sexta-feira, 3 de março de 2017

Mais rico que Doria, empresário vira prefeito após transplante

 

 

Vittorio Medioli, prefeito de Betim, é dono de um grupo que investe em logística, siderurgia, biocombustíveis e até em um time de vôlei

 






BETIM — O empresário Vittorio Medioli se empoleira no banco de trás de um Fiat Palio Weekend 2009 e fala animado. Com 150.000 quilômetros rodados e avaliado em pouco menos de 30.000 reais, o carrinho verde chacoalha quando passa pelas lombadas de Betim, em Minas Gerais, a caminho do parque ecológico Vale Verde, onde fica um restaurante simples onde Medioli costuma almoçar.

A blindagem do velho Weekend é o único luxo. “Eu acho que quando se pode entrar em uma concessionária e comprá-la inteira com um cheque, ostentar não faz sentido”, diz.

Vittorio, espremido entre a mulher Laura e uma assessora, eleito para comandar Betim pela primeira vez em outubro. De acordo com a declaração feita para a Justiça Eleitoral, sua fortuna é de pouco mais de 350 milhões de reais, quase o dobro dos 180 milhões declarados pelo badalado prefeito de São Paulo, João Doria.

Ele é dono do Grupo Sada, uma companhia de logística que investiu em setores como siderurgia, biocombustíveis, editoral, concessionárias de automóveis e até em um time de vôlei. No ano passado, o Sada faturou 3 bilhões de reais.

O Vale Verde produz, entre outras coisas, uma das mais premiadas cachaças do Brasil, mas, desde 1994, Vittorio não coloca uma gota de álcool na boca. Naquele ano, descobriu ser portador de hepatite C, que resultou numa cirrose e degenerou seu fígado.

Em junho de 2011, foi internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, de onde só saiu seis meses depois, pesando 43 quilos e com um fígado transplantado. Ao todo, morou um ano e meio em São Paulo durante seu tratamento.

Chegou a repassar para suas filhas, Marina Medioli, na época com 22, e Daniela Medioli, com 21, as instruções para o futuro das empresas. Foi dentro do Einstein que o ex-deputado federal por quatro legislaturas (esteve na Câmara entre 91 e 2006) decidiu que queria voltar para a política. Cinco anos depois, foi eleito prefeito de Betim pelo pequeno PHS numa coligação de 15 partidos, com aliados que vão do PSDB ao PC do B.


O Leviatã de Betim


Betim é a terceira maior cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, com 420.000 habitantes. Sede da primeira fábrica da Fiat no Brasil; da Refinaria Gabriel Passos, da Petrobras; de metalúrgicas e outras indústrias. Medioli foi eleito no primeiro turno, com 61,64% dos votos.

Seu capital político se construiu ao longo dessas quatro legislaturas na Câmara dos Deputados, onde entrou em 1990, com 20.920 votos. Na última vez que concorreu ao cargo, em 2002, somou 197.000, sendo o quarto deputado mais votado em Minas Gerais.

Para se eleger prefeito e garantir uma câmara camarada, Medioli investiu 4.480.000 reais na campanha do ano passado, apenas 20.000 abaixo do limite legal de gastos, de 4,5 milhões. Metade do dinheiro ajudou a financiar a campanha de 228 candidatos a vereador, ou um a cada dois postulantes. 

Dos 23 vereadores eleitos, 11 receberam dinheiro dele e apenas Daniel Costa, do PT, faz oposição atualmente, e de forma “moderada”.

Seu líder na Câmara é Tiago Cassiano, do PC do B, um dos que mais receberam recursos, junto com o presidente da casa, Edson Leonardo Monteiro, do Democratas. “Quando o candidato a prefeito consegue dar bastante suporte para os candidatos a vereador, a possibilidade de arregimentar forças é muito maior”, diz Ivair Nogueira (PMDB), ex-prefeito o candidato derrotado em 2016. “A impossibilidade de doações empresariais para a campanha facilitou a vida de candidatos com grande poder financeiro.”

Medioli é uma espécie de Leviatã da política de Betim. Reúne em torno de si de líderes populares a grandes empresários. Ele está por trás dos sucessos e fracassos da cidade pelo menos desde 2000, quando escolheu e ajudou a eleger Carlaile Pedrosa (PSDB) para a prefeitura.

