quarta-feira, 14 de março de 2018

Inpi planeja "análise expressa" de pedidos de patentes para zerar acervo




Com cerca de 225 mil pedidos de patentes aguardando análise, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial planeja iniciar um exame simplificado dos requerimentos. A ideia é que servidores façam apenas uma análise formal, sem entrar no mérito, para conceder os registros.

Luiz Otávio Pimentel afirma que, pelo ritmo atual, seria necessário 14 anos
para acabar com a fila atual de pedidos.
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Interessados poderiam optar se preferem o caminho mais curto ou se vão aguardar o procedimento formal.

A proposta, que aguarda aval da Casa Civil, foi detalhada pelo presidente do Inpi, Luiz Otávio Pimentel, nesta segunda-feira (12/3). Em almoço promovido pela Associação Brasileira da Propriedade Industrial (ABPI) no Rio de Janeiro, Pimentel afirmou que essa foi a saída menos pior que o órgão conseguiu encontrar para voltar à normalidade.

O Inpi conseguiu reduzir o acervo em 20 mil processos desde 2015, informou o presidente. Se continuasse nesse ritmo, porém, ainda seriam necessários outros 14 anos para zerar o estoque de pedidos de patentes, ressaltou. Após conversas com profissionais do setor, ele propôs ao governo a simplificação das análises para acabar com as pendências.

Pimentel também defendeu outras medidas para agilizar a tramitação dos requerimentos. Entre elas, a contratação de mais servidores e digitalização de todos os procedimentos.


Patentes “fracas”

 
Um problema dessa proposta é que, em caso de disputa pela titularidade de registros, as patentes aprovadas de forma simplificada podem ser mais fracas do que as que recebem aval após um procedimento regular. Tanto que as grandes empresas não irão aderir à análise acelerada – opção que será garantida aos requerentes de patentes, declarou Pimentel.

Para o presidente da ABPI, Luiz Edgard Montaury Pimenta, quem obtiver uma patente por meio do processo simplificado dificilmente atacará o dono de um registro aprovado via procedimento regular, pois a tendência é que perca a disputa.

Pimenta avaliou à ConJur que a solução “não é a ideal, mas é a que existe”. “Deixar como está é a pior opção, pois afeta brasileiros e estrangeiros”.

Ele defende a autonomia financeira da autarquia, cujo superávit anual de R$ 500 milhões é contingenciado pelo Ministério do Desenvolvimento Industria e Comércio. Para ele, isso permitiria a modernização do órgão, o que aceleraria a análise dos pedidos.

Além disso, Pimenta diz ser favorável que o Inpi possa ajustar as reivindicações às provações que já ocorreram em outros países.

 https://www.conjur.com.br/2018-mar-12/inpi-planeja-analise-expressa-patentes-zerar-acervo

OAB não pode cobrar anuidade de escritórios de advocacia, decide juiz federal



É o advogado quem tem de pagar anuidade à Ordem dos Advogados do Brasil, e não o escritório.

Esse foi o entendimento do juiz José Carlos Motta, da 19ª Vara Federal Cível de São Paulo, que suspendeu a cobrança de anuidade pela seccional paulista da OAB a uma sociedade de advogados.


Só advogados e estagiários devem pagar anuidade à OAB, e não seus escritórios, decide juiz federal de São Paulo.
Reprodução
O escritório contou no processo que começou a receber boletos de cobrança da anuidade, instituída pela OAB-SP com a Instrução Normativa 06/2014. De acordo com a banca, a cobrança é ilegal: o Estatuto da Advocacia obriga o pagamento da tarifa apenas por advogados ou estagiários, pessoa física inscrita na OAB.

Para o juiz, apesar de ser de competência da OAB fixar e cobrar taxas de seus inscritos, o Estatuto da Ordem trata, no artigo 46, do registro das sociedades de advogados como ato que confere personalidade jurídica a ela. Não pode, portanto, ser confundido com o registro de advogados e estagiários, que possuem fundamento e finalidade diversa — e a lei não prevê a cobrança de contribuições de escritórios.

“As sociedades de advogados não possuem legitimidade para a prática de atos privativos de advogados e estagiários. Assim, a exigência de pagamento de anuidade pela sociedade de advogados se configura ilegal”, afirmou José Motta.

A OAB-SP não retornou o pedido de entrevista feito pela ConJur. Com informações da Assessoria de Imprensa do TRF-3. 


