quinta-feira, 30 de março de 2017

Chega ao Brasil casco de plataforma que atuará no pré-sal em 2018


Casco do navio-plataforma P-69 da Petrobras chegou ao país para a conclusão das obras no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ)

 





São Paulo – O casco do navio-plataforma P-69, com início de produção no pré-sal previsto para 2018, chegou ao Brasil nesta semana para a conclusão das obras no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), informou a Petrobras nesta quinta-feira.

O FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo e gás) será instalado no campo de Lula, módulo de Lula Extremo Sul, na Bacia de Santos.

O bloco é operado pela Petrobras (65 por cento) em parceria com a BG E&P Brasil, companhia subsidiária da Royal Dutch Shell (25 por cento), e a Petrogal Brasil (10 por cento).

A plataforma terá capacidade de processamento diário de 150 mil barris de óleo e de 6 milhões de metros cúbicos de gás. Além disso, conta com estrutura capaz de estocar 1,6 milhão de barris de óleo e deverá atuar em profundidade d’água de 2.200 metros, segundo nota da Petrobras.

No estaleiro, será feita a instalação dos módulos sobre o casco, a interligação de todos os equipamentos da plataforma e o comissionamento dos sistemas operacionais –conjunto de testes para verificar se os sistemas estão de acordo o projetado.

O casco, que tem 288 metros de comprimento, 54 metros de largura (boca) e 31,5 metros de altura (altura do fundo dos tanques até o convés principal), veio do estaleiro Cosco, em Zhoushan, na China, onde foi construído.

Esta varejista cresceu 20 vezes em cinco anos – como?


Como a varejista de produtos odontológicos Dental Cremer deixou de ser uma divisão de negócios deficitária para se tornar independente e crescer muito

 





São Paulo — Em tempos de crise, boa parte das empresas busca a sobrevivência. Oportunidades de crescimento acelerado resistem em poucos nichos, como segmentos pulverizados em que ainda é possível consolidar a participação de mercado. Foi nessa trilha que se formaram — e continuaram ganhando corpo — líderes de setores como o de educação, caso da Kroton, e o de farmácias, como a Raia Drogasil. A trajetória da Dental Cremer inclui nesse fenômeno um setor bem menos conhecido e pouco charmoso — o de varejo de produtos odontológicos.

Com faturamento de 530 milhões de reais em 2016, a companhia tem uma escala bem menor em relação à das outras empresas citadas — que faturam alguns bilhões de reais. Mas seu caso chama a atenção pelo salto. Nos últimos cinco anos, as vendas da Dental Cremer cresceram 20 vezes. O número de clientes subiu de 15 000 para 84 000. O portfólio aumentou de 1 800 para 38 000 itens — de folhas de ofício e cartucho para impressora a pacotes de viagens para congressos, além de suprimentos e equipamentos especializados. 

Hoje, a companhia detém uma participação de mercado de 30% entre mais de 1 000 concorrentes. 

“Nenhuma outra empresa do setor vende tanta coisa para tantos clientes como nós”, diz Paulo Batista, sócio e presidente da Dental Cremer, com sede em Blumenau, em Santa Catarina.

É curioso notar que, até 2011, a distribuidora era uma divisão quase invisível da fabricante de produtos médicos Cremer. O faturamento de 28 milhões de reais representava apenas 6% das receitas totais da companhia, que vende produtos como esparadrapos e luvas cirúrgicas a redes de farmácias e hospitais. O negócio vinha dando prejuízo e era visto como uma distração para os vendedores, que se desdobravam em segmentos muito diferentes. Levou dois anos para que a gestora de recursos Tarpon, desde 2009 no comando da empresa (cujo controle até então era pulverizado), decidisse vendê-la.

Mas, antes, seria preciso torná-la mais atraente. Para isso, Batista foi contratado e tornou-se sócio minoritário da nova empresa. Aos 27 anos, ele assumiu a presidência em novembro de 2011 como dono de 10% das ações. “Montei o projeto de separação da empresa e coloquei a sociedade como condição”, afirma Batista, advogado que fez carreira no mercado financeiro e havia ajudado a gestora numa empreitada semelhante, a criação de uma startup de etanol, mais tarde vendida ao grupo Odebrecht.

