 1,3%.
Olha que coisa curiosa: aumentamos a produção de soja, mas ocupamos uma área plantada muito maior. Por que isso é ruim? Porque estamos produzindo mais, mas com uma produtividade menor por hectare. Isso não é bom. Perdemos eficiência.
Portanto, temos que olhar com carinho para um dos setores que seguraram a nossa economia no ano passado. O desempenho do setor agro preocupa.

Qual foi o grande destaque positivo
O setor exportador, com as seguintes variações: + 6,5% na comparação com o 4º trimestre de 2015; ou + 13,0% em relação ao 1º trimestre de 2015. Com ajuda substancial da desvalorização do real e da exportação de bens do setor agropecuário, metalurgia, petróleo e derivados e veículos automotores.

Vejo então que esse trabalho do governo (mais especificamente do Banco Central) de manter o real/dólar na casa de R$ 3,60 tem dado certo (falo isso há mais de três meses). A exportação está segurando a nossa economia. Muitos vão me perguntar sobre inflação cambial. Respondo: a maior parte já foi repassada. Não se esqueça de que estamos com essa cotação há um bom tempo. O único aspecto ruim desse setor é que podemos estar exportando produtos que poderiam ser ofertados internamente. Como estamos preferindo exportar a mercadoria, a diminuição do produto para o consumo interno pode estar forçando a alta de preços. Quem sabe a exportação não é um dos motivos pelos quais a inflação de alimentos não cede? Para se pensar com carinho.

Aí o governo tem que decidir: exportação para impulsionar a economia ao custo de um pouco de inflação, ou diminuir a inflação e aumentar o desemprego? Eu, no lugar do governo, preferiria a primeira opção. E você?

E o consumo das famílias, como foi?
O consumo das famílias foi responsável por 64% do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2016. E tivemos queda nesse setor, com: -1,7% na comparação com o 4º trimestre de 2015, ou -6,3% em relação ao 1º trimestre de 2015. Aqui acho que todos já sabem os motivos, pois estão sentindo no dia a dia: inflação, desemprego, redução/encarecimento do crédito e diminuição da renda do trabalhador.

Na minha opinião, este deveria ser o principal foco de preocupação do governo. Seria o meu. Talvez sejam esses consumidores que poderiam novamente tirar a economia do atoleiro.

O que mais vemos no dia a dia e também teve desempenho ruim
O Comércio. Esse setor foi bem mal e isso é fácil de perceber apenas andando nas ruas. Hoje o principal contratante no Brasil é o “aluga-se” ou, quem sabe, o “vende-se”. Por que isso? O consumidor sumiu, pelos motivos já explicados no item anterior. Olhando para os números, a queda foi de -1,0% em relação ao 4º trimestre de 2015 e de -10,7% na comparação com o 1º trimestre de 2015. O cenário adverso é muito visível também nos números do desemprego: nos primeiros 3 meses de 2016, mais de 168 mil postos de trabalho foram fechados. No acumulado dos últimos 12 meses, o corte foi de 270.905 vagas (sempre considerando emprego com carteira assinada).

Já falei algumas vezes isso aqui: é um círculo vicioso. Se não tenho para quem vender, a minha empresa não arrecada. Se não arrecada, eu não consigo pagar os meus funcionários. Solução? Demissão. Não estou dizendo aqui que os empresários são culpados, longe disso! Estou dizendo que eles estão sentindo na carne a paralisia do País.

E qual a notícia boa?
Podemos estar chegando perto do fundo do poço. Perto, mas não ao fundo ainda. Isso ocorre por alguns motivos:
– A economia mundial ainda está aquecida o suficiente para manter as nossas exportações em excelentes patamares. Já estivemos em situação melhor, mas não podemos reclamar.
– O afastamento da Dilma fez com que os empresários olhassem para o Brasil de outro modo. Não pelo fato de ter entrado o Temer, mas, sim, por ter saído a Dilma. Sem contar que a atual equipe econômica é de uma qualidade que há muito tempo não vemos.

– Nosso PIB já caiu demais. Então a base comparativa dos números é cada vez menor.
– A queda da economia em 2016 deve ser menor que a do ano passado. Isso é muito bom. Acredito que, com esses dados, a nossa economia caia neste ano algo entre 2,90% e 3,10%, considerando que a equipe do Meirelles fica no comando. Se a Dilma voltar, tudo piora novamente.