Pedrosa comandou a cidade em seu melhor momento, entre 2001 e 2008. A cidade industrial colhia frutos do crescimento do país. A arrecadação subiu de 312 milhões de reais em 2001 para 916 milhões em 2008. Carlaile deixou o cargo com uma aprovação de mais de 80%.

Em 2012, novamente com a ajuda de Medioli, Carlaile voltou à prefeitura. Mas a história foi outra. A crise atingiu Betim em cheio. As indústrias reduziram a produção e demitiram. Os aliados brigaram. Carlaile não foi candidato à reeleição e o partido dele, o PSDB, apoiou Medioli.

No final das contas, o atual prefeito acabou assumindo um município com 2 bilhões de reais em dívidas e com uma arrecadação estancada há cinco anos em 1,5 bilhão. No último ano, 600 pontos comerciais fecharam as portas e existem mais de cem galpões industriais desocupados. Por isso, o prefeito insiste que sua maior obra será recuperar a economia do município. “Quero desburocratizar a cidade para que ela volte a crescer”, diz.

Em 2015, Medioli foi condenado a cinco anos e cinco meses de prisão por evasão de divisas. De acordo com a Justiça, ele usou doleiros para enviar 595.000 dólares ao exterior em 2002. O prefeito recorre da sentença e diz que no mesmo ano fez uma retificação da declaração do imposto de renda que incluiu a remessa. E mantém a versão de que o processo é uma intriga de adversários políticos. 

“A decisão vai ser revertida em segunda instância. Paguei os impostos e vai ficar provado que não fiz nada de errado”, diz.


O Doria de Minas?


Seja pela riqueza ou pelo histórico como empresário, Medioli vem sendo comparado ao prefeito de São Paulo, João Doria, o que não o deixa exatamente feliz. Medioli também não recebe salário, mas critica a maneira como Doria divulga suas ações. “Não faço proselitismo. Poderia fazer uma cerimônia para dar um cheque para uma entidade, mas isso não é inteligente”, diz.

Nas contas do prefeito mineiro, deixar o dinheiro no caixa da prefeitura dobra o valor economizado, já que não são descontados impostos e outras contribuições.

Assim como Doria, o prefeito de Betim tenta levar um pouco da agilidade da gestão empresarial para a prefeitura, mas esbarra nas especificidades do setor público.

Quando assumiu, uma das Unidades de Pronto Atendimento tinha apenas três de 33 medicamentos que deveriam ser distribuídos para os pacientes. O processo para compra seria moroso e levaria, ao menos, algumas semanas. Medioli fez um cheque e pagou do próprio bolso os remédios. A história, que não é pública, não teve parecer da procuradoria do município.

Entre os políticos, não e só Doria que o prefeito de Betim critica. Dos seus tempos de Brasília, um dos únicos poupados é Fernando Henrique Cardoso, “uma pessoa inteligente e ética”.

Mesmo crítico ao PT, atualmente é próximo do governador de Minas, Fernando Pimentel, investigado pela Lava-Jato e denunciado pela Acrônimo, acusado de receber pelo menos 20 milhões em propinas. 

“Tenho uma relação ótima. Me manda WhatsApp direto”, diz. Interlocutores petistas confirmam.

A maior mágoa sobra para seu ex-partido, o PSDB. O prestígio entre os tucanos não cresceu na mesma proporção de seus votos no estado, o que o fez mudar para o PV em 2005. Em 1989, ele escolheu se filiar aos sociais-democratas porque achava que eles tinham um padrão parecido com a esquerda europeia, com a qual se identifica. Decepcionou-se.

Dos ex-correligionários, o mais criticado é o senador e ex-governador do estado, Aécio Neves. “Ajudei-o muito mais do que ele me ajudou. Acreditei que faríamos algo diferente por Minas, mas foi só teatro”.

As prefeituras de Belo Horizonte e Betim, ambas na região metropolitana da capital mineira, são as duas mais importantes do nanico PHS, e só estão com o partido por uma coincidência. Quando resolveu voltar para a política, Medioli escolheu “o menor partido possível”, na tentativa de fugir da máquina partidária que controla decisões políticas por todo o país.