A missão de Batista foi cumprida em janeiro, quando a americana Henry Schein — maior distribuidora de produtos médicos, odontológicos e veterinários do mundo — completou a aquisição de mais de 90% de participação da Dental Cremer, por um múltiplo equivalente a 15 vezes o lucro operacional, o dobro do que pagou em outras negociações na Europa, segundo apurou a reportagem de EXAME. O interesse se explica: o Brasil tem a maior população de dentistas do mundo, com 289 597 profissionais habilitados — 47% maior do que a americana, por exemplo. Procurada, a Tarpon, que vendeu totalmente sua participação na empresa, não quis comentar. “Procuramos por décadas uma empresa que pudesse nos ajudar a ter uma participação relevante num mercado com alto potencial como o brasileiro”, diz Stanley Bergman, presidente da Henry Schein, cujo valor de mercado hoje é de 14 bilhões de dólares.

Para crescer, Batista e seus sócios na Tarpon — que tiveram menos sorte na BRF (veja reportagem na pág. 76) — empregaram na companhia parte da fórmula de sua atual controladora, fundada em 1932 em Nova York. Com a lógica de fidelizar clientes, a Henry Schein cresce a uma média de 15% ao ano desde que abriu o capital em 1995. Uma das medidas responsáveis por seu sucesso foi investir no desenvolvimento de um software capaz de ajudar os dentistas na gestão financeira, no controle de estoque e na agenda de consultas. Na Dental Cremer, que copiou a ideia, uma compra de qualquer valor dá acesso a um programa semelhante. Mas, para usá-lo, é preciso continuar comprando pelo menos uma vez por mês.

Com a intenção de acelerar o crescimento, a companhia brasileira passou a fazer também algo diferente — ampliou drasticamente o portfólio além dos produtos especializados. A ideia é vender qualquer coisa que o dentista precise em seu consultório. Para isso, Batista estabeleceu a seguinte regra: a cada três dentistas que telefonassem para a central de vendas em busca de um produto, o item entraria imediatamente para a lista de compras e passaria a fazer parte do catálogo. Em paralelo, a empresa atraiu pacientes às clínicas, distribuindo panfletos com 100 reais de desconto em consultas.

O mesmo valor podia ser trocado pelos dentistas por produtos. “Muitas dessas ideias foram sugestões dos próprios vendedores”, diz Batista, que também investiu em incentivos. O treinamento deles se tornou mais técnico e, com o portfólio maior, aumentou de duas para 12 semanas. As comissões sobre vendas agora compõem 60% dos salários, antes eram 5%. Na outra ponta, o executivo negociou descontos com 90 dos principais fornecedores e a exclusividade na distribuição de cinco deles, como a fabricante de cadeiras e instrumentos de mão Gnatus, dona de 25% do mercado de equipamentos.

A contrapartida que ele oferece é ganho de escala, potencializado pela abertura de uma loja online em 2012. Hoje, a cesta de compras na Dental Cremer está de 10% a 25% mais barata do que a oferecida pelas rivais. Não demorou para a concorrência sofrer. “Algumas dentais fecharam e muitas estão em recuperação judicial”, diz Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da associação da indústria de equipamentos médicos.

A tônica na companhia continua a ser abrir novas frentes de expansão. Em agosto, a Dental Cremer passou a prestar consultoria para construir ou reformar clínicas odontológicas. A divisão já representa 6% das vendas. Como ampliar o portfólio sem aumentar demais a complexidade do negócio? Batista fechou contratos com empresas especializadas, que mantêm funcionários de atendimento exclusivo. É o que acontece também no caso de pacotes de viagens. As semelhanças da Dental Cremer com a nova controladora facilitaram a ausência, pelo menos até agora, de choque cultural. Leia também: Como programas de incentivo podem engajar o time e otimizar custos? Patrocinado

Os planos da multinacional incluem a expansão nas áreas de produtos odontológicos e veterinários, com novas aquisições. Antes da Dental Cremer, a Henry Schein já havia adquirido 50% da catarinense Speed Graph, em 2014, que fatura 155 milhões de reais. E, em janeiro, 51% da carioca Tecnew, distribuidora de produtos de saúde animal, com vendas de 70 milhões de reais. “O Brasil será nossa base para expansão na América Latina e para vender os produtos brasileiros em nossas outras operações”, diz Bergman. Em 2015, a britânica Bunzl comprou a mineira Dental Sorria, com receitas de 30 milhões de reais por ano. A briga pela consolidação do mercado só começou. E está claro que a Henry Schein não vai querer ficar para trás.


