São Paulo - A aquisição da distribuidora de energia AES Sul pela CPFL, anunciada nesta quinta-feira, pode ser a primeira de uma série de transações do tipo nesse segmento, no qual a tendência é que empresas maiores comprem outras menores ou em dificuldades financeiras, em um movimento de consolidação, afirmou nesta quinta-feira o CEO da CPFL.
Em teleconferência sobre a transação, que envolverá cerca de 1,7 bilhão de reais mais 1,1 bilhão em dívidas, Wilson Ferreira Jr. lembrou que o governo federal tem interesse em vender distribuidoras da Eletrobras e disse que diversas outras elétricas podem ser colocadas no mercado, incluindo estatais estaduais.

A expectativa é guiada pela mudança de governo que, segundo Ferreira, resultou em uma administração com maior disposição a realizar a privatização de companhias estatais e na melhoria das perspectivas econômicas do país.

Antes desta quinta-feira, as últimas aquisições em distribuição de energia haviam sido anunciadas em 2012 e 2013 e envolveram a incorporação por Energisa e Equatorial de empresas do Grupo Rede, que pediu recuperação judicial em meio a uma crise financeira.

"É importante esse movimento, faz muito tempo que não tínhamos (uma aquisição no setor de distribuição). Imaginamos que estamos reabrindo esse processo... é uma demonstração de confiança no país e no setor", afirmou Ferreira. A venda da AES Sul vem em um momento em que sua controladora, a norte-americana AES, lida com dificuldades em suas operações de distribuição de energia no Brasil, que incluem também a Eletropaulo.

Segundo Ferreira, a CPFL disputou o negócio com ao menos outras três empresas que apresentaram interesse na elétrica e acessaram um data-room montado para viabilizar a transação. Ele disse que a CPFL prevê pagar cerca de um terço da aquisição com recursos de seu caixa, enquanto o restante deverá ser financiado junto a um grupo de agentes com os quais a empresa já possui acordo preliminar.
 

OUTRAS NO RADAR


Ao conversar com jornalistas sobre a operação anunciada nesta quinta-feira, Ferreira disse que a CPFL tem interesse na Eletropaulo, segunda maior distribuidora do país em clientes, e na estatal gaúcha CEEE, e avaliará esses ativos caso eles sejam ofertados por seus controladores.

Também estão no radar da companhia distribuidoras que a Eletrobras pretende vender, como a Celg-D, de Goiás, mas a CPFL só avaliará o leilão de privatização da elétrica goiana se houver uma revisão do preço mínimo, definido em cerca de 2,8 bilhões de reais.

Após comentar o interesse nos ativos, Ferreira disse que a CPFL mantém fôlego para novas tacadas mesmo após o negócio com a AES Sul.

"A companhia tem uma capacidade financeira importante... além do fato de que ela está em bolsa, pode considerar uma melhora do mercado, também emissão de ações... a companhia está atenta a cada uma dessas oportunidades, porque tem uma vantagem nas aquisições, porque aumenta sua escala", afirmou.

A CPFL prevê elevar os investimentos da AES Sul quando assumir o controle da elétrica, com o objetivo de melhorar os indicadores de qualidade da empresa e consequentemente obter maior rentabilidade.

Segundo Ferreira, os aportes anuais deverão subir para cerca de 400 milhões de reais, ante um patamar entre 200 e 250 milhões de reais praticado pela AES Sul.

A CPFL também precisará definir um novo nome para a distribuidora gaúcha, mas isso ainda não está decidido.