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Microsoft: para Moody's, manobra para compra do LinkedIn põe em risco nota de crédito da empresa
David Kocieniewski, da Bloomberg
Com o dinheiro que tem, a Microsoft poderia comprar quatro vezes a LinkedIn. Então, por que a empresa tomará um grande empréstimo para pagar por sua mais recente aquisição?
Talvez porque isso vai reduzir a carga tributária da gigante do setor de tecnologia.
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A Microsoft evitará ter que pagar um imposto de 35 por cento para repatriar o dinheiro de contas no exterior.
Embora seja certo que a Microsoft tenha mais de US$ 100 bilhões em caixa
e investimentos de liquidez imediata, a maior parte desse montante está
no exterior.
Levar para os EUA qualquer parcela para financiar a compra proposta no
valor de US$ 26,2 bilhões, anunciada na segunda-feira, geraria um
encargo tributário.
Essa não é a única vantagem de tomar o empréstimo. A empresa também
deduziria pagamentos de juros, reduzindo assim seus futuros impostos nos
EUA.
Então, ao financiar grande parte da compra com dívida, a Microsoft
poderá deixar de pagar legalmente US$ 9 bilhões em impostos nos EUA
neste ano e economizar outros milhões nos próximos anos usando deduções
de juros para reduzir sua receita tributável.
“Esse mundo, onde uma empresa que está nadando em dinheiro prefere fazer
uma aquisição com dívidas porque não quer pagar impostos, é estranho”,
disse Robert McIntyre, diretor executivo da ONG Cidadãos pela Justiça
Fiscal.
A empresa pretende financiar a aquisição “principalmente com dívida
nova”, disse a diretora financeira da Microsoft, Amy Hood, em uma
teleconferência na segunda-feira em que anunciou a transação, sem
especificar o montante exato que visa a tomar emprestado.
Um porta-voz da Microsoft não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
As empresas estão constantemente decidindo como vão se financiar e
preferem contrair dívidas quando os juros estão extremamente baixos,
como agora.
Com seu mais recente plano, a Microsoft entra para o time de empresas
dos EUA com muito caixa que recorreu à alavancagem nos últimos anos para
contornar os impostos dos EUA.
Em 2015, a Apple, com mais de US$ 180 bilhões no exterior, tomou US$ 6,5
bilhões emprestados para pagar um dividendo a acionistas.
Muitos CEOs e analistas de empresas afirmam que essa estratégia equivale a uma boa governança corporativa e ao bom senso.
O CEO da Apple, Tim Cook, disse no ano passado que criticar sua empresa
por tomar empréstimos com juros baixos para evitar pagar 40 por cento em
impostos federais e locais era “falar bobagem”.
Nota da Microsoft
Mas financiar a compra da LinkedIn com dívida poderia deixar a Microsoft
em problemas – rica no exterior e sem dinheiro nos EUA.
Na segunda-feira, a Moody’s Investors Service colocou a nota sênior sem
garantia da Microsoft, AAA, sob revisão para rebaixamento, citando a
dívida da empresa e o acúmulo de caixa no exterior como fatores.
Com 97 por cento de seu caixa no exterior, “a capacidade da Microsoft de
apoiar seu programa existente de alocação de capital sem novas dívidas é
limitada”, observou o relatório da Moody’s. A S&P Global Ratings,
em contraste, reafirmou a nota AAA da Microsoft na segunda-feira.
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