terça-feira, 28 de junho de 2016

Sul alimenta projeto de expansão da Sapore




Empresa de refeições coletivas planeja crescer 80% no faturamento na região nos próximos dois anos

Por Laura D'Angelo
laura.cauduro@amanha.com.br

 

Em dois anos, praticamente dobrar de tamanho. Esta é a expectativa da Sapore, terceira maior empresa de refeições coletivas do país, para a região Sul. As operações nos três Estados registraram uma receita de R$ 182 milhões ano passado. A projeção é que o valor cresça 20% neste ano e, em 2017, chegue à casa dos R$ 330 milhões. Muito desse crescimento, que responde por 13% da receita nacional, deve ser impulsionado pelos mercados gaúcho e catarinense onde a Sapore tem concentrado os esforços para ganhar mais clientes e ampliar os contratos vigentes. O objetivo é que a participação dos Estados se equilibre nesse período. No momento, o Paraná é responsável por quase a metade do faturamento na região.

Entre janeiro e abril, a Sapore abriu 18 novos restaurantes no Sul, sendo 15 deles em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O ritmo acelerado mesmo em plena crise econômica é fruto de uma mudança de estratégia comercial colocada em prática há dois anos. A busca por novos contratos foi direcionada às grandes empresas, que servem um maior número de refeições e, portanto, geram faturamento superior. Além disso, Rafael Coelho, gerente comercial da Sapore no Sul, explica que companhias de maior porte, por sua estrutura, possibilitam a incorporação de outros serviços e produtos para além da simples alimentação, como é o caso de lojas de conveniência. “É uma outra receita dentro da mesma operação”, define Coelho.

A criatividade, aliás, tem sido a principal arma da companhia para enfrentar a inflação e a onda de demissões que atinge a indústria. As montadoras, por exemplo, são clientes da Sapore. “Sentimos o impacto”, admite Coelho. “Por outro lado, ao contrário dos pequenos fornecedores, temos estrutura para absorver o aumento dos preços dos alimentos e para criar outros tipos de negócios”, conta. Prova disso é que a Sapore está prestes a fechar uma parceria com uma empresa produtora de alimentos sous-vide [método de cozimento a vácuo, em temperatura baixa e constante, que resguarda aroma e textura da comida].  As porções sous-vide servem como uma opção mais saborosa e igualmente prática aos congelados. A Sapore espera poder fornecer estes produtos nas lojas que possui dentro dos restaurantes corporativos a partir do ano que vem.

A criação de novos negócios tem sido a saída para os players do setor de refeições coletivas expandirem. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Refeições Coletivas (Aberc), o número de companhias com autogerência de seus refeitórios diminui a cada ano. Esse tipo de administração respondia por 2,5% das refeições servidas por dia no Brasil em 2008; hoje não ultrapassa 0,6%. 

“Você vê somente pequenas empresas atuando nesse formato e mais aquelas do interior”, corrobora Coelho. Com menos clientes a conquistar – a não ser os dos concorrentes – algumas companhias, como a Sodexo, incluíram serviços de manutenção, jardinagem e limpeza no seu portfólio. A Sapore estuda a possibilidade, mas, por enquanto, aposta fortemente em outra estratégia. Em 2014, a companhia anunciou um acordo com a Raízen para a criação de um restaurante, o Sabor Raíz, em postos rodoviários da bandeira Shell. A primeira unidade já opera na rodovia Regis Bittencourt. O plano é chegar a 100 restaurantes em até cinco anos

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segunda-feira, 27 de junho de 2016

"Novo Código de Processo Civil trouxe mais problemas do que soluções para tribunais"




O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP e MS) foi o primeiro das cinco regiões a alterar o seu regimento interno de acordo com o novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2016), que entrou em vigor em março. E é na corte que as mudanças tornaram o processo mais lento.

A mudança na tramitação das ações veio junto com a troca de presidente da corte. A desembargadora Cecília Marcondes assumiu a presidência no dia 22 de fevereiro, cargo que exercerá pelos próximos dois anos. Nesta entrevista, concedida em dois momentos aos repórteres da ConJur e do Anuário da Justiça, a presidente do TRF-3 fala sobre os desafios da nova gestão em meio à grave crise do país e sobre a adequação do tribunal ao novo CPC.

Entre as principais dificuldades encontradas por ela no gabinete está gerir o maior tribunal federal do país com o corte orçamentário, que travanca os planos de readaptação e o combate às deficiências da Justiça Federal.

