terça-feira, 25 de julho de 2017

Governo avalia presença de carvão em leilão de energia



Rio Grande do Sul e Santa Catarina concentram aproximadamente 90% do carvão mineral do Brasil

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
Governo avalia presença de carvão em leilão de energia


Uma política de desenvolvimento da matriz energética, levando em consideração a utilização do carvão, foi a pauta da visita do governador José Ivo Sartori e do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, à Mineração a Céu Aberto do Baixo Jacuí e às instalações da Copelmi Mineração, em Butiá, na segunda-feira (24). Também visitaram o local, o secretário de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, e o secretário de Geologia e Mineração do Ministério de Minas e Energia, Vicente Lôbo.

Sartori agradeceu a visita do ministro para conhecer o trabalho que vem sendo feito no Rio Grande do Sul, no âmbito da extração de carvão mineral, e disse que o Estado está fazendo a sua parte. "Em 2016 lançamos nosso plano de energia do Estado. E agora, no começo deste semestre, vamos enviar para a Assembleia Legislativa o Plano Carboquímico do Rio Grande do Sul, extremamente importante para essa região que deseja o desenvolvimento e atração de investimentos", afirmou o governador. Em missão oficial ao Japão, no último mês de junho, Sartori visitou a Usina Hitashinaka Power Plant, em Tokai-Mura (Ibaraki), e participou de reuniões sobre a exploração sustentável do carvão e a possibilidade de aproveitamento da tecnologia japonesa no Rio Grande do Sul. Além desses encontros, o governador reuniu-se com executivos da Copelmi e das empresas PWC Advisory LLC, Tokyo Eletric Power Company Holdinfs e IHI Corporation.  Já existe, concluído, um estudo de viabilidade para a construção, no Rio Grande do Sul, de uma usina térmica de carvão de alta eficiência para geração de energia idêntica à que foi visitada no Japão pela missão gaúcha.

O ministro Coelho Filho disse que seu roteiro desta segunda-feira começou em Santa Catarina, em Criciúma, e destacou que para o Ministério de Minas e Energia essas visitas são importantes para ter um olhar mais atento. Os dois Estados concentram aproximadamente 90% do carvão mineral do Brasil. Cerca de 14 empresas utilizam o carvão mineral no Brasil, a maior parte delas na Região Sul. No Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná, a cadeia Termelétrica gera em torno de 53 mil empregos diretos e indiretos e movimenta cerca de R$ 12 bilhões ao ano.

Segundo Coelho Filho, essa é uma indústria que movimenta a economia, com geração de emprego e renda, e sinaliza a investidores que o país está trabalhando. "A ideia é elaborar, assim como o Estado está fazendo, um planejamento com começo, meio e fim da utilização do carvão mineral, do ponto de vista do fornecimento energético, e enviar ao congresso", destacou. Questionado sobre a inclusão do carvão no próximo leilão de energia, o ministro afirmou que o governo federal pretende abrir um novo processo em novembro ou dezembro deste ano e disse que em agosto um grupo de trabalho será criado, com diversas áreas afins, para estudar a questão. O último leilão de energia que teve um projeto a carvão concorrendo ocorreu em 2014. "Se tivermos tempo hábil queremos incluir. Não sei se vai ser no volume que todos esperam, mas queremos fazer um leilão contemplando o maior número de fontes possíveis ainda este ano", destacou. 

O ministro revelou que o volume a ser contratado na próxima disputa pode não ser muito grande, pois houve uma retração do consumo de energia por conta da crise econômica; contudo, a ideia é contemplar o maior número de fontes energéticas possíveis. Coelho Filho acrescentou que o governo federal já tem uma consulta pública lançada, e a meta é enviar em setembro para o Congresso o novo marco do setor elétrico. A perspectiva é propiciar o desenvolvimento da matriz energética, abrangendo todas as fontes. "As próprias lideranças (do carvão) não querem ir além do percentual que têm hoje, querem manter o que têm, mas, para isso, precisam de contratos novos de energia", comentou. 

http://www.amanha.com.br/posts/view/4299

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Não à volta do protecionismo ao etanol – Por Bob Dinneen e Joel Velasco







O aumento da tarifa de importação desse combustível no Brasil só terá perdedores.

