Se você é adepto da frase "todo dia um 7 x 1 diferente", saiba que, dessa vez, foi o Brasil que venceu de goleada. Mas não foi no campo de futebol, não: foi no da matemática.

Pela primeira vez, o Grande Prêmio Científico Louis D. foi entregue a um brasileiro, o diretor geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) Marcelo Viana.
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De quebra, o cientista também foi o primeiro matemático do mundo ganhar o prêmio.

Quem atribui o título é a Academia de Ciências da França, formada pelas cinco academias francesas mais importantes do país.

Com 16 anos de existência, o Grande Prêmio é concedido anualmente a um ou dois projetos de pesquisa em qualquer área da ciência.

Esse ano, foram dois vencedores: Viana e o francês François Labourie, da Universidade de Nice, na França. Os dois dividirão um prêmio de 450 mil euros (ou R$ 1,8 milhão).

O projeto de Viana consistia em estudar os chamados sistemas dinâmicos: equações que servem para prever, entender e até controlar situações da vida real - um bom exemplo de aplicação desses sistemas é a previsão do tempo.

Em agosto de 2014, outro matemático foi o primeiro brasileiro a receber uma honraria científica nessa mesma área: Artur Ávila, que ganhou a Medalha Fields, tido como o Nobel da matemática.

O Grande Prêmio será entregue a Viana no próximo dia 8, em Paris, e o dinheiro será usado para desenvolver um projeto de estudo dos sistemas dinâmicos, no qual trabalharão 12 jovens matemáticos - seis brasileiros e seis franceses.

O diretor do IMPA também pretende abrir espaço para que mais brasileiros proponham pesquisas colaborativas em outras áreas da matemática.

Os 450 mil euros vieram em boa hora para a nossa produção científica: em clima de instabilidade política, a ciência tem sido muito prejudicada.

Em maio, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) foi fundido ao das Comunicações, o que trouxe corte de verbas para as duas pastas.

Nesse contexto, um incentivo à pesquisa no país é indispensável. Valeu, Viana: seu gol foi lindo!