terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Setor público tem déficit primário de R$ 155,8 bi em 2016


Dados do Banco Central mostram que o terceiro rombo consecutivo no setor é equivalente a 2,47 por centro do Produto Interno Bruto (PIB)

 



Brasília – O setor público consolidado brasileiro fechou 2016 com déficit primário de 155,791 bilhões de reais, pior resultado histórico, mas dentro da meta de 163,9 bilhões de reais definida para o ano.

O rombo, terceiro consecutivo, é equivalente a 2,47 por centro do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira.

A dívida bruta subiu 4 pontos percentuais para 69,5 por cento do PIB no ano, enquanto a dívida líquida saltou 10,3 pontos percentuais para 45,9 por cento do PIB.

Em dezembro, o déficit primário foi de 70,7 bilhões de reais, abaixo de um saldo negativo em 78,0 bilhões de reais estimado por analistas.

Eike chega à sede da PF para depor; advogado descarta delação


Esse será o primeiro depoimento de Eike desde que foi preso nesta segunda-feira, 30

 







Rio – O empresário Eike Batista deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, em direção à Delegacia de Combate à Corrupção, na sede da Polícia Federal, onde prestará depoimento, às 15h desta terça-feira, 31. O empresário chegou à sede da PF, localizada no centro do Rio, às 14h47.

Esse será o primeiro depoimento de Eike desde que foi preso nesta segunda-feira, 30. A autorização para o depoimento foi dada pela juíza Débora Valle de Brito, substituta da 7ª Vara Federal.


Delação


O advogado de Eike, Fernando Martins, disse nesta terça que “a princípio não há possibilidade de delação”. A declaração foi dada assim que o defensor chegou à sede da Polícia Federal, por volta das 14h10.

Antes de embarcar para o Brasil, Eike sinalizou em entrevistas que pretende colaborar com as investigações, ao afirmar que vai mostrar “como as coisas são”.

Martins chegou a dizer na segunda-feira que ainda não tinha uma estratégia de defesa definida. Caso o empresário opte por uma delação premiada, terá que negociar com o Ministério Público Federal (MPF).

Pode isso Arnaldo? O jogo nefasto das grandes empresas com seus intraempreendedores



Como diria um amigo meu “tá rolando um lance estranho” no mercado de inovação corporativa. Se você é funcionário de uma grande empresa e quer fazer a diferença esse post é SOBRE você. Se você é executivo de alta gestão de uma grande empresa, esse post é PRA você.

Tem havido crescente preocupação de grandes empresas em inovar mais e melhor. Está mais do que evidente que as grandes empresas precisam ser mais ágeis. A disrupção não é só coisa de empresa de internet. Nesse sentido, a conexão com startups em programas de corporate venture de diferentes formatos é uma alternativa muito interessante para dar agilidade na inovação. Mas, definitivamente, as startups não são a única fonte de inovação.

Lá dentro das grandes empresas tem diversos inovadores corporativos. Caras que querem reinventar a forma de fazer negócios em setores maduros como saúde, educação, varejo, financeiro e tantos outros. Profissionais que tem o desconforto com o status quo. Que não aguentam mais o ambiente altamente político que se dissemina em algumas dessas corporações. Gente que não quer apenas dar o próximo passo para ter melhores benefícios, um carro mais legal e um plano de saúde com maior cobertura. Esses são intraempreendedores que estão dispostos a tomar riscos, investir tempo que nem existe e aprender algo novo que possa levar essa empresa ao futuro e, eles, a realizarem seus sonhos.

Mas o jogo não tem sido fácil pra essa turma. Na verdade o jogo pra eles tem tido regras distintas.