“A crise leva a uma quantidade menor de arrecadação tributária, e menos tributos implica em um orçamento menor para dar ensejo aos casos públicos”, resume a desembargadora.

A presidente do TRF-3 tem conversado com as autarquias para tentar diminuir o número das execuções fiscais, por meio da desistência de causas de valores ínfimos ou daquelas em que a chance de encontrar o devedor é muito baixa. Dessa forma, diz,os magistrados e servidores podem se dedicar a trabalhos que deem mais resultado ao jurisdicionado.

No que diz respeito à atuação do Judiciário em meio à crise, Cecília Marcondes é direta: “O Judiciário só tem um papel: aplicar a lei. E nisso eu acho que está cumprindo o mister dele. Está dando respostas à sociedade, está cumprindo com seu papel, está conseguindo trazer para a população aquilo que precisa”.

Leia a entrevista:

ConJur – Como avalia a atuação da Justiça Federal no Brasil hoje?
Cecilia Marcondes –
 Eu acho que ela é de grande importância. No que diz respeito a Direito Previdenciário, presta jurisdição ao jurisdicionado de baixa renda. Em relação ao Direito Tributário, atua nas execuções fiscais, trata das cobranças do fisco, ajudando o Estado a recuperar os seus tributos. Então é uma Justiça extremamente importante para o país.

ConJur – Quais são os desafios e planos do seu mandato?
Cecilia Marcondes –
 Para o meu mandato eu tenho algumas metas. A primeira é o PJe (Processo Judicial Eletrônico). Hoje, já existe a implementação em algumas poucas varas e a minha intenção é implementar no estado inteiro de São Paulo e no estado de Mato Grosso do Sul. O segundo é efetivar a especialização da 4ª Seção, que hoje é criminal, mas ainda traz um acervo da antiga 1ª Seção, que foi dividida em 1ª e 4ª. Ela ainda traz uma parte dos processos cíveis recebidos até antes da divisão.

 ConJur — Como foi a adaptação do regimento interno ao novo CPC? Precisou de muita alteração?
Cecília Marcondes —
Em algumas coisas, mas não em tudo. Pelo menos a princípio já fizemos essas necessárias e, na medida em que aparecer alguma coisa, nós faremos novas alterações. Tem uma Comissão permanente cuidando disso.

ConJur — Quais foram as principais mudanças?
Cecília Marcondes —
Os embargos infringentes que deixaram de existir e hoje existe aquela figura (do desembargador) a mais, um pouco diferente a respeito das divergências. Eu entendo que na verdade o Código Processo Civil foi elaborado para aqueles tribunais que têm as turmas de cinco membros. Nós só temos composição de três e quatro. Em razão disso, precisamos fazer uma adaptação de modo que possamos pegar desembargadores de outras turmas para compor esses julgamentos.

ConJur — Não seria melhor se tivessem mais desembargadores no tribunal?
Cecília Marcondes —
Neste cenário de crise é muito difícil pensar em qualquer coisa nesse sentido. A verdade é que o Código Processo Civil só pensou em um modelo de composição de turmas e existem outros aqui. Isso não é só problema do TRF-3, mas existem outros tribunais que estão na mesma situação, e cada um vai se amoldando à medida da possibilidade de se fazer isso e da necessidade. Hoje, alterar essa situação fica um pouco difícil, até porque nós estamos com uma restrição orçamentária muito grande.

ConJur — A maioria dos desembargadores comenta que a tramitação dos processos está mais lenta. Quais são os pontos positivos e negativos do novo código?
Cecília Marcondes —
O fato de prazos serem contados em dias úteis contribui para uma demora maior dos processos. Existem algumas situações que vão demorar. Eu entendo que esse instituto que ficou no lugar dos embargos infringentes é um motivo de demora também nos julgamentos feitos; a necessidade de publicação, de pautar recursos que anteriormente não teríamos necessidade também vai nos afetar; e a falta da possibilidade de um uso mais extenso, mais amplo, do artigo 557, que usávamos frequentemente. As sentenças monocráticas ajudavam muito na celeridade dos processos. Eu acho que isso vai também provocar uma diminuição da celeridade.

ConJur — E tem algum ponto positivo também com a entrada do novo código?
Cecília Marcondes —
Não. Eu vejo essas falhas que nos trazem mais problemas.