Clique aqui para ler a decisão
MS 5027813-32.2017.403.6100

Revista Consultor Jurídico, 12 de março de 2018, 15h32

3 fatores que tornam as eleições de 2018 as mais imprevisíveis da história

Por Luan Sperandio, publicado pelo Instituto Liberal


A regra da política brasileira é a imprevisibilidade. Historicamente foi assim, seja pelos vários golpes e tentativa de golpes, seja pelos acordos políticos, ou ainda “derrapadas” de candidatos outrora favoritos e que, ao final, acabaram por perder as eleições. Apesar da ansiedade por grande parcela do eleitorado, não é possível afirmar quem sentará na cadeira presidencial em 2019.

Inicialmente, ainda não sabemos os candidatos, o que dificulta qualquer exercício de prognóstico mais apurado. O ex-presidente Lula, que liderava as pesquisas, não deve concorrer em virtude da condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro; assim, ainda não se sabe quem será o candidato do Partido dos Trabalhadores, a maior força eleitoral da esquerda .

Além disso, ao que tudo indica, teremos uma eleição pulverizada. É possível que nas próximas semanas alguns nomes retirem a candidatura, mas, como nenhum nome disparou nas pesquisas ainda, tem sido comum novos nomes serem cogitados a cada semana. Até mesmo Michel Temer, campeão de impopularidade, tem analisado a possibilidade de concorrer para defender seu legado.

Além dessas questões, separamos outros 3 fatores que influenciam especificamente esta eleição e que a tornam a mais imprevisível desde a Redemocratização Brasileira.


1) Novas regras de financiamento


Após o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar a inconstitucionalidade do financiamento empresarial de campanha, esta será a primeira eleição presidencial com novas regras de financiamento.

A ideia de restringir as doações empresariais nas campanhas é, supostamentegarantir o nivelamento da competição eleitoral e a integridade dos representantes eleitos. A medida tende a dificultar a ascensão de nomes dos pequenos partidos. João Amoedo e Jair Bolsonaro, nomes que estão sendo cogitados como “candidatos do mercado” e que estão em pequenos partidos, propendem a ser os principais prejudicados com a medida.  

O candidato escolhido pelo governo – que ainda não se sabe quem será –  terá a máquina governamental a seu favor e deve se beneficiar ainda mais a partir dessa restrição, mas as consequências deste financiamento diferente, no entanto, ainda são difíceis de medir.


2) O impacto da Lava Jato


A Operação Lava Jato abalou reputações das principais figuras políticas do Brasil em seus 4 anos de atividade e deve continuar exercendo enorme influência nessas eleições. A maioria dos eleitores declara não votar em um candidato que esteja sendo investigado por corrupção, além de preferirem um próximo presidente que não seja nem do PT, tampouco do PSDB.

Há ainda o fator de imprevisibilidade da Operação. É possível que haja vazamento de investigações em momentos derradeiros da campanha e que afete a ascensão de algum nome, ou mesmo faça um favorito perder o pleito em função dele.


3) O poder da internet, fake news e robôs


O eleitor está cada vez mais conectado e informado pela internet. As redes sociais, contudo, também são acervo de fake news. Há estudos que indicam que elas possuem 70% a mais de chance de viralizarem. Enquanto no Facebook ainda há algum nível de contraditório às publicações, o Whatsapp, utilizado por 9 em cada 10 internautas brasileiros, é privado e deve ser grande fonte de notícias falsas sem haver no envio de mala direta alguém mais bem informado e que possa desmentir boatos.

Há, também, um fator que foi novidade em 2010 e se proliferou em 2014: perfis falsos, que já fazem parte da campanha de candidatos, além dos robôs. Eles ajudam a criar tendências e a vencer guerra de narrativas. O Tribunal Superior Eleitoral entende ser seu papel combater fake news. Nesta semana, todavia, ao consultar o FBI, teve como resposta que o governo americano não considera seu papel combatê-las.

Embora seja preferível conviver com o risco de notícias falsas que viver sob influência do controle do governo sobre a mídia, elas terão seu papel nessa campanha e ainda não se sabe o nível de influência que possam vir a ter na escolha de quem estará no Palácio do Planalto em 2019.

 
http://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/3-fatores-que-tornam-eleicoes-de-2018-mais-imprevisiveis-da-historia/?utm_medium=feed&utm_source=feedpress.me&utm_campaign=Feed%3A+rconstantino

Governo está acelerando negociações com UE para tratado de livre comércio, diz Meirelles

Resultado de imagem para foto do Henrique Meirelles


BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defendeu nesta quarta-feira que é necessário abrir a economia brasileira e que o governo está acelerando negociações com União Europeia para um tratado de livre comércio.

