Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Nenhuma proposta de investidor interessado em comprar a Usina São
Fernando foi apresentada no cartório da 5ª Vara Cível de Dourados, onde
fica a indústria. O prazo, estipulado pelo juiz Jonas Hass da Silva
Junior, começou a contar na segunda-feira (18) e terminou terça.
Pertencente à família do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do
ex-presidente Lula e um dos réus já condenados na Operação Lava Jato, a
São Fernando teve a falência decretada em junho pelo juiz douradense. Os
dois filhos de Bumlai que administravam o complexo formado por cinco
empresas foram afastados e Jonas Hass nomeou como administradora
judicial a empresa VCP (Vinícius Coutinho Consultoria e Perícia).
O valor mínimo para venda era de R$ 716 milhões, mas nenhum lance
foi feito. Com a ausência de propostas, Jonas Hass suspendeu a
audiência pública que ocorreria ontem para abertura dos envelopes e a
assembleia para os credores analisarem os lances, marcada para o dia 25
deste mês em primeira chamada e para 2 de outubro em segunda chamada.
O advogado Rafael Vincensi, assessor jurídico da Administração
Judicial, disse que a ausência de propostas é uma surpresa e que ainda
nesta semana a VCP vai traçar novas metas. Todo o ativo da usina,
incluindo o parque industrial, a frota, as máquinas e o chamado
patrimônio biológico – as lavouras de cana – foi colocado à venda em
bloco, ou seja, não pode ser vendido separadamente.
Risco de fechamento
A venda da São Fernando é considerada peça-chave para evitar o
fechamento da indústria. Ao pedir autorização judicial para tentar
vender a indústria, em agosto, a administradora da massa falida informou
que apesar dos bons números obtidos após a decretação da falência, tem
encontrado dificuldade para dar continuidade às atividades,
especialmente devido à falta de confiabilidade dos fornecedores e ao
endividamento, ocorrido no período em que a usina foi administrada pelos
filhos de Bumlai.
A massa falida também enfrenta dificuldade para conseguir comprar
cana-de-açúcar. Conforme a administradora, as geadas ocorridas na
região neste ano também afetaram a produtividade das lavouras. “A medida
requerida visa resguardar a integridade e preservar a valorização dos
bens, bem como garantir a manutenção do funcionamento da indústria”,
afirmou a VCP.
Funcionários – Também de acordo com a administradora judicial, a
eventual demora na venda causa risco de encerramento das atividades num
curto espaço de tempo, “o que certamente acarretará em enorme prejuízo
aos trabalhadores e aos credores da massa falida”.
A interrupção das atividades, segundo a VCP, implicaria na
desvalorização do ativo, já que haverá deterioração de instalações e
máquinas, além da possibilidade de aumento do passivo por eventuais
ações trabalhistas. A São Fernando tem pelo menos 1.200 funcionários.
“O risco ao resultado útil é concreto, atual e grave. Caso ocorra
demora na realização do ativo [venda], a inviabilização da empresa
tende a agredir os interesses dos atuais prestadores de serviços diretos
e indiretos, bem como de todas as categorias de credores da massa
falida”, argumentou a administradora judicial.
Balanço positivo
No início deste mês, a administradora judicial divulgou o balanço dos
cem dias após a falência e apresentou números positivos. Nenhum
funcionário foi demitido em razão da falência, os salários estão sendo
pagos em dia e foram mantidos os contratos de prestação de serviço
terceirizado, como colheita, transporte, alimentação e veículos.
Nos
primeiros 52 dias de administração judicial, contados no período de 9 de
junho a 31 de julho, a Massa Falida da São Fernando Açúcar e Álcool
comercializou 25.745,03 metros cúbicos de álcool, gerando um faturamento
bruto com álcool de R$ 38,6 milhões. Quando a VCP assumiu a usina, em
junho, havia 1.200 reais em caixa
Livre dos terremotos e furacões que arrebentam a parte central das
Américas, o Brasil acabou condenado a outro tipo de tragédia: sua elite.
Parte
significativa dos nossos maiores empresários é o que a Lava Jato
demonstrou que é. Como explicitado a certa altura do filme sobre a
operação, o grupo deveria reunir o que o país tem de melhor, não um
bando de criminosos.
Da elite política, a que faz rodar o mar de
lama, é que evidentemente não aparecerá nenhuma saída digna —está aí a
discussão da reforma eleitoral para provar isso.
Na liderança, por
sinal, nosso desnível se nota até no detalhe. Quem olhou com atenção a
imagem do jantar do presidente americano com seu pares latino-americanos
percebeu que o único fone de tradução visível aparece na orelha do
brasileiro.
No aspecto gerencial dessa elite, uma notícia desta
semana resume muita coisa: no Estado mais rico do país, construiu-se do
zero um aeroporto para ser a principal porta de entrada do Brasil e uma
linha de trem para acessá-lo, mas o trilho acaba a 2,5 km do novo
terminal.
