segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

E SE OS POLÍTICOS DEIXASSEM DE EXISTIR NO BRASIL?

blog

Por Og Leme, publicado pelo Instituto Liberal
Sendo o Brasil constituído majoritariamente de jovens, apenas a sua minoria de pessoas idosas se lembrará da campanha havida nos anos 30 e 40 contra as saúvas, que eram tidas então como uma das mais perigosas ameaças à agricultura. O slogan da campanha dramatizava suficientemente a importância que se dava ao problema: “ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil”.
Bem, os vorazes insetos não acabaram conosco. Mas aparentemente tampouco acabamos de vez com eles, se bem tenhamos conseguido reduzi-los a um número tolerável. De qualquer maneira, podemos provavelmente estar seguros de que haverá algum órgão remanescente no Ministério da Agricultura encarregado da contagem das saúvas e de alertar-nos no caso de algum surto indesejável daqueles predadores. Se de fato essa unidade burocrática existe, seus funcionários estarão pelo menos preocupados com a preservação de um número mínimo de saúvas que justifique os seus empregos atuais.
Nada mais a dizer sobre as saúvas. Mas e quanto aos políticos? Seria adequado estender a eles o slogan da campanha contra as saúvas? “Ou o Brasil acaba com os políticos, ou os políticos acabam com o Brasil…” Afinal, a classe dos políticos é execrada em todas as partes do mundo, e essa rejeição é compreensível, pois os políticos podem “acabar” com qualquer país onde o processo político for suficientemente grande. E não se trata de mera especulação: a história se encarrega de prover a evidência que justifica a possibilidade. Mas isso seria suficiente para justificar a adoção do slogan? A resposta é obviamente negativa, pois nenhum país pode prescindir do process político de decisões coletivas, que se encarrega de buscar solução para problemas que o mercado tem dificuldade de tratar satisfatoriamente. Dessa maneira, o processo político não apenas é inevitável, como é vital. Assim sendo, não se pode acabar com os políticos. Na realidade, deve-se tratar de animar a formação de agentes políticos esclarecidos e honestos.
Mais urgente e importante ainda é a redução das dimensões do processo político; sua contrapartida é a maximização do processo de mercado baseado nas decisões individuais. As consequências seriam o enobrecimento do papel do agente político (pois deveriam diminuir a arbitrariedade, os desmandos e a corrupção) e a melhoria das condições de vida da população (pois há correlação inversa entre o tamanho do setor público e o crescimento econômico). Em síntese, quanto menor é o processo político de decisões coletivas (quanto maior é a jurisdição da economia de mercado e o processo de decisões individuais responsáveis e livres), mais respeitável e suportável se torna a atividade política e melhores tendem a ser as condições de vida da população em geral.
O slogan da campanha contra as saúvas poderia então ser adaptado para os políticos da seguinte forma: “ou o Brasil reduz o governo e o processo político às suas devidas proporções, ou eles acabam com o Brasil”.
Nota: Artigo retirado do livro de crônicas Editoriais como “As saúvas, os políticos e a sobrevivência nacional”, editado pelo Instituto Liberal em 2011.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Fundo Cerberus quer investir US$ 2 bilhões na Oi


Fundo americano é conhecido por se especializar em empresas em dificuldades, como é o caso da Oi, que está em recuperação judicial

 




São Paulo – O fundo americano Cerberus, especializado em empresas com problemas financeiros, está disposto a investir US$ 2 bilhões na operadora de telefonia Oi, apurou o Estado.

A companhia, que está em recuperação judicial e tem dívidas de R$ 65,4 bilhões, tem sido alvo de investidores interessados em assumir a gestão da operadora.

O Cerberus considera que esse investimento é necessário para viabilizar uma recuperação da tele, que ganharia nova administração.

O fundo, que tem como parceiro no Brasil o especialista em reestruturação de empresas Ricardo Knoepfelmacher, da RK Partners, entraria com recursos.

Já Ricardo K. – como especialista em recuperação de negócios é conhecido – participaria da reestruturação da companhia.

A lista de possíveis investidores da Oi é grande. De acordo com declarações feitas pelo presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Juarez Quadros, na semana passada, a agência já teria recebido seis propostas de interessados em participar da reestruturação da companhia.

Entre esses interessados estão o bilionário egípcio Naguib Sawiris, que tem negócios na área de telecomunicações na África e na Ásia, e um outro fundo americano, o Elliott.

