terça-feira, 23 de outubro de 2018

‘Brasil deve ficar neutro em guerra comercial’, diz Marcos Troyjo



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Conselheiro para temas de economia internacional e comércio do eventual superministro de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, o professor da Universidade Columbia Marcos Troyjo recomenda que o Brasil se mantenha neutro na guerra comercial entre Estados Unidos e China. Em vez de escolher um lado, deve explorar as oportunidades oferecidas pelos dois.
 
“A suposta guerra comercial é mais um movimento de acomodação do que algo que vá escalar outras áreas para além da economia e, portanto, tornar necessário fazer algum tipo de alinhamento”, disse. “Ter de escolher lados de maneira automática e irreversível não é olhar esse quadro de maneira realista.”

Troyjo ressaltou, ao conversar com o jornal O Estado de S. Paulo, que expressava suas opiniões pessoais e não as da equipe de um eventual governo de Jair Bolsonaro. Ele relativizou o peso da visita que o candidato fez, no início do ano, a Taiwan, ilha que não reconhece o predomínio da China continental. A iniciativa foi criticada numa carta enviada pela embaixada da China no Brasil ao DEM e publicada nas redes sociais pelo vereador César Maia (RJ).

“Duvido que ter uma boa relação com Taiwan vá criar obstáculos mais elevados na relação com Pequim”, disse o professor, que é codiretor do laboratório dos Brics na universidade. Ele acrescentou que a Alemanha, por exemplo, tem excelentes relações com Pequim e intensas trocas comerciais com Taiwan.
Troyjo disse ainda que os chineses “não estranhariam” caso o Brasil viesse a impor limites à presença estrangeira em determinadas áreas. “Eles também fazem isso”, observou. A proibição, porém, teria de ser aplicada a todos os países, e não à China especificamente.
O candidato do PSL já fez restrições à compra pelos chineses dos ativos de geração de energia da Eletrobrás. Há também preocupação com a compra de terras por investidores do país asiático. Segundo auxiliares de Bolsonaro, é a esse problema que ele se referia quando disse que os chineses estão “comprando o Brasil.”


Metamorfose


Para o professor, é importante não perder de vista que a China tem passado por uma “metamorfose”. De geradora de grandes superávits comerciais, ela tem transitado para um outro perfil de atuação: a de fonte de empréstimos governo a governo, origem de investimentos estrangeiros diretos. “Não vamos descuidar da parte comercial, mas temos de prestar atenção nas outras coisas”, disse. “Há um casamento entre oportunidade e necessidade na área de infraestrutura no Brasil em que vamos ter de lidar com os chineses.”
Troyjo acha, por exemplo, que o Brasil deveria ter um escritório na China para vender as oportunidades de investimento no setor. Hoje, só as grandes empresas estão presentes lá.

Para eles, as prioridades de uma política em relação à China deveriam ser: adensar a relação, sofisticar a pauta de exportação, aumentar o fluxo de investimentos e, eventualmente, criar “uma ou outra seletividade, para resguardar o interesse nacional.” E o mesmo deveria ser feito em relação aos EUA, afirmou. “Não existe maior deseconomia no mundo do que o baixo volume de intercâmbio comercial entre os EUA e o Brasil.”

Na sua avaliação, a declaração do presidente Trump que o País tem tarifas elevadas e “está entre os mais duros do mundo, talvez o mais duro” é, na verdade, um “convite para melhorar” a relação comercial. Não um passo no fechamento do mercado, como pode parecer. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

CNI defende a manutenção do MDIC


Pasta faria parte de superministério em eventual governo do PSL

 

Por Agência Brasil 

 

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Porto de Paranaguá, no Paraná


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota nesta segunda-feira (22) defendendo a manutenção do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). O presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, lembrou que a pasta é importante para elaborar, executar e coordenar as políticas públicas para o setor industrial e monitorar seus impactos. “A indústria não pode estar ligada a uma área que tem como prioridades o aumento de receitas e a redução de despesas. Os ministérios da Fazenda e do Planejamento desempenham papéis específicos. Quem vai defender as políticas industriais?”, questionou Andrade em nota.