Quando se relacionam com startups as empresas tem adotado 4 práticas de gestão críticas para o sucesso de novos negócios:
  1. Alocação de pessoas qualificadas: Ao se relacionar com startups as grandes empresas fazem criteriosos filtros para identificar as melhores pessoas para as novas oportunidades
  2. Dedicação total de tempo: Quando estabelecem programas de corporate venture, as corporações garantem aos empreendedores dedicação exclusiva para a nova oportunidade, afinal, ninguém cria algo novo e grande aos 44 min do segundo tempo.
  3.  Disponibilidade de recursos financeiros: No momento que decidem investir em startups por meio de programas de aceleração corporativa, como o da Oxigênio da Porto Seguro por exemplo, é garantido aos empreendedores funding upfront para explorar o novo campo.
  4.  Autonomia para alterar projetos e aprender ao longo do caminho: Nesse tipo de situação a grande empresa dá ao empreendedor a liberdade de testar e alterar o Project charter original que foi aprovado entre as partes dado que 95% das inovações mudam substancialmente de sua ideia original.
Essas práticas não são exclusividade de startups. São pre-condições para explorar novas oportunidades.  São a ciência adequada a tais situações. Agora vejamos como ocorre com os funcionários da maioria das grandes empresas quando eles tentam inovar:
  1. Pessoas: As melhores pessoas são destinadas a operar o core business. São selecionados para as oportunidades disruptivas profissionais com menor “poder de convocatória” como diz meu amigo Romeo Busarello.
  2. Tempo: Para não aumentar despessa as empresas diluem o tempo de profissionais já atarefados com diversas questões em novas oportunidades que serão tratadas quando “sobrar tempo”.
  3. Autonomia: Esses profissionais menos seniores que tem que tocar as oportunidades como part-timers precisam inovar sem mudar as regras do jogo e seguindo práticas de gestão adequadas ao core business e inadequadas a novas oportunidades.
  4. Dinheiro: Sobra para esses profissionais “santos” como os chama o Adriano Silva do Projeto Draft, a necessidade de ter que montar um excel de 14 abas com projeções para 5 anos que tem que provar que vai dar certo uma nova oportunidade que mal se tem o entendimento do que seja. Quando conseguem o dinheiro nem sempre aparece...
Esse tipo de incoerência tem gerado a conclusão de que inovação corporativa com os funcionários não funciona. E que o pessoal de startups é inteligente e visionário enquanto os funcionários não conseguem pensar fora da caixa. Usando a expressão de um conhecido locutor esportivo brasileiro, cabe pergunta: Pode isso Arnaldo?

O que “tá rolando” nas corporações no que tange a inovação é uma incoerência entre ambição e método. O problema não são os inovadores corporativos. A solução não são as startups. Tanto uns quanto os outros podem ter melhores e piores resultados desde que aplicando as práticas adequadas para o contexto de incerteza, ambiguidade e risco que enfrenta quem quer inovar.

Experimente dar tempo, autonomia, recursos financeiros e pessoal qualificado para suas novas oportunidades. Não importa se com startups ou seus próprios funcionários. Os resultados tenderão a ser positivamente estranhos!


Até a próxima inovação
Maximiliano Carlomagno

Por Maximiliano Carlomagno

Sócio fundador da Innoscience, firma de consultoria especializada em estratégia, inovação e crescimento.
Administrador de empresas e mestre em Administração pelo MAN (PUC-RS). Certificate em Strategy and innovation no MIT/SLOAN.
Possui experiência empresarial desempenhando funções executivas em empresas nacionais e multinacionais.
Atuou  como professor de cursos de graduação e MBA em estratégia e inovação e na capacitação de mais de 5.000 executivos no Brasil e America Latina. 

Tem mais de 10 anos de experiência de consultoria para alta gestão em setores como tecnologia da informação, saúde, varejo, indústria, cosméticos, farmacêutico, educação, automotivo, serviços financeiros, mídia entre outros. Atualmente é sócio da Innoscience Consultoria em Gestão da Inovação. Autor dos livros Gestão da Inovação na Prática e Práticas dos Inovadores: Tudo que você precisa saber para começar a inovar e do e-book A Prática da Inovação;

 http://www.3minovacao.com.br/inovadores/pode-isso-arnaldo-o-jogo-nefasto-das-grandes-empresas-com-seus-intraempreendedores?utm_source=Administradores&utm_medium=Newsletter&utm_campaign=Administradores3M

América do Sul vai produzir metade da soja de todo o mundo em 2017v

América do Sul vai produzir metade da soja de todo o mundo em 2017

 Os produtores de soja da América do Sul colocam as colheitadeiras em campo e começam a enviar a produção para os armazéns. A produtividade surpreende em diversas regiões, e mais uma boa safra deverá ser consolidada.

A produção da América do Sul será de 167 milhões de toneladas, 49% dos 338 milhões de toneladas a serem colhidos no mundo.

