Em entrevista, o comandante do banco de fomento afirma que presença de representante do BNDES no colegiado deu quórum para a reunião que alçou Zeca Mineiro à liderança do frigorífico
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) seguirá a decisão do conselho de administração do frigorífico
JBS, que, em reunião realizada no sábado, 16, escolheu o fundador da
empresa, José Batista Sobrinho, para terminar o mandato de CEO no lugar
de Wesley Batista, preso semana passada, afirmou há pouco o presidente
da instituição de fomento, Paulo Rabello de Castro.
Segundo Rabello, o banco não poderá contestar a decisão, como
inicialmente avaliado, porque a representante do BNDES no colegiado deu
quórum para a reunião.
Paulo Rabello ressaltou que a instituição segue empenhada em melhorar
a governança corporativa da JBS e mantém a decisão de exigir a
realização, o quanto antes, da assembleia geral extraordinária de
acionistas (AGE) convocada pelo banco.
O BNDES pediu a realização da AGE no mês passado para votar a
proposta que a JBS entre com uma ação de responsabilidade contra os
controladores e administradores, o que levaria ao afastamento da família
Batista.
Para Rabello, a realização da reunião do conselho da JBS no sábado,
na “calada da noite”, é um problema da “má governança recorrente da
empresa”. “Tudo o que a empresa faz e tem feito é uma demonstração do
quão correto está o BNDES em exigir melhoria da governança”, afirmou
Rabello, em entrevista ao Estadão/Broadcast, após informar que o
comparecimento da conselheira Claudia de Azeredo Santos, única
representante do BNDES no conselho da JBS (a outra cadeira está vaga),
deu quórum e tornou a reunião legal.
“O BNDES continua aguardando que a governança melhore. Como a figura
do fundador, mais que respeitável, se presume completamente interina,
isso não afeta nada”, afirmou Rabello.
A instituição continua exigindo o pedido, feito à JBS, de que o
conselho da companhia contratasse uma consultoria para escolher novos
executivos para a diretoria.
“Colocar o sr. Batista pai não acrescenta nem retira nenhum fato em
relação à acefalia da empresa. O fato de colocar lá um respeitável
senhor não modifica a avaliação de que estamos diante de um processo de
governança muito pobre. Trata-se de um gigante financeiro e um anão em
governança”, disse Rabello.
Por isso, o BNDES mantém o foco na realização da assembleia.
“Esperamos ter essa AGE reconvocada no prazo mais rápido o possível”,
disse o presidente do BNDES, completando que o banco está estudando
recorrer à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o conflito de
interesses na assembleia.
Dias antes da data marcada para a AGE, em 1º de setembro, o colegiado
da CVM decidiu que o conflito de interesses alegado pelo BNDES não
justificava o adiamento da reunião de acionistas. Para Rabello, a
indicação de José Batista Sobrinho como CEO confirmou o conflito de
interesses.
http://www.istoedinheiro.com.br/bndes-nao-pode-contestar-eleicao-de-pai-dos-batistas-presidencia-da-jbs-diz-rabello/
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