Ele e o prefeito de BH, Alexandre Kalil, ex-presidente do clube Atlético Mineiro, são amigos há mais de 40 anos. Kalil queria concorrer à prefeitura da capital e não tinha escolhido o partido ainda. 

“Chamei-o para o PHS porque aqui eu sabia que ninguém tinha condições políticas de passá-lo para trás”, diz Medioli. “Mas o PHS é podre como todos os outros partidos.”


Um italiano no Brasil


Como prefeito de Betim, Medioli senta na sala mais distante da entrada da prefeitura, impondo uma longa caminhada a quem chega para encontrá-lo. A prefeitura fica na antiga fábrica da Cerâmica Saffran, que foi remodelada durante o governo do PT (2009-2012), com passarelas de metal pintadas de verde e amarelo, mas continua barulhenta como se ali ainda funcionassem fornos para queimar barro.

Vozes, buzinas e até o barulho do trem que corta a cidade são presentes no ambiente de trabalho. A mesa, trazida de sua sala na Sada, fica praticamente vazia, assim como o gabinete, feito de antigas divisórias de Eucatex.

Nascido em Parma, na Itália, em uma rica família dona de moinhos de farinha, Medioli veio para o Brasil em 1976 a convite da Fiat. A montadora italiana ia começar a operar sua primeira fábrica por aqui e queria trazer fornecedores de confiança de seu país de origem. A Sada era uma pequena empresa de transportes que prestava serviço de logística para outros fornecedores da Fiat na Itália e veio na esteira.

Vittorio, então com 24 anos, havia cursado Filosofia e Direito e nunca se formara, foi convocado pela família a explorar novas terras. A transportadora se instalou na região de Betim. Pouco depois, a família desistiu de investir no país e Medioli ficou sozinho.

A Sada foi crescendo lentamente, junto com a Fiat. A fábrica da montadora em Betim, que nasceu para fazer 200.000 veículos ao ano, chegou a produzir mais de 800.000, tornando-se a segunda maior fábrica de automóveis do mundo, atrás apenas de uma planta da Hyundai, na Coréia do Sul. Medioli estava na hora certa, no local correto.

Além de se tornar responsável pela logística de todos os carros que saem de fábricas da Fiat no país, a Sada começou a prestar serviço para outras montadoras, principalmente no ABC paulista. Medioli chegou a ter 55% do mercado da logística de automóveis no Brasil e encerrou 2016 com 44% de participação.

O faturamento total do grupo chegou a 4,2 bilhões de reais em 2013, com mais de 9.000 funcionários. Mas a crise não atingiu só a prefeitura e, em 2016, a receita caiu para pouco menos de 3 bilhões, enquanto o número de funcionários foi a 7.400.

Nem o momento delicado fez Vittorio desistir da prefeitura. “Para a família, ele negou que ia se candidatar enquanto podia, mas a gente sabia que era a vontade dele”, diz a filha Daniela, hoje diretora-executiva do grupo. Com a ida de Vittorio para a prefeitura, as filhas Marina e Daniela passaram a comandar os negócios.

O crescimento fez a companhia se expandir para outros setores, de siderurgia a um grupo editorial – comandado pela mulher, Laura Medioli. A empreitada nasceu de uma vontade de Laura, que fazia um jornalzinho gratuito para distribuição no projeto social que tocava. Em 1996, Medioli comprou o O Tempo, que então era um pequeno jornal de circulação somente em Betim, e deu para a esposa como presente de aniversário de casamento.

O prefeito diz que nunca usou de seus jornais – principalmente O Tempo, o jornalão mais vendido de Minas, e o popular Super Notícia, que chegou a ser o mais vendido do país – para atacar adversários. Mas na época em que brigou com o ex-prefeito Carlaile, abundaram matérias críticas nas páginas dos jornais.

Desde 2006, o grande xodó do prefeito é o time de voleibol Sada Cruzeiro, patrocinado por ele. A equipe é a maior vencedora da modalidade no país e coleciona títulos como o tetracampeonato brasileiro e o tricampeonato do Mundial de Clubes.

O voleibol é muito popular na Itália, e mais ainda em Parma, onde Vittorio, mesmo com cerca de 1,70 metro, o praticava. Assim, não pensou duas vezes quando a proposta de patrocínio a uma equipe que existia em Betim e que estava mal das pernas surgiu.

