Mayke Toscano/Secom-MT
Colheita de milho: grupo Bom Jesus não conseguiu renegociar dívida de cerca de R$ 3 bilhões diretamente com credores
Fabiana Batista, da Bloomberg
O Grupo Bom Jesus, um dos maiores produtores brasileiros de milho e soja, entrou com pedido de recuperação judicial na terça-feira depois de não conseguir chegar a um acordo com seus credores, segundo o advogado da companhia.
A empresa baseada em Rondonópolis, Mato Grosso,
buscou proteção judicial após alguns credores tentarem arrestar bens da
companhia, disse o CEO Nelson Vigolo na quarta-feira em uma entrevista
por telefone.
"Nós estávamos esperando por um acordo até ontem, mas alguns credores
continuaram a atacar nossos ativos e bloquear os nossos pagamentos",
disse Vigolo.
O Bom Jesus está entre grupos de produtores brasileiros pressionados
pelo aumento do custo do serviço da dívida denominada em dólar após a
desvalorização do real enquanto também enfrenta preços mais baixos das
commodities e condições de crédito mais restritivas.
O pedido foi feito terça-feira no mesmo tribunal em Rondonópolis que,
apenas uma semana antes, havia concedido uma preliminar recuperação
judicial já que o Grupo Bom Jesus havia tentado chegar a um acordo com
os bancos e fornecedores.
A dívida total da empresa de capital fechado é de cerca de R$ 3 bilhões,
disse Joel Thomaz Bastos, sócio da DCA Advogados, um escritório de
advocacia contratado pelo Bom Jesus.
O Grupo Bom Jesus cultiva soja, milho e algodão em 250.000 hectares na
região Centro-Oeste do Brasil. Também vende sementes e fertilizantes
para agricultores em operações de barter.
A dívida da empresa aumentou em parte devido a inadimplência de
clientes, disse Vigolo. Cerca de 90 por cento da dívida bancária da
empresa é denominada em dólar, disse ele.
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