quinta-feira, 11 de julho de 2019

A corrida do bilhão

Com maior acesso a capital de risco, empreendedores mais maduros e um mercado repleto de ineficiências, o Brasil começa a se tornar um novo polo de unicórnios


Não foram poucos os caminhos trilhados pelo francês Fabien Mendez antes de empreender. Em 2009, já formado em economia e direito, o aluno do mestrado em finanças e estratégias da Universidade Sciences Po, de Paris, iniciou a carreira como analista do JP Morgan. Passados apenas sete meses, desembarcou no Brasil. Não era o seu primeiro contato com o País. Dois anos antes, havia feito um intercâmbio na Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo. Na segunda visita, veio para ficar. Trabalhou nas operações locais do banco BNP Paribas e da Ernst & Young (EY).

Em 2012, decidiu que era o momento de dar asas à sua vocação empreendedora e fundou a GoJames, aplicativo de transporte de passageiros, nos moldes do Uber. “Esbarramos na regulação e foi um fracasso total em termos de negócios”, diz Mendez sobre a ideia, que teve vida curta. “Mas foram os oito meses de maior aprendizado em toda a minha trajetória.” A bagagem adquirida trouxe o fôlego para seguir em frente. E a inspiração para um novo percurso veio enquanto caminhava pela Avenida 9 de Julho, na capital paulista, ainda desolado pelo insucesso recente. O vaivém de motoboys, em suas palavras, “um a cada dois segundos”, despertou a curiosidade de pesquisar mais sobre os famosos gargalos logísticos brasileiros. Alguns meses depois, nascia a Loggi, startup de serviços de entrega.

Em seis anos de operação, a Loggi acumulou bem mais que os quilômetros percorridos pelas motos, vans e carros disponíveis no seu serviço. No período, a empresa reforçou seu caixa com seis rodadas de investimento, que totalizaram US$ 295 milhões e incluíram fundos como Monashees, IFC Venture e Kaszek Ventures. Anunciado em junho, o aporte mais recente, de US$ 150 milhões, fez com que a companhia alcançasse um destino até pouco tempo distante para uma startup brasileira: o estágio unicórnio, jargão usado no mercado para batizar as novatas avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais. “Nosso objetivo não é ser unicórnio ou qualquer que seja o termo. Essa etapa só é simbólica por validar que estamos no caminho certo”, afirma Mendez, que aponta o desafio de não deixar que o novo patamar suba à cabeça. “A responsabilidade é maior. Temos plena consciência de que existe um cemitério repleto de empresas que atingiram esse status.”

A Loggi não é a única novata brasileira a cumprir esse roteiro bilionário. O aplicativo de mobilidade 99 foi o pioneiro, em janeiro de 2018, ao ser comprado pela chinesa Didi Chuxing. De lá para cá, outras oito startups locais ganharam o mesmo status: a fintech Nubank; a holding de aplicativos Movile e sua investida iFood, de delivery de restaurantes; a PagSeguro e a Stone, de pagamentos; e a Arco Educação, de sistemas de ensino. As três últimas superaram a marca por meio da abertura de capital nos Estados Unidos. O nome mais recente a entrar nesse clube tão seleto que sequer chega a uma dezena de integrantes é a Gympass, plataforma de benefícios de saúde e bem-estar que dá acesso a academias de ginástica. Depois de ganhar musculatura e chegar a 14 países, a companhia fundada em 2012 anunciou, em meados de junho, um aporte de US$ 300 milhões.
Liderada pelo fundo japonês Softbank, a rodada avaliou o negócio em US$ 1,1 bilhão. “Acreditamos que esse investimento nos permitirá levar a nossa solução a mais organizações globalmente”, afirmou, em nota, César Carvalho, cofundador e CEO da Gympass. “O Brasil chegou a um momento de inflexão e a história da Gympass é prova disso: uma startup latina com modelo de negócios inovador, operação escalável e os atributos para se tornar um líder global”, ressaltou Scott Sobel, sócio-fundador do Valor Capital Group. Além de participar da última rodada, o fundo de venture capital com sedes no Brasil e nos Estados Unidos investe na operação desde os seus estágios iniciais.