ConJur — Como está a dificuldade de trabalhar com a restrição orçamentária? Quanto que foi pedido e quanto que o tribunal recebeu de recursos?
Cecília Marcondes —
Na verdade, o nosso projeto era de R$ 338 milhões, houve um corte de R$ 98 milhões, ou seja, praticamente 30%. E nós temos, portanto, R$ 240 milhões para a primeira e segunda instâncias. Além do corte de 30% sobre o custeio da unidade, também tivemos um corte de mais de 50% nos projetos, e seria um pouquinho acima de R$ 1,8 milhão, já é um valor bastante baixo. Nós tivemos oportunidade de ter R$ 960 mil. Valor esse que estamos usando até para cobrir o próprio custeio. Então, não estamos implementando nenhum projeto.

ConJur — E quais foram os projetos que tiveram de ser deixados de lado?
Cecília Marcondes —
Muitas reformas de unidades das subseções, mudanças de prédio também. Algumas têm necessidade até de mudar em razão das deficiências das instalações. Precisamos melhorar inclusive algumas instalações do próprio tribunal. Estamos tendo sempre dificuldades com essas coisas. Mas o principal mesmo são as unidades das subseções, pois algumas que são deficitárias.

ConJur — Quem mais vai sentir o corte é a primeira instância mesmo?
Cecília Marcondes —
Principalmente. O tribunal um pouco menos, mas sempre tem algumas obras que temos de realizar, até para manutenção. Nessa situação pela qual passamos, não temos possibilidade de fazer isso.

ConJur — Também houve corte nos serviços terceirizados?
Cecília Marcondes —
Bastante. Tanto no tribunal quanto na primeira instância. Esse corte foi bastante grande e é uma força de trabalho muito importante para nós, mas que tivemos que nos desfazer.

ConJur — Tem alguma subseção ou alguma região que tem mais déficit de servidores?
Cecília Marcondes —
Comecei a fazer esse mapeamento já a partir do momento em que eu tomei posse, para saber onde existe mais deficiência e onde pode, eventualmente, existir uma ociosidade de trabalho. Esse trabalho ainda não está completo. E é em cima disso que vamos tentar adaptar as varas que nós já temos e, se possível, se tivermos possibilidade financeira, de criar, instalar alguma vara em algum lugar em que haja uma emergência de serviço.

ConJur — A senhora já conversou com os presidentes das outras regiões sobre como está sendo a administração durante esse biênio, nesse cenário de crise? Já houve algum tipo de diálogo?
Cecília Marcondes —
Todos reclamam da mesma coisa: a falta de dinheiro. A dificuldade é grande para todos. Nós não temos facilidades que já existiram em outras épocas. O que nós precisamos agora é otimizar ao máximo os recursos que nós temos.

ConJur — Qual é a importância da repercussão geral nesses dez anos que ela está fazendo? E a dos recursos repetitivos, que completam oito anos? O tribunal tem aplicado o entendimento dos tribunais superiores?
Cecília Marcondes —
Isso dá celeridade aos processos. Agora, para que a celeridade possa estar bem presente, é preciso que os superiores tribunais tenham um julgamento mais célere também. Porque se nós ficarmos aqui, como acontece, com uma série de processos sobrestados ou suspensos por anos, a Justiça, a prestação jurisdicional, não é a mais eficiente.

ConJur —Existe um diálogo do tribunal com as autarquias para tentar reduzir a litigiosidade?
Cecília Marcondes —
Procura-se fazer com certa frequência até. Eu, quando estava na vice-presidência, por várias vezes entrei em contato com Caixa Econômica Federal, com o INSS, Procuradoria da Fazenda Nacional, para que tomassem uma atitude inteligente para eles, e aceitável para o próprio trabalho. De modo que eliminassem todas aquelas ações que não lhes trariam nenhum benefício, para que nós pudéssemos nos debruçar em cima daquelas que eram importantes para eles. Com isso, em uma série de ações que eles já não tinham mais interesse, houve o pedido de desistência, o que ajudou bastante.

ConJur — Em quais ações? Poderia dar alguns exemplos por favor?
Cecília Marcondes —
Ações às vezes de valores baixos, contra pessoas que não estavam encontrando. Às vezes, acordos com mutuários também.

ConJur — Com qual autarquia é melhor de se fazer conciliação? Tem alguma que seja mais aberta, que tenha menos burocracia?
Cecília Marcondes —
Logicamente, com a Caixa Econômica Federal é sempre mais fácil do que fazer com a Fazenda Nacional, porque da Fazenda Nacional depende de determinações superiores, que a Caixa tem mais facilidade de se compor nesse sentido.

