“Se colocarmos o governo federal para cuidar do deserto do Saara, faltará areia em cinco anos.” – Milton Friedman, frase usada na epígrafe de Privatize Já.
Depois de mensalão e petrolão, de JBS e
BNDES, só mesmo muita cegueira ideológica para justificar alguém ser
contra as privatizações. Basta o anúncio da intenção de vender parte da
Eletrobras, por exemplo, para a empresa
ganhar
quase R$ 10 bilhões de valor de mercado em um só dia! O Ibovespa passou
de 70 mil pontos hoje por conta da forcinha das ações da Eletrobras:
Como alguém ainda tem coragem de se
colocar contrário às privatizações? Como a boa teoria liberal sempre
explicou o óbvio, corroborado pela prática, terminei meu livro Privatize Já, de 2012, com uma aposta:
Pois bem, lá fui eu fazer os cálculos,
mesmo sem o ano ter terminado. Já dá para ter uma boa ideia do
resultado. Antes, porém, um caveat: todo indicador é imperfeito,
ainda mais um como o IDH, que tem muito fator subjetivo. Além disso,
esses índices levam tempo até se ajustar à realidade dos países. Há um lag, uma defasagem. Logo, claro que não podemos tratar isso como ciência exata.
Dito isso, o resultado mostra como eu estava certo. Eis os países que mais regrediram na liberdade econômica, medida pelo
Heritage Foundation:
Barbados |
Venezuela |
Moçambique |
Líbano |
Mongolia |
Espanha |
Egito |
Brasil |
Madagascar |
El Salvador | | | |
Sim, nosso ilustre Brasil está na lista,
tendo caído cinco pontos inteiros no índice de liberdade econômica.
Valeu, PT! Obrigado, Lula e Dilma! Nesses últimos anos ficamos bem menos
livres, e isso explica em parte a desgraça econômica que estamos
vivendo hoje.
Em contrapartida, eis os países que mais avançaram na
liberdade econômica:
Georgia |
Russia |
Guiana |
Malásia |
Emirados Árabes |
Filipinas |
Latavia |
Belarus |
República do Congo |
Zimbábue | | |
Lembrando que não estamos falando de patamar absoluto, e sim da mudança relativa de 2012 a 2017. Quando analisamos
as variações no IDH
desses países, de 2012 a 2015 (último dado disponível), eis o que
temos: os países que se tornaram mais livres no período ganharam 0,0128
ponto na média no IDH, enquanto os países que se tornaram menos livres
ganharam na média apenas 0,00734 ponto.
Quando avaliamos pela mediana, a
diferença é de 0,0125 ponto para 0,0075 ponto.
Ou seja, os países que melhoraram na liberdade econômica tiveram um avanço dois terços acima do avanço dos que pioraram na liberdade econômica, em apenas três anos! Se usarmos a média simples, o salto é ainda maior: 74%!
Outra forma de analisar é comparar o
avanço percentual de cada país, já que por ponto pode ser injusto. Se um
país que tem índice baixo ganha 0,2 ponto no índice, isso não é o mesmo
que um país com índice alto avançar os mesmos 0,2 ponto.
Quando ajustamos dessa forma, eis o que
temos: os países que mais perderam liberdade econômica conquistaram
apenas 1,16% de incremento no IDH, na média, contra 2,16% de ganho dos
que ampliaram a liberdade. Em outras palavras, os países que liberalizaram mais cresceram quase o dobro no IDH daqueles que estatizaram mais, em apenas três anos.
Uma última análise, que não estava na
aposta, mas serve para ilustrar a discrepância dos ganhos entre os dois
grupos de países, é comparar o crescimento estimado de 2016 para suas
economias, com base no
World Factbook da CIA.
Os países que mais estatizaram no período devem ter um crescimento de
apenas 0,55% na média, contra 2,19% de crescimento médio dos que mais
liberalizaram. A Venezuela, que virou socialista de vez nesse período,
deve ter um recuo superior a 10% em sua economia em 2016!
Parece inegável que aumentar a liberdade
econômica produz saltos qualitativos na vida da população em pouco
tempo. O exemplo mais gritante é a Venezuela, que despencou em liberdade
econômica, fechando-se de vez ao mundo e ao setor privado, caindo mais
de 11 pontos no índice de liberdade econômica. Seu IDH de 2015
claramente não pega ainda a desgraça total em que o país mergulhou
agora.
Um amigo meu, empresário liberal gaúcho,
defende a ideia de que o Brasil merecia um instituto cujo único
objetivo fosse fazer o país avançar no índice de liberdade econômica, de
forma obsessiva. Uma só meta a seguir. Faz sentido: para tanto, seria
preciso privatizar mais, abrir os mercados, reduzir o protecionismo,
retirar obstáculos à entrada de novos bancos e empresas estrangeiras,
diminuir a burocracia etc. Enfim, abraçar o liberalismo.
E sabemos que o resultado seria
incrível. A boa teoria diz isso, toda a experiência comprova. É o livre
mercado que produz riqueza, não o governo. É a livre concorrência que
gera prosperidade, não os bancos públicos de fomento. É a competição com
base no lucro que traz o progresso, não os recursos naturais.
Infelizmente, não estou tão otimista com
o lado perdedor da aposta cumprir sua parte. Sabemos que os fatos não
importam tanto para quem só vive de ideologia ou por interesses
imediatistas. Privatizar é o caminho, isso está claro. Mas a esquerda
vai continuar pregando o atraso, seja por fé ideológica, seja para
preservar a sua teta estatal, a sua mamata.
Teremos que avançar apesar da esquerda, como sempre…
Rodrigo Constantino
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