A manifestação da CNI é fruto da possibilidade de incorporação das atribuições do MDIC pelo Ministério da Economia, criado em um eventual governo Jair Bolsonaro. De acordo com programa de governo do PSL, o Ministério da Economia incorporaria as atuais estruturas e atribuições dos ministérios da Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio e a Secretaria do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI).

Para justificar a importância do MDIC na estrutura do Executivo, Andrade afirmou que o setor industrial contribui com R$ 1,2 trilhão para a economia brasileira e emprega 9,6 milhões de trabalhadores. Além disso, a indústria responde por mais da metade (51%) das exportações e 25% da arrecadação previdenciária. “Para a indústria brasileira, o próximo governo tem o desafio de colocar o Brasil de volta no caminho do desenvolvimento econômico e social. Precisamos avançar nas reformas, garantir investimentos em infraestrutura e desburocratizar a economia de modo geral”, concluiu Andrade. 


http://www.amanha.com.br/posts/view/6438

Brasil gera 137,3 mil postos de trabalho em setembro

No Sul foram criados 18.063 novos empregos formais, de acordo com dados divulgados pelo Caged 

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
No Sul foram criados 18.063 novos empregos formais, de acordo com dados divulgados pelo Caged  

O emprego continua a crescer no Brasil. O mês de setembro fechou com saldo positivo de 137.336 novas vagas no mercado formal, um acréscimo de 0,3% em relação ao mês anterior. Esse desempenho foi resultado de 1.234.591 admissões e de 1.097.255 desligamentos. Com isso, o estoque de empregos chegou a 38.507.474 vínculos. O saldo de janeiro a setembro teve um acréscimo de 719.089 vagas, um crescimento de 1,9%. Nos últimos 12 meses, o aumento foi de 459.217 postos, uma variação de 1,2%. As informações são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta segunda-feira (22).

Todas as cinco regiões do Brasil registraram crescimento no emprego formal em setembro. Os melhores resultados foram registrados no Nordeste, onde foram abertas 62.177 vagas, um acréscimo de 1% em relação ao estoque de agosto, e no Sudeste, que abriu 38.933. No Sul foram gerados 18.063 novos empregos formais, um crescimento de 0,2%, e, no Norte, 10.262 vagas, um aumento de 0,5%. No Centro-oeste, o saldo do mês ficou positivo em 7.901 postos, um aumento de 0,2% em relação ao estoque do mês anterior.  Houve abertura de vagas em 26 das 27 unidades federativas. 

Sete dos oito setores econômicos registraram crescimento em setembro. O melhor desempenho foi no setor de Serviços, que abriu 60.961 novos postos. Os principais responsáveis por esses resultados foram os subsetores do Comércio e administração de imóveis, Valores mobiliários e serviço técnico (25.872 postos), Serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação (13.168 postos); Serviços médicos, odontológicos e veterinários (6.997 postos); Transportes e comunicações (6.561 postos) e Ensino (6.537 postos). O segundo melhor desempenho foi da Indústria da transformação, que fechou setembro com saldo positivo de 37.449 vagas, abertas principalmente no subsetor da Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico (29.652 postos). O terceiro melhor saldo foi no Comércio, que teve criação de 26.685 postos, puxado tanto pelo Comércio varejista quanto pelo atacadista. 


 http://www.amanha.com.br/posts/view/6436

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Magazine Luiza se torna rede de varejo mais valiosa do Brasil ao ultrapassar Carrefour e Renner


A rede vem em trajetória ascendente desde 2015, quando seu valor era de R$ 300 milhões. Naquele ano a Magazine Luiza atingiu sua mínima histórica, negociando papéis a R$ 0,96. Desde então acumulou 16,75% de valorização

 

 

Magazine Luiza se torna rede de varejo mais valiosa do Brasil ao ultrapassar Carrefour e Renner
A Magazine Luiza (MGLU3) fechou o pregão desta quarta-feira (17) em alta de 1,6%, precificando suas ações em R$ 161,75, transformando a rede na varejista mais valiosa do Brasil, ultrapassando o Carrefour Brasil (CRFB3) e as Lojas Renner (LREN3). Com o valor fechado no pregão, a empresa de Luzia Helena Trajano atingiu valor de mercado de R$ 30 bilhões, ante o valor de R$ 29,1 bilhão da varejista francesa, que encabeçava a lista, e R$ 25,3 bilhões da loja de roupas fundada no sul do País.
A rede vem em trajetória ascendente desde 2015, quando seu valor era de R$ 300 milhões. Naquele ano, a Magazine Luiza atingiu sua mínima histórica, negociando papéis a R$ 0,96. Desde então, acumulou 16,75% de valorização até chegar no patamar atual.