A elite intelectual, por sua vez, assiste inoperante ao
derretimento de suas universidades, algo demonstrado em imagens e
rankings mundiais. Não por acaso, quem viaja por eventos internacionais
de tecnologia logo percebe que o Brasil neles inexiste.
Com uma elite
burocrática que trabalha voltada aos interesses do funcionalismo, o
imobilismo não surpreende. Mas na esfera privada a coisa não é tão
melhor. Soa emblemático o caso da chef que teve queijos apreendidos no
Rock in Rio por não cumprir uma regra sanitária básica. Quando
confrontada, a nata da sociedade reage como criança mesmo quando poderia
ajudar a solucionar um problema real.
Se a desigualdade estivesse em
queda livre, haveria um fiapo de esperança, mas não é o caso. A elite,
além de tudo, parece petrificada .
Organismo alerta que incertezas podem afetar o cenário global
Por Agência Brasil
redacao@amanha.com.br
A Organização Mundial do Comércio (OMC) elevou a estimativa
de crescimento para o comércio mundial de mercadorias em 2017, de 2,4%
para 3,6%. O organismo ressaltou que o aumento das projeções representa
“uma melhora substancial” em relação ao crescimento “fraco” de 1,3% em
2016. No entanto, destacou que o cenário global continua ameaçado por
incertezas.
A previsão de crescimento para o comércio este ano
insere-se dentro de uma banda que vai de 3,2% a 3,9%. O reforço na
perspectiva de circulação de mercadorias (na foto, o Porto de Hamburgo,
na Alemanha) é atribuído à Ásia e América do Norte, mais particularmente
à China e aos Estados Unidos. Segundo nota da OMC, o crescimento mais
forte nos dois países estimulou a demanda por importações. Na China,
houve aceleração do comércio nas rotas intra-asiáticas.
Nos
Estados Unidos, a recuperação parcial dos preços do petróleo tende a
estimular o investimento. A parte desse investimento relacionada à
importação, diz a OMC, tende a superar os demais componentes do Produto
Interno Bruto (PIB, somada das riquezas produzidas em um país) dos
Estados Unidos. Uma recuperação dos gastos nessa área teria impacto na
demanda por bens importados. “A perspectiva melhor para o comércio é uma
notícia bem-vinda, mas riscos substanciais que ameaçam a economia
mundial continuam posicionados e poderiam facilmente prejudicar qualquer
recuperação comercial”, declarou Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC.
Protecionismo
Para
Azevêdo, um dos perigos para a recuperação comercial é o discurso mais
protecionista, já que a retórica pode se transformar em “ações
restritivas ao comércio”. Os Estados Unidos já sinalizaram desejo de
renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na
sigla em inglês). Outro passo no sentido do protecionismo foi o Brexit. A
saída do Reino Unido da União Europeia foi aprovada pela população em
referendo, mas ainda não foi finalizada. Azevêdo citou ainda o aumento
na tensão geopolítica global e até mesmo o custo econômico de desastres
naturais.
Por essas razões, a OMC acredita ser improvável que o
crescimento do comércio em 2017 se mantenha em 2018. O organismo destaca
ainda que a base de comparação não terá um resultado fraco, como foi o
caso de 2016. Além disso, espera-se um aperto da política monetária nos
países em desenvolvimentos para fazer face ao Federal Reserve (Fed, o
banco central dos Estados Unidos), que gradualmente tem elevado suas
taxas de juros. O Banco Central Europeu deve reduzir o abrandamento na
zona do euro.
Na China, a expansão fiscal e o crédito fácil
deverão ser contidos, para evitar um superaquecimento da economia. Com
base nesses dados, a OMC projeta crescimento do comércio em torno de
3,2% para 2018, dentro de uma banda que vai de 1,4% a 4,4%.
O estado, por meio do Ministério Público
do Trabalho (MPT), resolve multar uma empresa “em defesa dos
trabalhadores”. Mas os próprios trabalhadores saem em defesa da empresa e
contra o estado. Os sindicatos, então, tomam o partido do estado,
contra os trabalhadores. Pode parecer estranho para os novatos, mas é a
regra quando o assunto é Brasil, com cores um tanto vermelhas de
fascismo. Este, afinal, era justamente a simbiose entre estado forte e
sindicatos, “em nome” dos trabalhadores.
A turma escolada no liberalismo, portanto, não ficará surpresa com a notícia.
Cerca de 100 ônibus com trabalhadores da Guararapes Confecções
foram para a sede do Ministério Público do Trabalho em Natal. O grupo
protestou em favor da empresa e contra a recente ação civil movida por
uma série de irregularidades identificadas nas facções da região Seridó
que participam do Pró-Sertão.