Nos anos 1980 e 1990, o Brasil e os Estados Unidos travaram dura disputa sobre o comércio de etanol – combustível renovável proveniente de cana-de-açúcar no Brasil e de milho nos Estados Unidos. Como defensores de nossas respectivas indústrias, tivemos inúmeras discussões sobre o tema.

Brasileiros argumentavam que a tarifa de importação nos Estados Unidos protegia indevidamente os produtores de etanol americanos. Estes reclamavam dos juros subsidiados e de isenção tributária da produção brasileira. Trocamos farpas em audiência no Congresso americano, na imprensa e em vários fóruns internacionais sobre biocombustíveis e comércio.

Há cerca de uma década, os dois países puseram suas diferenças de lado e chegaram a um acordo para permitir o livre-comércio de etanol. O Brasil suspendeu sua tarifa de 20% por meio da lista de exceções do Mercosul e os Estados Unidos abandonaram seus incentivos fiscais e tarifas de importação.

Somos, ambos, a presença dominante no setor, com mais de 80% da produção global. Sabemos das dificuldades para mudar mentalidades protecionistas arraigadas e para a abertura ao mercado global de biocombustíveis. Mas os benefícios da liberalização estão claros. O Brasil tem ajudado os Estados Unidos a alcançarem metas nacionais e estaduais de biocombustíveis com a oferta de etanol de cana-de-açúcar, combustível considerado avançado, com baixa emissão de carbono. E os Estados Unidos têm sido parceiros confiáveis na oferta de etanol ao mercado brasileiro. Quando há aumento na demanda ou queda na produção no Brasil, o produto americano traz estabilidade ao mercado. Essa dinâmica comprova que um mercado internacional competitivo traz aos consumidores mais opções, melhores preços e menos volatilidade nesse setor.

Não surpreende, assim, que as indústrias brasileira e americana de etanol venham trabalhando juntas para abrir novos mercados e fomentar maior cooperação para benefício dos consumidores dos dois países, hoje, e de todo o mundo no futuro próximo. Nossos países têm cooperado no desenvolvimento de tecnologias e de mercados, investindo milhões de dólares em projetos como etanol de celulose para carros, bioquerosene para aviões e uma enorme gama de produtos renováveis, a partir do açúcar.

A associação internacional de advocacia pró-biocombustíveis, a Global Renewable Funds Association (GRFA), foi formada para promover a educação em relação aos biocombustíveis e abrir novos mercados para os nossos produtos.

Missões internacionais dos Estados Unidos e do Brasil têm beneficiado mercados emergentes, como China, Índia e México. A demanda em outros países tem crescido à medida que os benefícios econômicos e climáticos do etanol se tornam evidentes. Há algumas semanas, por exemplo, conseguimos a aprovação de mistura de 10% de etanol na gasolina no México, expandindo um mercado crescente. Na COP-21, em Paris, as indústrias do etanol de vários países uniram forças para exaltar os benefícios do biocombustível em termos de emissões de gás carbônico. Independentemente da posição deste ou daquele país acerca do Acordo de Paris sobre Clima, acreditamos que, seja o etanol brasileiro ou americano, os benefícios do biocombustível renovável são ingrediente importante para nações interessadas em reduzir o seu consumo de petróleo e outros combustíveis fósseis.

Diante do progresso alcançado, perguntamos, perplexos: por que o governo brasileiro contempla agora uma volta às políticas protecionistas do passado, propondo, via Câmara de Comércio Exterior (Camex), uma tarifa na importação do etanol?

As razões para rejeitar tal proposta são as mesmas de uma década atrás. O aumento da tarifa de importação de etanol no Brasil terá apenas perdedores. Os consumidores pagarão mais ao abastecer os seus carros. Os produtores em ambos os países perderão com a adoção de medidas retaliatórias, num momento delicado de recuo de acordos internacionais de comércio. E emissões de carbono aumentarão, pois o protecionismo no etanol levará a um forte aumento do consumo de gasolina.

É verdade que a exportação de etanol americano para o Brasil cresceu nos últimos dois anos. Além dos abalos impostos ao setor sucroenergético brasileiro pela crise econômica que o País atravessa, a demanda internacional de açúcar tem levado usinas brasileiras a dar prioridade à produção de açúcar. 