Grande parte do crescimento da empresa se deu por sua entrada no mundo da tecnologia, aplicando conceitos de omni-chanel, integrando lojas físicas e virtual. O grande ponto de virada da Magazine Luiza foi quando Frederico Trajano acumulou os postos de CEO e presidente do grupo. De cara o primogênito de Luiza Helena modernizou processos e cortou diversos custos, como viagens executivas, renegociou contratos de lojas, realizou novos acordos com sindicatos e até cortou gastos de energia.

Em 2016, um relatório da Credit Suisse colocou a Magazine Luiza na lista de sete empresas de varejo que conseguiriam sobreviver ao apocalipse do setor graças a sua atuação e integração em diversos canais. Hoje o e-commerce da marca já representa um terço do total de vendas da varejista.



 https://www.istoedinheiro.com.br/magazine-luiza-se-torna-rede-de-varejo-mais-valiosa-do-brasil-ao-ultrapassar-carrefour-e-renner/

Paris se prepara para ser sede financeira pós-Brexit

  

Capital francesa é a que mais vem atraindo bancos e fundos de investimentos que deixarão Londres

 

 

 Andrei Netto, Correspondente / Paris, O Estado de S.Paulo 

 

 

Paris está a um passo de se tornar o novo centro do mercado financeiro na Europa continental, após o Brexit, o divórcio entre Londres e Bruxelas. Ponto forte da economia do Reino Unido, a City começa a viver os efeitos dramáticos da separação. Mais de 5 mil postos de trabalho em bancos, seguradoras e fundos de investimento deverão ser fechados em Londres e transferidos para a capital francesa e Frankfurt, na Alemanha, já a partir de 29 de março, quando a separação será confirmada. 

Para o governo britânico, as perdas decorrentes da migração devem chegar a € 82 bilhões (R$ 359 bilhões) só em impostos sobre serviços financeiros que deixarão de existir. 

 Estima-se que 3,5 mil postos de trabalho podem ser transferidos para Paris depois do Brexit
Estima-se que 3,5 mil postos de trabalho podem ser transferidos para Paris depois do Brexit Foto: REUTERS/Charles Platiau




A questão é crucial para a relevância do mercado londrino porque 20% da receita das instituições vem da venda de seus produtos financeiros no Espaço Econômico Europeu (EEE), que será abandonado por Londres com o divórcio. Desde que o plebiscito ocorreu, em junho de 2016, autoridades britânicas lutam para não perder instituições financeiras e postos de trabalho. Paris e Frankfurt disputam o espólio. 

Desde que atraiu a Autoridade Bancária Europeia (EBA), cuja sede se situava em Londres, a França teria sido escolhida pelo gestor de fundos BlackRock e pelo JP Morgan Chase, segundo o jornal britânico Financial Times, e estaria perto de confirmar a transferência de efetivos do Bank of America e do Citigroup para Paris. Nomura, Morgan Stanley, Goldman Sachs e Wells Fargo são outros exemplos de instituições que se preparam para uma transferência parcial para Paris. 

Contatadas pelo Estado, instituições financeiras que estariam deixando Londres alegam que não podem se pronunciar em razão das negociações do Brexit ainda em curso, mas as transferências são dadas como certas ou bem encaminhadas no meio parisiense. 