MATURIDADE 


Fundadora da americana Cowboy Ventures, Ailen Lee foi a primeira pessoa a usar o termo unicórnio para designar as startups desse porte, em 2013. Na época, a maioria das representantes da safra local de novatas bilionárias já dava seus primeiros passos no mercado. A definição ganhou popularidade nos anos seguintes. Entre boa parte dos empreendedores, porém, a alcunha não é vista como um norte a ser perseguido e sim como uma etapa e uma consequência natural de projetos consistentes. É inegável, no entanto, que o surgimento dos primeiros casos de sucesso no Brasil mereça atenção. “É um marco da maturidade desse ecossistema local.

Hoje, temos mais investidores, aceleradoras, espaços de coinovação e casos de sucesso que inspiram outras startups”, diz Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper. Luis Franco, líder de aceleração da Endeavor, aponta outros fatores. “Já existe uma massa crítica de empreendedores mais preparados e com carreiras sólidas, além de muito capital externo de risco entrando e de fundos locais recém captados”, ressalta. “As outras regiões já estão saturadas. Por isso, há superfundos olhando para a América Latina e, em especial, para o Brasil”, acrescenta Nakagawa. O ano passado serve como um termômetro desse aquecimento no País e na região. A América Latina alcançou um recorde de US$ 2 bilhões em investimentos de venture capital. O Brasil foi o destino de US$ 1,3 bilhão desses aportes, ou 65% do total, por meio de 259 acordos, segundo a Associação Latino-Americana de Capital de Risco e Privado (Lavca).

Na ponta dos investimentos recentes na Loggi e na Gympass, e com um histórico de rodadas em empresas como Uber, Didi Chuxing e WeWork, o Softbank é o maior símbolo desse contexto. Em março, a companhia lançou um fundo de US$ 5 bilhões focado exclusivamente na América Latina. “Há muitas inovações e disrupções na região. As oportunidades de negócios nunca foram tão fortes”, afirmou Marcelo Claure, CEO do Softbank na região, em comunicado divulgado na época. No mercado, o desembarque é visto como um fator que já começa a impulsionar a capitalização e os aportes de fundos dedicados às etapas anteriores de desenvolvimento de uma startup. Muitos deles de olho na perspectiva da elevada valorização de um ativo com uma eventual entrada do Softbank mais à frente.
Muitos dos empreendedores no comando dos primeiros unicórnios brasileiros encontraram um cenário bem menos favorável quando iniciaram e desenvolveram seus respectivos projetos. Um dos principais desafios eram as oscilações na oferta de capital ou mesmo a escassez de recursos em determinados estágios de investimento. Mendez, da Loggi, conta que depois de 2015, com a recessão, era quase impossível levantar dinheiro. A fonte secou justamente quando a startup lançou as entregas para o e-commerce, o que demandava muito caixa. “Chegamos a ficar a poucos dias da falência. Passamos a ser muito mais conservadores financeiramente”, observa. O respiro veio em outubro do ano passado, quando o Softbank e a Kaszek Ventures injetaram US$ 110 milhões na operação. “Muitos pensam que as histórias de sucessos são sempre lineares, em evolução, mas tivemos que insistir muito para criar a nossa sorte.”

Para Amure Pinho, presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), apesar das dificuldades, que não se restringiam ao financiamento, as nuances de um mercado que ainda estava em processo de maturação ajudaram a forjar empreendedores e novatas com um perfil diferenciado, distante do clichê comumente associado a essas empresas em países como os Estados Unidos, onde o capital é farto e muitas startups são conhecidas pela cultura de “queimar dinheiro”. “Esses empreendedores entenderam que não adiantava ter uma boa ideia se não conseguissem andar com as próprias pernas”, diz. “Isso possibilitou a criação de negócios orientados a resultado.”