O voto em lista fechada é mesmo uma péssima ideia?


Rechaçada por manifestantes, lista fechada pode ser apresentada para a Comissão de Reforma Política na próxima semana - será que a proposta é mesmo ruim?





São Paulo – Pela enésima vez (ok, estamos sendo hiperbólicos), volta à pauta do Congresso uma lista de propostas de mudanças na maneira como os políticos são eleitos.

A expectativa é que o deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da comissão especial da reforma política na Câmara, apresente seu parecer sobre o assunto na próxima semana.

Entre as mudanças que serão recomendadas por Cândido está a proposta de adoção do voto em lista fechada já nas próximas eleições – ideia reprovada por manifestantes que foram às ruas neste domingo (26), em atos organizados por grupos como Vem pra Rua e MBL.

Por esse sistema, o eleitor não vota diretamente no candidato mas sim em uma lista ordenada previamente por cada partido. Ganham mais cadeiras na Câmara e no Senado aquelas siglas que obtiverem mais votos e que deverão preencher as vagas com os primeiros da lista.

Esse é o modelo adotado em países como Itália, Portugal, Espanha, Argentina e África do Sul, segundo estudo do professor Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresentado este mês na Câmara dos Deputados.

Para alguns, a proposta é mais uma manobra dos políticos envolvidos na Operação Lava Jato para se manter no poder. Para outros, como o ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), uma alternativa mais democrática para o atual sistema.


O QUE TEMOS HOJE


No Brasil, por ora, deputados, senadores e vereadores são eleitos por meio do sistema proporcional com lista aberta. De acordo com esse modelo, os eleitores votam diretamente em cada candidato. No entanto, os mais votados nem sempre serão eleitos – e essa é a principal crítica do ministro Barroso.

Isso porque o que importa nesse sistema é o número de votos que cada partido recebeu. Uma legenda só elege um candidato ao atingir o chamado quociente eleitoral (que é o total de votos válidos em cada circunscrição pelo número de eleitores).

Quanto mais votos o partido ou a coligação receber, mais cadeiras terá direito. Só então essas vagas serão preenchidas pelos candidatos mais votados daquele grupo.


POR QUE PODE SER BOM


Transparência: Um dos pontos positivos da lista fechada é que essa relação entre voto e quem é eleito ficaria mais transparente. Ao votar naquela ordenação de políticos, o eleitor teria consciência exata de quem poderia ganhar o pleito – o que, no fim das contas, não acontece agora.

Além disso, segundo os defensores da medida, de certa forma, os partidos já têm uma espécie de “lista fechada velada” quando decidem distribuir recursos da legenda para um grupo de candidatos em detrimento de outros. Saiba mais: PSDB irá apresentar proposta com lista fechada em 2018

Equilíbrio: Segundo especialistas, se bem regulada, a lista fechada poderia também tornar mais equilibrada a representação de gêneros e minorias no Congresso.

Pela lei, cada partido ou coligação devem ter a cota mínima de 30% de mulheres entre seus candidatos. Mas entrar para uma corrida eleitoral é bem diferente de ganhá-la – principalmente, quando os recursos são distribuídos de maneira desigual. No fim, as mulheres representam apenas 10,8% do total de membros do Congresso.

Para minimizar esse problema, o modelo que será proposto pelo relator da comissão especial da reforma política prevê que a cada três candidatos ordenados na lista fechada, um seja mulher.

Custo: Para os especialistas consultados por EXAME.com, o voto em lista pode reduzir drasticamente os custos de campanha já que o embate seria entre as siglas e não mais entre candidatos.

“Hoje, o candidato a vereador e deputado têm que competir pelos votos com outros candidatos mais parecidos com ele. Por isso, a questão do dinheiro é fundamental”, afirma Wagner Romão, professor de ciências políticas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a EXAME.com.