Mais de 70 empresas de gestão de ativos, grandes ou pequenas, já pediram autorização da EBA para atuar a partir de Paris. E dados divulgados na semana passada pelo secretário britânico do Tesouro, John Glen, confirmam os prognósticos mais sombrios previstos pelo Banco da Inglaterra - o banco central britânico. De acordo com a autoridade monetária, no primeiro dia após o desligamento do Reino Unido da União Europeia 5 mil empregos terão sido fechados pelas instituições na City. Reunidas, as maiores empresas financeiras em Londres somam 15 mil trabalhadores. 


Centro de trading

 

Nesse cenário, a disputa entre Paris e Frankfurt pela “herança” de Londres começa a se inclinar em favor da capital francesa, que tende também a se transformar na “capital das finanças” da Europa. Segundo o Financial Times, “Paris está a um passo de triunfar como o centro de trading da Europa pós-Brexit”. 

Nos últimos meses, os sinais dessa transição se multiplicam. De acordo com o monitoramento criado pela consultoria em administração Sia Partners, Frankfurt estaria ficando para trás na escolha das direções de empresas de finanças. Até aqui, a consultoria agrega 2.482 postos de trabalho em curso de mudança para Paris e 1.946 para a cidade alemã. Dublin, na Irlanda, com 903 postos, é o terceiro destino preferido, à frente de Amsterdã, na Holanda, com 355 vagas transferidas.
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O dia do Brexit no Reino Unido

“Os bancos e gerentes de fundos tentarão concentrar suas operações de corretagem em um único local da União Europeia”, entende Christian Noyer, ex-presidente do Banco Central da França e hoje um dos líderes da campanha em favor de Paris. “Isso não significa que Londres não será o maior centro financeiro. Mas Paris poderia se tornar o maior polo de corretagem da Europa Ocidental.” 

Europlace, o lobby público-privado que trabalha em favor da divulgação da capital francesa, projeta que 3,5 mil postos de trabalho poderão ser transferidos de Londres para Paris, a maior parte para o distrito de negócios de La Défense, na periferia oeste parisiense. Uma parte do sucesso francês diz respeito ao repatriamento de postos de trabalho abertos nas últimas décadas por filiais de instituições do país em Londres, casos dos bancos BNP Paribas, Société Générale e Credit Agricole. HSBC também decidiu reforçar seus efetivos na capital francesa, que vai agregar outros 200 trabalhadores na sede da Autoridade Bancária Europeia. 

“A chegada dessa instituição reforça ainda mais a posição de La Défense como verdadeira porta de entrada internacional. Nossa política em matéria de atratividade já vem dando frutos”, comemora Patrick Devedjian, presidente do departamento de Hauts-de-Seine, onde La Défense se localiza.


 https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,paris-se-prepara-para-ser-sede-financeira-pos-brexit,70002546471

Juventude e ousadia mudam o campo em todo o Sul


Várias startups estão surgindo no entorno das cooperativas em uma das regiões mais vocacionadas para a agricultura

 

Com reportagem de Italo Bertão Filho

 

italo@amanha.com.br
Frísia, de Carambeí (PR), realiza a DigitalAgro, uma feira que apresenta soluções inovadoras para as cooperativas de produção do estado



É madrugada, a cidade ainda dorme, mas, faça chuva ou tempo bom, o produtor rural tem de acordar para medir a temperatura dos animais da criação e só depois é que pode voltar ao sono dos justos. Sediada em Chapecó, no oeste catarinense, a startup Gravitwave quer acabar com essa rotina de milhares de agricultores brasileiros. O principal produto da companhia é o Coopig, um sistema web que possibilita controlar a produtividade de animais. O software congrega indicadores de temperatura e mortalidade, consumo de água e ração, aplicação de medicamentos e ocorrência de doenças, entre outras variáveis.

Para Iskailer Rodrigues, cofundador da empresa, o Coopig possibilita que as indústrias e cooperativas tenham acesso em tempo real aos dados de produção, e assim possam fazer uma gestão mais eficiente dos recursos. “Administrar uma fazenda é como dirigir um carro. As empresas guiavam olhando o retrovisor. Acabavam olhando para o passado, para 15 ou 20 dias atrás, e não para um dado atualizado diariamente”, explica Rodrigues. O empreendedor catarinense teve de investir R$ 100 mil para o começo das operações em 2016, após ganhar um prêmio do programa Sinapses da Inovação, iniciativa do governo de Santa Catarina. E o cheque bancou 60% do valor de que ele precisava para o pontapé inicial na sua agrotech, ou agtech, como são em geral conhecidas as startups do agronegócio. 