O fato de a produção americana suprir essa necessidade pontual é boa notícia para o consumidor brasileiro e não deveria ser pretexto para restaurar políticas protecionistas ultrapassadas. Quando os Estados Unidos e outros mercados se beneficiaram de grandes importações de etanol brasileiro, não houve reclamação no Brasil.

O argumento segundo o qual o protecionismo é necessário para proteger o meio ambiente, dada a diferença de emissão de carbono entre o etanol de milho e o de cana-de-açúcar, não faz sentido. Qualquer biocombustível é melhor do que o petróleo, que não é regulado nem paga tarifa. Hoje, especialmente, quando temos questionamentos sobre políticas de combate às mudanças climáticas, via Acordo de Paris, não devemos criar divergências em busca de ganhos de curto prazo.

Como concorrentes que ganharam o respeito mútuo depois de anos de disputas, conclamamos os líderes brasileiros a dizer não ao protecionismo. Nossos países já trabalharam muito para transformar o etanol numa importante commodity global. Os consumidores ganham quando as indústrias competem umas com as outras. Continuemos o trabalho iniciado de construir um mercado mundial aberto e crescente para o biocombustível (Bob Dinnen é diretor-presidente da Associação de Combustível Renovável (RFA, em inglês), a maior associação de produtores de etanol dos estados unidos; Joel Velasco e sócio da consultoria Albright Stonebridge Group, foi, de 2007 a 2011, representante-chefe na América do Norte da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica); 

O Estado de S.Paulo)


 http://www.brasilagro.com.br/conteudo/nao-a-volta-do-protecionismo-ao-etanol-por-bob-dinneen-e-joel-velasco.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/

Prepare-se para a invasão dos robôs


Debate na Fiesc revela que até 45% das atividades feitas por pessoas podem ser automatizadas 

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
Debate na Fiesc revela que colaboração e empreendedorismo estão entre as características que garantirão empregabilidade


“Máquinas deverão substituir pessoas nas tarefas altamente previsíveis e nas atividades perigosas. Empregos no campo da matemática e tecnologia terão maior potencial de crescimento e, na contramão, empregos com predomínio do uso da força física correm o risco de serem extintos”, revelou Glauco José Côrte (foto), presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), na abertura do Ciclo de Conferências do INSS e do 2º Seminário Aliança Saúde Competitividade. O encontro discutiu na semana passada o tema Automação – o impacto na sociedade e seus reflexos no setor previdenciário.  “Competências como o pensamento crítico e a resolução de problemas, colaboração, adaptabilidade, empreendedorismo, comunicação oral e análise de informações passarão a ter destaque no trabalho do futuro”, destacou Côrte, lembrando que a automação deverá alavancar o crescimento da produtividade. 

Ele enfatizou também que a revolução tecnológica vai gerar impactos significativos no setor. “A medicina digitalizada deslocará o tratamento realizado em hospitais para a mão de profissionais de saúde e dos indivíduos. Pessoas informadas serão parceiras no seu autocuidado, mas imprimirão um nível maior de exigência da qualidade dos serviços prestados”, disse Côrte, destacando ainda que para esse momento de transformação, a revisão da regulamentação do setor e novas ferramentas como Big Data, Internet das Coisas, serão exigências básicas.

Para o presidente do INSS, Leonardo Gadelha, a automação é uma força disruptiva que está sendo discutida no mundo inteiro e seu impacto na previdência será inevitável. “Ela traz muitos ganhos de produtividade para a sociedade e, certamente, teremos produtos mais baratos e diversificados, mas ela também traz preocupação. Para nós que fazemos o sistema previdenciário no Brasil, há uma preocupação muito clara: se os cidadãos perderem seus postos de trabalho, perderemos arrecadação”, analisou. “Dessa forma, teremos um fardo duplo para o Estado brasileiro: além de termos menos dinheiro entrando, teremos mais pessoas usufruindo nossos benefícios”, acrescentou. 

O secretário de avaliação e gestão da informação do Ministério de Desenvolvimento Social, Vinícius de Oliveira Botelho, destacou que a economia global é cada vez mais robotizada. “Até 45% das atividades feitas por humanos podem ser robotizadas em alguma medida. Isso reduz a demanda de força de trabalho e provoca o declínio da quantidade de empregos. Robôs superarão humanos em muitas tarefas”, destacou. Ele alertou ainda para o impacto da automação da distribuição de renda. “Se os robôs substituem completamente o trabalho humano, o produto por pessoa aumenta, no entanto, sem política pública adequada, a desigualdade de renda tende a aumentar, pois os robôs aumentam a oferta de força de trabalho, reduzindo salários”, analisou. 