REINVENÇÃO


Inicialmente centrada em serviços de mensagens de texto (SMS) para empresas, a Movile é uma das pioneiras no ecossistema brasileiro – e um bom exemplo da mentalidade que pontua a trajetória dessa geração de unicórnios. A startup é fruto da fusão entre quatro empresas fundadas por estudantes universitários cujas histórias começaram a se cruzar a partir de 1999. “Naquela época não existia mercado, muito menos fundos de venture capital. Nós nos preocupamos em ter um modelo viável financeiramente desde o dia zero”, conta Eduardo Henrique, cofundador da companhia. No caminho, a companhia encontrou outras barreiras.

Instalada em uma incubadora em Campinas (SP), a novata teve todos os seus computadores e servidores roubados. Mas ninguém desistiu. Além da resiliência, a Movile ilustra bem mais uma fórmula presente nessa safra de empreendedores: a capacidade de se reinventar. A partir de 2007, com o lançamento do iPhone, os smartphones passaram a ocupar o espaço dos celulares básicos, os chamados feature phones, o que ameaçava seriamente a sobrevivência da empresa. A solução veio em duas frentes. De um lado, a companhia investiu na aquisição de uma série de aplicativos. Em outra ponta, Henrique foi morar no Vale do Silício, berço das inovações tecnológicas. E de lá trouxe um mantra que foi incorporado ao dia a dia e à cultura da startup: errar rápido, barato e aprender com esses erros. Na época, a Movile contabilizou 20 projetos fracassados, em um curto espaço de tempo.

Da ideia seguinte, no entanto, nasceu o PlayKids, aplicativo de streaming de vídeos e conteúdos para crianças que ganhou escala global e tornou-se um dos mais populares entre os usuários mirins dos dispositivos da Apple. Hoje, da mescla de aquisições e do desenvolvimento próprio, o portfólio do grupo inclui negócios como a Sympla, plataforma digital de gestão de eventos e de venda de ingressos, e o iFood, mais um unicórnio brasileiro. “O que a Movile mais aportou no iFood não foi dinheiro. Mas sim, modelo de gestão e pessoas”, diz Carlos Eduardo Moysés, CEO do iFood. “Nós mais erramos que acertamos. Mas muitas vezes aquele único acerto é o sucesso do negócio.”

A mudança no modelo e a rápida transição para um novo mundo são outras características valorizadas pelos investidores. “Um dos segredos para um empreendedor é se apaixonar pelo problema e não pela solução. Resiliência é diferente de teimosia. O ideal é tentar resolver o mesmo problema de formas diferentes”, diz Romero Rodrigues, sócio do fundo de investimentos Redpoint eventures e outro pioneiro do empreendedorismo digital no País. Com apenas R$ 300, ele fundou o comparador de preços Buscapé, em 1998. Um ano depois, o negócio recebeu seu primeiro aporte, de US$ 1 milhão.

Outras duas rodadas vieram até que a operação fosse vendida, em 2009, por US$ 374 milhões. Desde então, Rodrigues dedica parte de sua rotina aos investimentos e à mentoria para startups, replicando um modelo comum em mercados como o Vale do Silício. Além do talento das pessoas à frente das novatas e de seus respectivos times, o que classifica como o ativo mais valioso de uma empresa desse porte, ele destaca que é sempre interessante o empreendedor ter um pouco de narcisismo, até mesmo para liderar e atrair bons profissionais. “Mas é preciso saber ouvir. Quando quem está no comando é o senhor da razão, é um péssimo indicativo.”




A Gympass seguiu esse conselho. Criada com o foco no consumidor final, a empresa do portfólio da Redpoint eventures redirecionou seu modelo para o mercado corporativo. A ideia é que as companhias possam oferecer um leque amplo de academias para seus funcionários, com descontos e benefícios. Em contrapartida, esse formato traz vantagens em termos de redução de custos com planos de saúde e absenteísmo, entre outras questões. Em entrevista concedida à DINHEIRO há três anos, o fundador César Carvalho atribuiu boa parte dessa guinada aos conselhos de Rodrigues e de outros investidores, como Kees Koolen, cofundador e ex-CEO da agência de viagens on-line Booking.com. “Não tínhamos referências e a experiência deles está sendo essencial na construção do negócio”, afirmou, na época.Outros aspectos unem as startups bilionárias brasileiras “Todas elas resolvem problemas em mercados grandes, que ninguém quis peitar, como os bancos e a logística, de forma mais rápida, eficiente e com tecnologias escaláveis”, diz Nakagawa, do Insper. Para as fontes ouvidas pela DINHEIRO, além de seu porte, o mercado brasileiro é um verdadeiro laboratório vivo, com diversas ineficiências que são um convite para a inovação. “É preciso pensar com ambição, em transformar uma indústria, cortar intermediários. Todas as unicórnios brasileiras contestaram algo grandioso”, observa Pinho, da Abstartups.