Respondendo a perguntas de usuários do Twitter por meio de vídeos, o ministro afirmou que o Brasil também está se aproximando de acordo Transpacífico e iniciando conversas com o Reino Unido para firmar um tratado após a saída do país da UE.

As declarações vêm após a imposição pelos Estados Unidos de tarifas de 25 por cento sobre importações de aço e de 10 por cento sobre importações de alumínio, anunciada na semana passada.

Nesta quarta-feira, o presidente Michel Temer afirmou que a sobretaxa sobre o aço “preocupa muito” o Brasil.

No Twitter, Meirelles voltou a dizer que ainda não decidiu se será ou não candidato à Presidência da República, o que resolverá até o início de abril. No entanto, não se furtou a responder questões sobre eventual plataforma política. 

Questionado sobre qual seria a prioridade do seu governo, caso eleito, o ministro deu foco à geração de empregos, mas também falou sobre outros pontos, ecoando a postura de candidato que vem adotando em diversas entrevistas dadas nos últimos tempos.

“A primeira prioridade é garantir emprego para os brasileiros. Para isso é necessário economia crescendo, com política econômica bem sucedida. Em segundo lugar, inflação baixa, para que o salário não seja corroído ao longo do tempo”, afirmou.

“Depois, um uso competente dos recursos públicos, garantindo melhor saúde, melhor educação e mais segurança para a população. E, finalmente, transporte, infraestrutura, energia mais barata e mais disponível. Em resumo, um país que forneça cada vez melhores condições de vida para seus cidadãos”, completou.

A respeito da continuidade na queda dos juros básicos da economia, Meirelles disse que o movimento vai depender do comportamento da inflação e que o Banco Central é autônomo para tomar essa decisão.

Economistas de instituições financeiras passaram a ver novo corte de 0,25 ponto percentual na Selic na reunião do BC na próxima semana, segundo pesquisa Focus, diante da persistente fraqueza da inflação. Se confirmado, o passo levará a taxa básica de juros para a nova mínima histórica de 6,5 por cento.

Meirelles destacou ainda que intervenções no câmbio para controle da cotação da moeda não funcionam e disse que o BC pode agir no mercado cambial com duas finalidades apenas: para intervir em processos de falta de liquidez ou para acumular reservas. 

Por Marcela Ayres

 https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1GQ2GU-OBRBS

Paraguai é a receita mais simples para driblar Custo Brasil


Paraguai é a receita mais simples para driblar Custo Brasil

A exemplo de Portugal, onde foi constituída mais de uma centena de firmas “facilitadoras” de negócios e obtenção da cidadania europeia, o Paraguai está se tornando a Suíça da América do Sul. Um festival de consultings vai abrindo caminho para empresas brasileiras tendo ao fundo a trilha sonora das guarânias.

Estima-se que, em 2017, mais de 300 firmas surgiram em Assunção com origem em capitais brasileiros. Dando boas vindas a legiões de executivos estão auditoras, advisers e consultoras que podem ser encontradas a granel na internet. A abertura de uma fileira de empresas não está relacionada a serviços bancários de lavação de dinheiro - indústria financeira em decadência no Paraguai.

Os brasileiros seguem para lá para se livrar do Custo Brasil, especialmente do assassinato fiscal de todo o dia. Abrir uma empresa no Paraguai rende muitos benefícios. Os fatores de produção são amplamente vantajosos, tais como imposto único apenas na saída do bem exportado, custo de energia 70% inferior, tributação no salário 65% menor e ausência de taxação sobre a renda da indústria, contando com ofertas de uma infraestrutura competitiva e completa a apenas 11 km do Brasil.

Isto em um ambiente político estável e favorável ao mercado, com uma economia que cresce 3,5% ao ano. Parece até uma propaganda de resort. O paradoxo é que o país mais ameaçador ao Brasil com o contrabando nas fronteiras é o mesmo invadido por brasileiros ávidos por formalizar seus negócios e se livrar de condições inóspitas ao capital. Vai que há um pouco disso tudo misturado (Relatório Reservado, 13/3/18)

China se prepara para assumir liderança mundial

O economista e engenheiro Klaus Schwab, criador do Fórum Econômico Mundial

Principal divisão hoje é entre quem se prende ao passado e os que visam o futuro.

Klaus Schwab, o homem que criou o Fórum Econômico Mundial em 1971 e fez dele um evento central para as decisões políticas e econômicas globais, antevê um mundo em que a China assumirá a liderança econômica e no qual o conceito de direita e esquerda está superado.