Renato da Fonseca, gerente executivo de pesquisa e competitividade da CNI, afirmou que a Indústria 4.0 é um processo contínuo de inovação tecnológica. “O medo do desaparecimento do emprego não é novo e aparece toda vez que máquinas são criadas. Ganham mais aqueles cuja atividade é complementar à nova tecnologia. A ideia é que os robôs substituam trabalhos que não queremos fazer”, salientou. Ele destacou ainda que empregos que requerem habilidade de resolver problemas, com criatividade e alto nível educacional, tendem a aumentar com a automação, assim como deve cair o índice de empregos em atividades rotineiras. “Se a automação continua aumentando a produtividade, o problema não é a destruição de empregos, mas a distribuição da riqueza”, revelou Fonseca. 

http://www.amanha.com.br/posts/view/4285

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Tribunal veta ação coletiva de US$18 bilhões contra MasterCard


A ação coletiva foi movida por a MasterCard supostamente ter cobrado a mais 45 milhões de pessoas durante 16 anos

 






Londres – A ação coletiva de 14 bilhões de libras (18 bilhões de dólares) movida contra a MasterCard por supostamente ter cobrado a mais de 45 milhões de pessoas durante um período de 16 anos foi bloqueada por um tribunal britânico nesta sexta-feira.

O Tribunal de Apelação de Concorrência (CAT), um tribunal recém habilitado que supervisiona o incipiente regime de ações coletivas do Reino Unido, decidiu que não conceder mandados de procedimentos coletivos necessários para que o caso fosse a julgamento.

Se tivesse sido permitido prosseguir, o caso seria o maior e mais complexo da história jurídica do Reino Unido e teria testado os limites do novo Ato de Direitos do Consumidor, que introduziu as ações coletivas, como nos EUA, para casos de violação das leis de competição britânica e europeia em 2015.

A MasterCard recebeu bem a decisão, dizendo que a alegação era “completamente inadequada” para ser julgada sob o regime de ação coletiva.

O escritório de advocacia Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan moveu a ação em nome dos adultos do Reino Unido após a MasterCard ter perdido uma arrastada apelação contra uma decisão da Comissão Europeia que decidiu que suas tarifas eram anticompetitivas.

O caso era centrado nas chamadas taxas de intercâmbio, que são as tarifas cobradas por empresas de cartões de crédito e débito como a MasterCard, as quais as empresas de cartões dizem que cobrem os custos de serviços da operação dos cartões, segurança e inovação.

O escritório de advocacia alegava que essas taxas representavam um custo significativo para os varejistas e foram repassadas através do aumento dos preços de bens e serviços para todos os consumidores do Reino Unido, incluindo aqueles que pagaram em dinheiro e não apenas os titulares de MasterCard.


A cada três chefes, um tem desvio de caráter


Número de líderes que podem apresentar problemas de personalidade aumentou nos últimos três anos, diz pesquisa

 





São Paulo – A cada três executivos brasileiros, um terá desvio de caráter e pode apresentar a disposição para omitir informações, desviar valores ou manipular pessoas e dados.

Um dado ainda pior: esse número aumentou, segundo a pesquisa Perfil Comportamental dos Executivos, realizada a cada três anos pela HSD Consultoria em RH e pela Orchestra Soluções Empresariais.

Enquanto há três anos o número de pesquisados com esse perfil era de 20%, agora cerca de 27% dos líderes podem apresentar algum problema.

Entre os desvios verificados na pesquisa, estão a maquiagem de resultados, desvios de valores financeiros, manipulação de dados e pessoas para atender ao próprio interesse. Quando a consultoria percebe algum sinal desses comportamentos, ela sugere que a empresa realize uma investigação interna.

Segundo a presidente da HSD, Susana Falchi, “quanto mais poder uma pessoa tem em uma empresa, maiores os riscos que um desvio de caráter pode causar”. Além disso, a pessoa pode influenciar toda sua equipe e criar um clima propenso para desvios em benefício próprio, afetando toda a companhia. Por isso, a pesquisa se concentra nos líderes e executivos das empresas. Veja também: O que House of Cards ensina sobre o poder nas empresas
 
Veja na tabela abaixo os principais desvios encontrados pela pesquisa e, em seguida, as principais explicações para esses comportamentos.