ConJur — Como está a implantação do PJe?
Cecília Marcondes —
Às vezes, os advogados atuam pelo PJe e outras vezes, não. Dentro dos próximos meses, já vamos impor a obrigatoriedade em alguns lugares, de modo paulatino. Então, nessas subseções que já estão implantados, que já foi implantado com mais tempo o PJe, vamos impor a obrigatoriedade. E, naqueles que nós estamos implantando, até porque tem a possibilidade de erros, de algumas dificuldades, ainda ficam facultativos. Por isso que é pouco, hoje não dá ainda para nós termos ideia de como que a coisa está funcionando.

ConJur — Quem estipula o local que será implantado o PJe?
Cecília Marcondes —
O departamento de Tecnologia da Informação nos diz onde que é mais fácil para espalhar a rede, para analisarmos como fica mais fácil para utilizar, e com o menor preço hoje. E aí temos uma comissão que aprecia todas essas análises.

ConJur — O julgamento virtual também começou no TRF-3?
Cecília Marcondes —
Sim, também é um projeto piloto para analisarmos todas as situações, deixar bem acertado. A adesão pelas demais turmas é uma questão de tempo. À medida em que o projeto piloto vai se acertando, fica possível usar sem problemas, passamos a aplicar em outras áreas.

ConJur — A senhora pode nos dar um panorama de como a audiência de custódia está sendo feita na terceira região?
Cecília Marcondes —
Felizmente eu acho que ela está se desenvolvendo bastante, de uma forma bastante ágil e bastante eficiente. Nós começamos com a aplicação da audiência de custódia em Mato Grosso do Sul e em Guarulhos. Fizemos, logo que isso foi objeto de implantação, uma reunião com os vários atores interessados nessa audiência de custódia, como Administração Penitenciária, Polícia Federal, Defensoria, Ministério Público, OAB, juízes da execução penal, para proceder de uma forma que sempre pudéssemos ter o juiz e a estrutura toda do Poder Judiciário, além da estrutura também para Defensoria, Ministério Público e transporte dos presos. Nisso conseguimos dar um andamento muito bom, para esse acordo, e os juizados, os juízes estão aplicando o Código de Processo Penal sem grandes problemas. Na Justiça Federal, o número de audiências não é grande. É diferente do que acontece na Justiça estadual, que lá é monumental.

ConJur — E a Polícia Federal está com condição de custodiar esses presos?
Cecília Marcondes —
Dentro do possível eles estão nos ajudando, estão trazendo sem problemas.

ConJur — O ministro Francisco Falcão, presidente do STJ,  baixou uma resolução pelo CJF que estava impedindo a viagem de magistrados para o exterior por mais de 30. Aí o CNJ cassou essa resolução porque dizia que feria a autonomia dos tribunais. É comum os desembargadores pedirem isso, para ir fazer curso fora?
Cecília Marcondes —
Na terceira região não existe isso, até porque são poucos desembargadores e juízes federais, que viajam por um tempo sempre pequeno. Esse não é um problema que temos aqui.

ConJur — A Meta 4 do CNJ de que os magistrados devem priorizar o julgamento dos casos de improbidade. Ela está sendo seguida?
Cecília Marcondes —
De modo, geral sim. Eu, pelo menos, posso dizer que na época que estava na vice-presidência não tinha mais nenhum processo de improbidade.

ConJur — Qual sua opinião sobre a decisão  do Supremo que permitiu a prisão antes do trânsito em julgado?
Cecília Marcondes —
Eu entendo que a grande maioria de todas essas ações em que não houve o trânsito em julgado e ainda existem recursos para os tribunais superiores, não têm as decisões alteradas. Muitas vezes, são discutidos incidentes relativos à forma e não ao fato, ao conteúdo do processo. Eu acho que não afeta em hipótese alguma a ampla defesa e nem o contraditório.

ConJur — No atual cenário que temos hoje, de crise política e econômica, como a senhora vê o papel do Judiciário?
Cecília Marcondes —
O Judiciário só tem um papel: aplicar a lei. E nisso eu acho que está cumprindo o mister dele. Ele está dando respostas à sociedade, está cumprindo com seu papel, está conseguindo trazer para a população aquilo que precisa. Mostrar que a impunidade não deve prevalecer e aplicar as penas necessárias, de acordo com os fatos que lhe são apresentados.

ConJur – De que maneira a crise política afeta a magistratura e o Judiciário?
Cecilia Marcondes –
 A crise política leva a uma quantidade menor de arrecadação tributária e menos tributos significa um orçamento menor para dar ensejo aos casos públicos. Essa é uma dificuldade que nós temos.