Nesta semana, por meio de suas redes
sociais, o empresário potiguar Flávio Rocha, proprietário do grupo
têxtil, mobilizou a população para a realização da manifestação, às 17
horas em frente à sede do (MPT). Recentemente, o MPT multou a Guararapes
Confecções em 38 milhões de reais por supostos abusos aos direitos dos
trabalhadores das facções do Pró-Sertão. O grau de apoio dos
trabalhadores fica claro nesse trecho dessa reportagem:
Os ônibus foram obstruídos e os
sindicatos, supostamente defensores dos trabalhadores, tentaram impedir o
acesso dos manifestantes. Não obstante, o ato reuniu
cerca de 5 mil pessoas. Os sindicalistas, sempre uma minoria barulhenta
e organizada que costuma lutar pelos próprios interesses, não os dos
trabalhadores, só não foram capazes de barrar o protesto pela imensa
superioridade numérica dos funcionários que queriam defender a empresa,
não o MPT:
Entende-se o motivo de tanto desespero
por parte dos sindicatos: não queriam que funcionários como esse abaixo
falassem, por razões óbvias. São funcionários que apoiam a empresa que
lhes garante emprego, que se sentem parte de um projeto comum, que
querem sua lucratividade, pois entendem que somente assim ela
sobreviverá e poderá não só manter seus trabalhos como eventualmente
aumentar seus salários. O MBL deu destaque para a fala dele:
Essa sim é uma manifestação legítima
de trabalhadores brasileiros: bandeiras verdes e amarelas, pessoas
honestas pedindo para que o Ministério Público do Trabalho não destrua
os empregos delas, porque elas querem trabalhar e sustentar suas
famílias com o próprio suor. Parabéns aos nordestinos que fazem este
protesto hoje! Desejamos sucesso!
Caso não saiba, o MPT-RN entrou com
uma ação contra a geração de empregos terceirizados no nordeste, e, com
isso, ameaça empregos de milhares de trabalhadores. Triste o país cujo
Estado mais atrapalha do que ajuda.
Sim, triste o país cujo estado quase
sempre só atrapalha. Esse país é certamente dominado por sindicatos
poderosos, por políticos esquerdistas, por uma mentalidade marxista que
trata patrão e empresário como exploradores. Esse país é o Brasil.
Eles
querem ganhar dinheiro, é claro. Mas não abrem mão do sonho de
transformar o mundo em um lugar melhor. Saiba quem são e o que fazem
esses empresários e como essa tendência pode ajudar o seu negócio
Pedro Paulo Diniz é um nome bem conhecido dos brasileiros. Não
somente por se tratar de um integrante da família Diniz, um dos mais
importantes e tradicionais clãs do varejo nacional. A verdade é que
Pedro, filho de Abilio, sempre procurou trilhar seu próprio caminho. No
início da vida adulta, se enveredou pelas corridas de carros. Chegou à
categoria mais importante do automobilismo, a Fórmula 1, disputando o
campeonato entre 1993 e 1999, por diversas equipes. Naquela época, ele
morou em Mônaco e desfrutou da companhia de algumas das mulheres mais
cobiçadas do mundo, como a top model Naomi Campbell e a atriz Fernanda
Lima.
Ao deixar as pistas, entrou para o mundo dos negócios – o que não foi
difícil, considerando seus recursos financeiros e sua boa formação
acadêmica, na London School of Economics. Teve como sócio, por exemplo, o
piloto Alain Prost e a montadora Renault, em projetos que envolviam o
mundo dos motores. Chegou até a vender equipamentos para piscinas.
Enfim, Pedro fazia o típico perfil do herdeiro: rico, bem formado,
cobiçado e com tudo pronto para dar continuidade ao império familiar.
Mas tudo isso mudou, em algum ponto de 2003.
Ele não diz exatamente quando ou o que o fez repensar suas escolhas.
Talvez tenha sido a ioga, que começou a praticar, dizem, por influência
da ex-mulher, Tatiane Floresti. O filme Uma Verdade Inconveniente,
produzido pelo ex-vice-presidente americano Al Gore, sobre o aquecimento
global, também contribuiu para a transformação. O fato é que decidiu
abandonar esse estilo de vida e, em 2009, se mudou para a Fazenda da
Toca, um dos retiros de veraneio da família, localizada em Itirapina,
pequeno município de 16 mil habitantes a cerca de 200 quilômetros da
capital paulista. Na propriedade, que atualmente soma 2,3 mil hectares,
após a compra de algumas fazendas vizinhas, ele construiu sua casa, a
uma distância razoável da sede, onde os Diniz ainda hoje costumam passar
momentos de férias, e decidiu cultivar alimentos orgânicos.
Hoje, o local produz e comercializa, em parceria com outros
produtores, 700 toneladas de milho por ano, 570 toneladas de polpa de
frutas como laranja, goiaba, manga, limão e maçã, além de 65 mil ovos
diariamente, graças à criação de 107 mil aves. Tudo é vendido para
grandes varejistas, como Pão de Açúcar e Carrefour, no caso dos ovos, e
para indústrias, no caso das polpas. Foi uma resolução tão racional
quanto espiritual. “Foi uma decisão de vida. Veremos, na minha geração,
uma grande mudança nas empresas e no jeito de se investir”, afirmou
Diniz à DINHEIRO. “Ficou claro para mim, quando deixei a minha outra
vida e voltei ao Brasil, no início dos anos 2000, que só fazia sentido
investir no que traz retorno à sociedade.” O herdeiro magnata cansou da
vida que tinha, se mudou para o mato e abraçou a sustentabilidade.