Estrutural Porcentagem em 2013 Porcentagem em 2017 Comportamento /Impacto
*Omite/esconde erros 100 100 Relatórios gerenciais alterados ou maquiados; Falta de transparência nos processos; Falta de clareza na condução da área.
Desvio de caráter devido à autoimagem inflada 28 30 “Não respeita limites; Passa por cima de regras e das pessoas; Manutenção da própria imagem.
Desvio de caráter com tendência a desvio de valores financeiros. 20 27 “Cobrança de comissões de fornecedores; Desvio de mercadorias; Apropriação indevida de valores.
Dissimulação/mentira/intriga 22 25 Apresenta situações diferentes da realidade; Enfeita as situações para ficar melhorar imagem própria; Esconde as reais intenções; Finge emoções que não sente.
Desvio de caráter devido à baixa autoconfiança 13 17 Manipulador para seus próprios interesses; Volátil, muda de posicionamento de acordo com as situações, somente para não se comprometer; Não interage com seus pares e equipe; Desconfiado e centralizador, não delega.
Desvio de caráter devido à estrutura emocional fragilizada 8 12 Cria-se uma dependência patológica da equipe; Não traz assertividade em suas colocações; Fica em cima do muro em todas as situações.
Desvio do comportamento sexual 4 7 Assedio sexual e moral.
O comportamento esconder/omitir erros está associado aos demais comportamentos e, por isso, aparece em 100% dos casos avaliados.

 

Corrupção e crise

 

Ainda que a Operação Lava Jato, que apura desvios ligados à Petrobras, e outras investigações da Polícia Federal ocupem as manchetes há alguns anos, elas não tiveram impacto para inibir comportamentos corruptos.

A crise teve uma influência muito maior para aumentar essa incidência, diz Falchi. Na crise, cresce o desespero para não ser demitido. As pessoas passam a pensar mais em si mesmas.

Além disso, quando uma empresa passa por dificuldades, aumenta a pressão por bons resultados, e se destacam aqueles funcionários com perfil mais agressivo. A tensão pode levar algumas pessoas a buscarem esses resultados a todo custo, mesmo que por meios ilícitos, manipulação de dados ou de fornecedores.

Inteligência racional e emocional

 

A consultora diz que a inteligência também tem relação com esses atos ilícitos. Segundo ela, pessoas mais espertas conseguem achar soluções melhores para os problemas, o que pode significar também maior facilidade em criar mecanismos para obter proveito próprio.

No entanto, embora um funcionário tenha um bom conhecimento técnico, falta inteligência emocional. Segundo Falchi, as empresas não incentivam o amadurecimento emocional de seus líderes e estão mais preocupadas com cursos e especializações. “As pessoas avançam muito no conhecimento técnico, mas são frágeis emocionalmente”, diz.

Conivência

 

Quanto maior a companhia, maior sua dificuldade de acompanhar tudo o que acontece dentro dela. Assim, é difícil detectar os desvios. “Muitos se valem dessa falta de controle para obter vantagens, como fraudar reembolsos em viagens, por exemplo”, afirma a especialista.

Mesmo quando o erro é descoberto, há certa dificuldade em lidar com o assunto. Muitos chefes ficam receosos ao denunciar um funcionário desonesto, já que isso pode implicar exposição própria e da companhia. Além disso, como muitos líderes corruptos trazem bons resultados para a empresa, demitir esses funcionários poderia comprometer o resultado imediato.

Assim, a falta de consequência para atos ilícitos pode levar a outros desvios, o que compromete toda a operação. “As companhias precisam ter em mente sua sustentabilidade a longo prazo e impedir esses desvios. Não adianta trazer resultados imediatos, mas sim criar um ambiente para que a empresa prospere a longo prazo”, afirmou.

Metodologia

 

A HSD Consultoria em RH está há 20 anos no mercado, analisando perfis de funcionários em nível de liderança para avaliar os melhores candidatos para processos seletivos ou promoções. Também presta consultoria para recolocação profissional.