Medioli diz religioso e segue, desde os 16 anos, a doutrina teosófica, uma crença esotérica de busca do conhecimento muito ligada a filosofias orientais, principalmente o hinduísmo. É vegetariano desde então. Seu livro predileto é A Doutrina Secreta, de Helena Blavatsky.

O que lê atualmente é O novo mistério do Vaticano, do padre francês François Brune, uma espécie de Dan Brown católico que diz escrever não-ficção. Ele conta a história do cronovisor, uma máquina do tempo criada nos anos 1960 que permitiria que as pessoas assistissem em uma televisão a qualquer evento histórico do mundo, da crucificação de cristo à posse de Hitler.

A máquina, diz o livro, estaria sob poder do Vaticano. Boa parte dos leitores – inclusive Medioli – acreditam que a história, fictícia, é real. Se pudesse avançar quatro anos no tempo, o prefeito empresário gostaria de ver que a crise ficou lá trás – para Betim, e para a Sada.

ERRATA: Até as 22h52, este texto informava erroneamente que Medioli seria o prefeito mais rico do Brasil.


Falsos bolsistas da UFPR eram laranjas “conscientes”, sustenta PF


A PF investiga um esquema de desvio de recursos públicos destinados à Universidade Federal do Paraná que teria passado por contas falsas





São Paulo – O delegado Felipe Hayashi, da Polícia Federal, afirmou nesta sexta-feira, 3, que falsos bolsistas alvos da Operação Research eram “laranjas conscientes”.

A PF investiga um esquema de desvio de recursos públicos destinados à Universidade Federal do Paraná que teria passado pelas contas dos falsos bolsistas.

A segunda fase da Research foi deflagrada nesta sexta para cumprir cinco mandados de prisão temporária contra uma funcionária aposentada da UFPR, sua filha e o genro e duas filhas de uma secretária da Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa da Universidade – já presa.

Foram apreendidos na nova fase da Research dinheiro em espécie, um veículo avaliado em R$ 80 mil e uma arma de fogo.

Na primeira etapa da operação, a PF havia identificado 27 beneficiários formais que receberam, entre 2013 e outubro de 2016, R$ 7.351.133,10. Segundo o delegado, o dinheiro passava pelas contas dos falsos bolsistas antes de chegar aos destinatários finais.

“Todos esses falsos bolsistas tinham ainda que uma forma mínima a consciência da ilicitude. Eles emprestaram suas contas ou assumiram o risco de emprestar sem saber para qual finalidade seria utilizada. Nós entendemos que todos eles têm um grau de participação e vão responder aos crimes que estão sendo apurados”, declarou.

“Havia uma ajuda mútua. Essas pessoas ficavam com uma parcela pequena do recurso. Na sequência isso era destinado, então, os montantes maiores, aos destinatários finais.”

Os investigadores identificaram “três núcleos familiares agindo no sentido de cooptar falsos bolsistas”. As famílias, de acordo com a PF, eram as destinatárias finais dos recursos públicos desviados da Universidade Federal do Paraná.

“As duas servidoras agiram em conluio. Tem três núcleos familiares: o de uma das servidoras da PRPPG, o da outra servidora secretária, que agiam em conluio com seus familiares, mais a família de hoje. No nosso entendimento, eles eram os mentores dessa fraude. Foram destinatários finais dos recursos públicos desviados”, afirmou Hayashi.
 

No Itamaraty, Aloysio quer manter equipe principal de Serra


O novo ministro das Relações Exteriores informou que o embaixador Marcos Galvão permanecerá na secretaria-geral, o posto número dois na hierarquia da pasta

 





Brasília – O novo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, manterá nos postos do Itamaraty os principais integrantes da equipe formada por seu antecessor, José Serra.

Por intermédio de sua assessoria, ele informou à reportagem que o embaixador Marcos Galvão permanecerá na secretaria-geral, o posto número dois na hierarquia da pasta, e o embaixador Roberto Jaguaribe continuará à frente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

O gabinete de Nunes será chefiado pelo embaixador Eduardo Saboia, que o assessorou na Comissão de Relações Exteriores e no gabinete no Senado. Saboia ficou conhecido por ter ajudado o senador boliviano Roger Pinto a fugir de seu país.

