Organismo alerta que incertezas podem afetar o cenário global
A Organização Mundial do Comércio (OMC) elevou a estimativa
de crescimento para o comércio mundial de mercadorias em 2017, de 2,4%
para 3,6%. O organismo ressaltou que o aumento das projeções representa
“uma melhora substancial” em relação ao crescimento “fraco” de 1,3% em
2016. No entanto, destacou que o cenário global continua ameaçado por
incertezas.
A previsão de crescimento para o comércio este ano
insere-se dentro de uma banda que vai de 3,2% a 3,9%. O reforço na
perspectiva de circulação de mercadorias (na foto, o Porto de Hamburgo,
na Alemanha) é atribuído à Ásia e América do Norte, mais particularmente
à China e aos Estados Unidos. Segundo nota da OMC, o crescimento mais
forte nos dois países estimulou a demanda por importações. Na China,
houve aceleração do comércio nas rotas intra-asiáticas.
Nos
Estados Unidos, a recuperação parcial dos preços do petróleo tende a
estimular o investimento. A parte desse investimento relacionada à
importação, diz a OMC, tende a superar os demais componentes do Produto
Interno Bruto (PIB, somada das riquezas produzidas em um país) dos
Estados Unidos. Uma recuperação dos gastos nessa área teria impacto na
demanda por bens importados. “A perspectiva melhor para o comércio é uma
notícia bem-vinda, mas riscos substanciais que ameaçam a economia
mundial continuam posicionados e poderiam facilmente prejudicar qualquer
recuperação comercial”, declarou Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC.
Protecionismo
Para
Azevêdo, um dos perigos para a recuperação comercial é o discurso mais
protecionista, já que a retórica pode se transformar em “ações
restritivas ao comércio”. Os Estados Unidos já sinalizaram desejo de
renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na
sigla em inglês). Outro passo no sentido do protecionismo foi o Brexit. A
saída do Reino Unido da União Europeia foi aprovada pela população em
referendo, mas ainda não foi finalizada. Azevêdo citou ainda o aumento
na tensão geopolítica global e até mesmo o custo econômico de desastres
naturais.
Por essas razões, a OMC acredita ser improvável que o
crescimento do comércio em 2017 se mantenha em 2018. O organismo destaca
ainda que a base de comparação não terá um resultado fraco, como foi o
caso de 2016. Além disso, espera-se um aperto da política monetária nos
países em desenvolvimentos para fazer face ao Federal Reserve (Fed, o
banco central dos Estados Unidos), que gradualmente tem elevado suas
taxas de juros. O Banco Central Europeu deve reduzir o abrandamento na
zona do euro.
Na China, a expansão fiscal e o crédito fácil
deverão ser contidos, para evitar um superaquecimento da economia. Com
base nesses dados, a OMC projeta crescimento do comércio em torno de
3,2% para 2018, dentro de uma banda que vai de 1,4% a 4,4%.
http://www.amanha.com.br/posts/view/4538
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