A história do ex-piloto que virou agricultor está longe de ser um
caso isolado. Diniz faz parte de um movimento cada vez maior de
empresários, altos executivos e herdeiros que estão questionando algumas
bases do capitalismo. Nesse processo, eles estão quebrando paradigmas e
desenvolvendo um modelo melhorado do sistema econômico que hoje rege o
mundo. A ideia é criar negócios que tenham um impacto social positivo e
tragam benefícios à sociedade, sem, no entanto, perder o contato com o
lucro. Parte-se do princípio que toda empresa precisa gerar retorno
financeiro e social, sendo que uma coisa está ligada à outra.
Ou seja, sem lucro, não há como melhorar a sociedade. Mas o
lucro às custas da sociedade não é, de fato, um ganho, é uma ilusão do
sistema capitalista. A quebra de paradigma, no caso, está na
constatação de que o próprio negócio se encarrega de fornecer esse
retorno social. Não basta simplesmente utilizar parte dos ganhos para
criar um programa filantrópico, ou coisa do tipo. É preciso que toda a
atuação da empresa seja pensada de forma responsável e que a
consequência do trabalho, seja ela um produto ou um serviço, esteja
imbuída de efeitos positivos aos clientes, funcionários, acionistas e,
claro, ao planeta.
Essa tendência é muito forte lá fora e está chegando de forma mais
intensa ao Brasil. Aqui, a expectativa é de que esses empreendimentos
atraiam R$ 50 bilhões por ano em investimentos, até 2020, segundo
cálculos da Força Tarefa de Finanças Sociais (FTFS), grupo criado para
incentivar aportes do tipo, que conta com apoio de empresas e
instituições como J.P. Morgan, Vox Capital, BNDES, Fundação Getúlio
Vargas, entre outros. Lá fora, entre os grandes precursores do movimento
chamado de capitalismo consciente está o Whole Foods, adquirido pela
Amazon há dois anos. Outros exemplos são a grife de roupas Patagonia e a
companhia áerea Southwest, pela postura agressiva de neutralização de
carbono e ações de apoio social.
No Brasil, DINHEIRO mapeou uma série de iniciativas de impacto
social, capitaneadas por nomes ligados a famílias tradicionais ou que
possuem um histórico de sucesso no mundo corporativo, que já estão em
fase avançada de desenvolvimento. Esses empresários, dos setores de
indústria, serviços e finanças, possuem histórias de vida diferentes,
mas uma coisa em comum: recursos financeiros abundantes, seja por
sucesso profissional, seja por herança. Em certo ponto de suas vidas,
eles decidiram que deveriam fazer algo mais significativo com seu
dinheiro. A consequência é um movimento de pessoas influentes na
economia, com nome, reputação, capacidade de fazer a roda girar e a
disposição de enfrentar riscos e a incredulidade de seus próprios pares.
O que os move é a certeza de que o capitalismo pode ser melhorado. E
que o sucesso de um não é a desgraça do outro.
Onde muitos podem enxergar certa dose de hipocrisia, há, na verdade,
tentativas sinceras de se criar grandes negócios transformadores. A
Fazenda da Toca é emblemática nesse sentido. Se, por um lado, existe uma
motivação espiritual no movimento, por outro, Pedro Paulo Diniz e sua
família – em maior ou menor grau, dependendo do parente, ele ressalta –
acreditam que a fazenda é um modelo do que virá a ser o capitalismo do
futuro. “As empresas que não mostrarem o benefício que trazem para a
sociedade serão dispensadas”, afirma Diniz. A intenção dele, portanto,
não é viver sossegado cultivando hortinhas, ou produzir alimentos
orgânicos para entrar em um nicho de mercado. Sua missão é tornar a
agricultura orgânica tão competitiva quanto a que utiliza agrotóxicos.
Para isso, a empresa aposta no conceito de agrofloresta.
Basicamente, trata-se de um modelo que replica a perfeita harmonia
entre diferentes espécies da natureza. Na Toca, árvores frutíferas como
bananeiras, pés de maracujá e de limão são plantados juntamente com
eucaliptos e outras culturas. Os agrônomos da fazenda entendem que as
pragas são sinais de que alguma coisa está desbalanceada. Então, em vez
de apostar na monocultura e nos venenos, eles buscam formas de agregar
várias plantações no mesmo local. Até os animais, como as galinhas,
recebem tratamento especial: apenas se alimentam com ração orgânica e
têm horários de passeio pela natureza. É difícil, mas compensa.