ConJur — Como o tribunal está lidando com as execuções fiscais? O que pode ser feito para melhorar isso?
Cecília Marcondes —
Nós conversamos muitas vezes sobre essas questões com a Procuradoria da Fazenda Nacional e com a AGU, para acabar com processos que não têm nenhum interesse para essas instituições, na medida em que não vão trazer resultados. Então, nós perdemos muito tempo com processos em que sabemos que o devedor não será encontrado... São infrutíferos, porque não vamos encontrar bens, não vamos encontrar nada, e deixamos parados, muitas vezes, aqueles processos que são importantes para a Caixa Econômica, para a Justiça, para a Fazenda Nacional, para a Advocacia da União. Porque somos poucos e temos que nos dividir com todos esses processos. Esse é um dos trabalhos que nós estamos fazendo para ter uma resposta dessas instituições no sentido de eliminar, desistir desses processos que não lhe venham trazer benefício nenhum.

ConJur – Outra questão é a criação de novos tribunais regionais federais. A senhora acredita que o Brasil precisa desses novos TRFs?
Cecilia Marcondes –
 Em alguns lugares eu acredito que isso é imprescindível, tendo em vista o fato do tamanho da região. Por exemplo, o TRF da 1ª Região abrange uma extensão muito grande, o que dificulta tanto para as partes quanto para os advogados a atuação na Justiça Federal. Se ele for dividido, isso facilitaria bastante para o jurisdicionado. 

ConJur – O que pensa sobre a proposta da Ajufe de alterar a interpretação da Resolução 21.009 para que os juízes federais possam integrar a primeira instância da Justiça Eleitoral?
Cecilia Marcondes –
 É uma proposta legítima.

ConJur – Por quê?
Cecilia Marcondes –
 Porque eu acho que é uma competência que também pode ser atribuída aos juízes federais.

ConJur – Tem muita gente que acusa o Ministério Público de não ser imparcial e na verdade ter um viés muito acusatório. O que pensa sobre isso?
Cecilia Marcondes –
 Como acusação, ele é um ente. Como fiscal da lei, como orientador da lei, ele é outra entidade. Como autor da ação penal, também desiste da ação quando percebe que o réu é inocente. Então, geralmente é imparcial até nessa hora. Ele é o advogado da sociedade, e como advogado da sociedade não tem interesse que o réu seja preso ou absolvido; interessa que a justiça seja feita.

* Texto atualizado às 14h55 do dia 26/6/2016 para correção.

Aperto de crédito no Brasil ameaça produtores e exportações agrícolas


Aperto de crédito no Brasil ameaça produtores e exportações agrícolas
A pior crise de crédito do Brasil em duas décadas está forçando endividados produtores de grãos, açúcar e café a reduzirem investimentos, fazendo com que integrantes desses setores na nação líder em exportações agrícolas deixem de aproveitar uma recuperação nos preços globais.
 
Os bancos, atingidos por uma onda de calotes e falências desencadeada pela recessão mais dura do país em oito décadas, apertaram o crédito, trazendo crescimento dos empréstimos para uma mínima de 17 anos em abril.
 
Os produtores agrícolas, que se endividaram pesadamente nos últimos anos para financiar uma rápida expansão, estão entre os mais atingidos.
 
"Nós não vimos uma contração de crédito como esta na história recente", disse Alexandre Figliolino, que presta consultoria para empresas do setor agrícola. "Podemos perder dois anos de expansão agrícola."
 
Vários agentes do setor bancário disseram à Reuters que esperam que o crédito permaneça apertado por pelo menos mais um ano, ampliando uma forte desaceleração na produção agrícola.
 
A área plantada com grãos, incluindo a soja e o milho, cresceu apenas 0,3 por cento este ano, em comparação com um crescimento de 3 por cento em 2015 e de 5 por cento em 2014, mostrou uma análise dos dados do Ministério da Agricultura.
 
As safras de soja e milho caíram neste ano pela primeira vez desde 2011 e 2013, respectivamente.
 
Embora as exportações de ambos produtos tenham crescido fortemente durante o ano passado devido à alta do dólar, os analistas esperam que as exportações de milho recuem até junho de 2017, com produtores de carnes disputando a matéria-prima escassa.
 
As exportações de café também têm diminuído nos últimos meses, em comparação com os níveis recordes de 2015, com o setor reconstruindo estoques após dois anos de seca.
 
O aperto coincide com uma recuperação nos preços globais das commodities.
 
Os preços internacionais do açúcar bruto estão no mais elevado patamar em quase 3 anos; a soja está operando perto de uma máxima de dois anos; e os preços do café e milho estão próximos de uma máxima de quase um ano.
 