O cenário que o engenheiro e economista alemão descreve se divide entre aqueles que defendem o passado --os populistas, embora ele evite a palavra--e aqueles que se preparam para um futuro no qual educação tecnológica, paridade de gênero e inclusão social são questão de sobrevivência econômica.

Prestes a completar 80 anos, dia 30, Schwab veio ao Brasil para abrir o capítulo latino-americano do Fórum, nesta quarta, dia em que lança no país o livro "Aplicando a Quarta Revolução Industrial", sobre os efeitos da evolução digital no trabalho e na produção.

Folha - A decisão dos EUA de impor novas tarifas sobre o aço e alumínio pode monopolizar o Fórum em São Paulo?
Klaus Schwab - Esta é uma das questões com as quais nos preocupamos, integrada a um contexto mais amplo. Temos hoje uma transição de um mundo com polo único para um mundo multipolar, no qual cada um segue seus interesses. Quando o presidente [DonaldTrump] fala em guerra comercial, é sintoma disso.

A decisão causará nova turbulência no comércio global?
Pode criar um efeito dominó. A chave é manter o compromisso com o sistema de regras para a economia. Podemos até mudá-las se sentirmos que não somos tratados de forma justa, mas tem que ser por meio de negociação.

O que é urgente reformar na América Latina?
Antigamente tínhamos uma divisão política entre esquerda e direita. Mas capitalismo e socialismo são ideologias criadas no contexto da Primeira Revolução Industrial [no século 18].
Hoje estamos na Quarta Revolução Industrial, e as linhas divisórias não são mais entre direita e esquerda, são entre aqueles que querem defender o passado e aqueles que querem se preparar para o futuro.

O Brasil está ficando para trás?
O Brasil está fazendo algumas mudanças necessárias, como tornar as suas leis trabalhistas mais flexíveis, mas todo governo deveria fazer o máximo para estimular a inovação e o empreendedorismo.
Isso significa flexibilizar o processo para que empreendedores montem empresas, criar um sistema tributário que permita ao empreendedor assumir riscos, e transformar a educação --o sistema é antiquado no mundo todo.

Os EUA hoje tendem ao protecionismo, enquanto a China mostra interesses globais. A China pode vir a ter mais poder econômico do que os EUA?
A China já tem um PIB em paridade de poder de compra comparável ao dos EUA, e a China já está de fato se preparando para o futuro. Em Pequim, há uma área que deve chegar a 100 km? para incubadoras. A China também já reconhece que a inteligência artificial deve ser muito bem sucedida. Olhando para o futuro, você vê que a China está se preparando para assumir a dianteira em tecnologia.

Os participantes do encontro anual do Fórum Econômico Mundial em Davos pareceram otimistas, mas desde então tivemos turbulências. O sr risco de uma bolha explodir?
Não diria que é bolha, mas a economia opera em ciclos, e estamos em um longo ciclo de recuperação econômica que pode estar no fim. E há a questão da dívida. O total de endividamento de governos, famílias e empresas equivale a 200%-250% do PIB [global]. Não sabemos se haverá outra desaceleração econômica, mas, se houver, não dá para reduzir juros [para estimular a economia], pois isso foi feito na última crise, e as taxas já estão baixas. E se agirmos para evitar a dívida [subindo juros], não sabemos qual será o efeito --a volatilidade voltou às bolsas depois de aumentos modestos nas taxas.

Os países têm preferido acordos bi e plurilaterais aos multilaterais. Precisamos de regras para todos, mas grandes negociações são lentas para captar as mudanças de hoje. Como lidar com o paradoxo?
Discordo em parte, pois temos por exemplo o Acordo de Paris sobre o Clima. Algo, porém, mudou: antes os governos negociavam acordos e podiam garantir seu cumprimento. Hoje os governos são apenas um dos atores globais --se quisermos resolver um problema, precisamos da cooperação entre governos, empresas e sociedade civil. As empresas são atores-chave, mas precisam de diretrizes criadas por governos e de apoio da sociedade civil.

srcitou empregos precários. Há exemplos de como usar a educação para evitar isso?
Há novos modelos de currículos para ensinar programação da mesma forma que se ensina o alfabeto. Há escolas em Cingapura que se propõem a ensinar não necessariamente aquilo que você pode ler na Wikipédia, mas a ser criativo, a fazer a equipe interagir para obter resultados. Os países que mais trabalharem talentos serão os mais bem-sucedidos. E há a questão da inclusão, que se trata não só de responsabilidade social, mas de competitividade. É importante que todos tenham as mesmas oportunidades, pois, se você exclui metade da população por ser pobre, pode excluir um Einstein.