O sistema lançado por Rodrigues dá ao agricultor a possibilidade de controlar remotamente a propriedade. Ocorrendo qualquer alteração na produção, uma notificação é enviada ao seu celular. Todas as pontas – produtor, técnicos agropecuários e cooperativas de produção – estão integradas em um mesmo site de informações. Utilizado por 42 produtores rurais, o Coopig também gerencia uma etapa da linha de produção da Cooper A1, de Palmitos, município situado na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A startup já prepara o lançamento do Cocoricó, voltado à avicultura, para este ano. 

A Gravitwave negocia a implantação do novo sistema nas operações da Copagril, cooperativa de produção sediada em Marechal Cândido Rondon (PR). A partir do novo sistema, Rodrigues estima que a empresa terá uma base de 240 produtores utilizando o software, dos quais 140 têm foco na produção de aves. Na visão dele, a avicultura tem urgência no controle da produtividade das granjas. “Se você deixa um suíno três horas abaixo da temperatura ideal, ele diminui a produtividade. Se o mesmo ocorre com a ave, ela morre. O impacto é mais evidente. Por isso os avicultores têm maior aceitação com a tecnologia porque eles não têm apenas prejuízo e, sim, perda total”, exemplifica.  

Para Lara Moraes, supervisora de agribusiness da PwC Brasil, as cooperativas estão atentas e são as principais difusoras da inovação no seu raio de atuação. “Elas têm papel fundamental na promoção de tecnologias disruptivas, pois é imperativo fazer com que o produtor passe a utilizar inovações no campo”, defende. Para Ernani Carvalho da Costa Neto, coordenador do Núcleo de Estudos de Agronegócio da ESPM-Sul, as startups ligadas ao cooperativismo ainda estão pulverizadas. “Até este momento, não há um movimento claro. As cooperativas que perceberem isso antes poderão se aproveitar desse pioneirismo. Quem está fazendo esse investimento hoje são grandes empresas de tecnologia”, analisa o professor. “Essa postura será mais exigida no tempo competitivo que vivemos. O sucesso de hoje não assegura o de amanhã”, adverte. Ainda que em uma velocidade insuficiente, o campo tem atraído a atenção de jovens empreendedores. De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), as agetechs crescem, em média, 70% ao ano, em um mercado que movimenta aproximadamente R$ 15 bilhões. Em menos de dois anos surgiram no Brasil mais de 75 novos negócios do gênero – 15% deles com receita anual superior a R$ 300 mil.

Historicamente um estado fomentador do agronegócio brasileiro, o Rio Grande do Sul também vem desenvolvendo múltiplas iniciativas de empreendedorismo tecnológico aplicado à economia rural. Um levantamento realizado pela ABStartups aponta o Rio Grande em quarto lugar em número de filiadas à entidade, superado apenas por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Voltando-se ao promissor mercado das startups, o Sebrae-RS criou o programa StartupRS Agrotech para fomentar as empresas que desenvolvem soluções para o agronegócio. Em sua primeira edição, o programa selecionou dez startups de diferentes regiões do estado para aprimorarem o trabalho entre junho e outubro de 2018. “Os dispositivos conectados e o uso de inteligência artificial e big data são algumas das tecnologias aplicadas para resolver problemas reais dessa cadeia que vai do campo à mesa. É uma revolução para o agronegócio brasileiro”, pontua Debora Chagas, coordenadora estadual de startups e economia digital do Sebrae-RS.