Delator diz que Odebrecht pagou R$ 40 milhões via Itaipava


Ex-executivo da Odebrecht disse que o grupo usou a Petrópolis, da Itaipava, para doar R$ 40 milhões a partidos da base aliada de Dilma e Temer




Brasília e São Paulo – O ex-executivo da Odebrecht Benedicto Júnior disse que a empreiteira usou o Grupo Petrópolis, da cervejaria Itaipava, para doar R$ 40 milhões a campanhas de partidos da base da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014, segundo relatos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O empreiteiro Marcelo Odebrecht também afirmou que a Itaipava foi usada como “laranja” pela Odebrecht para fazer doações oficiais.

Benedicto Júnior depôs nesta quinta-feira, 2, à Justiça Eleitoral, na ação que apura abuso de poder econômico pela chapa Dilma-Temer.

O depoimento de Marcelo Odebrecht na mesma ação foi prestado anteontem. Na audiência de ontem, Benedicto Júnior, o BJ, não detalhou a discriminação do repasse de R$ 40 milhões às campanhas.

Ex-presidente da construtora Odebrecht, Benedicto Júnior disse que usava as empresas do Grupo Petrópolis porque o grupo Odebrecht não queria ser listado como a maior doadora a políticos.

Já Marcelo Odebrecht afirmou que “usava muito” a Itaipava para fazer doações eleitorais sem que o nome da empreiteira se tornasse público e, depois, “procurava um jeito” de reembolsar a cervejaria.

Em dezembro, o Estado revelou que a Odebrecht detalhou no acordo de delação como as empresas dos donos da cervejaria eram usadas pela empreiteira para distribuir dinheiro a políticos por meio de doações e entregas de dinheiro em espécie.

Um dos delatores da Odebrecht mencionou que a empreiteira depositou ao menos R$ 100 milhões em uma conta operada pelo contador do Grupo Petrópolis em banco no exterior e construiu fábricas para a cervejaria em troca da disponibilidade de dinheiro no Brasil em doações eleitorais e também pagamentos de propina.

Planilhas. Em março do ano passado, foram encontradas planilhas na casa de BJ que mostravam a ligação da empreiteira com a cervejaria.

Os números apontavam que doações por intermédio da Itaipava teriam superado R$ 30 milhões a 13 partidos, entre eles PT, PMDB e PSDB.

Quando o conteúdo das planilhas foi revelado, políticos citados nas listas como beneficiários de doações negaram ter recebido recursos de forma irregular da Odebrecht.

Ao justificar as doações da empreiteira, no entanto, alguns deles, como o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante (PT) e o hoje ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS), apresentaram recibos de doações oficiais em nome das empresas Leyroz de Caxias ou da Praiamar, ligadas ao Grupo Petrópolis.

Em dezembro, quando negociavam o acordo de colaboração com a Justiça, executivos e ex-executivos da Odebrecht prometeram entregar mais planilhas das contribuições eleitorais executadas pelo Grupo Petrópolis.

Naquele momento, a Lava Jato já havia identificado que executivos ligados à Odebrecht e o grupo eram sócios no banco Meinl Bank Antígua, usado pela empreiteira baiana, segundo as investigações, para operar propina.

Defesas


Procurada na noite desta quinta-feira pela reportagem, a Itaipava não foi localizada para comentar a suposta doação de R$ 40 milhões a partidos.

Em outras manifestações, a empresa tem afirmado que “todas as doações feitas pelo Grupo Petrópolis seguiram estritamente a legislação eleitoral e estão registradas”.

O advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes, reafirmou nesta quinta que o presidente Michel Temer responde apenas por sua própria atuação na campanha e que, nela, não houve ilicitude.

Responsável pela defesa de Dilma Rousseff, Flávio Caetano disse ontem que ela jamais pediu qualquer doação que não fosse legal. “Não houve nenhuma propina na campanha, principalmente vinda da Odebrecht”, afirmou.

Entre os políticos citados como beneficiários de doações da Itaipava que teriam sido usadas para “disfarçar” repasses da Odebrecht, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) negou irregularidades.

“As doações realizadas pelas empresas Leyroz e Praiamar encontram-se declaradas na prestação de contas.”