É difícil educar para um mundo que desconhecemos.
Se uma inteligência artificial pode substituir algumas características masculinas, como racionalização e objetividade, e se deixarmos a criatividade de lado, o que nos diferenciará de um robô?
A diferença é nós termos sentimentos, criatividade, intuição, empatia.
Se você olhar para as aptidões de que precisaremos no futuro, são as que chamamos de femininas.
Paridade de gênero, portanto, não é só questão de justiça, mas o melhor jeito de se preparar para o futuro.

RAIO-X

Nascimento: 30.mar.1938, Ravensburg, Alemanha
Formação: doutor em economia pela Universidade de Friburgo e em engenharia pelo Instituto Federal de Tecnologia da Suíça; mestre em administração pública pela Kennedy School, Universidade Harvard
Carreira: fundou em 1971 o Fórum Econômico Mundial, do qual é presidente; criou em 1998 a Fundação Schwab de Empreendedorismo Social e, em 2004, o Fórum de Jovens Líderes Globais  (Folha de S.Paulo, 14/3/18)

Retaliação do Brasil contra taxa do aço pode incluir etanol e Embraer


Retaliação do Brasil contra taxa do aço pode incluir etanol e Embraer

 

Uma fonte disse que 'tudo' está em discussão. Porém, não há decisão alguma sobre como esses itens serão usados na negociação.

A área técnica do governo discute, de forma preliminar, uma lista de itens que podem ser eventualmente levados a uma negociação de país a país com os Estados Unidos na questão do aço. Entre eles, está a elevação das tarifas de importação do etanol de milho produzido lá, o adiamento da sanção do acordo de céus abertos e a parceria entre Embraer e Boeing.

Uma fonte disse que “tudo” está em discussão. Porém, não há decisão alguma sobre como esses itens serão usados na negociação - e nem se serão de fato levados à mesa. Até porque, concretamente, ainda não começou a negociação entre os governos de Brasil e Estados Unidos em torno da sobretaxa.

A estratégia brasileira é, primeiro, esperar os resultados dos entendimentos entre as empresas americanas que serão prejudicadas com a aplicação da sobretaxa ao aço importado e a administração de Donald Trump. Em entrevista ao Estado, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse que o Brasil vai dar apoio a essas empresas.

A negociação governo a governo é uma outra frente, que ainda não foi aberta. Nela, o ponto forte será a tese que as indústrias siderúrgicas brasileira e americana são complementares. O Brasil exporta para lá produtos semiacabados de aço, que depois são processados pelas empresas nos EUA. Na outra mão, o Brasil importa carvão americano para suas siderúrgicas.

Até o momento, a estratégia traçada pelo governo brasileiro não contempla o uso de outros elementos de pressão, como o etanol e a Embraer. Ao Estado, Aloysio negou que isso seria levado à mesa. Outra fonte classificou essa possível lista de “pura especulação”.

No entanto, como nenhuma alternativa está descartada, as discussões prosseguem. Com dificuldades.

O acordo de céus abertos, por exemplo, é um potencial elemento de pressão porque acaba com a restrição da quantidade de voos entre Brasil e Estados Unidos. Ele foi aprovado pelo Congresso Nacional, que ainda precisa promulga-lo. Porém, lançar mão dele significaria adiar a ampliação da oferta de serviços entre os dois países. Na área técnica do Ministério dos Transportes, não chegou nenhuma consulta ou orientação no sentido de segurar os preparativos para a entrada em vigor do acordo.

Há preocupação também se a aplicação de alguma sobretaxa sobre o etanol americano poderia trazer impacto sobre a inflação. A avaliação é que uma medida desse tipo exige cuidado redobrado.

Responder a sobretaxa americana na mesma moeda vai contra a linha defendida pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, que é compartilhada por boa parte do governo. Em visita ao Brasil, ele voltou a alertar para as consequências negativas de uma guerra comercial.

Em vez disso, suas conversas com autoridades brasileiras foram em outra direção: a possibilidade de questionar a ação norte-americana perante os compromissos assumidos pelo próprio país em acordos internacionais. Uma possibilidade, como disse Aloysio na entrevista ao Estado, é colocar em xeque o argumento da segurança nacional que serviu de base à sobretaxa. É uma ideia que se enfraquece à medida em que Trump abre negociações comerciais país a país 

(O Estado de S.Paulo, 14/3/18)