O Sicredi também vem trabalhando soluções digitais para integrar e aproximar suas atividades, tradicionalmente voltadas ao financiamento rural. Em março, a cooperativa de crédito inaugurou um núcleo de inovação no Tecnosinos, parque tecnológico instalado no campus central da Unisinos, em São Leopoldo (RS), para partilhar o mesmo ambiente das startups instaladas no local. Em julho, o Sicredi lançou o Inovar Juntos, programa que reunirá startups para apresentar soluções para desafios, como conectar associados pessoa jurídica e pessoa física (market place) e coleta de dados para perfil de investidor, por exemplo. A instituição financeira selecionará até 20 startups para um Pitch Day, em setembro, em que as empresas apresentarão suas propostas. As escolhidas passarão para as fases seguintes e, por fim, haverá uma avaliação dos resultados para possível parceria comercial.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deu um empurrão que pode alavancar o desenvolvimento de startups no país. A instituição criou o BNDES Garagem, que destinará R$ 10 milhões para apoiar a criação e aceleração de startups neste e no próximo ano. O banco fez, em julho, uma chamada pública para convidar empresas que dão apoio às startups, chamadas de aceleradoras. Depois dessa fase, a empresa vencedora selecionará, em novembro, 60 startups inovadoras. Em setembro do ano que vem, mais 60 serão escolhidas. Na seleção, a prioridade será dada àquelas que apresentarem soluções relacionadas ao planejamento estratégico do BNDES, como educação, saúde, segurança, economia criativa e meio ambiente. O objetivo do banco é reunir em um único espaço programas de criação de startups e de aceleração de negócios inovadores, local de coworking (compartilhamento de espaço e de recursos), laboratórios de inovação, universidades e escolas de negócios, gestores de fundos de investimentos e grandes empresas de tecnologia.


Inspiração no Vale do Silício


O Paraná está logo atrás do Rio Grande do Sul no ranking da ABStartups, ocupando o quinto lugar. Com auxílio técnico do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) lançou em abril o Programa de Inovação do Cooperativismo Paranaense visando a disseminar práticas inovadoras dentro das cooperativas. “Queremos fazer com que as cooperativas do Paraná tenham acesso às tecnologias de diagnóstico de competências e metodologias de implantação da inovação em seus ambientes”, projeta José Roberto Ricken, presidente do Ocepar. Em agosto, um grupo de presidentes de cooperativas deve viajar a Boston, nos Estados Unidos, para um período de imersão no MIT, como também em startups da região.

Desde o ano passado, a Frísia Cooperativa Agroindustrial, de Carambeí (PR), realiza a DigitalAgro (foto), uma feira que apresenta soluções inovadoras para as cooperativas de produção do estado. A iniciativa foi fruto de uma viagem dos dirigentes da Frísia ao Vale do Silício, na Califórnia. “Vimos que era praticamente impossível ter sucesso na agricultura e na pecuária sem ter essas inovações por perto. Quando retornamos, começamos a discutir que precisávamos ter um evento voltado à agricultura”, relembra Emerson Moura, superintendente da cooperativa.

Com aporte de R$ 5 milhões em sua segunda edição, a Digital Agro não pretende concorrer com feiras já consolidadas como a Expodireto, de Não-Me-Toque (RS), por exemplo. Tanto é que o conceito é totalmente diferente: o objetivo é ser reconhecida como a primeira feira agrícola 100% voltada para inovação no Brasil. Moura percebe que eventos como a Digital Agro são essenciais para a modernização do modelo do cooperativismo, que é desenvolvido da mesma forma há décadas. “Se não tiver aplicação das novas tecnologias que fazem revigorar suas margens e aumentar a rentabilidade, e se continuar alocada na produção em que os custos vêm aumentando e as margens vêm diminuindo bastante, a cooperativa está fadada a desaparecer”, analisa. 

A Digital Agro faz parte de um projeto maior da cooperativa, o Centro de Inovação Frísia, que pretende discutir com as startups novas tecnologias que possam ser aplicadas às atividades da agroindústria. No que depender da vontade dos cooperativistas empreendedores do Paraná, Carambeí pode se tornar, quem sabe, a capital do “Vale do Silício” rural que começa a fincar raízes em toda a região Sul. 