Apesar de ter ouvido várias propostas, o presidente da Anatel disse, na terça-feira, acreditar que só uma mudança das regras do setor de telefonia no País permitiria que um investimento na Oi se concretizasse.

 

Experiência


Conhecido por assumir empresas em situação financeira delicada, Ricardo K. atua hoje na Bombril e na incorporadora imobiliária PDG, que corre o risco de entrar em recuperação judicial.

Anteriormente, ele participou da reestruturação do Grupo X, do empresário Eike Batista, e da Brasil Telecom, operadora que acabou fundida à Oi.

O projeto do Cerberus incluiria também o aporte de recursos de outros fundos para a reestruturação do negócio e conversão de parte da dívida em ações.

Procurados, Cerberus e Ricardo K. não quiseram comentar o assunto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Notícias sobre

Stefanini já está em 39 países – e quer chegar ainda mais longe


A companhia anunciou que pretende fazer mais de uma aquisição fora do país no próximo ano





São Paulo – Presente em 39 países que falam 35 línguas diferentes, a provedora brasileira de soluções em TI Stefanini ainda não se cansou de avançar sobre territórios estrangeiros.

“Independentemente dos movimentos políticos fora do Brasil, que demonstram um contrafluxo na globalização (como o Brexit e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos), a gente entende que ainda tem muito espaço para ganhar”, afirmou o presidente global do grupo, Marco Stefanini.

Ele revelou que pretende fazer mais de uma aquisição fora do país no próximo ano. Já estão no radar aproximadamente 20 empresas da China, Reino Unido e Suíça.

No curtíssimo prazo, porém, nenhum anúncio será feito. Novidades devem ser divulgadas somente daqui a quatro ou seis meses, contou o executivo.

A multinacional deve encerrar 2016 com 2,6 bilhões em vendas, quantia em linha com a registrada no ano passado. A margem de lucro esperada é de cerca de 10%.

Hoje, pouco mais da metade de sua receita vem das unidades internacionais ou exportações.

Para 2017, a expectativa é de um desempenho melhor, de crescimento orgânico de 10% a 12% e, incluindo novas compras, de aumento de até 20% no faturamento.

Na definição de Stefanini, com a instabilidade econômica e política no Brasil e também em menor grau na América Latina, 2016 foi um ano “daqueles em que se trabalha para colher resultados futuro”.

“Este foi um ano de ajustes para melhorar a gestão para que a gente volte a crescer significativamente em 2017, mesmo dentro de um cenário desafiador”, disse.

A empresa mudou estruturas de algumas áreas, cortou custos e trocou pessoas de funções, por exemplo, na busca por mais eficiência.


Resultados


A Stefanini Brasil, isolada, deve apresentar um avanço de 18% no faturamento em 2016, contra 20% em 2015. A filial Argentina deve crescer 40%.

Mas o desempenho fraco de algumas subsidiárias do grupo prejudicou o resultado consolidado. A Orbittal, comprada do Itaú em 2012, foi uma das que encolheram.

A companhia, que vende plataformas de processamento de cartões de crédito, perdeu um grande cliente neste ano, um contrato que já estava previsto para encerrar.

Seus produtos, porém, foram atualizados e ela passará a oferecer uma plataforma digital completa para bancos de pequeno e médio porte, que vai suportar desde serviços administrativos até os cartões.

“Essa é uma ótima notícia para o próximo ano”, comemorou Stefanini.

O executivo também celebra a recém-firmada joint venture com a empresa de defesa israelense Rafael, na qual o grupo tem uma participação de 60%.

A ideia é aplicar as tecnologias militares de satélite e drones da parceira, usadas originalmente para derrubar mísseis, a serviços de segurança cibernética e de automação industrial.

“Isso não nos traz nenhum faturamento agora, mas é uma promessa para o futuro”, afirmou.

Outro movimento importante feito em 2016 foi a compra da colombiana Sysma, que fornece sistemas ERP para o governo daquele país. Ela foi incorporada pela Stefanini Colômbia, braço com maior destaque na América Latina.

Entre aquisições, novas plataformas e estratégias para inovação, o grupo investiu cerca de 100 milhões de reais neste ano. Para 2017, ainda não há orçamento, os aportes vão depender das oportunidades de expansão.

As compras são financiadas com o dinheiro em caixa e com dívidas tomadas no exterior. Uma abertura de capital não está nos planos, por enquanto, mas também não é descartada, de acordo com Marco Stefanini.