O Brasil será responsável por 62% do volume da América do Sul, e a soja gerará receitas de R$ 120 bilhões para os sojicultores brasileiros.

Os produtores também estão esperançosos no Paraguai. A safra, embora possa ter problemas pontuais em algumas áreas, apresenta-se como uma das melhores.

O produtor José Rubio percorre suas lavouras, arranca um pé de soja e conta as vagens: são 124. Em seguida, abre uma delas e avalia a formação e o peso dos grãos.

"É soja para mais de 4.000 quilos por hectare", conclui.

Esse volume condiz com as áreas já colhidas pelo produtor, onde as máquinas retiraram 4.500 quilos por hectare.

A média de produção no Paraguai, no Brasil, na Argentina e até nos EUA tem girado por volta de 3.000 quilos.

Rubio, produtor do Departamento de Caaguazú, na região leste do país, diz que desta vez acertou ao semear a soja no início de setembro.

O clima ajudou, e a produtividade está elevada.

Os produtores do Paraguai que anteciparam o plantio no ano passado têm outro bom motivo para comemorar: as colheitadeiras avançam sobre a área de soja e os tratores vêm logo em seguida fazendo um novo plantio, a chamada safrinha.

Mas esse não é o cenário para todo o país. As regiões que semearam mais tarde estão com um desenvolvimento mais lento da safra.

Mesmo assim, será uma safra recorde, podendo alcançar 9,5 milhões de toneladas.

Para atingir esse volume, basta a produtividade deste ano ficar no mesmo patamar médio de 2016, ou seja, 46 sacas por hectare, segundo Daniele Siqueira, da AgRural.

Outro fator que anima os produtores de soja são os preços, que se mantêm em patamares bons.

 
PROBLEMAS
 

O cenário, bom para uns, é ruim para outros. Enquanto os americanos já tiraram do campo o volume recorde de 118 milhões de toneladas de soja e os brasileiros devem obter um volume de 104 milhões, também recorde, os argentinos têm problemas.

Reduziram a área de plantio em 4,5%, para 19,2 milhões de hectares, e o clima não tem ajudado.

A manutenção dos preços da soja acima de US$ 10 por bushel (27,2 quilos) em Chicago se deve, em boa parte, à menor safra argentina, de acordo com Daniele.

Projetada em até 57 milhões de toneladas inicialmente, a safra dos vizinhos deverá ficar em 52 milhões.

A redução de área ocorreu porque parte dos produtores argentinos trocou o plantio de soja pelo de milho.

Mesmo com a quebra de safra na Argentina, a América do Sul produzirá 167 milhões de toneladas, mesmo volume de 2016, segundo Daniele.


BRASIL

 
As condições de produção no Brasil não divergem muito das do Paraguai. Há chuva em algumas regiões de Mato Grosso, Estado líder de produção, e atraso na colheita no Paraná (segundo maior produtor) devido ao frio durante o desenvolvimento das lavouras.

A Bahia, que era um Estado mais problemático no início da safra, tem melhorado, enquanto Goiás e Mato do Grosso Sul têm áreas com seca. Já o Rio Grande do Sul não teve a seca prevista, mas boa parte da soja ainda está em fase vegetativa.

Em resumo: "Por ora tudo certo e sem grandes problemas na produção", afirma a analista da AgRural.

Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), concorda com Daniele.

"Não vejo grandes mudanças nos números para este ano", referindo-se às estimativas de produção do Estado: produtividade de 54 sacas por hectare (3.240 kg) e um total de 30,4 milhões de toneladas.

O preço, que esteve entre R$ 70 e R$ 75 por saca na região, caiu para a faixa de R$ 62 a R$ 64. "Uma nova alta fica por obra do câmbio, novas delações na Lava Jato ou uma política controversa de Donald Trump", diz Dalcin.

Daniel Latorraca, presidente do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), também não acredita em mudanças nas estimativas de safra para o Estado, mas a colheita não está com o ritmo esperado.