POR QUE PODE SER RUIM


Uma das principais consequências da lista fechada é o (maior) fortalecimento de partidos. O porém: isso poderia acentuar alguns dos principais problemas do sistema partidário brasileiro.

Afastar (ainda mais) eleitores da política: Em entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo, o ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto afirmou que a lista fechada poderia instalar uma “partidocracia” – um sistema de governo que transfere o poder dos eleitores para as legendas.

Esse é um problemão em um contexto de descompasso entre partidos e cidadãos. O efeito poderia ser perverso: sem identificação com quem está no poder, os eleitores poderiam se afastar ainda mais da política.

Mais força para os caciques: Sem ferramentas democráticas para compor as listas e com eleitores mais distantes da política, o resultado é um só: sobra espaço e poder para os líderes partidários – que já não são fracos hoje. Eles é que teriam liberdade para ordenar, sozinhos, cada lista. E o que era para ser um governo de muitos, na teoria, viraria um governo de poucos.

Manutenção do status quo: Nessa toada, chegamos ao risco Lava Jato. Um dos principais argumentos propagados contra a lista fechada é de que ela permitiria que políticos suspeitos de corrupção e, portanto, desacreditados da opinião pública, tivessem condições para se manter no poder.

Um levantamento do Broadcast Político, do Grupo Estado, revela que políticos na mira da Lava Jato ocupam cargos de comando em nove dos 10 partidos com as maiores bancadas na Câmara dos Deputados.

Como já vimos, num cenário mais realista, são essas pessoas que influenciariam a escolha dos candidatos – e salvar a própria pele das investigações, de fato, seria uma das prioridades.

Mais do que isso: em um contexto de fortalecimento dos atores da velha política, não haveria espaço para o novo – uma das principais demandas dos eleitores nos últimos anos. E aí voltamos ao primeiro problema dessa série.


REFORMA DA REFORMA


O professor Wagner Romão, da Unicamp, contesta esses argumentos com uma ideia simples: “Vai ganhar quem tiver a lista mais coerente”. Ponto.

Ou seja: caberia exclusivamente ao eleitor rechaçar e punir qualquer time de candidatos com problemas – mesmo que pontuais – de ordem ética (ou outras questões). Com isso, na visão do professor, os partidos se veriam forçados a pender para a coerência ideológica e a selecionar candidatos cada vez mais qualificados (mesmo).

De qualquer forma, é unânime entre analistas políticos a ideia de que mudanças isoladas no sistema não são suficientes para revolucionar, de fato, a maneira como se faz política no Brasil. Se o voto em lista for realmente aprovado, ele deveria vir acompanhado de outras reformas – a começar pela estrutura interna dos partidos.

“Nós devemos parar de pensar pontualmente. Se for fazer reforma política tem que ser pensada em algumas frentes. Lista fechada? Desde que a gente mexa nos partidos. Não dá para entregar um cheque em branco para os partidos. O cidadão tem que fazer parte de direito e de fato”, diz Diogo Rais, professor de Direito Eleitoral da FGV-Direito SP.

Estudos (como um de 2013 do professor Jairo Nicolau, da UFRJ) mostram que crises políticas – como a do mensalão, em 2005, e a onda de protestos de 2013 – são contemporâneas de períodos em que propostas para reformar a política dominaram a pauta do Congresso (e dos veículos de imprensa).

As mudanças que serão apresentadas na próxima semana também não podem ser vistas como fenômenos isolados da atual crise política – que tem a Lava Jato como sua principal protagonista. E isso deve, sim, ser levado em conta durante o debate – inclusive para se pensar em propostas para mitigar os fatores que propiciaram um dos maiores escândalos de corrupção do país.

As campanhas altamente custosas e a doação eleitoral como método para maquiar propina estão no cerne desse problema. Logo, medidas que reduzam os custos da corrida eleitoral e reformulem a relação já contaminada entre empresas e políticos são bem-vindas.

A lista fechada seria uma das alternativas para resolver o primeiro problema. Mas, se aprovada, não pode vir sozinha sob a pena de endossar os vícios da velha política.