O Brasil é o segundo maior exportador de milho e o principal de soja, café e açúcar.
 
Na semana passada, o diretor-presidente da Cosan Limited, Marcos Lutz, disse acreditar que safra de cana será menor na atual temporada.
 
Apesar do maior déficit global de açúcar em décadas, Lutznão prevê investimento em capacidade a curto ou médio prazo, em meio a restrições de financiamento.

Macquarie Bank Ltd, Itaú Unibanco eRabobank estão entre os bancos mais cautelosos em oferecer novos empréstimos a exportadores do setor, segundo operadores de multinacionais do setor do açúcar e de grãos. O Macquarie negou os relatos.
Banco Pine SA, ABN Amro Group, Credit Agricole SA e outros têm seguido essa mesma estratégia.
 
A Odebrecht Agroindustrial, a produtora de grãos de capital fechado Bom Jesus e empresa agrícola JPupin estão entre osgrandes produtores que estão reestruturando dívidas ou que entraram com pedido de proteção contra credores, depois de acumularem mais de 15 bilhões de reais em passivos combinados.
 
Com a taxa de juro de referência em 14,25 por cento, perto da máxima em uma década, e termos de empréstimo mais duros, os produtores estão confiando mais em operações "barter" (troca) de produtos por insumos, afirmou o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em um relatório recente.
 
As multinacionais são também mais ativas no financiamento de curto prazo.
 
Com credores menores mais retraídos, o Banco do Brasil, principal financiador da agricultura, elevou os empréstimos a juros subsidiados em 44 por cento neste ano.
 
Ainda assim, os líderes da indústria dizem que o crédito dos bancos do setor privado, que representam cerca de 40 por cento dos empréstimos da agricultura, continua a ser essencial.
Esse crédito, no entanto, tornou-se muito mais difícil de se obter.
 
Um executivo de um dos bancos brasileiros que lida com tomadores agrícolas de médio e grande portes disse a clientes que no passado poderiam pegar 20 milhões de reais de empréstimo que eles agora só poderiam obter metade disso.
 
"Alguns agricultores vão quebrar nestas condições", disse Marco Parzianello, que dirige uma grande fazenda em Sorriso (MT). "Nós seguramos a expansão para acumular reservas de caixa e tivemos sorte de fazê-lo"

 (Reuters, 24/6/16)

Doutor Resolve e Dona Resolve são Vendidas


Aquisição
O grupo de redes de franquias Resolve Franchising anunciou a venda de duas de suas redes, ambas de atuação nacional, com centenas de unidades e presença em quatro países, a Doutor Resolve, que atua prestando serviços no segmento de construção civil, e a Dona Resolve, que presta serviços de limpeza e organização doméstica.
 
O grupo continua detentor das marcas Instituto da Construção e Longitude - Escola de Empreendedores. As marcas foram adquiridas pelo grupo empresarial EFFE, que já atua no setor de franquias e que tem Evandro Pinotti como CEO e acionista. Até então, o executivo atuava como CEO da Resolve Franchising.

10 novidades sobre o mercado que você precisa saber




Reuters/Toru Hanai
Reflexo de homem parado em frente a uma tela que mostra índices de Bolsas japonesas
Bolsas asiáticas: índices de Tóquio e da China recuperaram parte das perdas causadas pelo Brexit
São Paulo - Confira as principais novidades do mercado desta segunda-feira (27):
 

Bolsas asiáticas se recuperam após Brexit; mercados europeus operam em queda
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A Bolsa do Japão fechou em alta de 2,39% nesta segunda, recuperando parte das perdas causadas após a saída do Reino Unido da União Europeia. O índice chinês de Xangai subiu 1,44%, e a Bolsa de Hong Kong teve leve queda de 0,16%.

As Bolsas europeias, por sua vez, mais diretamente afetadas pelo Brexit, ainda operavam em queda pela manhã; o FTSE 100, que agrega as principais empresas do continente, tinha baixa de 1,29%; o índice alemão DAX recuava 1,6%; e o CAC, de Paris, perdia 1,45%.
 

Moody's corta perspectiva de rating do Reino Unido

A agência de classificação de riscos Moody's cortou a perspectiva do rating do Reino Unido para "negativa" ante "estável", mas manteve a perspectiva "estável" para a nota de crédito da União Europeia (UE) após o referendo que optou pela saída britânica do bloco.

Segundo a Moody's a saída britânica da UE vai trazer um período de incerteza para o Reino Unido, com implicações negativas para o crescimento do país no médio prazo.
 

