ALEXANDRE BATTIBUGLI
CPFL: a tendência é que empresas maiores comprem outras menores ou em dificuldades financeiras, diz CEO da CPFL
Luciano Costa, da REUTERS
São Paulo - A aquisição da distribuidora de energia AES Sul pela CPFL,
anunciada nesta quinta-feira, pode ser a primeira de uma série de
transações do tipo nesse segmento, no qual a tendência é que empresas
maiores comprem outras menores ou em dificuldades financeiras, em um
movimento de consolidação, afirmou nesta quinta-feira o CEO da CPFL.
Em teleconferência sobre a transação, que envolverá cerca de 1,7 bilhão
de reais mais 1,1 bilhão em dívidas, Wilson Ferreira Jr. lembrou que o
governo federal tem interesse em vender distribuidoras da Eletrobras e
disse que diversas outras elétricas podem ser colocadas no mercado,
incluindo estatais estaduais.
A expectativa é guiada pela mudança de governo que, segundo Ferreira,
resultou em uma administração com maior disposição a realizar a
privatização de companhias estatais e na melhoria das perspectivas
econômicas do país.
Antes desta quinta-feira, as últimas aquisições em distribuição de
energia haviam sido anunciadas em 2012 e 2013 e envolveram a
incorporação por Energisa e Equatorial de empresas do Grupo Rede, que
pediu recuperação judicial em meio a uma crise financeira.
"É importante esse movimento, faz muito tempo que não tínhamos (uma
aquisição no setor de distribuição). Imaginamos que estamos reabrindo
esse processo... é uma demonstração de confiança no país e no setor",
afirmou Ferreira. A venda da AES Sul vem em um momento em que sua
controladora, a norte-americana AES, lida com dificuldades em suas
operações de distribuição de energia no Brasil, que incluem também a
Eletropaulo.
Segundo Ferreira, a CPFL disputou o negócio com ao menos outras três
empresas que apresentaram interesse na elétrica e acessaram um data-room
montado para viabilizar a transação. Ele disse que a CPFL prevê pagar
cerca de um terço da aquisição com recursos de seu caixa, enquanto o
restante deverá ser financiado junto a um grupo de agentes com os quais a
empresa já possui acordo preliminar.
OUTRAS NO RADAR
Ao conversar com jornalistas sobre a operação anunciada nesta
quinta-feira, Ferreira disse que a CPFL tem interesse na Eletropaulo,
segunda maior distribuidora do país em clientes, e na estatal gaúcha
CEEE, e avaliará esses ativos caso eles sejam ofertados por seus
controladores.
Também estão no radar da companhia distribuidoras que a Eletrobras
pretende vender, como a Celg-D, de Goiás, mas a CPFL só avaliará o
leilão de privatização da elétrica goiana se houver uma revisão do preço
mínimo, definido em cerca de 2,8 bilhões de reais.
Após comentar o interesse nos ativos, Ferreira disse que a CPFL mantém
fôlego para novas tacadas mesmo após o negócio com a AES Sul.
"A companhia tem uma capacidade financeira importante... além do fato de
que ela está em bolsa, pode considerar uma melhora do mercado, também
emissão de ações... a companhia está atenta a cada uma dessas
oportunidades, porque tem uma vantagem nas aquisições, porque aumenta
sua escala", afirmou.
A CPFL prevê elevar os investimentos da AES Sul quando assumir o
controle da elétrica, com o objetivo de melhorar os indicadores de
qualidade da empresa e consequentemente obter maior rentabilidade.
Segundo Ferreira, os aportes anuais deverão subir para cerca de 400
milhões de reais, ante um patamar entre 200 e 250 milhões de reais
praticado pela AES Sul.
A CPFL também precisará definir um novo nome para a distribuidora gaúcha, mas isso ainda não está decidido.
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