Roberto Freire afirmou que a referência a seu nome “tem justificativa apenas pelo exercício à frente da presidência do PPS naquele momento”. O ex-ministro Aloizio Mercadante não foi localizado nesta quinta.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para evitar crise, novo líder do governo no Senado será do PMDB

 

Temer deve manter Jucá na liderança do governo no Congresso e escolher outro nome do partido para liderança do Senado






Brasília – Ciente da insatisfação da bancada do PMDB no Senado, o presidente Michel Temer (PMDB) deve escolher um senador peemedebista para a liderança do governo na Casa. O lugar era ocupado por Aloysio Nunes (PSDB-SP), que foi indicado ontem para o Ministério das Relações Exteriores.

Interlocutores do presidente afirmaram a EXAME.com que a escolha do presidente tem como objetivo amenizar o descontentamento dos senadores da sigla peemedebista com o Palácio do Planalto. O PMDB do Senado tem questionado uma participação maior no governo.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Congresso, surgiu como o nome mais cotado para ocupar a função. “Mesmo considerando Jucá um dos parlamentares mais articulados da Casa, Temer teria decidido não mudá-lo de posição no tabuleiro”, afirmou uma fonte próxima ao peemedebista.

O que teria determinado o posicionamento de Temer? Além de acreditar que Jucá é essencial na liderança do governo no Congresso, o presidente teme que novas citações do senador de Roraima o recoloquem na mira das investigações da Operação Lava Jato.

“Jucá já apanhou de todos os lados. Mesmo assim, respira sem a ajuda de aparelhos. Mesmo sendo articulado, ele já é carta fora do baralho para este cargo”, disse um auxiliar palaciano.  

O plano B de Temer seria indicar o senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Para EXAME.com, Braga disse que não tem feito articulações e que ainda não foi procurado por Temer para falar sobre o posto.

Auxiliares do Planalto afirmaram que Temer pretende bater o martelo até o início da próxima semana. Depois disso, serão nomeados os presidentes e os relatores das comissões da Casa. 

Existem partidos de extrema-direita no Brasil?




 blog



Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal



Este artigo tem um único objetivo: classificar a tendência ideológica dos diferentes partidos políticos brasileiros de acordo com seu estatuto e/ou seus principais representantes. Note ainda que em nosso pais os partidos não costumam ser muito firmes em suas convicções ideológicas. Dessa forma é comum termos políticos de esquerda filiados a partidos de direita, e vice-versa. Devido a seu tamanho e amplo espectro político, o PMDB foi classificado como sendo tanto de centro-direita como de centro-esquerda. Entre parênteses o número de deputados federais eleitos pelo partido em 2014. No caso do PMDB foram alocados 33 deputados federais para centro-direita e outros 32 para centro-esquerda.

Partidos de extrema-esquerda: PCdoB (10), PSTU, PCB, PCO, PSOL (5). Total = 15
Partidos de esquerda: PT (68), PSB (34), PTB (25), PDT (20), PPS (10), PTdoB (2), PTN (4), PPL, SD (15), REDE (formado depois da eleição de 2014). Total = 178
Partidos de centro-esquerda: PMDB (32), PSDB (54), PRP (3), PV (8), PP (38), PHS (5), PSD (36), PEN (2), PROS (11), PMB (formado depois da eleição de 2014). Total = 189
Partidos de centro-direita: PMDB (33), DEM (21), PTC (2), PSC (13), PMN (3), PRB (21), PR (34). Total = 127
Partidos de direita: PRTB (1), PSDC (2), PSL (1), NOVO (formado depois da eleição de 2014). Total = 4
Partidos de extrema-direita: nenhum.
Claro que outras divisões são possíveis, poderíamos por exemplo dividir os partidos entre conservadores, liberais, e progressistas (socialistas). Mas os pontos que quero ilustrar permaneceriam essencialmente os mesmos, quais sejam, a inexistência de um único partido político de extrema-direita, e o amplo domínio dos partidos de centro-esquerda e esquerda.