Ao contrário da agricultura tradicional, em que os custos aumentam à
medida que o solo vai sendo danificado pelo uso de produtos químicos, na
agrofloresta, a cada colheita, fica mais barato plantar. Pelos cálculos
de Diniz, que não revela cifras de seus negócios, o sistema de
agrofloresta representa uma redução de até 75% nos custos totais, já que
não há despesa para regularização do solo danificado. Além da vantagem
financeira, o objetivo é chegar a um ponto de perfeição em que o próprio
ciclo da natureza se encarregue praticamente de tudo, incluindo
adubação, proteção e irrigação. No fim do dia, Diniz estará com uma
verdadeira mina de ouro nas mãos. E os benefícios sociais são claros:
comida boa e acessível, menos consumo de água e nenhum químico, como
querem muitos consumidores.
Um negócio de impacto social difere do tradicional pelo fato de levar
em conta absolutamente tudo que está em volta da empresa. No jargão
corporativo, esse modelo abraça o chamado triple bottom line (do inglês,
as três consequências): dinheiro, pessoas e planeta. Se alguma dessas
instâncias é afetada, o negócio não é bom e, portanto, precisa mudar.
Pode não parecer, mas trata-se de uma ideia bastante capitalista. “Esse
modelo traz mais retorno e menos risco para os investidores”, afirma
Daniela Barone Soares, CEO da Granito & Capital, banco de
investimentos devotado, em suas próprias palavras, a “transformar a
economia global em uma economia de impacto social.” Ex-executiva do
mercado financeiro, ela trabalhou em posições de destaque em
instituições como BankBoston, Citibank e Goldman Sachs, no Brasil, na
Europa e nos Estados Unidos.
Há cerca de dez anos, ela passou a atuar com filantropia. Entre 2006 e
2015, foi CEO da Impetus Private Equity Foundation, uma das principais
instituições filantrópicas do Reino Unido. Em agosto passado, Daniela e
um grupo de peso do mercado financeiro lançaram a Granito&Capital,
startup que tem como meta captar US$ 2 bilhões para projetos de impacto
social. Dentre os setores principais, estão no foco energias limpas e
mobilidade. Entre os sócios investidores da Granito&Capital estão
Fabio Barbosa, ex-presidente dos bancos ABN Amro, Real e Santander no
Brasil, Heinz-Peter Elstrodt, que comandou a consultoria McKinsey na
América Latina, e Antonio Ermírio de Moraes Neto, cujos nome e
sobrenome, iguais aos do avô, dispensam apresentações.
O banco faz parte do Granito Group, holding dedicada à economia de
impacto com operações globais a partir de Londres, Zurich, Miami e São
Paulo, fundada em 2015 por Rodrigo Tavares, especialista em relações
internacionais e consultor da ONU. Além do braço financeiro, o grupo
atua como consultoria com a Granito&Partners e tem um think tank sem
fins lucrativos, o Impact Economy Foundation, para promover o debate em
torno dos princípios de sustentabilidade. Já que é para mudar o mundo, é
melhor começar com nomes de impacto. Dentre os clientes de consultoria e
investimentos do Granito estão Microsoft, Siemens, Fibria, J. Safra
Sarasin, WWF, RichMond Global e a MinutoMed.
MILLENIALS
São dois os principais motivos para
investidores e empresas buscarem ativos de impacto social em seus
investimentos. Primeiro, como diz Daniela, os riscos são menores, pois
elimina-se, de cara, qualquer adversidade que venha surgir nas searas
ambiental, social e de governança. Adicional-mente, como a qualidade do
ativo é melhor, os ganhos são maximizados. “É um bom negócio”, insiste.
Mas há um segundo aspecto, mais importante e inevitável. “As novas
gerações não admitem empresas que não tenham um propósito”, diz a
executiva. Uma coisa é líquida e certa: nos próximos 30 anos, haverá a
maior transferência de renda da história da humanidade, das gerações
baby boomer e X, nascidos após a Segunda Guerra Mundial, nas décadas de
1940 a 1960, para a geração Y, formada pelos que vieram ao mundo nos
anos 1980 em diante, também conhecidos como millenials.
O fenômeno, diz Daniela, vai gerar transformações profundas em todos
os setores. “Em algum ponto das próximas três décadas, isso vai
acontecer, e é preciso estar preparado”, afirma. Preparar-se
significa encontrar a missão social que move sua empresa. Millenials, ao
contrário dos seus pais, não trabalham apenas por dinheiro.
Eles são motivados por ideais de vida e pelo entendimento de que é
possível passar por esse mundo sem causar nenhum impacto negativo. Eles
também não se apegam ao propósito de defender o capitalismo a qualquer
custo. Ninguém quer o comunismo, mas isso não significa que o atual
modelo seja perfeito.
Isso fica claro quando se olha para o quadro de funcionários da
Avante, empresa fundada por Bernardo Bonjean, ex-sócio da XP
Investimentos e sobrinho do diplomata Sérgio Vieira de Melo, morto em um
ataque terrorista no Iraque, em 2003, quando atuava na ONU.