Conclusão


A economia na era Dilma parou no tempo e está entregando o País – em dados do PIB – como recebeu. Isso é péssimo. Perdemos o bonde da história, porque o mundo cresceu durante esse período. Falar em motivos que levaram a esse cenário é “chover no molhado”, mas podemos destacar alguns: gasto maior que a receita; segurar inflação via decreto; demorar a reagir quando a economia começou a demonstrar fraqueza, sempre dando desculpas de que o mundo ia mal (e ele não ia); não apoiar a própria equipe econômica (a Dilma simplesmente não gostava do Levy); o escândalo da Lava Jato, que paralisou várias grandes empresas. E parem com essa história que o Moro está prejudicando Brasil e que, se não fosse a Lava Jato, não teríamos crise. Pelo amor de Deus! Preferem que o País cresça às custas de uma roubalheira generalizada? Eu não.

O que esperar? Como disse anteriormente, 2016 vai ser um ano ruim, mas deve ser melhor que o ano passado. Infelizmente, como a ociosidade do setor produtivo está muito grande, acho que o desemprego neste ano ainda aumenta e devemos ter resultado pior que em 2015. A economia deve voltar a respirar, mas via aumento de produção na economia que estão ociosas. Ou seja, não significa que, nesse primeiro momento, iremos contratar.

E a inflação? Acho que o problema de 2016 serão os alimentos. Um dia escrevo sobre esse tema.
As informações e opiniões expressas neste blog são de responsabilidade única do autor.

 http://economia.estadao.com.br/blogs/economia-a-vista/pib-1o-tri-2016-o-brasil-voltou-5-anos-no-tempo/

Serra sinaliza que país pode se afastar da OMC após criticas







Ueslei Marcelino / Reuters
Novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, dia 18/05/2016
José Serra: ele criticou então os subsídios agrícolas em países desenvolvidos, afirmando que contribuíram para abalar a credibilidade da OMC
 
Andrei Netto, do Estadão Conteúdo


Paris - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, questionou nesta quinta-feira, 2, a legitimidade da Organização Mundial do Comércio (OMC) e sinalizou que o país pode se afastar do organismo, "tomando novos caminhos".

A manifestação foi feita em uma minirreunião ministerial da entidade realizada em Paris. Para o chanceler, a instituição enfrenta imobilismo, falhou em derrubar os subsídios e barreiras sanitárias e fitossanitárias e ao apostar na Rodada Doha - o que leva o Brasil a condicionar seu engajamento a avanços objetivos.
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As críticas foram feitas na sede da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), na capital francesa, onde durante dois dias ministros de Economia e de Relações Exteriores de mais de 40 países estiveram reunidos.

Na minirreunião da OMC estavam presentes representantes de cerca de 20 nações, incluindo grandes exportadores mundiais, como Brasil, Argentina, México, Estados Unidos e China.

Em seu discurso, realizado a portas fechadas para a imprensa, Serra reconheceu que o Brasil enfrenta uma crise econômica causada em especial por fatores políticos internos, mas reiterou que o novo governo está tomando medidas para "corrigir desequilíbrios macroeconômicos" e "criar condições para o crescimento".

"Nesse processo", sustentou, "o comércio internacional e investimentos vão desempenhar um importante papel".

Serra criticou então os subsídios agrícolas em países desenvolvidos, afirmando que eles contribuíram para abalar a credibilidade da OMC.

"A proibição de subsídios de exportação para produtos agrícolas evitou a perda total da credibilidade do pilar de negociação da OMC. No entanto, a capacidade da OMC para permanecer um fórum significativo de negociação ainda está em questão", disse.

O chanceler reiterou que o Brasil "valoriza" a entidade, mas alegou que "a experiência dos últimos 10 anos não se mostrou recompensadora".

"Nós não fomos capazes de corrigir a assimetria em setores e o acesso entre produtos agrícolas e industriais. Não fomos capazes de corrigir as preocupações de países em desenvolvimento no sentido de facilitar sua participação crescente no comércio internacional", disparou.

Foi então que Serra sinalizou o desengajamento em relação à organização - embora nos bastidores assessores do ministro reiteraram que não há hipótese de desligamento da OMC.

"Se as coisas não funcionaram do jeito que tentamos, nós estamos prontos para novos caminhos, à medida que os problemas importantes para nós continuam na mesa", justificou.