Como inexistem partidos de extrema-direita no Brasil, os candidatos de direita e centro-direita acabam sendo taxados de radicais e extremistas. Não é raro a imprensa taxar candidatos de direita como sendo ultraconservadores ou radicais de extrema-direita. Isso ocorre em decorrência direta do fato de que nosso espectro político esta muito viesado para a esquerda. Isto é, qualquer um mais a direita do PSDB já é imediatamente rotulado como um radical de extrema-direita. Já na outra ponta, a existência de vários partidos de extrema-esquerda faz com que partidos de esquerda e centro-esquerda pareçam moderados. Daí você nunca ouvir na imprensa o termo radical de esquerda para designar membros do PT ou do PSDB por exemplo.

Uma conta rápida mostra que enquanto os partidos de esquerda detém 382 deputados, sobram apenas 131 deputados representando partidos de direita. Analisando esses números, não causa surpresa o fato de que pautas com apoio majoritário da população (tais como a revogação do estatuto do desarmamento, e a redução da maioridade penal) enfrentem grandes resistências para serem aprovadas no Congresso Nacional onde predominam partidos com pautas de esquerda.

Claro que existem deputados de direita no PSDB, da mesma maneira que existem esquerdistas filiados a partidos de direita. Mas o ponto desse post é ressaltar que a ausência de um partido de extrema-direita no Brasil (para contrabalancear os partidos de extrema esquerda) tem causado um deslocamento do espectro político favorável a esquerda. Notem que são 5 partidos de extrema-esquerda, com 15 deputados federais, contra nem um único partido de extrema-direita. E, pior que isso, apenas 4 deputados de direita. Isto é, a extrema-esquerda possui mais do que o triplo de representantes no Congresso do que os partidos moderados de direita. Além disso, a divisão acima demonstra a grande força e domínio das pautas de esquerda no debate no Congresso Nacional, mesmo quando essas pautas não encontram grande apoio junto a população.



Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal

Este artigo tem um único objetivo: classificar a tendência ideológica dos diferentes partidos políticos brasileiros de acordo com seu estatuto e/ou seus principais representantes. Note ainda que em nosso pais os partidos não costumam ser muito firmes em suas convicções ideológicas. Dessa forma é comum termos políticos de esquerda filiados a partidos de direita, e vice-versa. Devido a seu tamanho e amplo espectro político, o PMDB foi classificado como sendo tanto de centro-direita como de centro-esquerda. Entre parênteses o número de deputados federais eleitos pelo partido em 2014. No caso do PMDB foram alocados 33 deputados federais para centro-direita e outros 32 para centro-esquerda.

Partidos de extrema-esquerda: PCdoB (10), PSTU, PCB, PCO, PSOL (5). Total = 15
Partidos de esquerda: PT (68), PSB (34), PTB (25), PDT (20), PPS (10), PTdoB (2), PTN (4), PPL, SD (15), REDE (formado depois da eleição de 2014). Total = 178
Partidos de centro-esquerda: PMDB (32), PSDB (54), PRP (3), PV (8), PP (38), PHS (5), PSD (36), PEN (2), PROS (11), PMB (formado depois da eleição de 2014). Total = 189
Partidos de centro-direita: PMDB (33), DEM (21), PTC (2), PSC (13), PMN (3), PRB (21), PR (34). Total = 127
Partidos de direita: PRTB (1), PSDC (2), PSL (1), NOVO (formado depois da eleição de 2014). Total = 4
Partidos de extrema-direita: nenhum.
Claro que outras divisões são possíveis, poderíamos por exemplo dividir os partidos entre conservadores, liberais, e progressistas (socialistas). Mas os pontos que quero ilustrar permaneceriam essencialmente os mesmos, quais sejam, a inexistência de um único partido político de extrema-direita, e o amplo domínio dos partidos de centro-esquerda e esquerda.
Como inexistem partidos de extrema-direita no Brasil, os candidatos de direita e centro-direita acabam sendo taxados de radicais e extremistas. Não é raro a imprensa taxar candidatos de direita como sendo ultraconservadores ou radicais de extrema-direita. Isso ocorre em decorrência direta do fato de que nosso espectro político esta muito viesado para a esquerda. Isto é, qualquer um mais a direita do PSDB já é imediatamente rotulado como um radical de extrema-direita. Já na outra ponta, a existência de vários partidos de extrema-esquerda faz com que partidos de esquerda e centro-esquerda pareçam moderados. Daí você nunca ouvir na imprensa o termo radical de esquerda para designar membros do PT ou do PSDB por exemplo.