Especializada em microcrédito, a Avante é quase um microcosmo desse
movimento. Bonjean criou o negócio após se tornar pai. “Eu tinha uma
posição financeira segura, mas me questionei se era isso que eu queria
deixar para meus filhos”, diz o empresário. A empresa atua apenas em
regiões periféricas e de baixo desenvolvimento social.
Resumindo, ela empresta dinheiro para pessoas pobres. Com isso,
espera ajudar no desenvolvimento dessas comunidades. Exige retorno, como
todo banco. Mas justo e que possibilite o pagamento sem comprometer a
renda do tomador. Para isso, utiliza um método de avaliação mais
pessoal. Os empréstimos são feitos por meio de agentes que moram dentro
das comunidades. Assim, se consegue ter uma relação mais próxima e de
confiança com os clientes. Seus índices de inadimplência, assegura
Bonjean, são menores do que a média do mercado. Qualquer semelhanca com o
modelo criado pelo Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, no Grameen
Bank, não é mera coincidência..
Quando visitou o escritório da Avante, na capital paulista, a
reportagem da DINHEIRO foi recebida por um jovem vestindo camisa de
flanela, num visual meio grunge. Simpático, ele fez questão de preparar e
servir um café aos visitantes, enquanto aguardava pela chegada do
chefe. O “recepcionista” em questão era Felipe Steinbruch, filho mais
novo de Benjamin Steinbruch, principal executivo e acionista da
siderúrgica CSN, um dos ícones do industrialismo brasileiro nas últimas
décadas. Steinbruch é colega de trabalho de Laís Trajano, sobrinha de
Luiza Helena Trajano, a mulher de ferro do varejo nacional, controladora
do Magazine Luiza. Laís assumiu, recentemente, a diretoria de RH da
Avante. São jovens que poderiam estar trabalhando praticamente em
qualquer lugar, ou nem trabalhar. Mas escolheram um negócio de impacto
social.
Ambos são, ainda, colegas de Edinho Luis da Silva, morador da favela
de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo e que já teve seus problemas
com a lei, mas hoje opera como agente da empresa na comunidade. Em
junho, Edinho e Bonjean estiveram na ONU, em Nova York, para receber um
prêmio de empreendedorismo – como nada na vida é fácil, os dois foram
assaltados na Big Apple. “Nosso objetivo é criar oportunidades”, diz
Bonjean. Há dois meses, a empresa captou R$ 38,6 milhões em uma rodada
de investimentos, sendo avaliada em R$ 263 milhões. A Avante já concedeu
mais de R$ 100 milhões em microcréditos, impactando cerca de 30 mil
empreendedores.
Nivelar o acesso às oportunidades é, indiscutívelmente, uma questão crucial para o capitalismo,
segundo o professor Carl Voigt, da Universidade do Sul da Califórnia
(USC), nos Estados Unidos, cujo mais recente trabalho aborda os desafios
da indústria de alimentos em garantir a segurança alimentar, diante de
um cenário de retrocesso na globalização. “O sistema capitalista depende
da globalização”, disse o professor à DINHEIRO. “Porém, nesse processo
competitivo entre os países, algumas pessoas acabam sendo deixadas de
fora.” O resultado disso é a ascensão do populismo e do nacionalismo,
como pôde ser observado com a eleição de Donald Trump, nos EUA, e a
votação do Brexit, no Reino Unido. “A sociedade e as empresas precisam
do chamado level playing field (jogo nivelado, em tradução livre) ”,
afirma Voigt. “O sucesso de uma pessoa não pode depender do lugar onde
ela nasceu.” Infelizmente, não é isso que acontece. E um dos principais
motivos está no acesso à educação. Resolver esse problema é o foco de
Claudio Sassaki, fundador da Geekie.
Nascido em uma família de imigrantes japoneses, Sassaki teve de
trabalhar para se bancar durante os estudos – a faculdade saiu de graça,
já que ele passou em primeiro lugar no vestibular da Universidade de
São Paulo, onde cursou engenharia. De berço, não veio dinheiro, mas o
gosto e a dedicação pelo estudo. A inteligência acima da média e o
esforço pessoal o levaram ao topo do mundo corporativo. Como executivo
do setor financeiro, ele ocupou o cargo de vice-presidente do Credit
Suisse nos Estados Unidos. A modéstia, ou a clareza de como funciona o
universo, o impedem de requerer para si os louros da brilhante carreira.
“Eu não consegui nada sozinho”, diz Sassaki. A partir dessa conclusão, e
da vontade de deixar um legado positivo, ele fundou a Geekie, uma
plataforma de ensino que utiliza a tecnologia para personalizar e
aprimorar o aprendizado. “Com nosso sistema, nos locais em que atuamos
já conseguimos zerar a defasagem entre escolas públicas e privadas.”