CANDIDATAS 


Depois de produzir seus primeiros unicórnios, a perspectiva é de que o mercado brasileiro entre em um círculo virtuoso. “O que estamos vendo é o resultado do que foi plantado há dez anos”, afirma Rodrigues. “Vamos começar a ver mais casos, pois temos pela frente as safras de 2014 em diante.” Não faltam candidatas a romper a barreira do bilhão. A lista inclui nomes como QuintoAndar, Dr. Consulta, Grow, Creditas, VivaReal, Neoway, Contabilizei, Conta Azul e MaxMilhas, entre outras, em um universo de mais de 10 mil startups no País.

As fichas também recaem em “veteranas”. É o caso do GuiaBolso, fundada em 2012 e dona de um aplicativo de controle de finanças pessoais. A empresa já captou US$ 80 milhões e é mais um exemplo de persistência. “Recebemos mais de 60 nãos em um período de quatro meses. O mercado era formado por investidores tradicionais, que não viam que era possível fazer algo diferente em um mercado tão consolidado como o bancário”, afirma Thiago Alvarez, CEO e cofundador do GuiaBolso, ao lado de Benjamin Gleason. Para colocar o negócio em pé, o empreendedor vendeu um apartamento que estava terminando de pagar, o único bem que possuía na época. “Acho que ainda era um pouco cedo para o mercado e precisamos dar voltas a mais. Tivemos que provar que era possível.” Hoje, com 5,3 milhões de usuários, a startup está diversificando seu negócio com a oferta de curadoria de produtos financeiros, a começar pelo empréstimo pessoal. Além de ajudar o usuário a gerenciar suas finanças, o plano é indicar os melhores investimentos de acordo com o seu perfil.

Apesar do cenário favorável, há um consenso de que o mercado ainda tem desafios pela frente. “Temos bastante a melhorar em capital para os estágios semente e Série B”, diz Itali Collini, diretora de operações no Brasil do 500 Startups, fundo americano de venture capital que possui 43 brasileiras em seu portfólio, entre elas, a Conta Azul e a Viva Real. “E ainda existe uma certa aversão dos investidores ao risco. Há uma mentalidade retrógrada de que, necessariamente, todas as startups investidas têm que vingar.”




Outra questão é a dúvida sobre a capacidade de produzir talentos em um volume condizente com a demanda do setor. A perspectiva é de que essa carência intensifique e encareça a disputa por bons profissionais. Uma das alternativas é garimpar pessoas capacitadas em boas universidades e centros de pesquisa e desenvolvimento. É o caso da Loggi, que planeja usar parte dos US$ 150 milhões aportados para contratar mais de mil engenheiros no “padrão do Vale do Silício” até 2020. O iFood, por sua vez, está investindo mais de US$ 20 milhões em uma academia de inteligência artificial que vai treinar profissionais e produzir pesquisas, além de trocar informações com universidades para incentivar o desenvolvimento do conceito no País. “É preciso fomentar essa discussão para que as pessoas se interessem por novas tecnologias”, diz Moysés, do iFood. “O Brasil é um mercado gigantesco para explorar e tem um potencial enorme para gerar empresas de mais de US$ 100 bilhões. Estamos apenas no começo.”




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Brasil solicita à OMC painel sobre subsídios da Índia aos produtores de açúcar


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O Brasil apresentou nesta quinta-feira, 11, ao Órgão de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC) pedido de estabelecimento de painel no âmbito do contencioso iniciado em fevereiro deste ano a respeito do regime de apoio ao setor açucareiro da Índia. A informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores, em nota. “Austrália e Guatemala também formalizaram, nesta data, pedido de estabelecimento de painéis em contenciosos sobre o mesmo tema”, diz a pasta. 