Uma conta rápida mostra que enquanto os partidos de esquerda detém 382 deputados, sobram apenas 131 deputados representando partidos de direita. Analisando esses números, não causa surpresa o fato de que pautas com apoio majoritário da população (tais como a revogação do estatuto do desarmamento, e a redução da maioridade penal) enfrentem grandes resistências para serem aprovadas no Congresso Nacional onde predominam partidos com pautas de esquerda.

Claro que existem deputados de direita no PSDB, da mesma maneira que existem esquerdistas filiados a partidos de direita. Mas o ponto desse post é ressaltar que a ausência de um partido de extrema-direita no Brasil (para contrabalancear os partidos de extrema esquerda) tem causado um deslocamento do espectro político favorável a esquerda. Notem que são 5 partidos de extrema-esquerda, com 15 deputados federais, contra nem um único partido de extrema-direita. E, pior que isso, apenas 4 deputados de direita. Isto é, a extrema-esquerda possui mais do que o triplo de representantes no Congresso do que os partidos moderados de direita. Além disso, a divisão acima demonstra a grande força e domínio das pautas de esquerda no debate no Congresso Nacional, mesmo quando essas pautas não encontram grande apoio junto a população.



 Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal

quinta-feira, 2 de março de 2017

Roberto Azevedo se defende de críticas do governo Trump à OMC


Governo Trump diz considerar que a entidade não é capaz de impedir práticas desleais e prometeu ação "mais agressiva" para defender os interesses dos EUA

 




O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevedo, reagiu à crítica do governo de Donald Trump, que considera que a entidade não é capaz de impedir práticas desleais e, por isso, prometeu uma atitude “mais agressiva” para defender os interesses dos Estados Unidos.

“O status quo é indefensável. Por muito tempo, os americanos perderam partes do mercado em benefício de outros países, em parte porque as nossas empresas e os nossos trabalhadores não tiveram uma chance real para medir a concorrência estrangeira”, declarou o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) – equivalente ao ministério do Comércio Exterior – no seu plano de ação apresentado ao Congresso na quarta-feira.

Azevedo contra-atacou a posição de Washington e observou que “é claro que os Estados Unidos têm muitas preocupações sobre o comércio, incluindo o funcionamento do Órgão de Solucionamento de Diferenças da OMC (OSD)”.

“Estou disposto a sentar e conversar sobre essas preocupações e qualquer outro problema com a equipe dos Estados Unidos quando esta estiver pronta”, afirmou em um breve comunicado.

Trump – que conquistou a presidência com a promessa de repatriar empregos – já criticou diversas vezes a política comercial chinesa e o papel da OMC, que é responsável por regular divergências entre países.

De acordo com USTR, as regras da OMC são baseadas na “ideia implícita” de que os Estados aplicam os princípios da economia de mercado, apesar de “vários grandes jogadores” ignorarem e muitas vezes esconderem as suas irregularidades no livre comércio por trás de sistemas que “não são suficientemente transparentes”.

“A incapacidade do sistema de fazer esses países prestarem contas leva a uma perda de confiança”, insistiu o USTR.

O relatório também afirma que os Estados Unidos não vão se sentir legalmente vinculados pelas decisões da OMC que lhe forem desfavoráveis.

“Os americanos não são diretamente sujeitos às decisões da OMC”, aponta o escritório.

Esta decisão marca uma clara ruptura com sua posição passada e poderia ameaçar o Órgão de Solucionamento de Diferençasda OMC, que defendeu o mesmo como “a chave do sistema comercial multilateral”.

O USTR confirmou que os Estados Unidos vão se concentrar a partir de agora nos acordos bilaterais, em detrimento dos grandes tratados regionais.

Em várias declarações públicas, Azevedo tentou minimizar a ameaça representada por Trump, que durante sua campanha chamou a OMC de “desastre” e ressaltou que os acordos comerciais multilaterais devastaram a economia americana.

Umas das primeiras medidas adotadas por Trump ao assumir o poder foi tirar o país do Acordo Transpacífico (TTP).

Desde 1995, o OSD da OMC analisou mais de 500 casos envolvendo a quebra das regras comerciais, A OMC não pode punir os países que não cumprem o regulamento, mas pode autorizar medidas de represália.