Ele considera a possibilidade de se unir a outro investidor (como fundos) caso apareça a chance de adquirir uma empresa de grande porte.

O grupo Stefanini tem 21.200 funcionários em 98 escritórios pelo mundo, 12.000 deles na operação local. Segundo ranking da Fundação Dom Cabral, ela é a quinta companhia brasileira com maior presença fora do país, à frente de nomes como JBS e Gerdau.
 
 
 
 

Odebrecht assina acordo de leniência de R$ 6,7 bi com Lava Jato


Com a leniência, a companhia admite irregularidades em contratos com o governo e, em troca, poderá continuar sendo contratada pelo poder público



Brasília – A Odebrecht começou a assinar nesta quinta-feira, 1, o acordo de leniência com procuradores que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato, que inclui também os Estados Unidos e a Suíça.

O acordo prevê multa de R$ 6,7 bilhões com prazo de pagamento de 20 anos.

Com a leniência, espécie de delação premiada de empresas, a companhia admite irregularidades em contratos com o governo e, em troca, poderá continuar sendo contratada pelo poder público.

Parte dos executivos da empresa está em Brasília para começar a assinar os acordos de delação premiada.

Até há alguns dias, o último entrave na mesa para o acordo estava relacionado ao valor que seria pago pela empresa aos Estados Unidos, como multa da leniência negociada entre as autoridades americanas, o Brasil e a Suíça.

Os EUA pressionavam por um valor maior, o que gerou um impasse na reta final das negociações. Como o dinheiro será repartido entre os três países, a exigência de montante maior pelos americanos gerou um entrave na negociação.

 

Delações


No caso das delações, as tratativas foram encerradas e restam apenas as formalidades de assinatura do acordo. Apesar de a fase de negociação estar praticamente concluída, o material ainda não será enviado ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Antes de encaminhar as delações para homologação, os procuradores precisam concluir a validação de depoimentos dos delatores, o que pode se estender até as vésperas do recesso do Judiciário, que terá início em 20 de dezembro.

A expectativa é de que após a assinatura dos acordos de delação e leniência a Odebrecht divulgue um comunicado à sociedade sobre a situação do grupo.

Com possível acordo na Lava Jato, Braskem dispara na Bolsa



Mercado opera de mau humor, influenciado pelo clima de incerteza no cenário político interno




São Paulo — A Braskem é uma das poucas empresas que conseguiam registrar altas na Bolsa nesta sexta-feira (02). Durante a manhã, as ações preferenciais da companhia chegaram a subir quase 8% e eram cotadas a 29,20 reais cada uma, na máxima do dia.

Antes da abertura do pregão, a petroquímica informou que espera fechar um acordo de leniência com autoridades brasileiras e norte-americanas sobre os fatos que envolvem a companhia no âmbito da operação Lava Jato. 

No geral, o mercado opera de mau humor, ainda impactado pelas incertezas no cenário político interno. Além dos últimos capítulos da crise interna que Michel Temer enfrenta, os investidores acompanham o desenrolar da assinatura do acordo de colaboração da Odebrecht com os procuradores da Lava Jato. Ontem, o Ibovespa fechou com a maior queda em 10 meses — de quase 3,9%.

Expansão da fábrica da GM de Joinville supera R$ 1 bilhão




Santa Catarina concentrará toda a produção de motores da montadora norte-americana no Brasil


Da Redação


redacao@amanha.com.br
 Expansão da fábrica da GM de Joinville supera R$ 1 bilhão

Agora é oficial: a General Motors investirá mais de R$ 1 bilhão na expansão da nova fábrica de motores em Joinville (SC). A informação foi veiculada pelo colunista Claudio Loetz na edição desta sexta-feira (2) do jornal A Notícia, de Joinville. Segundo Loetz, a GM pretende iniciar as obras em janeiro e começar a produzir um ano depois. Com isso, Joinville concentrará toda a fabricação de motores da GM no Brasil. 

“A produção projetada alcançará, no pico, 280 mil motores por ano, e empregar 449 trabalhadores. A capacidade atual é de 120 mil motores e de 200 mil cabeçotes anuais”, informa a reportagem. De acordo com a matéria, na manhã de quinta-feira o vice-presidente Marcos Munhoz se reuniu com o prefeito Udo Döhler por mais de uma hora. Na ocasião, o executivo mostrou o desenho com o espaço onde se localiza a fábrica atual e onde ficará a nova. 

