É o que prevê o presidente da PwC Brasil, que
também crê que país sairá mais fortalecido que os outros membros dos BRICs
Por Dirceu Chirivino
dirceu@amanha.com.br
Na visão
de Fernando Alves (foto), presidente da PwC Brasil, o país sairá fortalecido da
atual crise econômica – que também tem bases política e moral. “O Brasil vive
uma catarse pública diária. No entanto, ao viver isto – e superar essa fase –
sairá mais fortalecido que os outros membros dos BRICs”, opinou, durante
palestra no tradicional Tá na Mesa, evento promovido pela Federação das
Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul) nesta quarta-feira
(22), em Porto Alegre. Alves acredita que a economia brasileira retomará o
crescimento a partir de 2018. Até lá, será necessário resolver questões
importantes como a gestão fiscal e, até mesmo, revisão dos direitos adquiridos
pela população por meio da Constituição.
Alves
aproveitou a passagem pela capital gaúcha para abordar megatendências que
transformarão o ambiente corporativo mundial nos próximos anos. Uma das mais
importantes é a que trata da urbanização acelerada. De acordo com estimativas
da consultoria, parceira de AMANHÃ na elaboração do ranking 500 MAIORES DO SUL,
70% dos habitantes do planeta morarão em cidades em 2050 – hoje esse percentual
é de 51%. Atualmente, nada menos que 300 municípios respondem por metade do PIB
global. “As cidades, dentro das estruturas públicas, vão ficar, progressivamente,
mais importantes – fato que exigirá padrões de gestão mais próximos daqueles
usados pelas empresas. Por isso, o prefeito passará a ser mais importante para
as nossas vidas do que os governadores”, explica. Por essa razão, Alves aposta
que as eleições de outubro gerarão debates mais profundos sobre questões
complexas como infraestrutura urbana. “A crise econômica amplificou os
problemas das cidades. Esse cenário demandará discussões entre os candidatos.
Ou seja, o eleitor terá uma boa forma de escolher quem tem soluções mais
úteis”, afirma. Hoje, a PwC presta consultoria para prefeituras como é o caso
do Rio de Janeiro (RJ) e Maringá, no Paraná.
Já no
plano dos Estados, Alves entende que o principal combustível da transformação
será a tecnologia. “O próprio conceito de fronteiras nacionais será desafiado.
A Europa, por exemplo, está travando uma grande discussão quanto à proteção de
dados. Alguns países entendem que as informações de estatais não devem estar na
nuvem, pois serão teoricamente menos protegidos do que nos processos de
armazenamento tradicionais”, conta. Justamente por essa mudança de paradigma
que o CEO da PwC Brasil crê que o Brasil está pagando um preço enorme por ter
baixa conexão internacional. “Somos um país que exporta pouco. Somos pouco
internacionalizados nos processos de troca comercial com o restante do mundo”,
diagnostica. Para dar uma ideia da dificuldade, Alves revelou que a soma do que
o Brasil importa e exporta equivale a 20% do PIB, bem abaixo de 50%, índice da
maioria dos países ao redor do globo.
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