Lava Jato move ação de improbidade contra PP e 11 políticos


A ação pede o pagamento de 2,3 bilhões de reais e a perda de cargos e direitos políticos de ex e atuais deputados federais do PP

 



Curitiba – A força-tarefa da operação Lava Jato pediu nesta quinta-feira abertura de ação de improbidade administrativa contra o Partido Progressista (PP), além de dez políticos e um assessor ligado à legenda, informou o Ministério Público Federal (MPF).


A ação pede o pagamento de 2,3 bilhões de reais e a perda de cargos e direitos políticos de ex e atuais deputados federais do PP e de um assessor também ligado à sigla por conta do suposto envolvimento do grupo em dois esquemas de desvio de recursos da Petrobras. Esses são os políticos alvo da operação de hoje:


Político Cargo
Pedro Corrêa (PP-PE) ex-deputado
 Pedro Henry (PP-MT) ex-deputado
 João Pizzolatti (PP-SC) ex-deputado
 Mário Negromonte (PP-BA) ex-deputado
 Nelson Meurer (PP-PR) deputado
 Mário Negromonte Júnior (PP-BA) deputado
 Arthur Lira (PP-AL) deputado
 Otávio Germano (PP-RS) deputado
 Luiz Fernando Faria (PP-MG) deputado
Roberto Britto (PP-BA) deputado
João Genu  ex-assessor de José Janene.


A ação leva em conta dois esquemas:: um envolve  contratos vinculados à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, e outro ligado aos benefícios obtidos pela Braskem, empresa do grupo Odebrecht, graças à atuação desse setor da estatal


OS ESQUEMAS


O primeiro esquema alvo da ação “diz respeito à identificação, ao longo das investigações da operação Lava Jato, de um enorme e complexo estratagema ilícito executado em prejuízo da Petrobras, ao menos no período de 2004 a 2014”.

“Um cartel de empreiteiras fraudava procedimentos licitatórios da estatal em obras gigantescas, inflando indevidamente os lucros obtidos”, afirma a Procuradoria.

“Para isso, o cartel contava com a corrupção de empregados públicos do alto escalão da Petrobras, especialmente de diretores da estatal que favoreciam as fraudes nas licitações. Os recursos ilícitos obtidos passavam, então, por um processo de lavagem por meio de operadores financeiros. As propinas eram entregues pelos operadores para os executivos da estatal, assim como para os políticos e partidos responsáveis pelo apadrinhamento dos funcionários públicos.”

Segundo o Ministério Público Federal, o avanço das investigações levou à descoberta de que o esquema se baseava no loteamento político-partidário das diretorias da Petrobras.

“As evidências indicam que parlamentares federais e agremiações políticas – Partido Progressista (PP), Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) – obtinham, perante o governo federal, a nomeação para altos cargos diretivos da Petrobras a fim de arrecadar recursos escusos. Em troca do apadrinhamento, as provas mostram que os executivos angariavam propinas que eram destinadas ao enriquecimento ilícito dos participantes e ao financiamento ilegal de campanhas eleitorais”, anotam os procuradores.

O objeto da ação, segundo o Ministério Público Federal, é “a atividade ilícita que beneficiou o Partido Progressista e pessoas a ele vinculadas”. A ação destaca “a atuação do grupo de liderança do PP, composto pelo falecido deputado federal José Janene, pelos ex-deputados federais Pedro Corrêa, Pedro Henry, João Pizzolatti e Mário Negromonte, e pelo deputado federal Nelson Meurer, com o auxílio do ex-assessor parlamentar João Genu”. Segundo a ação, os políticos foram responsáveis por alçar e manter Paulo Roberto Costa no cargo de Diretor de Abastecimento da Petrobras, montando e mantendo o esquema de corrupção político-partidário instaurado no âmbito da estatal.

“As provas apontam ainda que vários integrantes da bancada do PP na Câmara dos Deputados receberam propinas periodicamente, inclusive os deputados federais Otávio Germano, Luiz Fernando Faria e Roberto Britto”, afirma a Procuradoria.

A ação indica que os três parlamentares receberam uma mesada de propinas de R$ 30 mil por mês, por mais de sete anos, até março de 2014.

De acordo com a Procuradoria, o deputado Mário Negromonte Júnior “é demandado como alguém que contribuiu para atos de improbidade de seu pai, recebendo o repasse de propinas disfarçadas de doação eleitoral oficial”.

