Neil Hall / Reuters
Homem carrega bandeira da União Europeia em Londres após brexit
As empresas europeias que esperavam que hoje se abririam as comportas das fusões e das vendas de ações estão se preparando para uma seca mais longa.
A decisão britânica de deixar a União Europeia “será a maior cisão da história”, disse Richard Cranfield, sócio corporativo da Allen & Overy LLP.
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“Um mercado de fusões e aquisições saudável é fortemente impulsionado
pela confiança.
Considerando o período de incerteza no qual acabamos de
entrar após a votação pela saída, provavelmente veremos uma
desaceleração significativa das fusões e aquisições”.
As aquisições de empresas europeias caíram 27 por cento, para US$ 251
bilhões, até o referendo de quinta-feira, segundo dados compilados pela
Bloomberg. O declínio foi ecoado pela queda na captação de recursos, com
o valor das vendas de ações e das ofertas públicas iniciais na Europa
em menos da metade do patamar que estavam na comparação anual. As fusões
e as vendas de ações estão no nível mais baixo desde 2012, segundo os
dados.
Os primeiros sinais já estão aparecendo. A Telefónica avalia o adiamento
dos IPOs de sua unidade de infraestrutura Telxius e da operadora de
telefonia celular britânica O2 após o referendo, disseram pessoas
informadas sobre o assunto.
A Telxius havia planejado a abertura do processo para a captação de 1,5
bilhão de euros (US$ 1,7 bilhão) já na semana que vem, enquanto a O2
estudava realizar um IPO no quarto trimestre, disseram as pessoas. Um
representante da Telefónica preferiu não comentar.
A Steinhoff International Holdings disse nesta sexta-feira que está
reconsiderando uma abordagem para a rede de varejo popular britânica
Poundland Group, que havia rejeitado sua proposta de aquisição, após os
resultados do referendo.
No referendo de quinta-feira, o Reino Unido decidiu deixar a UE após
mais de quatro décadas, levando a libra ao menor nível em mais de 30
anos e colocando as ações europeias a caminho da maior queda desde 2008.
Os alertas dos economistas e dos líderes mundiais sobre as sombrias
consequências políticas e econômicas perderam para os argumentos de que a
adesão ao bloco impedia o país de ter controle pleno sobre suas
fronteiras, suas leis e suas finanças.
IPOs adiados
As empresas vinham adiando as vendas de ações e os IPOs nas semanas
anteriores ao referendo devido à possibilidade de o Reino Unido optar
por sair da UE.
Agora que a decisão foi tomada, bilhões de dólares em transações estão em um limbo.
Até US$ 25 bilhões em possíveis vendas de ações para empresas europeias
também podem estar congelados, segundo pesquisa de uma consultoria, que
pediu anonimato porque os números não são públicos.
Esse total inclui acionistas que adiaram vendas nas semanas anteriores
ao referendo e aqueles cujas restrições à venda (lock up) expiram até
setembro, disseram as pessoas.
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