O braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDESPar) e a Caixa Econômica Federal, acionistas
da JBS (controlada pela holding J&F, da família Batista),
conseguiram ontem na Justiça Federal de São Paulo liminar para impedir
que os controladores da companhia votem hoje na assembleia geral
extraordinária. A reunião, marcada para as 10h, vai discutir, entre
outras questões, a saída de Wesley Batista do comando da empresa de
alimentos. A J&F vai recorrer da decisão, apurou o ‘Estado’.
Em entrevista ao Estado, Ricardo Lacerda, presidente da BR Partners,
banco de investimento contratado pela J&F para mediar as negociações
entre a família Batista e o BNDESPar, disse que os controladores
tentaram um acordo amigável com o banco de fomento, mas que, agora, o
assunto será discutido na Justiça. “O BNDES deveria ter aceito o pedido
de adiamento da assembleia feito na segunda-feira”, afirmou o banqueiro.
A família Batista detém 42,1% da JBS, por meio da FB Participações, e
o BNDESPar, segundo maior sócio, possui 21,3% da empresa. A Caixa tem
cerca de 5%. “Ao entrar na Justiça, o BNDES vai ter de responder por
seus atos”, disse Lacerda. “O BNDES está usando Brasília para prejudicar
os interesses da companhia.”
As delações dos irmãos Batista à Procuradoria Geral da República
envolveram o presidente da República, Michel Temer. O BR Partners
assessorou o grupo francês Casino, dono do Grupo Pão de Açúcar, na
disputa societária com Abilio Diniz.
A família assinou um acordo de leniência com o Ministério Público
Federal e se comprometeu a pagar multa de R$ 10,3 bilhões. Procurada, a
JBS não comenta. Já a J&F informou, por meio de nota, que “não tem
conhecimento do teor da decisão. Tão logo a empresa seja intimada, irá
analisar e tomará as medidas legais cabíveis.”
Embate.
No dia 14 de agosto, o BNDES declarou a
intenção de votar pela saída de Wesley Batista por entender que o
empresário pode prejudicar os interesses da companhia. Na segunda-feira,
a JBS informou ao mercado que os representantes do conselho da
companhia haviam decidido pela permanência de Wesley no comando da JBS.
Foram sete votos a favor e dois contra. Apenas Maurício Luchetti e
Claudia de Azeredo Santos, representantes do BNDES no conselho, foram
contrários. Os demais acionistas argumentam que Wesley, que tem mandato
até 2019, é considerado peça importante nas renegociações de dívidas da
empresa.
Na terça-feira, a CVM tinha decidido pela permanência dos
representantes da família na assembleia por entender que não havia
conflito de interesse. Se não conseguir derrubar a liminar na Justiça
até o início da reunião, Wesley deverá deixar o comando do grupo. Seu
irmão, Joesley Batista, que era presidente da holding J&F, renunciou
ao posto e também saiu do conselho.
A família está em negociações para a venda da Eldorado (papel e
celulose) para a asiática APP. A Moy Park, negócio de carnes processadas
da Irlanda, está em processo de venda e atraiu interesse de diversos
grupos estrangeiros. O ativo de energia Âmbar está sendo negociado para a
gestora canadense Brookfield. A gestora não comentou o assunto.
“O BNDES deveria ter aceito o pedido de adiamento da assembleia. Ao
entrar na Justiça, o banco vai ter de responder por seus atos. O BNDES
está usando Brasília para prejudicar os interesses da companhia.”
http://www.istoedinheiro.com.br/bndes-e-familia-batista-travam-disputa-na-justica-antes-de-assembleia-da-jbs/
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