Um hub para startups

 Com diversas ramificações, a área da saúde foi um dos setores mais impactados pelo advento das startups. Uma das healthtechs mais conhecidas do país é a Dr. Consulta, sistema que conecta uma rede de centros médicos, oferecendo consultas e exames que podem ser realizados até no mesmo dia da solicitação. É uma alternativa para pessoas que não podem investir muito em saúde, pois não há mensalidade: os pacientes pagam apenas pelo serviço que recebem. Atenta ao movimento do setor, a Unimed Porto Alegre (foto) lançou, no ano passado, o programa de aceleração Bem Startup Unimed, em parceria com a aceleradora Grow+. O programa consiste em alocar uma empresa dentro da estrutura da cooperativa durante seis meses para que a startup possa auxiliar a Unimed em seus processos e também ganhar know-how e experiência de mercado. É como se a cooperativa fosse um hub de startups, emprestando sua credibilidade às pequenas empresas. Além disso, a Unimed também investe R$ 100 mil na startup – metade em consultoria com profissionais especializados em administração de empresas e novos negócios. 

O grande desafio da Unimed tem sido mudar sua cultura organizacional para a inserção de uma startup nas rotinas de trabalho. “Todas as empresas tradicionais trabalham com um formato próprio. A novidade gera um desconforto na medida em que se começa a trazer startups para dentro e fazer com que elas trabalhem juntamente com os funcionários”, revela o médico Salvador Gullo Netto, diretor de provimento e líder do programa. Para dar início à primeira edição do projeto, a Unimed Porto Alegre alocou apenas uma empresa em suas operações. A startup realiza a análise técnica de exames laboratoriais de rotina realizados pela cooperativa. A opção por ter apenas uma investida é momentânea, pois faz parte da estratégia abranger sucessivamente mais empresas ao longo dos anos. A segunda edição do programa está em fase final de preparação, e outras duas devem ocorrer em 2019. “Não estamos muito preocupados com o número de empresas, mas sim com o resultado que as healthtechs podem nos proporcionar, no sentido de mexer com a cultura da cooperativa médica”, avalia Gullo Netto.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Registro de transferência de titularidade precisa de publicação no Inpi, fixa STJ

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Ainda que a transferência de titularidade de uma marca seja feita entre as partes, com assinatura do documento de cessão, o ato só é válido perante terceiros depois da averbação e publicação na Revista de Propriedade Industrial. Isso porque o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) é o órgão oficial para analisar direitos relativos à propriedade industrial.

O entendimento foi fixado pela 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça ao reformar acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo e autorizar a penhora de marca. A decisão garantirá créditos em processo de execução, devido a ausência de publicação do ato de transferência da marca pela autarquia.

De acordo com a relatora, ministra Nancy Andrighi, os artigos 136 e 137 da Lei de Propriedade Industrial dispõem que a cessão de marca deve ter anotação pelo Inpi.

No caso, a ministra afirmou que não houve controvérsia sobre a ausência de decisão de acolhimento do pedido de anotação da cessão. Na verdade, segundo ela, há elementos que indicam que o requerimento formulado pelos devedores no Inpi não foi deferido porque faltaram esclarecimentos sobre o objeto social da empresa.

“Não tendo havido publicação da anotação da cessão do registro marcário em questão (lembre-se que o pedido dos recorridos sequer foi deferido pela autarquia), é de se reconhecer a possibilidade da penhora da marca conforme postulado pelos recorrentes, pois a transferência, em razão do não cumprimento do disposto no artigo 137 da LPI, não operou efeitos em relação a eles”, disse  a ministra.


Penhora 

 
As partes firmaram acordo em que foi reconhecida dívida de R$ 400 mil, acerca de prestação de serviços advocatícios. Como o débito não foi pago, os credores ajuizaram execução em que pleitearam a penhora da marca de titularidade dos devedores.

Em primeiro grau, o magistrado considerou que havia provas de que os executados cederam e transferiram a titularidade da marca a terceiros em 2006, com pedido de anotação junto ao Inpi em 2007.

O pedido de penhora foi negado e a decisão foi mantida pelo TJ-SP, sob o argumento de que não seria possível deferir pedido de penhora da marca que não pertence mais aos executados. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.


Clique aqui para ler o acórdão.
REsp 1761023


 https://www.conjur.com.br/2018-out-14/registro-troca-titularidade-publicacao-inpi