“O bater das asas de uma singela borboleta de um lado do mundo pode gerar um tufão do outro lado do planeta”
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Na linha do chamado efeito-borboleta, sabemos que o “terremoto”
Brexit, após chacoalhar o noticiário nas últimas semanas, vai afetar
diretamente nossas vidas e nossos investimentos. De que forma?
Primeiramente, é preciso entender o que é, afinal, Brexit? Brexit é a
contração de Britain Exit, a saída do Reino Unido da União Europeia. A
decisão foi fruto de um referendo realizado no dia 23 de junho e
resultou no pedido de renúncia de David Cameron. A medida traz mudanças
importantes, não só para os britânicos e o bloco europeu, como afeta
igualmente o cenário global. Está tudo ainda muito “quente” e há várias
perguntas ainda não respondidas. Quando será concretizada a saída? A
transição será amistosa ou litigiosa?
O pânico que tomou conta dos investidores, com quedas expressivas das
bolsas mundiais e na libra (além de volatilidade em demais moedas e
commodities) é compreensível. Mas o que importa são as consequências
econômicas e políticas no médio prazo.
Nossa análise preliminar é que haverá um enorme esforço político, liderado por Alemanha e França, para que não haja uma debandada de outros países, que podem querer se aproveitar do momento para caminharem na mesma direção, o que seria péssimo para a continuidade saudável do bloco, correndo o risco, inclusive, de colocá-lo em xeque. Ademais, se houver uma aversão generalizada, o euro (como moeda única) passará a ser definitivamente questionado e deve perder valor no médio prazo.
Em relação à economia,
certamente a Inglaterra será muito prejudicada. Uma queda expressiva de
PIB per capita (entre 2% a 3%) é nossa expectativa. Mais da metade de
suas exportações são para a União Europeia, e os tratados comerciais
precisarão ser revistos, o que afeta a economia de forma importante.
Outro fator a se destacar é a perda de protagonismo da city londrina,
como importante centro financeiro global.
Ao mesmo tempo em que as questões estruturais não se definem, cresce a
incerteza e, na esteira, a cautela dos agentes econômicos, com redução
de investimentos. Tudo isso pode afetar a recuperação da economia
global, que ainda se ressente da crise de 2008.
A economia brasileira, que já enfrenta sérios reveses domésticos, não
passará incólume. O país pode ser afetado, principalmente pelo canal do
comércio externo, uma vez que as exportações (que estão melhorando nos
últimos meses) devem recuar. Também enxergamos dificuldades na nova
estratégia de nossa política externa, que nos últimos dias apontava para
um redirecionamento, com menor ênfase no Mercosul.
Neste
cenário, os investimentos mais adequados agora são aqueles
conservadores, uma vez que nossa taxa de juros ainda é extremamente alta
e convidativa, sobretudo para os estrangeiros. Mesmo que o Copom, do
Banco Central, inicie um processo de redução da mesma, ainda este ano,
os títulos de renda fixa (pré e pós) vão permanecer atrativos por um bom
tempo e devem ser os prioritários na carteira do investidor.
*Alexandre Espirito Santo, professor do Ibmec e economista da Órama.
*Luciana Brafman, jornalista e consultora da Órama.
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