Serra exortou os colegas a estipularem um quadro de trabalho até a próxima reunião ministerial da OMC, que acontecerá no final de 2017. O encontro deverá, diz o chanceler, servir como um ponto de partida para "um processo de eliminação passo a passo das distorções".

"Se nós prezamos a OMC, devemos multiplicar os esforços para fazê-la funcionar", reiterou, criticando a Rodada Doha - sem mencioná-la textualmente.

"Em vez do modelo de uma grande rodada, talvez nós devamos tentar ter um fluxo contínuo de resultados nas reuniões ministeriais sucessivas a cada dois anos. O que o Brasil não pode ter na OMC é paralisia."

As críticas de Serra vieram a público no momento em que sua gestão tenta acelerar as negociações bilaterais das quais o país participa - em especial o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Na segunda-feira, 30, o chanceler disse que cobraria avanços objetivos em uma reunião bilateral com a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, reclamando em especial da falta de ofertas relativas a produtos como carnes e etanol.

"A União Europeia ainda está pendente de entregar partes de suas conclusões. Em geral no Brasil e na América Latina tem gente que diz que o acordo União Europeia-Mercosul não sai por causa do Mercosul. A bola agora está nos pés da União Europeia, e principalmente na questão agrícola", alegou.

Na reunião bilateral, Cecilia Malmström teria reconhecido o problema, mas justificou que a agricultura europeia enfrenta crise, em parte causada pelas sanções mútuas com a Rússia.

Ainda em Paris, Serra frisou que poderia acelerar as conversas com o Canadá e os Estados Unidos de forma a pressionar a UE.

"Vamos insistir nas possibilidades de expansão do comércio com os Estados Unidos e Canadá, até como fator para estimular mais a União Europeia a se apressar. Do contrário, muita coisa poderá ser feita com Estados Unidos e Canadá", disse Serra.

Comissão do Impeachment acelera e votação pode ser em julho






Reprodução/YouTube
Dilma Rousseff concede entrevista a Glenn Greenwald do site The Intercept, primeira depois de seu afastamento no processo de impeachment 19 de maio
Dilma Rousseff: o cronograma sugerido por Anastasia, que ainda precisa ser votado pela comissão do impeachment no Senado
 
 
Da REUTERS


Brasília - Diante da redução de prazos para a apresentação das alegações finais da acusação e da defesa, a nova etapa do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, a chamada pronúncia, deve ir a votação no plenário do Senado entre 12 e 13 de julho, segundo previsão do relator do processo, senador Antonio Anastasia (PMDB-MG).

O cronograma sugerido por Anastasia, que ainda precisa ser votado pela comissão do impeachment no Senado, pode sofrer alterações, uma vez que a data de votação da pronúncia no plenário do Senado depende de agendamento do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que conduz o processo de julgamento, em consonância com o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
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Mais cedo nesta quinta-feira, o presidente da comissão do impeachment no Senado, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), reduziu o prazo para que tanto a acusação quanto a defesa de Dilma apresentem suas alegações finais, na prática acelerando a tramitação do processo em 20 dias.

Brasil deve impedir Venezuela de assumir Mercosul, diz fonte







Norberto Duarte/AFP
Bandeiras do Mercosul
Mercosul: pela ordem alfabética seguida pelo Mercosul, a Venezuela seria o próximo país a assumir a presidência do bloco, depois do Uruguai
 
Da REUTERS


Brasília - O governo brasileiro discute a possibilidade de impedir que a Venezuela assuma a presidência pro-tempore do Mercosul no final deste mês, uma forma de evitar fortalecer o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse à Reuters uma fonte do Palácio do Planalto.

De acordo com a fonte, não há ainda um definição das ações do Brasil e nem houve um debate com os demais membros do bloco –-Argentina, Paraguai e Uruguai-– sobre o tema, mas há uma “disposição” no governo do presidente interino Michel Temer de agir contra a possibilidade.

Pela ordem alfabética seguida pelo Mercosul, a Venezuela seria o próximo país a assumir a presidência do bloco, depois do Uruguai, na cúpula prevista, por enquanto, para o dia 24 deste mês.

“Não há uma proposta ainda do que será feito, mas a disposição do governo é impedir que a Venezuela assuma”, disse na quarta-feira a fonte, que pediu anonimato.