Por meio de entrevistas e outras ferramentas, a consultoria avalia estilo de liderança, orientação para resultados, relacionamento pessoal e integridade de conduta

Para avaliar o caráter das pessoas, a consultoria usa diversas ferramentas, de entrevistas a grafologia – análise da escrita. No entanto, para eliminar qualquer vício de percepção ou manipulação dos resultados, a análise é feita por uma equipe técnica que não interagiu com o candidato.

A cada três anos, a consultoria compila todas as entrevistas feitas e lança a pesquisa Perfil Comportamental dos Executivos. A edição de 2017 contou com 3.500 entrevistas, contra 5.000 entrevistas na edição anterior.

Possível compra da Cedae pelo BNDES gera polêmica


Economistas afirmam que o banco se desvia da rota ao comprar a enrolada estatal do Rio de Janeiro. É a volta à gestão do PT? 

 





A quem cabe resgatar o estado do Rio de Janeiro de sua penúria? Nesta semana um novo e improvável candidato veio à tona: o BNDES. Esse mesmo: o famigerado banco estatal de fomento que turbinou a política de campeões nacionais do PT e que, no início do governo Temer, caminhava a passos decididos para uma gestão de austeridade e responsabilidade.

 A proposta na mesa é que o maior banco de fomento do país compre do Estado do Rio sua empresa de saneamento, a Cedae, por cerca de 3,5 bilhões de reais. O valor ajudaria o Rio a resolver parte de seus problemas financeiros (os salários de boa parte dos servidores estão atrasados há dois meses), mas desvia de forma trágica o BNDES de sua caminhada para diminuir a interferência política de suas decisões.

 “Num momento em que se tentava deixar o banco independente e enxuto, a compra da Cedae é um desvio de foco muito grande”, diz Sergio Lazzarini, professor do Insper. Segundo notícias divulgadas ao longo da semana, a ideia de vender a Cedae ao BNDES vinha sendo gestada no governo do Rio há alguns meses. A venda foi autorizada pelo presidente Michel Temer nesta semana e, na próxima segunda-feira, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), se reúne com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e com o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, para acertar os últimos detalhes.

 Pela proposta inicial, o banco compraria a Cedae via seu braço de investimentos BNDESPar e, nos próximos meses, finalizaria a privatização da companhia. O dinheiro arrecadado com a privatização serviria como uma antecipação de recursos ao Rio para pagar salários atrasados de servidores públicos e fornecedores, que hoje está em 2,4 bilhões de reais. Nas últimas semanas, a equipe técnica do BNDES se dedica a estruturar a privatização da Cedae, papel para o qual o banco havia sido destacado. Eis que, no meio do caminho, o BNDES deixou de assessorar para também assinar um cheque bilionário.

 “O papel do BNDES na privatização é vender e não comprar para reestruturar. Se o BNDES comprar a Cedae, não haverá pressão do governo para ajudar a vender a empresa depois. Ela pode acabar ficando na carteira do banco, como já aconteceu com outras empresas, e qual o ganho que o BNDES tem com isso?”, diz Elena Landau, ex-diretora de privatizações do BNDES.

 Em gestões passadas, como na de Luiz Carlos Mendonça de Barros, nos anos 90, o BNDES investiu em empresas estatais para antecipar receitas e incentivar leis estaduais que permitissem a privatização. Mas o banco era minoritário nas companhias. Desta vez, é diferente.

 Com a compra da Cedae, o banco passaria a participar ativamente da gestão da companhia, com permissão para indicar diretores e conselheiros. Com isso, o BNDES poderia fazer todas as mudanças necessárias antes de privatizar a companhia. “O papel do banco não é de fazer gestão. O que ele vai fazer? Contratar um headhunter e mudar a diretoria? Quanto tempo isso vai levar?”, diz um economista ouvido por EXAME.

 A nova gestão

 

 Segundo informações do jornal O Globo, a compra da Cedae teria simpatia do presidente do banco, Paulo Rabello de Castro. Para economistas, a história é mais uma polêmica de Rabello, que ocupa o cargo há pouco mais de um mês e meio. “O novo presidente tem dado sinais muito desconexos, destoando da orientação que a Maria Silvia vinha trazendo, que era muito boa. No mínimo trata-se de uma série de ações de uma pessoa que não entende o papel de um banco de fomento”, diz Lazzarini. Em nota divulgada nesta quinta-feira, o BNDES informou que recebeu demanda do governo federal em relação ao processo de compra da Cedae. “O corpo técnico do banco começou a analisar a viabilidade da operação e, assim que houver informações mais precisas, elas serão divulgadas”, diz a nota.

