Roberto Stuckert Filho/PR/Fotos Públicas
Minha Casa, Minha Vida: no ano passado, o governo contratou apenas 1.188
moradias do faixa 1, ante 132.615 unidades habitacionais em 2014
Brasília - O ministro das Cidades,
Bruno Araújo, disse que o governo da presidente afastada Dilma Rousseff
é o responsável pela suspensão das contratações da faixa do Minha Casa Minha Vida (MCMV) que contempla a população mais pobre, que ganha até R$ 1,8 mil.
"Fica claro que o governo afastado aniquilou os recursos e tem sido o
meu diálogo com o Ministério da Fazenda no sentido de reduzir o dano que
o governo anterior causou à população mais pobre tirando os recursos do
faixa 1", disse Araújo, em entrevista coletiva na qual fez um
diagnóstico da "herança maldita" em que encontrou o ministério.
A chamada faixa 1 é a que atende as famílias que ganham até R$ 1,8 mil
por mês. Para esse público, o governo chegava a bancar até 95% do valor
do imóvel.
Como o jornal O Estado de S. Paulo antecipou em julho de 2015, as
contratações da faixa 1 foram suspensas ainda no governo da presidente
afastada e permanecem assim.
No ano passado, o governo contratou apenas 1.188 moradias do faixa 1,
ante 132.615 unidades habitacionais em 2014 e 399.219 moradias em 2013.
Neste ano, não houve nenhuma contratação.
Araújo não soube dizer quando as contratações serão retomadas, tendo em
vista a frustração de recursos da União para o valor tão alto de
subsídios. "A pergunta que fazemos é: onde está o dinheiro?", disse.
O ministro disse que o programa bateu o recorde de contratações em 2013
porque queria ter muitas inaugurações no ano seguinte, às vésperas da
campanha à reeleição.
Para este ano, o Minha Casa Minha Vida tem orçamento de R$ 11,7 bilhões,
dos quais R$ 6,8 bilhões são da União e R$ 4,8 bilhões do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Esses recursos, porém, serão usados
para o pagamento das obras das moradias que já foram contratadas.
Segundo levantamento do ministério, 51,2 mil moradias destinadas às
famílias com renda mensal de até R$ 1,8 mil estão com as obras
paralisadas. Outras 67,2 mil unidades estão concluídas, mas não foram
entregues ainda por questões burocráticas.
Nas outras duas faixas do programa, destinadas à população que ganha até
R$ 3,6 mil e R$ 6,5 mil, foram contratadas 204,4 mil unidades até o fim
de maio, de acordo com os dados do ministério.
Essa parcela do programa não está paralisada porque o grosso dos
subsídios é bancado com recursos do FGTS. Apenas 10% do subsídio do
faixa 2 sai dos cofres da União.
O ministro disse que essa parcela dos subsídios vai continuar sendo
bancada com o dinheiro do orçamento da União, embora as construtoras e
incorporadoras tenham pedido que o FGTS ficasse responsável pela
totalidade dos subsídios dessa faixa.
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