As duas maneiras para impedir a transferência da presidência seriam que a cúpula não fosse realizada, o que manteria o Uruguai à frente do bloco, ou que a Venezuela fosse suspensa, a partir da invocação do Protocolo de Ushuaia, a cláusula democrática do Mercosul – uma possibilidade que aumentou consideravelmente nas últimas semanas.

Caso ocorra, a cúpula do Mercosul poderá ser a primeira viagem internacional de Temer como presidente interino.

De acordo com a fonte palaciana, Temer admite ir à reunião em Montevidéu "se for para ter uma solução" para a situação da Venezuela. "Se for apenas para ficar debatendo, ele não irá", disse a fonte. 

A solução seria uma decisão sobre a suspensão do país.

Na semana passada, o governo paraguaio pediu ao Uruguai a realização de uma reunião emergencial de chanceleres do bloco para discutir a situação da Venezuela, o que deve ocorrer na semana que vem. Fontes do governo brasileiro confirmaram à Reuters que o país pedirá que se analise a suspensão da Venezuela e que, se houver avanço nessa possibilidade, o Brasil não agirá para evitar que isso aconteça.

“É muito cedo ainda para se saber como as coisa vão caminhar, mas o governo brasileiro não irá agir para defender esse governo venezuelano, isso é certo”, disse a fonte.

Há no Palácio do Planalto uma expectativa que a pressão sobre a Venezuela leve Maduro a concordar com a realização do referendo revogatório –-que daria à população o poder de dizer se o presidente continua ou se novas eleições devem ser chamadas--, o que possivelmente daria vitória à oposição.

Até agora, no entanto, Maduro não tem dado sinais de que pode ceder. Ao contrário, ameaça apresentar uma emenda ao Conselho de Ministros que permitiria dissolver a Assembleia Nacional, majoritariamente oposicionista, em 60 dias, o que poderia dar ainda mais força à intenção de suspender o país do Mercosul.

Na avaliação de um diplomata ouvido pela Reuters, a situação da Venezuela mudou consideravelmente no Mercosul com a alteração dos governos da Argentina e Brasil, somando-se ao Paraguai.

Segundo a fonte, mesmo o Uruguai, ainda com governo levemente de esquerda, dificilmente agiria para evitar a suspensão do governo de Maduro – haja vista a decisão do secretario-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, ex-chanceler uruguaio, de invocar a Carta Democrática da organização contra o país.

A discussão sobre o futuro da Venezuela no bloco ainda é incipiente, mas a posição brasileira já é clara.

“O Brasil não vai interferir nas questões internas da Venezuela como Maduro fez com o Brasil, mas isso não impede que aja dentro do âmbito das organizações internacionais”, disse a fonte palaciana.

Em Paris, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, foi econômico nas declarações sobre a Venezuela. Lembrou que há várias iniciativas na OEA e que o Brasil defenderá aquela em que houver maior possibilidade de consenso.

Ao mesmo tempo, no entanto, o governo brasileiro deixa claro de que lado está ao articular a visita ao Brasil de Henrique Capriles, principal nome da oposição venezuelana, como confirmou à Reuters uma fonte diplomática.

Ainda sem data, a visita está em negociação. O governador do Estado de Miranda, que voltou às ruas em uma tentativa de aparecer novamente como possível candidato da oposição à Presidência venezuelana, deverá ser recebido por Serra, pelo Congresso e possivelmente pelo próprio presidente interino Michel Temer.

OCDE: recessão no Brasil deve continuar em 2017






O relatório revela que o desemprego tende a aumentar ainda mais
Por Agência Brasil 

 OCDE: recessão no Brasil deve continuar em 2017

Relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta quarta-feira (1) descreve que a economia global está “presa em uma armadilha de baixo crescimento”. Para a entidade, a situação exigirá uma utilização mais abrangente das políticas fiscais, monetárias e estruturais para retomar o crescimento. Sobre o Brasil, a OCDE afirma que a recessão da economia brasileira deve ficar ainda mais forte este ano, e persistir em 2017, no contexto de “elevadas” incertezas políticas e das contínuas revelações sobre corrupção "que estão minando a confiança dos consumidores e dos negócios".