BIS diz que bancos centrais tomarão medidas após Brexit

O diretor-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS, sigla em inglês), o espanhol Jaime Caruana, afirmou que os bancos centrais "estão preparados para tomar as medidas necessárias para garantir o funcionamento dos mercados" após o "Brexit".

"No passado, os bancos centrais agiram com rapidez e agora estão dispostos a voltar a fazê-lo, e contam com as ferramentas necessárias para isso".
 

Empresas veem desaceleração de aquisições com Brexit

As empresas europeias que esperavam que hoje se abririam as comportas das fusões e das vendas de ações estão se preparando para uma seca mais longa.

A decisão britânica de deixar a União Europeia “será a maior cisão da história”, disse Richard Cranfield, sócio corporativo da Allen & Overy LLP.

“Um mercado de fusões e aquisições saudável é fortemente impulsionado pela confiança. Considerando o período de incerteza no qual acabamos de entrar após a votação pela saída, provavelmente veremos uma desaceleração significativa das fusões e aquisições”.
 

Procuradoria do TCU pede inabilitação de ministro de Temer por pedalada

O Ministério Público que atua no Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a inabilitação do ministro interino do Planejamento do governo provisório de Temer, Dyogo Oliveira, segundo o Valor Econômico.

A punição, que determina o afastamento do serviço público por oito anos, envolve 11 autoridades, incluindo os ex-ministros da Fazenda, Nelson Barbosa e Guido Mantega, e os ex-presidentes de instituições públicas Aldemir Bendine (do BB), Luciano Coutinho (do BNDES) e Alexandre Tombini (do BC).
 

Senadores cobram Temer por voto pró impeachment

O presidente em exercício Michel Temer está sendo cobrado por parlamentares pelo voto a favor do impeachment no Senado. Eles pedem indicações para cargos de estatais e até para o comando do BNDES.

Por causa do assédio, segundo O Estado de S. Paulo, Temer tem recebido parlamentares fora da agenda oficial, durante almoços, jantares e reuniões.
 

Testemunha de Odebrecht, Dilma vai depor na Lava Jato

A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) vai depor por escrito como testemunha do ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht em ação penal na Operação Lava Jato.

O juiz federal Sérgio Moro havia questionado a petista se ela preferia ser ouvida em audiência ou que lhe fossem encaminhadas perguntas a serem respondidas por escrito. Dilma optou pelo depoimento escrito em petição anexada aos autos e assinada de próprio punho.

"Por ocasião da consulta formulada por Vossa Excelência no expediente em epígrafe, informo que exercerei previsão disposta no artigo 221, parágrafo primeiro, do Código de Processo Penal. Assim, fico à disposição para prestação do depoimento, por escrito, acerca dos questionamentos deferidos por Vossa Excelência", respondeu Dilma em petição endereçada a Moro.
 

Cyrela vai investir até R$ 100 milhões na Tecnisa

A construtora e incorporadora Cyrela acertou um acordo para investir entre 73 milhões e 100 milhões de reais na Tecnisa, o que pode lhe garantir uma fatia de até 19 por cento na concorrente caso a operação atinja o valor máximo.

A operação vai envolver um aumento de capital de até 200 milhões de reais pela Tecnisa, no qual a Cyrela e os acionistas da Tecnisa Meyer Joseph Nigri e JAR Participações vão investir pelo menos 124,7 milhões de reais na Tecnisa. O preço de emissão das ações será de 2 reais.

Segundo dados da BM&FBovespa, a Tecnisa tinha no final de maio 64,75 milhões de ações em circulação no mercado. Meyer Joseph Nigri aparecia com 11,26 por cento das ações ordinárias e a JAR com 46,11 por cento.
 

Avon investe em operação brasileira para melhorar resultado

O Brasil vai ganhar ainda mais importância nos planos de negócios da Avon, após a reestruturação da empresa e a venda das operações na América do Norte, segundo a presidente da companhia, Sheri McCoy.

Em entrevista ao Estado de S. Paulo, McCoy afirmou que a ordem é cortar custos e que, apra isso, deve apostar em marketing e criação de ferramentas que ajudem as revendedoras a fechar negócios pelas redes sociais.
 

Desastre em Mariana ocorreu por causa de obras, diz MP

Relatório final do Ministério Público do Estado de Minas Gerais sobre o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG), aponta que o desastre teria sido motivado por obras na barragem.

O rompimento ocorreu no dia 5 de novembro de 2015 espalhando lama e rejeitos de mineração e deixou 19 pessoas mortas, causou destruição da vegetação nativa e poluiu a bacia do Rio Doce.

