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Nestlé e Garoto: compra aconteceu em 2002 e abarcaria 58% do mercado de doces
São Paulo - O mercado de chocolates
no Brasil se transformou muito na última década. Com a entrada de novos
concorrentes e crescimento do mercado premium, as duas empresas líderes
de mercado, Garoto e Nestlé, perderam espaço. Mas a perda de espaço pode ser bom para elas.
Isso porque elas estão há 12 anos em uma disputa judicial para se
unirem. Em 2002, a multinacional Nestlé comprou a brasileira Garoto.
Juntas, elas teriam mais de 58% do mercado.
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No entanto, por causa da concentração do setor, a fusão das donas das caixas de bombons preferidas dos brasileiros foi barrada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) dois anos depois.
As empresas então contestaram a decisão junto ao Poder Judiciário, em processo que continua correndo.
A Nestlé continuou sendo a dona da Garoto, mas com operações, fabricação
e administrações separadas. Até hoje, são duas empresas distintas.
Diluição do mercado de chocolate
Hoje, mais de 12 anos depois de ter rejeitado a proposta de fusão, o
Cade divulgou um estudo sobre o mercado de chocolates, afirmando que o
setor se transformou muito no período.
No segmento de doces como
um todo, que ainda engloba balas e coberturas, Nestlé e Garoto somariam
58% do mercado. A segunda colocada seria a Lacta, com 33,15%. Arcor e
Ferreiro tinham, em 2001, participações em torno de 3%.
Na época, a Garoto era responsável por 66,4% do mercado de chocolates,
em faturamento, e a Nestlé 22,1%. A fusão abarcaria 88,5% do mercado, o
que foi considerado contra a concorrência, segundo o Cade.
Elas também eram fortes no mercado de achocolatados. Em 2001, a Nestlé
já tinha 58,1% de participação no setor com a marca Toddy e a Garoto
adicionaria mais 3,1% do mercado.
Com o passar do tempo, chegaram novos concorrentes e, ainda que as duas empresas continuem sendo as líderes de mercado, a concentração já não é a mesma da época da fusão.
“Novas empresas entraram em alguns segmentos do mercado, novos canais de
distribuição se desenvolveram, as preferências dos consumidores também
se alteraram, tudo isso dentro de um ambiente mais amplo de mudanças
econômicas e sociais vividos pelo Brasil na última década”, diz o
parecer técnico do Cade divulgado no dia 1º.
O consumo de chocolates mais do que dobrou de 2005 a 2014, passando para
775 mil toneladas por ano. O Brasil passou de quinto maior consumidor
para terceiro maior mercado consumidor de chocolates no mundo, com
aumento do consumo e ascensão da classe C.
A Mondelez, dona de Lacta, Milka e Toblerone, detém 31% do setor. Também
chegaram por aqui a Hershey’s e a Mars, dona do Twix, M&M’s e
Snickers.
O mercado premium de chocolates também se transformou e hoje corresponde
a 7% do mercado, segundo o Cade. As líderes desse segmento são Cacau
Par, controladora da Cacau Show e a CRM, dona das marcas Kopenhagen e
Chocolates Brasil Cacau, além de ter uma parceria com a Lindt.
Por conta disso, a Nestlé tem hoje apenas 43% de participação no setor - 23% são da Garoto, segundo o Valor Econômico. Agora, o Cade reabriu a discussão do processo da fusão.
À Exame.com, a Nestlé afirmou que “está, neste momento, impedida de se
manifestar sobre a proposta de solução a ser analisada no âmbito do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para o caso da compra
da Chocolates Garoto em função do caráter confidencial dos documentos e
em respeito aos próprios ritos do CADE”.
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