“Além disso, na esteira da ação proposta, Arthur Lira (que já responde a outra ação de improbidade decorrente da Lava Jato) também recebeu vantagens ilícitas. Está sendo pedida a responsabilização do grupo de liderança do PP por toda a atividade ilícita, enquanto os demais estão sendo acionados por mesadas oriundas de propinas ou desvios específicos em que estiveram envolvidos”, informa o Ministério Público Federal.

A ação de improbidade administrativa imputa ao Partido Progressista, a seus integrantes e a terceiros o recebimento de propinas a partir de contratações realizadas no âmbito da Diretoria de Abastecimento da Petrobras com as empreiteiras Engevix, OAS, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, Camargo Correa, Odebrecht, UTC, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, individualmente ou por meio de consórcio, além da Jaraguá.

O montante de propinas originado desta primeira parte do esquema de cartelização chega, ao menos, a R$ 410.656.517,60, equivalentes a 1% dos valores dos contratos obtidos, que era pago a título de suborno segundo as investigações. Desse total, a ação aponta que 60% eram direcionados para o Partido Progressista e seus integrantes, e 40% eram distribuídos entre executivos da estatal e operadores financeiros.

O Ministério Público Federal afirma que a Braskem, empresa do Grupo Odebrecht, também pagou propina ao PP e seus integrantes. Em troca, Paulo Roberto Costa teria velado por seus interesses junto a Petrobras. 

Segundo a Procuradoria, embora o esquema tenha perdurado de 2006 a 2012, ele teve “especial expressão” na renegociação do contrato de fornecimento de nafta, em 2009.

“Nesse esquema paralelo ao cartel de empresas, o montante de propinas pagas para a agremiação partidária e seus integrantes, segundo a apuração, chega ao menos a R$ 49,98 milhões, equivalentes à conversão para moeda nacional de US$ 24,5 milhões. Esse montante equivale a 70% do montante das propinas, que a ação indica que foi destinado ao Partido Progressista – o restante seria destinado a Paulo Roberto Costa”, destaca a Procuradoria.

A petição inicial relata que as vantagens ilícitas eram distribuídas para o Partido Progressista e seus integrantes por meio da entrega de valores em espécie, transferências eletrônicas para empresas ou pessoas indicadas pelos destinatários, entrega de bens, pagamento de contas pessoais em nome dos beneficiários e, ainda, transferências e depósitos em contas no exterior, em nome de empresas offshores.

Além disso, em época de campanhas eleitorais, o pagamento de propina também foi feito diretamente pelas empresas do cartel para o PP e vários de seus integrantes que eram candidatos, de maneira disfarçada como doações eleitorais “oficiais”. Está sendo pedida a responsabilização do grupo de liderança do PP pelas condutas ilícitas referentes a esse segundo esquema criminoso.


Efeitos do esquema


A investigação aponta que o dinheiro ilícito da corrupção da Petrobras foi empregado para o enriquecimento ilícito dos participantes e para financiar campanhas eleitorais.

“Neste último aspecto, a corrupção, além dos seus efeitos perniciosos mais usuais, atenta contra a legitimidade do processo democrático, por desequilibrar artificialmente as disputas eleitorais. Candidatos que recebem recursos oriundos da corrupção passam a ter vantagens competitivas em relação aos demais”, afirma a Procuradoria.

Para fins comparativos, o Ministério Público Federal expõe na petição inicial que as propinas arrecadadas diretamente pelo PP e seus integrantes a partir do esquema criminoso, de 2004 a 2014 chegaram ao menos a R$ 296.373.910,56 – (60% dos R$ 410.656.517 60, somados a R$ 49.980.000,00). No mesmo período, a agremiação recebeu o valor de R$ 179.790.284,80 via fundo partidário.

Esse panorama evidencia que o total de vantagens ilícitas direcionadas ao PP e seus integrantes equivale a cerca de 164% do importe licitamente distribuído por meio do fundo partidário. Isso permitiria aos candidatos mais do que dobrar os seus gastos eleitorais. Houve, assim, um financiamento ilícito em tal monta que aponta para um desequilíbrio da disputa eleitoral em favor do partido e de seus candidatos, o que implica no desvirtuamento do sistema de representação política em nível federal.