O sistema da Geekie utiliza algoritmos que identificam as
dificuldades individuais de cada aluno. Assim, o professor consegue
criar, de forma automática, planos personalizados de estudo. É uma ideia
simples, mas que envolve matemática complexa. Em 2015, a empresa
recebeu um aporte de US$ 7 milhões de dois fundos, incluindo a Omidyar
Network, empresa filantrópica criada pelo fundador do eBay, Pierre
Omidyar. Até hoje, mais de 5 mil escolas utilizaram a plataforma, com
cerca de 5 milhões de alunos. A maioria delas particulares, mas o
objetivo é levar o sistema, principalmente, ao ensino público. Nesse
quesito, a Geekie esbarra na burocracia do governo, uma vez que as
licitações raramente contemplam tecnologias voltadas para a educação.
FINANCIAMENTO
A burocracia é um problema que envolve
praticamente todo empreendedor que tente levar adiante esse modelo.
Segundo o Mapa de Negócios de Impacto Social + Ambiental, produzido pela
consultoria Pipe.Social, apenas 8% das empresas sociais em fase de
organização do negócio no País recebem apoio de editais do governo. Nas
fases de idealização e protótipo, diz a pesquisa, os maiores incentivos
vêm dos chamados 3Fs: family, friends and fools (família, amigos e
bobos, em inglês). Nessa questão dos recursos, o Brasil está bem
atrasado em relação aos países desenvolvidos. “As startups têm
dificuldade de acesso a investimento em um período chamado vale da
morte, que compreende os estágios iniciais de vida”, afirma Carolina
Aranha, cofundadora da Pipe.Social. “A grande barreira para o investidor
apostar em negócios de impacto está no alto rendimento do dinheiro no
banco. Com juros altos, os riscos ficam menos atrativos.”
Apesar da falta de apoio do governo e do cenário econômico adverso, a
consultoria mapeou 579 negócios de impacto social no Brasil, 70% deles
formalizados. Agora, o impacto social não está restrito a novas
empresas. Pedro Paulo Diniz afirma que na Península, holding que
concentra os negócios da família Diniz, da qual ele é um dos
conselheiros, há várias discussões sobre como difundir o conceito nos
investimentos da holding, entre eles a BRF, maior processadora de
alimentos do Brasil. Mas é preciso coragem para fazer transformações
profundas em negócios estabelecidos. É o que não falta a Jorge Hoelzel
Neto, herdeiro da Mercur, fabricante de produtos à base de látex.
Fundada em 1924, a companhia é conhecida pelas borrachas escolares, que
vinham marcadas com a figura de um indiozinho. Hoje, a Mercur atua na
área médica e esportiva, com bolsas de água quente, almofadas
terapêuticas e ataduras elásticas.
Desde 2010, Hoelzel vem tocando um programa para estabelecer um
modelo diferente de fornecimento de látex, em parceria com comunidades
ribeirinhas na região de Altamira, no Rio Xingu. O empresário é
considerado um modelo de atuação responsável até pelas ONGs que atuam na
área, como o Instituto Socioambiental (ISA). A ideia é que a relação
seja feita em mão dupla. O preço do produto é definido diretamente com
as comunidades de seringueiros, de acordo com a necessidade deles e a
disponibilidade de extração. Dessa forma, evita-se a criação da figura
do intermediário, necessária quanto a demanda é por um preço baseado na
cotação de mercado. Pequenas comunidades extrativistas têm dificuldade
em manter uma produção recorrente. O impacto desse tipo de atividade é
praticamente zero, pois o extrativismo depende da conservação da
floresta.
Mas Hoelzel não se limitou a revolucionar a cadeia de fornecimento da
Mercur. Por sinal, a lenda em Altamira é de que a transformação do
empresário ocorreu após uma viagem de férias pela Amazônia, em que ele
teve contato com um universo, até então, desconhecido e passou por um
momento de revelação espiritual – Hoelzel, porém, não entra em detalhes.
O fato é que, além do projeto de extração de látex, o empresário
decidiu abolir da sua empresa a figura do chefe. Não apenas do
presidente e dos diretores: na Mercur, não há gerentes, supervisores ou
qualquer cargo de chefia. O modelo é o de comissões focadas em tarefas
específicas.
Os líderes dos projetos são escolhidos conforme o trabalho a ser
feito. “Se o assunto for o café, por exemplo, quem encabeça é a
copeira”, explica Hoelzel. Trata-se de um experimento que já dura alguns
anos, e com bons resultados. A empresa fatura mais de R$ 100 milhões
por ano e seu crescimento é constante. “É algo novo que estamos
tentando, e tivemos alguns aprendizados. Mas está valendo a pena”,
afirma. Como costumam dizer os americanos, o primeiro a atravessar o
muro sempre fica ensanguentado. Mas a grande recompensa está do outro
lado. O momento é de quebrar barreiras e acreditar que é possível ter
sucesso e mudar o mundo. E viva o capitalismo.
A Alpargatas informou, por meio de fato relevante, que a
Itaúsa (holding de investimentos do Itaú), Cambuhy Investimentos (fundo
da família Moreira Salles) e Warrant Administração de Bens e Empresas
concluíram a aquisição das ações que eram de propriedade da J&F
Investimentos. Com isso, os compradores passam a ser os novos acionistas
controladores da companhia, com 54,24% de participação no capital.
