O presidente da China, Xi Jinping, defendeu ontem que os
cinco países dos Brics abram suas economias, promovam reformas, criem
cadeias de produção globais e surfem na revolução industrial tecnológica
para criar novos motores de desenvolvimento. O grupo que impulsionou a
expansão mundial na década passada teve performances díspares nos
últimos anos, quando China e Índia mantiveram forte ritmo de
crescimento, Brasil, Rússia África do Sul mergulharam na recessão.
No discurso que fez a empresários dos Brics em Xiamen, no Sul
da China, Xi reconheceu que sócios do bloco enfrentaram ventos
contrários de intensidade variada. A queda no preço das commodities e da
demanda global e o aumento de riscos financeiros representam desafios
para os cinco países, afirmou o líder chinês. Entre os que assistiram
seu pronunciamento, estava o presidente Michel Temer.
“Nós devemos aproveitar a oportunidade apresentada pela nova
revolução industrial para promover o crescimento e mudar o modelo de
desenvolvimento por meio da inovação”, afirmou Xi em um discurso de 45
minutos. “Nós devemos remover os impedimentos para o crescimento por
meio de reformas, remover barreiras institucionais e sistêmicas e
energizar o mercado e a sociedade, para atingir um crescimento de melhor
qualidade e mais resiliente e sustentável.”
Xi defendeu que os cinco países do Brics se abram mais para os
parceiros do bloco, ampliem seus interesses convergentes e invistam em
infraestrutura que possibilidade uma maior integração. “O
desenvolvimento de mercados emergentes e em desenvolvimento não é
destinado a mexer no queijo de ninguém, mas a tornar a torta do
crescimento global maior”, afirmou o líder chinês.
Como em muitos de seus pronunciamentos recentes, o presidente
chinês condenou o protecionismo e defendeu a globalização. Mas o
discurso nem sempre está em sintonia com a realidade de seu próprio
país, que mantém vários setores fechados para investimentos
estrangeiros.
O conceito Bric, sem o S da África do Sul, foi construído em
2001 pelo economista Jim O’Neill, que na época trabalhava no Goldman
Sachs. Em sua avaliação, Brasil, Rússia, Índia e China seriam os líderes
econômicos do século 21 e a de suas economias seria maior que as do
países do G7 em 2035.
Decepção
Em artigo publicado no Huffington Post quinta-feira, O’Neill
disse que mantinha sua projeção, apesar de a performance do Brasil e da
Rússia ter sido decepcionante quando comparada às de suas expectativas
de 16 anos atrás. Isso só será possível graças a força do país de Xi
Jinping, observou.
“A China foi tão bem que sua economia agora é maior que as do
Brasil, Rússia, Índia e África do Sul combinadas e, em um futuro não
muito distante, ela vai se tornar duas vezes maior. Portanto, não há
dúvida: a China domina os Brics economicamente”, escreveu O’Neill no
artigo.
O presidente da consultoria Eurasia, Ian Bremmer, divide o
bloco em dois grupos. No primeiro, estão a China e a Índia, que
aproveitaram a globalização para se integrar a cadeias globais de
produção. O outro reúne os que usaram a globalização para vender
recursos naturais -Brasil, Rússia e África do Sul. De longe, a maior
história de sucesso é a China, que se transformou na segunda maior
economia do mundo e em seu primeiro exportador.
Em seu discurso, Xi Jinping também defendeu que o Brics amplie
sua influência global, com a criação de parcerias com outros países, e
se transforme em uma plataforma para a cooperação Sul-Sul e o diálogo
Sul-Norte. “Nós deveríamos promover a cooperação “Brics Plus” e
construir uma rede ampla e diversificada de parcerias de
desenvolvimento.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.istoedinheiro.com.br/
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