Maior banco do mundo tem resultado mais fraco em uma década


O lucro líquido do ICBC em 2016 foi de 287,25 bilhões de iuans (40,39 bilhões de dólares), alta de apenas 0,4%

 






Xangai/Pequim – A maior instituição financeira do mundo, o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), divulgou nesta quinta-feira que teve o menor crescimento anual de lucro em mais de uma década.

Os resultados do ICBC foram divulgados após outros três grandes bancos da China divulgarem crescimento modesto do lucro do ano passado, em meio a um cenário de juros no menor nível desde pelo menos 2011 e desaceleração econômica do país.

O lucro líquido do ICBC em 2016 foi de 287,25 bilhões de iuans (40,39 bilhões de dólares), alta de apenas 0,4 por cento.

Os principais bancos da China estão se preparando para lançar medidas neste ano para reduzir o peso sobre correntistas endividados e a inadimplência, que atingiu o maior nível em uma década no ano passado diante de um crescimento do PIB mais lento em 25 anos.

“Este ano planejamos usar 65 bilhões de iuans em provisionamento para resolver quase 200 bilhões de iuans em inadimplência”, disse o presidente do conselho de administração do ICBC, Yi Huiman, a jornalistas.

O banco chinês planeja trocar 300 bilhões de iuans de dívidas por ativos, acrescentou, o que reduzirá o peso de tomadores e ajudará bancos comerciais a reduzir seus níveis de calote.


Jorge Bischoff inaugura primeira loja nos EUA


Projeto prevê a abertura de mais cinco unidades no país

Por Marcos Graciani

graciani@amanha.com.br

Jorge Bischoff inaugura primeira loja nos Estados Unidos

A Jorge Bischoff expande seu projeto de internacionalização com a primeira loja nos Estados Unidos. A grife fará um grande evento de inauguração da sua flagship store em Miami nesta quinta-feira (30). A unidade está localizada no Brickell City Centre, um dos maiores empreendimentos imobiliários no principal centro de consumo da região – estrategicamente situado entre os distritos de moda, artes e negócios da cidade. 

“O Brickell City Centre é uma oportunidade única de estarmos em um país que recebe pessoas do mundo inteiro, o que contribui muito para posicionarmos a marca aqui nos Estados Unidos”, avalia o designer Jorge Bischoff (foto), CEO do Bischoff Group, que detém a marca. O investimento para abertura da loja exclusiva da grife foi de US$ 800 mil (cerca de R$ 2,5 milhões, na cotação desta quinta). O projeto de internacionalização da grife prevê ainda a abertura de mais cinco novas lojas em solo norte-americano e um centro de distribuição. 

A rede Jorge Bischoff conta com 67 unidades em todo o Brasil, considerando unidades próprias e o sistema de franquias. Do Paraná para baixo são 27 unidades – incluindo a loja on-line, cujo centro de distribuição está em Igrejinha (RS), com entregas em todo o Brasil. Já o sistema de vendas para lojas multimarcas leva os produtos da grife para as grandes vitrines nacionais e internacionais, com presença em mais de 50 países, em todos os continentes.



http://www.amanha.com.br/posts/view/3799

Supremo da Venezuela assume funções do Parlamento do país


As funções continuarão tomadas pelo TSJ enquanto permanecer a situação de desacato e de invalidade das atuações da Assembleia Nacional

 






O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela assumiu as competências do Parlamento, de ampla maioria opositora e o qual considera em desacato, uma decisão que, segundo analistas, representa mais um passo rumo a um modelo autoritário.

“Adverte-se que, enquanto persistir a situação de desacato e de invalidade das atuações da Assembleia Nacional, esta Sala Constitucional garantirá que as competências parlamentares sejam exercidas diretamente por esta sala ou pelo órgão de que ela disponha para velar pelo Estado de Direito”, assinala a decisão do TSJ publicada na noite de quarta-feira.

O TSJ, acusado pela oposição de servir ao governo de Nicolás Maduro, declarou o Legislativo em desacato no início de 2016, devido à juramentação de três deputados opositores cuja eleição foi suspensa por suposta fraude. Por isso, cancelou todas as decisões parlamentares.