As chuvas em algumas regiões podem derrubar a qualidade da soja, dificultar a comercialização e atrasar o plantio de milho. Ele se diz, no entanto, confiante em que esta será uma boa safra 

(Folha de S.Paulo,31/1/17)

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Comércio internacional: Questões reformuladas

Comércio internacional: Questões reformuladas
Por Professora Heloisa Lee Burnquist


São fortes os indícios de que o ano de 2017 pode se tornar um marco de grandes mudanças na ordem político-econômica mundial. Já nas primeiras semanas do ano, o recém-empossado presidente dos Estados Unidos anunciou uma reorientação da posição de maior defensor do livre comércio, mantida há décadas pelo país, para o nacionalismo econômico. Quase simultaneamente, o presidente chinês discursou pela primeira vez no Fórum Econômico Mundial, em Davos, defendendo a globalização e ressaltando que a China deve manter suas fronteiras abertas. Trata-se, sem dúvida, de uma mudança radical de posições entre essas potências econômicas.

No Brasil e no mundo, empresários e governantes têm manifestado apreensão com a incerteza quanto à evolução dos acordos de comércio e investimento mundial, dificultando a previsibilidade para a definição de seus negócios e de suas estratégias.

A aprovação do Brexit, combinada com mudanças na orientação política dos Estados Unidos, deve desencadear ações rumo à desglobalização. O último litígio dessa natureza foi desencadeado em 1930, com a aprovação do Smoot-Hawley Tariff Act pelo congresso norte-americano, deflagrando uma verdadeira guerra comercial global. Várias décadas se passaram antes que os fluxos de bens e capital voltassem a representar porção expressiva da produção e finanças mundiais. O pico de comércio de 1914 foi recuperado somente em 1970, enquanto a escala e mobilidade de fluxos financeiros só foram recompostas na década de 1990.

Esse cenário preocupa, pois a desglobalização traz o risco da desaceleração do crescimento para o longo-prazo, aumento nas diferenças entre países ricos e pobres, maior protecionismo/menor cooperação e aumento do risco de conflitos internacionais.

Rupturas devem também atrasar a negociação de mega-acordos regionais de liberalização comercial, como a Parceria TransPacífico (TPP), que teve uma proposta final assinada em fevereiro de 2016, restando ser ratificada para se tornar efetiva. O TPP foi negociado por sete anos, como um acordo que envolve a parceria entre 12 países da costa do Pacífico – EUA, México, Austrália, Canadá, Japão, e sete outros – que compõem, de maneira agregada, 25% das exportações mundiais e 40% do PIB mundial, agregando uma população (consumidora) superior a 800 milhões de pessoas.

A iniciativa teve a adesão dos Estados Unidos em 2008, que buscava expandir a influência norte-americana nos países asiáticos para fazer frente ao avanço chinês no território. A agricultura, frequentemente omitida em negociações de liberalização comercial, foi incluída no TPP. A despeito de sua abrangência e enfoque, países como o Brasil, Argentina e Rússia, que representam porção expressiva do comércio agrícola mundial não foram incluídos.

Na primeira semana de seu governo, Trump retirou os Estados Unidos do TTP. A China torna-se forte candidata a preencher o vácuo deixado.

Golpe de sorte para o Brasil? Talvez.

Acordos regionais tanto geram comércio entre os participantes como podem provocar o desvio de comércio entre estes e não participantes mais competitivos. Neste caso, o comércio entre Brasil e Ásia em mercados de produtos primários – especificamente em setores de grãos, leite, carne e açúcar – pode ser reduzido, beneficiando seus competidores como Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

Dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) ilustram que muitos dos países envolvidos no TPP são importantes players em mercados de relevância para as exportações brasileiras - estima-se que em algo cerca de 47% do total exportado pelo país (antes da saída dos EUA) -, ainda que não sejam, necessariamente, importadores de nossos produtos. Sem dúvida, portanto, desvios de comércio resultariam em efeitos negativos para o Brasil, ainda que de forma indireta.

Por inexplicável falta de iniciativa, o Brasil mantém-se à margem do processo de consolidação de acordos regionais, adotados como alternativa para alavancar uma maior integração ao comércio global desde a estagnação das negociações multilaterais. Com estratégias econômicas orientadas para estimular a demanda interna, a defasagem tecnológica agravada pela paralisia econômica resultante do descontrole político aumentou a distância entre o Brasil e os países “emergentes” que cunharam o “BRIC” na década passada.

A verdade é que o país está ficando cada vez mais isolado, apostando exclusivamente nas exportações de produtos básicos para atender, sobretudo, à demanda externa de países como a China.