Dados da organização apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) deve recuar 4,3% este ano e 1,7% em 2017. Em 2015, a OCDE estimou a contração de 3,9%, valor acima do registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou uma queda de 3,8%. “O crescimento é plano nas economias avançadas e diminuiu em muitas das economias emergentes, que têm sido a locomotiva global dessa crise”, analisou Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, ao abrir a reunião anual do Conselho Ministerial da Organização, em Paris. “É urgente uma ação política global para garantir a saída deste caminho de crescimento decepcionante e impulsionar as nossas economias aos níveis que salvaguardem padrões de vida para todos", ressaltou. 

O relatório revela que, com o encolhimento da economia no Brasil, o desemprego tende a aumentar ainda mais. Já a inflação, vai voltar gradualmente à meta conforme os efeitos das altas dos preços administrados e da depreciação da moeda se dissipam, e a fraqueza da economia se expande. “As profundas divisões políticas têm reduzido as chances de qualquer impulso notável sobre as reformas políticas no curto prazo e a dívida pública bruta continua a aumentar. Melhorias na confiança dependerão da capacidade das autoridades de implementar um ajuste fiscal significativo, incluindo medidas para garantir a sustentabilidade do sistema de pensões, e uma nova onda de reformas estruturais”, descreve o documento.

Na visão da OCDE, o aumento da produtividade dependerá de reformas para aumentar a concorrência, reduzir as barreiras comerciais e os encargos administrativos e simplificar os impostos indiretos.


Situação global
 

O documento também chama a atenção para uma série de riscos de deterioração na economia global. Um dos alertas é quanto à votação no Reino Unido para deixar a União Europeia (UE), o que provocaria efeitos negativos econômicos no local, outros países europeus e no resto do mundo. A OCDE afirma ainda que a incerteza econômica que dificulta o crescimento do comércio terá efeitos globais mais fortes se, de fato, o Reino Unido sair da União Europeia. A saída provocaria volatilidade nos mercados financeiros. A previsão, neste cenário, é que em 2030, o PIB do Reino Unido seja 5% menor do que se o país permanecer no bloco.

“Renegociação da dívida é questão de justiça”, alega Colombo





Governador de Santa Catarina afirma que acordo com a União é um movimento para reequilibrar pacto federativo


Por Laura D'Angelo

laura.cauduro@amanha.com.br
“Renegociação da dívida é questão de justiça”, alega Colombo


“Não queremos favores, queremos justiça”. Foi com essa frase que o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (foto), defendeu a renegociação da dívida dos Estados com a União. Nesta quarta-feira (1), secretários da Fazenda estaduais se reuniram em Brasília com a equipe econômica do governo federal para discutir a questão. Para Colombo, dois aspectos são fundamentais para que União e Estados entrem em acordo: uma carência de um ano no pagamento e um desconto (de cerca de 60%) no saldo devedor. Segundo ele, o governo federal tem acolhido as sugestões com boa vontade. 

Em palestra na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), Colombo lembrou que, quando renegociada em 1998, a dívida catarinense totalizava R$ 4 bilhões. “Já pagamos R$ 13 bilhões e ainda devemos R$ 9 bilhões. Nenhum agiota teria coragem de exigir o que a União cobra dos Estados”, avalia. O governador destacou ainda que a renegociação é um movimento necessário para que os Estados do Sul e Sudeste reequilibrem as condições do pacto federativo realizado em 1998. A decisão beneficiou regiões como Nordeste e Norte com recursos federais a fundo perdido e subsídios diversos. “Cerca de 85% dos fundos nacionais vão para Norte e Nordeste. E o que nós temos? Nós negociamos muito mal esse processo de federação em 1998 e estamos pagando um preço alto por isso”, analisa. Sobre as contrapartidas exigidas pela União, Colombo fez questão de ressaltar que são fundamentais, porém devem ser realistas e não engessar a administração dos recursos. Exigências como controle de gastos, redução de custo pessoal e aumento do percentual de participação dos servidores públicos na Previdência são bem-vindas. Porém, outras como a proibição de realizações de operação de crédito ou de vinculação de recursos podem reduzir a capacidade de investimentos e impossibilitar a gestão. 

A expectativa do governador é que, caso obtenha sucesso na renegociação da dívida, Santa Catarina crie uma reserva financeira para enfrentar os próximos anos já que, segundo ele, as contas de 2016 estarão equacionadas. O Estado paga cerca de R$ 92 milhões por mês à União. “Será um refresco para todos os Estados”, comentou Colombo explicando que a dívida é o terceiro fator que mais onera as contas públicas, atrás da folha de pagamento e da previdência privada e à frente das despesas administrativas. No Rio Grande do Sul, outro Estado que pleiteia a renegociação, o recurso da dívida é necessário para amenizar o déficit orçamentário. 

