quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Mercado externo é bom ambiente para testar estratégias


3º Fórum de Comércio Exterior do Sul debateu como aumentar a competitividade das exportações da região

Por Dirceu Chirivino

dirceu@amanha.com.br
3º Fórum de Comércio Exterior do Sul debateu como aumentar a competitividade das exportações da região


Apesar dos receios que operações internacionais podem trazer, aproveitar a abertura de mercados e atuar em outros países pode trazer aprendizagens e aprimoramento aos negócios. Essa foi uma das abordagens oferecidas durante o 3º Fórum de Comércio Exterior do Sul: O Desafio da Competitividade, promovido por AMANHÃ. O evento reuniu líderes empresariais na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiegs), na terça-feira (12), para debater propostas de enfrentamento aos problemas comuns ao setor. Ao final do encontro, foram agraciadas as empresas da região que mais se destacaram no comércio exterior no ano passado. 

José Rubens de La Rosa, presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), apresentou os principais desafios para aumentar a competividade das exportações no Brasil e na região. O executivo, que trabalhou por 15 anos na Marcopolo, aponta que a melhor maneira de efetivamente testar um produto ou modelo de negócio é se voltar ao exterior. “Com as transformações que estão acontecendo no mundo, qual a melhor maneira de efetivamente testar seu modelo de negócio? É submetê-los a novos mercados como Chile ou Argentina, por exemplo. 

Desse modo, é possível saber se há realmente qualidade em um produto, pois ele terá de fazer frente com os concorrentes desses países”, sugeriu. De acordo com o titular da Funcex, inovar é outra ordem mais do que necessária. “A Revista AMANHÃ destaca, em sua última edição, o tema da inovação, algo que tem seus custos. E a melhor maneira de absorver esses custos é diluindo-os e ampliando os mercados importadores”, assinalou.  De la Rosa também sublinhou a importância de as empresas brasileiras vislumbrarem a América Latina. “Estamos falando de 468 milhões de habitantes que falam uma língua próxima. Não seria um mercado para ambicionar? A região deveria ser um destino obrigatório para os exportadores”, apontou.  


O painel sobre os desafios para as companhias exportadoras do Sul teve a participação de representantes da área de comércio exterior das três federações industriais do Sul (Fiep, Fiesc e Fiergs). O gerente de relações internacionais e negócio exterior da Fiep, Reinaldo Tockus (na foto ao lado, com o microfone), lembrou que o país ainda pode avançar muito como polo exportador. “O Brasil é, de fato, uma das dez maiores potencias econômicas do mundo. Porém, responde somente por 1,2% do valor global de exportações e 0,7% dos produtos manufaturados que circulam no mundo, ou seja, nossa participação é inexpressiva. As exportações representam cerca de 12% do nosso PIB, enquanto a média mundial se aproxima dos 30%”, enumerou. Em sua explanação, Tockus também apresentou os principais entraves para o desenvolvimento do comércio exterior no país – entre eles o custo dos transportes, as leis conflituosas, complexas e pouco efetivas, além da frequente alteração de regras. 

O coordenador do Conselho de Comércio Exterior da Fiergs, Cezar Müller (na foto, o terceiro da esquerda para a direita), lembrou que o Brasil é a 9ª maior economia mundial, mas ocupa apenas o 25º lugar no ranking de exportadores. "Esses números mostram que o comércio exterior precisa ser pauta dos governos, entidades, associações, sindicatos. Precisamos de uma política industrial de exportações de longo prazo”, disse. “Também temos a percepção de que a exportação não vem sendo tratada de forma carinhosa [pelo governo], pois não é tida como prioritária e, principalmente, não tem sido colocada como uma política efetivamente de crescimento”, cobrou. A presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, Maria Tereza Bustamante (na foto, ao centro), trouxe para o debate o resultado de uma pesquisa feita com industriais catarinenses. O levantamento revelou dois pontos essenciais para a continuidade dos negócios no Estado. “O primeiro é o de investimento em ativos fixos. Mais de 60% dos que responderam focaram que este ano estariam direcionando seus investimentos para o aumento da capacidade produtiva. E mais de 90% dos empresários afirmaram que a atualização tecnológica é um dos tópicos em que eles têm mais aportes no momento”, informou. 


Logística
 

O 3º Fórum de Comércio Exterior do Sul também discutiu o tema da logística reunindo em um painel Renê Wlach, diretor comercial do Tecon, e Frank Woodhead, vice-presidente de Logística do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (Setcergs). “Exportar ou praticar comércio exterior no Brasil é algo fenomenal, difícil, complicado... Eu até diria que o governo trata o assunto com certa hostilidade. Todos os dias temos instruções normativas diferentes, por exemplo”, reclamou Woodhead. Ele exemplificou que somente no Porto de Rio Grande existem 38 autoridades intervenientes, fato que só faz aumentar a burocracia. 

Wlach, do Tecon, destacou que equipamentos e produtividade dos portos são essenciais para atrair navios. “Em 2015 fizemos investimento de US$ 40 milhões na aquisição de três guindastes STS [Ship-to-Shore, usado para descarregar os navios] e mais oito RTGs [pórticos com rodas para empilhar contêineres]”, contou, lembrando que ao completar 20 anos em 2017, o Tecon nunca deixou de investir constantemente em melhorias. 

http://www.amanha.com.br/posts/view/4499

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