Enquanto os principais países no cenário de comércio mundial agregam mega-acordos regionais aos mais de 400 acordos de liberalização comercial regionais notificados à Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil mantém-se à margem deste processo, participando de apenas 22 acordos preferenciais, que na maioria são pouco relevantes para o desenvolvimento efetivo de relações comerciais. 

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), neste âmbito, o país encontra-se muito aquém de outros países da América do Sul. O Chile, por exemplo, possui preferências tarifárias com 62 países, a Colômbia tem com 60 parceiros comerciais, e o Peru, com 52 países. Os três países citados têm acordo de livre comércio tanto com os Estados Unidos, como com a União Europeia. O Brasil não tem mostrado qualquer ação efetiva neste sentido.


Qual seria o motivo?


Tem sido comum atribuir a baixa participação brasileira em acordos de livre comércio à sua vinculação ao Mercosul. No entanto, já é fácil contestar este argumento. Mesmo quando pôde atuar sozinho, como no caso da longa negociação com o México durante o Governo Lula, o país não foi bem-sucedido. Em acordos que não dependem do Mercosul, enfocando acordos de investimento, exigências sanitárias e o setor de serviços, o Brasil tem apresentado uma evolução bastante tímida, fechando acordos apenas com alguns poucos países da África.

Outra explicação para a aparente incapacidade de avançar nos acordos regionais ou bilaterais tem sido a resistência apresentada por setores industriais brasileiros pouco competitivos. Como o maior potencial exportador brasileiro concentra-se em commodities agropecuárias (por exemplo, soja, milho, açúcar, carne bovina e de frango), mercados atrativos teriam pouco interesse em estabelecer acordos de livre comércio com o Brasil, envolvendo apenas produtos agrícolas. Acordos só evoluem a partir de uma base que sustenta interesses mútuos.

Se vingar, a reorientação político-econômica nacionalista nos Estados Unidos pode respingar nos países europeus e a formalização de novos acordos comerciais torna-se ainda mais remota e deslocada para os países asiáticos. Para fazer frente à experiência acumulada por esses países que têm seu modelo de desenvolvimento econômico fundamentado na abertura ao exterior, será necessário investir na capacidade de negociar. Um primeiro passo parece ser a promoção de sintonia entre os interesses dos diferentes setores da economia – mais especificamente agricultura e indústria.

A seguir, os setores produtivos – tanto a agroindústria, como a indústria - precisam exigir persistência e eficiência de nossos negociadores. No que tange à China, conforme ressaltado pelo Marcos Jank em artigo recente, “já sabe o que quer do Brasil”, precisamos cobrar dos nossos negociadores ações eficientes e estratégias pragmáticas gerando negociações com ganhos equilibrados entre as partes. 

Se os Estados Unidos passarem a priorizar acordos bilaterais como tem anunciado, precisamos entrar rapidamente com propostas do tipo “win-win” para que sejamos reconhecidos e respeitados pela nossa competência em expandir comércio, explorando e avançando em nossas vantagens comparativas 

(Cepea/Esalq, 30/1/17)

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EUA adiam regras para etanol e geram incerteza no mercado




EUA adiam regras para etanol e geram incerteza no mercado


A Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos EUA adiou para março a entrada em vigor dos novos volumes obrigatórios de uso de combustíveis renováveis para este ano no país. Embora a suspensão temporária de novas medidas seja comum em transições de governo nos Estados Unidos, o anúncio gerou incertezas e desvalorização no mercado de créditos de etanol no país.

O mandato de combustíveis renováveis para este ano, estabelecido em novembro de 2016, foi incluído em uma lista de 30 medidas congeladas pela EPA publicada na quinta-feira (26) no Registro Federal (equivalente ao Diário Oficial).

Pela regra, as refinarias deveriam usar neste ano 15 bilhões de galões de biocombustível convencional (categoria na qual se encaixa o etanol de milho) e de 4,28 bilhões de galões de biocombustíveis avançados (categoria na qual se encaixa o etanol de cana).

O Brasil, por ser um dos poucos produtores de etanol de cana, é o principal fornecedor do biocombustível aos EUA. No cálculo da EPA, dentro do mandato para 2017, o Brasil teria capacidade de vender cerca de 200 milhões de galões (ou 750 milhões de litros) ao país, conforme informou a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica/SP), na época.