A GM tem a convicção de que o mercado de automóveis vai melhorar. “Neste ano, a queda nas vendas deve se consolidar em 45% em comparação com o ano passado. A GM deverá solicitar aditamento ao contrato com a Prefeitura, que a isenta de pagamento do IPTU por 15 anos e do ISS sobre a construção, constantes do texto do programa de benefícios fiscais do município, o Proempresa. Este programa já favorece a General Motors desde o começo das obras da fábrica atual, em 2012”, finaliza a reportagem. 

 http://www.amanha.com.br/posts/view/3210

O telefonema da madrugada que salvou o acordo da Opep

Foram meses de encontros, impasses e negociações sobre a produção de petróleo, mas, no fim das contas, um telefonema às duas da manhã encerrou a questão




Após meses de encontros realizados em locais como Doha e Moscou, foi um telefonema às duas da manhã entre dois dos homens mais poderosos do mercado mundial de petróleo que finalmente acabou com o impasse.

Na véspera da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, marcada para 30 de novembro, a probabilidade de acordo para reduzir a oferta e o excedente global não era das melhores.

Seus integrantes continuavam sem concordar sobre quanto deveriam cortar. Eles haviam sido obrigados a cancelar negociações para pedir a colaboração de fornecedores não participantes do bloco, como Rússia e Brasil.

Mas nas primeiras horas de 29 de novembro, o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, e sua contraparte na Rússia, Alexander Novak, tiveram uma conversa.

Novak prometeu que seu país estava disposto não só a congelar a produção, como insistia há muito tempo, mas também a reduzir a oferta, contribuindo com metade do corte total que a Opep solicitava a concorrentes ao redor do mundo, de acordo com autoridades envolvidas diretamente nas negociações.

Em troca, Al-Falih tinha de pressionar os integrantes da organização a submeter no dia seguinte números contundentes de limites à própria produção.

Al-Falih cumpriu a palavra. Ao redor de 17 horas em Viena do dia 30 de novembro, a Opep anunciou que iria diminuir a produção pela primeira vez desde 2008, em 1,2 milhão de barris por dia.

Além disso, seus representantes declararam orgulhosamente que Rússia e outros produtores de fora do grupo cortariam 600.000 barris diários por conta própria.

A cotação disparou mais de 15 por cento e ultrapassou US$ 50. O barril do tipo Brent atingiu o maior preço em mais de um ano.

“Após algumas tentativas fracassadas, a Opep finalmente conseguiu entregar”, disse Olivier Jakob, diretor-gerente da consultoria Petromatrix, em Zug, na Suíça.

 

Caminho longo


O caminho até aquela conversa crucial foi longo e tortuoso, segundo autoridades que pediram anonimato porque descreveram detalhes confidenciais sobre como o clube de produtores chegou ao primeiro corte de produção em quase uma década.

Em abril, um acordo entre a Opep e a Rússia para congelar a produção ruiu no dia marcado para a  assinatura. A Arábia Saudita inesperadamente insistiu que o rival Irã precisava se juntar ao acordo.

O excedente de oferta persistente segurou a cotação abaixo de US$ 50 e prejudicou as economias de países produtores em todo o mundo.

Os esforços foram retomados em setembro. No dia 28 daquele mês, na Argélia, os ministros da Opep decidiram que o grupo reduziria a produção total, mas que os detalhes sobre quanto cada integrante assumiria seriam acertados até a reunião que aconteceria dois meses depois.

As infinitas discussões técnicas nas semanas seguintes foram insuficientes para resolver as diferenças entre eles.

O prazo final de 30 de novembro se aproximava e essas diferenças pareciam irreconciliáveis. Em 25 de novembro, outro colapso parecia iminente: Al-Falih alertou que estava disposto a abandonar as negociações que aconteceriam apenas três dias depois.

Após um empurrãozinho diplomático do ministro da Argélia, Nourredine Bourtarfa, que viajou a Teerã e Moscou, os representantes tomaram café da manhã juntos em 30 de novembro, antes da reunião formal.

O encontro ministerial demorou mais de cinco horas. Quando Al-Falih surgiu do lado de fora da sala, os assistentes se perguntaram o que significava a aparição súbita do homem que havia dito que jogaria a toalha.

Mas ele já havia conversado com Moscou na madrugada. Al-Falih queria algo para enganar a fome enquanto as negociações prosseguiam.