Embora a câmara tenha desvinculado estes deputados posteriormente, o Tribunal considera que o ato não foi formalizado.

“Nesta semana avançamos lamentavelmente rumo a um modelo autoritário na política venezuelana. A democracia está em perigo”, disse nesta quinta-feira à AFP o analista Carlos Romero.

“Estamos diante de um uso indiscriminado e ilegal das atribuições do TSJ para acabar com o Poder Legislativo”, acrescentou.


– Deputados sem imunidade –


Após a divulgação da nova decisão do TSJ, o opositor Henry Ramos Allup afirmou que os parlamentares “devemos seguir cumprindo nossos deveres (…) e continuar exercendo a qualquer preço nossas funções, porque para nós uma pessoa não nos deu um título de deputados, nós fomos eleitos”.

O Parlamento venezuelano, por sua vez, acusou nesta quinta-feira Maduro de dar um “golpe de Estado”.

“Na Venezuela Nicolás Maduro deu um golpe de Estado”, afirmou o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, em uma declaração na qual anunciou que o Legislativo desconhece a decisão do TSJ, classificando-a de “lixo”.

Além disso, apelou para que os militares quebrem o silêncio diante da ruptura constitucional.

“A Força Armada venezuelana não pode seguir calada diante da ruptura da Constituição. Sabemos que a imensa maioria dos oficiais (…) é contrária ao caos que ocorre na Venezuela”, afirmou Borges.

Já o legislador Diosdado Cabello, um dos principais dirigentes do chavismo, comemorou a decisão. “Não podemos estar com a Assembleia Nacional ausente porque eles querem”, disse.

Alegando o desacato, o TSJ já havia retirado a imunidade dos deputados, o que abriu a possibilidade de processá-los, inclusive ante tribunais militares.

A retirada dos foros parlamentares ocorreu enquanto o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) se reunia para debater a grave crise política e econômica do país petrolífero.

O encontro em Washington terminou sem acordo, mas 20 países assinaram uma declaração conjunta na qual expressaram “preocupação pela difícil situação política, econômica, social e humanitária” da Venezuela.

Uma semana antes deste encontro, o bloco opositor aprovou um acordo no qual pediu à OEA que aplique a Carta Democrática Interamericana, que prevê sanções em caso de alterações ou ruptura do marco constitucional, o que foi classificado por Maduro como “traição à pátria”, um crime punido com penas de até 30 anos de prisão.

 

Pressão internacional


Para analistas como Benigno Alarcón, a escalada no choque de poderes da Venezuela é uma resposta às recentes ações da OEA.

“O governo está tentando aumentar a pressão sobre os parlamentares e a comunidade internacional, dizendo que está disposto a represálias e a prender líderes opositores que estejam buscando ajuda no exterior”, declarou Alarcón à AFP.

A sentença mediante a qual o TSJ adota as funções do Parlamento também tem um fundo econômico. Ocorreu em resposta a um recurso de interpretação sobre a criação de empresas mistas no setor petrolífero.

Segundo a Constituição, o governo não pode assinar contratos de interesse público com Estados ou empresas públicas e privadas estrangeiras “sem a aprovação da Assembleia Nacional”.

Mas, ao declarar “omissão legislativa”, o TSJ indicou que não existe “impedimento algum” para que o Executivo forme companhias sem passar pelos deputados.

Esta questão é chave para o governo, que busca financiamento para paliar um déficit fiscal que o Banco Mundial estimou em 11,5% do PIB em 2016.

Maduro também tenta atrair investimentos estrangeiros para os setores petrolífero e minerador, e enfrentar, assim, a grave crise econômica, refletida em escassez de todo tipo de bens básicos e na inflação mais alta do mundo, projetada em 1.660% pelo FMI para 2017.

As gestões na OEA são promovidas por seu secretário-geral, Luis Almagro, que exige a convocação de eleições gerais em um curto prazo e a libertação de uma centena de opositores presos.

As eleições presidenciais estão previstas para dezembro de 2018, enquanto as regiões deveriam ter ocorrido no fim do ano passado, mas o poder eleitoral as adiou para 2017 e ainda não fixou uma data.