O relatório diz que, em 2013, na elevação aproximada de 864 metros, o eixo da barragem foi recuado. Segundo informações obtidas em relatórios técnicos, este recuo foi implantado com a finalidade de possibilitar os trabalhos de reparo na galeria secundária que apresentava sérios problemas de vazamento.

Briga pela Estácio faz investidor ganhar com educacionais






Kristin Wall/Creative Commons
Luva de boxe
Briga: enquanto disputa pela Estácio não chega ao fim, valor de mercado de educacionais sobem na Bolsa




São Paulo — Ainda não se sabe qual será o desfecho da novela que envolve as empresas de educação, mas desde o início do mês, quando surgiram rumores de que a Estácio seria comprada pela Kroton, o valor de mercado da companhia carioca aumentou mais de 50%.

Do dia 1°de junho até agora, ele passou de 3,33 bilhões de reais para 5,05 bilhões de reais, segundo levantamento da consultoria Economatica feito a pedido de EXAME.com. No período, os papéis ordinários registraram ganhos de 50%. 
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A Kroton, líder mundial no setor de educação, também se valorizou. No início de junho, a companhia valia pouco mais que 17,91 bilhões de reais. Na última sexta-feira, o valor passou para 22,50 bilhões de reais — um aumento de 26%. No mês, as ações ordinárias da empresa valorizaram 23%. 

No mesmo período, a Ser Educacional — que acabou entrando na disputa dias depois da oferta da Kroton — ganhou 10% em valor de mercado, passando de 1,41 para 1,55 bilhão de reais. Desde o começo do mês, os papéis da companhia registraram ganhos de 8,8%. 

O futuro da Estácio ainda é incerto. Se não bastasse o assédio das duas rivais, a família Zaher — que controla 14% das estações da companhia carioca — divulgou hoje, em comunicado ao mercado, que tem interesse em manter a Estácio na Bolsa. Eles estudam lançar uma oferta pública envolvendo um mínimo de 36% do capital da empresa para ter, assim, o controle da companhia. 

Mês agitado


No dia 1° de junho, EXAME noticiou que a Kroton estaria preparando uma oferta pela Estácio. No dia seguinte, a companhia informou publicamente seu interesse pela rival. A operação, segundo a empresa, seria feita somente por ações: cada uma ação da Estácio valeria 0,977 ação ordinária da Kroton.

Não demorou muito para que a Ser Educacional se manifestasse e fizesse sua oferta: o pagamento de 590 milhões de reais em dinheiro pela fusão com a Estácio.

No dia 21 de junho, a Kroton melhorou a proposta. Em carta enviada aos acionistas da Estácio, propôs que cada papel da rede de educação carioca fosse trocada por 1,250 ação ordinária sua.

Nesta segunda-feira (27), a família Zaher informou que planeja uma oferta pública de ações para elevar a participação na Estácio a 51%, um claro sinal de que tentará impedir a venda da companhia. 
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Wendy's entra no mercado brasileiro com duas lojas em SP


Scott Olson/Getty Images
Loja da Wendy’s em Chicago
Loja da Wendy’s: está previsto que os dois novos restaurantes da Wendy's no Brasil abram em meados de julho
 
Da EFE


Washington - A rede de fast-food americana Wendy's anunciou nesta segunda-feira sua entrada no mercado brasileiro com a abertura de dois restaurantes em São Paulo.

Em sua entrada no mercado brasileiro, a rede de hambúrgueres americana, a terceira maior do mundo, será regida pela Infinity Services, uma empresa com sede em São Paulo e que é responsável pelo estabelecimento no Brasil de redes como Benihana e Hooters.

A empresa com sede em Dublin (Ohio) afirmou em comunicado que, depois da abertura destes dois locais em São Paulo, tem "planos de ampliar significativamente" a presença de seus restaurantes no Brasil no futuro através da Wendy's Brazil, uma empresa conjunta criada em 2015 com subsidiária da Infinity.

Com esta iniciativa, a Wendy's, que tem mais de 6,5 mil restaurantes de fast-food em 30 países -com o maior número nos Estados Unidos-, fortalece sua presença na América Latina, onde já tem estabelecimentos na Argentina, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Panamá e Venezuela.

Está previsto que os dois novos restaurantes da Wendy's no Brasil abram em meados de julho, segundo a empresa.

"O Brasil é um dos mercados mundiais onde vemos um potencial considerável", por isso que foi incluído na estratégia de expansão internacional da empresa, disse no comunicado Bob Wright, vice-presidente executivo da Wendy's.