Administradora de estacionamentos Indigo já investiu outros R$ 200 milhões de 2014 a 2017 e tem agora a ambição de expandir negócios para supermercados
São Paulo – Todos os dias, 5.800 carros são deixados no estacionamento do Hospital Albert Einstein, no Morumbi, zona sul de São Paulo. O trabalho de guardá-los é feito por 320 manobristas – e gerenciado por uma empresa de um centro de controle em Porto Alegre, RS.
É de lá que, o grupo francês Indigo, responsável pela administração do estacionamento, consegue saber exatamente se algum dos veículos foi arranhado, batido, se a quantidade de vagas é suficiente, onde estão parte dos 3.000 funcionários da empresa, quanto foi faturado por dia, por hora.
O centro de vigilância permanente foi criado pela companhia em 2014, conta com 140 funcionários e presta serviço a 100 estacionamentos do país, entre hospitais, escolas e shopping centers (dos 562 do país, eles operam 92).
Também é um dos diferenciais que contribuiu para que a companhia quase triplicasse de tamanho de 2016 para 2017, quando o faturamento bruto deve chegar a 650 milhões de reais.
O grupo, que tem como acionista a Infra Park, uma das maiores mundiais do ramo, entrou no Brasil em 2013 e está presente em 192 estacionamentos de 17 estados brasileiros, com mais de 180 mil vagas. No mundo, opera mais de 4.600 estacionamentos e 2,3 milhões de vagas em 17 países.
Não à toa, a empresa quer crescer – e muito – no Brasil. Tanto que já investiu 200 milhões de reais de 2014 a 2017 e planeja desembolsar outros 300 milhões de reais até 2019.
Recursos que vão para melhorias tecnologia e treinamento, além da expansão para a área de supermercados, uma seara que a companhia não explorava tão bem até então.
“Já administramos nove unidades do Walmart e três do Grupo Zaffari, queremos fechar o ano com 50 operações no setor”, Fernando Stein, presidente da Indigo Brasil.
Pagar para o cliente
Para conquistar as redes de varejo, a empresa usará a mesma cartada que tem usado com outras grandes contas do país. Além do contrato usual, em que recebe pela administração dos estacionamentos, a Indigo trabalha com contratos de até dez anos, onde quem desembolsa recursos iniciais é ela mesma.
A
companhia avalia o espaço que será usado para o estacionamento,
localização e potencial de negócios, e com base nisso calcula quanto ele
valerá a longo prazo. Traz isso para valor presente e desembolsa o
dinheiro para o cliente.
“É uma forma de fidelizá-los, de mostrar o potencial do
negócio, diluir risco e ainda fazer com que os clientes usem os recursos
para investir como bem entenderem”, explica Stein.
O executivo conta que esse formato de contrato é muito
ofertado pela corporação fora do país. Mas foi e tem sido muito bem
aceito por aqui, nestes anos de aperto financeiro.
A operação funciona no Brasil desde
junho de 2013, quando o grupo francês comprou 50% do capital da rede
brasileira, que à época se chamava Moving. Em três anos, a companhia
praticamente dobra de tamanho a cada ano.
Além dos serviços e contratos, Stein
atribui o resultado à maneira da Indigo analisar riscos de entrada nos
clientes. A área de prédios corporativos, por exemplo, que sofreu evasão
de alugueis com a crise econômica, é uma das que eles nunca atenderam.
“Somos, em essência, uma empresa de
risco e nos focamos em contratos maiores, que nos protejam e tragam
retorno maior”, afirma Stein. Para a Indigo, esta tem sido uma boa
manobra.
http://exame.abril.com.br/negocios/esta-empresa-de-estacionamentos-investira-r-300-milhoes-no-pais/
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