Em abril, Santa Catarina e Rio Grande do Sul entraram com um mandato de segurança questionando a incidência de juros compostos nos valores da dívida do Estado com a União. A Tese de Santa Catarina, como ficou conhecida a defesa em favor do Estado, prega que a União baseie a cobrança utilizando juros simples. O Supremo Tribunal Federal (STF) acatou a ação, reduzindo, assim, o saldo devedor, além de conceder liminar proibindo o governo federal de promover retenções de recursos das contas dos entes federativos como penalidade. No entanto, o julgamento das ações foi adiado por 60 dias no final de abril, prazo recomendado para que as partes negociem um acordo. 


Mudança imediata
 

Em sua análise sobre a crise brasileira, Colombo defendeu que é o momento para o país fazer uma reforma estrutural. A primeira medida inevitável seria a reforma da previdência. “Tem de mexer, por exemplo, na idade mínima para o servidor público se aposentar”, opina. Para o governador catarinense, a origem da crise atual está na Constituição Federal de 1988 que concedeu muitos direitos e privilégios ao setor público, tornando o Estado grande e regulador, sem um custo compatível com sua arrecadação. “Para tudo existe uma lei que impede reduzir os custos e tornar a máquina pública mais enxuta e eficiente. O setor público está prestes a entrar em colapso”, alerta.

Colombo entende que o tempo para mudança é curto, por isso defende que o Congresso seja convocado em julho para votar temas importantes – como o da Previdência. “Se deixar o deputado voltar para sua base em agosto, com a informação de que tem de votar essas questões, estando próximo das eleição municipais, nada vai acontecer. Em novembro, o clima vai ser outro e o governo pode estar mais fraco do que hoje”, argumenta. Colombo acredita que o mercado precisa ver sinais que indiquem que o país está disposto a fazer alterações profundas para, então, recuperar o apetite por investimentos e aumentar a produção. “Ou corrige o setor público ou não corrige a economia”, profetiza.




 http://www.amanha.com.br/posts/view/2356

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Produtor de grãos Bom Jesus pede recuperação judicial






Mayke Toscano/Secom-MT
Colheita de milho no Mato Grosso
Colheita de milho: grupo Bom Jesus não conseguiu renegociar dívida de cerca de R$ 3 bilhões diretamente com credores
 
Fabiana Batista, da Bloomberg


O Grupo Bom Jesus, um dos maiores produtores brasileiros de milho e soja, entrou com pedido de recuperação judicial na terça-feira depois de não conseguir chegar a um acordo com seus credores, segundo o advogado da companhia.

A empresa baseada em Rondonópolis, Mato Grosso, buscou proteção judicial após alguns credores tentarem arrestar bens da companhia, disse o CEO Nelson Vigolo na quarta-feira em uma entrevista por telefone.

"Nós estávamos esperando por um acordo até ontem, mas alguns credores continuaram a atacar nossos ativos e bloquear os nossos pagamentos", disse Vigolo.

O Bom Jesus está entre grupos de produtores brasileiros pressionados pelo aumento do custo do serviço da dívida denominada em dólar após a desvalorização do real enquanto também enfrenta preços mais baixos das commodities e condições de crédito mais restritivas.

O pedido foi feito terça-feira no mesmo tribunal em Rondonópolis que, apenas uma semana antes, havia concedido uma preliminar recuperação judicial já que o Grupo Bom Jesus havia tentado chegar a um acordo com os bancos e fornecedores.

A dívida total da empresa de capital fechado é de cerca de R$ 3 bilhões, disse Joel Thomaz Bastos, sócio da DCA Advogados, um escritório de advocacia contratado pelo Bom Jesus.

O Grupo Bom Jesus cultiva soja, milho e algodão em 250.000 hectares na região Centro-Oeste do Brasil. Também vende sementes e fertilizantes para agricultores em operações de barter.

A dívida da empresa aumentou em parte devido a inadimplência de clientes, disse Vigolo. Cerca de 90 por cento da dívida bancária da empresa é denominada em dólar, disse ele.