O negócio foi anunciado no dia 12 de julho. A J&F Investimentos
detinha 255.183.112 ações, sendo 207.246.069 ações ordinárias e
47.937.043 ações preferenciais. O preço total do negócio foi de R$ 3,5
bilhões, sendo R$ 14,25 o valor atribuído por ação ordinária e R$ 11,40
por preferencial, vendidas pela J&F.
Itaúsa
A Itaúsa, por sua vez, informou que, com o fechamento da transação,
adquiriu 27,12% do capital total da Alpargatas, representado por
103.623.035 ações ordinárias e 23.968.521 ações preferenciais,
desembolsando o montante de R$ 1,739 bilhão, sendo o preço por ação
equivalente a R$ 14,17 por ação ordinária e R$ 11,32 por ação
preferencial, após ajustes efetuados em razão do pagamento de juros
sobre capital próprio aos acionistas. Os recursos utilizados pela Itaúsa
nessa aquisição serão recompostos por meio da emissão de notas
promissórias.
OPA
De acordo com o comunicado divulgado nesta quarta-feira, 20, pela
Alpargatas, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou
a operação. Por lei, os compradores têm agora a obrigação de realizar a
oferta pública de aquisição das ações com direito a voto de propriedade
dos demais acionistas da companhia, detentores de ações ordinárias, de
modo a assegurar a tais acionistas o preço no mínimo igual a 80% do
valor pago por ação ordinária à J&F. O registro perante a CVM deverá
ser feito em um prazo de 30 dias a partir de hoje.
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O
número de pedidos de recuperação judicial caiu 25,8% no primeiro
semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2016. De acordo com
economistas da Serasa Experian, a redução da inflação e dos juros, a
estabilização do dólar e a retomada - ainda que lenta - do crescimento
da economia contribuíram para a queda dos pedidos de recuperação
judicial neste ano.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, apresentou ao presidente Michel Temer uma minuta de projeto de lei
para modificar a Lei 11.101/2005, que trata da recuperação
judicial. Mas o cenário ainda não é satisfatório e, segundo
especialistas, é preciso simplificar todo o processo de recuperação
judicial.
“A crise econômica fez crescer os pedidos de pedidos de
recuperação judicial nos últimos anos em todo o país. O processo de
decisão judicial tem de andar no ritmo da economia. Uma decisão judicial
que demora um mês, por exemplo, para ser deferida pode ser fatal para
uma empresa e levá-la a quebrar. É preciso facilitar o trâmite judicial e
isso se faz com especialização”, defende Daniel Carnio Costa, juiz da
1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo
Segundo ele, uma das grandes inovações previstas da minuta entregue
ao presidente Temer é a criação de Varas Especializadas em Recuperação
Judicial com competência regional. Para o juiz, o número de pedidos de
recuperação judicial cresceu 200% nos últimos dois anos em função da
crise econômica e o Judiciário nem sempre responde no tempo necessário a
essas demandas.
“A eficiência da lei é a garantia que vai ser
aplicada em sua plenitude. Se não tiver juízes especializados no tema
não adianta muito ter alterações. A ideia contida no projeto de reforma é
que todos os casos sejam julgados por varas especializadas com
competência mais abrangente”.
A opinião é compartilhada pelo
advogado Paulo Fernando Campana Filho, sócio do Felsberg Advogados. “A
reforma é necessária para trazer mais eficiência ao processo de
insolvência, para facilitar a venda e o financiamento de empresas em
dificuldades e consertar distorções”.
Mas há ainda quem tenha
certas reservas em relação ao projeto. “Ao que tudo indica, a reforma da
Lei de Recuperação Judicial não terá êxito em equilibrar o tratamento
dispensado aos bancos com aquele dado a todos os demais credores. Com o
conhecido argumento do “possível aumento nas taxas de juros”, as
instituições financeiras estão conseguindo preservar suas super
garantias fiduciárias. Confirmada a expectativa já anunciada, nos resta
torcer para que os magistrados equalizem sempre que possível tamanho
descompasso de forças”, observa Edemilson Wirthmann Vicente, sócio do
escritório Vicente Advogados Associados e presidente da Comissão de
Direito Falimentar e Recuperação Judicial.
Debate sobre recuperação
Apesar da queda nos números oficiais e da intenção do governo de
facilitar o processo, o fantasma da recuperação judicial ainda ronda e
assusta muitas empresas. Por isso, é cada vez maior a procura por
advogados e profissionais especializados.
O tema será discutido
por 13 palestrantes no Seminário Recuperação Judicial, que acontecerá
nos dias 24 e 25 de outubro, durante a 14ª edição da Fenalaw. A revista eletrônica Consultor Jurídico é mídia oficial da Fenalaw em 2017. O evento será entre os dias 24 e 26 de outubro. Para mais informações, acesse o site oficial.