A norma que obriga o uso dos volumes de combustível renovável passaria a valer a partir de 10 de fevereiro. Com a decisão da EPA, o início do novo mandato passou para 21 de março. É o tempo que o governo de Donald Trump terá para rever todas as regulamentações pendentes e realizar alterações.

Os receios com o congelamento do mandato já fizeram com que os créditos de combustíveis (os RINs) negociados entre as refinarias americanas caíssem aos menores valores em 14 meses. Na sexta-feira, os RINs para o biocombustível convencional chegaram a 52,75 centavos de dólar por RIN (ou por galão), queda de 27% desde o dia 19, conforme dados da consultoria S&P Global Platts e da agência de informações Argus.

Apesar da reação do mercado, o setor ainda está cauteloso. A organização que representa o setor de etanol dos EUA avaliou que o adiamento de medidas é comum em transições de governo e não vê risco para o programa de combustíveis renováveis. "Nós não esperamos que essa postergação resulte em quaisquer mudanças substantivas nos conteúdos da regra para 2017 em si", afirmou Bob Dinneen, presidente e CEO da Associação de Combustíveis Renováveis (RFA, na sigla em inglês), em nota.

Dinneen ressaltou que o adiamento não altera a validade do programa para 2017, dado que o mandato se aplica de forma retroativa a 1 de janeiro de 2017. "Essa postergação é simplesmente processual.

Não se espera que afete a implementação, o esforço ou a conformidade com o programa", acrescentou.
 
Já a Unica/SP avaliou que é cedo para comentar sobre qual rumo do novo governo para a EPA 

(Assessoria de Comunicação, 30/1/17)

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Japão promete livre comércio, após Trump retirar EUA da TPP

Shinzo Abe afirmou que vai tentar convencer o presidente dos EUA, Donald Trump, da importância da parceria

 





Tóquio – O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, disse nesta terça-feira que continuará promovendo o livre comércio e que procurará convencer o presidente dos EUA, Donald Trump, da importância da Parceria Transpacífico (TPP).

Ontem, Trump decidiu formalmente retirar os EUA da TPP, que envolvia 12 países da região do Pacífico.

“Eu gostaria de fazer o presidente Trump compreender a significância econômica e estratégica da TPP”, disse Abe ao Parlamento japonês.

Já o vice-secretário-chefe do gabinete japonês, Koichi Hagiuda, comentou hoje que seria “sem sentido” manter a TPP sem os EUA e que Tóquio não considera rever o acordo com a exclusão de Washington.

“Sem os EUA, (a TPP) perderia o fundamental equilíbrio dos benefícios”, disse Hagiuda durante coletiva.

Segundo o ministro do Comércio do Japão, Hiroshige Seko, Abe conversou ontem por telefone com o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, e reiterou a importância da TPP.

Abe tem se esforçado para promover a TPP, apesar de objeções de algumas categorias no Japão, em especial a de fazendeiros, que enfrentariam maior concorrência dos EUA se reduções de tarifas entrassem em vigor.

Também no Parlamento, Abe disse que o Japão vai buscar outros acordos comerciais e que ele considera a TPP uma “referência global” que outros pactos deveriam seguir.

“Com base na TPP, vamos buscar um acordo de livre comércio em breve com a União Europeia”, disse Abe.

O premiê disse ainda que Tóquio quer um acordo de “alto nível” por meio da chamada Parceria Econômica Regional Ampla (RCEP, pela sigla em inglês), uma proposta de pacto que incluiria China, Japão e outras nações asiáticas.

Abe declarou que manterá os esforços para tornar a produção agrícola do Japão mais competitiva. “Como um grande proponente do comércio livre global, vamos constantemente implementar medidas para fortalecer a economia doméstica, incluindo reformas agrícolas”, disse o primeiro-ministro.

Também hoje, o ministro de Finanças japonês, Taro Aso, disse que negociações que beneficiem tanto os EUA quanto o Japão deverão continuar, segundo a agência de notícias Kyodo News.

Aso afirmou que Tóquio manterá negociações com autoridades de vários níveis da administração Trump, embora não tenha certeza se as discussões serão especificamente sobre a TPP, informou a Kyodo.

Fonte: Dow Jones Newswires.