 No início do mês, Rabello de Castro se envolveu em uma polêmica ao criticar a Taxa de Longo Prazo (TLP), nova política do BNDES definida por medida provisória editada pelo governo antes da chegada de Rabello. O economista disse que a TLP pode prejudicar as empresas tomadoras de crédito ao reduzir a “previsibilidade” das condições dos financiamentos. A declaração culminou no pedido de demissão de dois diretores do BNDES, Claudio Coutinho e Vinicius Carrasco, ambos envolvidos na criação da TLP, que passará a vigorar a partir de 2018. Após o mal estar, Rabello de Castro voltou atrás e disse estar “vinculado ao projeto”. Na quinta-feira mais um diretor, Ricardo Baldin, da área de Controladoria, Gestão de Riscos e Tecnologia da Informação pediu demissão.

O futuro do BNDES está em xeque


Nova política do governo poderá reduzir financiamentos do banco

 

Por Françoise Iatski de Lima*

 

redacao@amanha.com.br
O futuro do BNDES em xeque: nova política do governo poderá reduzir financiamentos do banco


A nova política do governo, definida por medida provisória, atinge diretamente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e prevê a implantação da Taxa de Longo Prazo (TLP) que substituirá a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), a partir de janeiro de 2018. Serão mantidos apenas os contratos que estão em vigor. A nova taxa será corrigida de acordo com os juros das Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), atualmente um dos títulos mais populares do Tesouro Direto. Esse título reflete o custo de captação de recursos pelo Tesouro Nacional (TN) junto ao mercado. Acompanha os ciclos econômicos e a taxa básica de juros. E, com isso, o custo das operações de crédito do BNDES deixa de ser uma decisão de governo e passa a acompanhar as taxas de juros de mercado.

A taxa atual, TJLP, tem seus juros decididos trimestralmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Sua base de cálculo é a meta de inflação e o risco país. A taxa de juros NTN-B (de cinco anos) será corrigida mensalmente pelo Banco Central com base na variação do IPCA mais rendimento real da NTN-B. Nos últimos dez anos, essa taxa foi mais alta que a TJLP e sofreu pressão de alta por parte dos rentistas. É uma taxa definida em leilões sob a tensão da demanda e da oferta e, portanto, será definida a TLP.

Observando dados passados do BC e do TN, ressalta-se o ano de 2002, quando a taxa de juros da NTN-B alcançou 37,8% ao ano. No período nevrálgico da crise de 2009, saltou de 7,5% para em torno 11% ao ano. Por conseguinte, esses seriam os valores da TLP se estivesse em vigência no lugar da TJLP. Será que isso viria a anular o potencial das políticas anticíclicas do BNDES em momentos de dificuldades econômicas? Cabe observar que essas políticas, por definição, não podem ser definidas pela economia de mercado. Este, geralmente, é pró-cíclico. Desta forma, a TLP não será uma taxa anticíclica, sendo definida sob a pressão do mercado financeiro em leilões de títulos NTN-B. Em sentido contrário, políticas anticíclicas são resultantes de movimentos autônomos.

Os impactos dessa medida podem ser negativos para a economia brasileira. Pode ocorrer redução dos financiamentos do BNDES devido à taxa de juros (TLP) mais elevada em relação a anterior (TJLP). Por outro lado, o banco terá folga de recursos, o que proporcionará condições para a instituição acelerar seus pagamentos ao TN. Em outras palavras, o BNDES paga a conta e fica descapitalizado, sem recursos e podendo até mesmo quebrar.

Para a economia nacional, existem riscos nessa operação. Há a possibilidade de ficar sem seu principal aparelho de financiamento do investimento da indústria e infraestrutura, além do estímulo a empresários a assumir empréstimos no exterior, em moeda estrangeira. Com receitas em reais e despesas acordadas em dólares, empresários estarão expostos a crises cambiais. História já conhecida pela economia brasileira. Para alguns especialistas mais pessimistas, esse seria um adeus ao BNDES, criado em julho de 1952 e principal fomentador da economia brasileira.

*Mestre em Desenvolvimento Econômico e professora da Universidade Positivo (UP).

http://www.amanha.com.br/posts/view/4286