O Ministério de Relações Exteriores (MRE) relata que o pedido de painel ocorreu após várias consultas ao governo da Índia, sem resultado. O pedido do Brasil será apreciado na próxima reunião do Órgão de Solução de Controvérsias, prevista para o próximo dia 22 de julho.

O MRE relata que nos últimos anos a Índia intensificou sua política interna de apoio ao setor açucareiro. “Desde a safra 2010/2011, o governo indiano praticamente dobrou o preço mínimo a ser pago pela cana-de-açúcar”, informa a pasta. “Apenas entre as safras de 2017/2018 e 2018/2019, o volume de açúcar a ser exportado pelas usinas indianas, definido pelo governo daquele país, passou de 2 milhões para 5 milhões de toneladas.”

Tais medidas, no entendimento do MRE, têm contribuído fortemente para a depreciação do preço internacional do açúcar, em prejuízo dos exportadores brasileiros. “Na avaliação brasileira, ademais, tais medidas são incompatíveis com as disciplinas do Acordo sobre Agricultura da OMC, seja porque ultrapassam os níveis de apoio doméstico permitidos à Índia, seja porque constituem subsídios à exportação vedados pelo Acordo.”


Lactalis concretiza acordo com Lala e conclui compra da Itambé


Com a aquisição da brasileira, a receita global do grupo francês sobe para R$ 8 bilhões 

 

Lactalis concretiza acordo com Lala e conclui compra da Itambé

Demorou, mas finalmente saiu do papel o acordo entre o grupo francês Lactalis e a mexicana Lala para acabar com todas as brigas jurídicas e permitir à primeira concluir a compra da brasileira Itambé. Na quarta-feira 10, a Lactalis anunciou que a aquisição só foi possível a partir de uma negociação global entre os grupos, resolvendo, por fim, a transferência de 100% do controle da empresa mineira para a multinacional da França.

Com a compra, a Lactalis, dona de marcas como Parmalat, Batavo e agora Itambé, se torna líder do mercado brasileiro de produtos lácteos e conquista um faturamento combinado de R$ 8 bilhões por ano. A união também garante ao grupo o título de líder em captação de leite no Brasil. Com processamento de 2,3 bilhões de litros de leite por ano – o equivalente a 9,4% da produção formal do País –, o grupo ultrapassa a suíça Nestlé, que captou 1,6 bilhão de litros no ano passado e liderava o ranking formado pela Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil).

O CEO da Lactalis para América Latina, Patrick Sauvageot, falou à DINHEIRO, mas não revelou os termos da negociação. Sabe-se, porém , que a Lala encerrou a parceria que tinha com a Parmalat no México.

A preocupação de Sauvageot, contudo, é com o sucesso do grupo. Segundo ele, o setor a inda tem muito espaço para crescer no País. “O consumo per capita de produtos lácteos ainda é muito pequeno no Brasil”, diz. “Os brasileiros consomem cerca de 4 quilos de queijo por ano, por exemplo, enquanto que na Europa esse índice é de 30 quilos por pessoa”, diz. O executivo destaca que os primeiros investimentos serão em tecnologia, melhoria nas fábricas e alinhamento de processos. Juntas, a Itambé e a Lactalis investem R$ 160 milhões por ano.

Impasse


Em agosto de 2017, a mexicana Lala comprou a brasileira Vigor por US$ 2,6 bilhões. A aquisição, no entanto, incluiu a fatia de 50% que a empresa detinha na Itambé – os outros 50% pertenciam à Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR). Na época, A Lala também lançou uma oferta para ter 100% do controle da companhia, mas uma cláusula no acordo permitia a uma das sócias igualar o valor da oferta. Não demorou muito para a CCPR exercer esse direito.
O problema começou porque a Cooperativa vendeu a sua parte para a Lactalis no dia seguinte. A Lala e a Vigor alegam que a CCPR descumpriu o acordo de acionistas ao negociar, nos bastidores, a transação com o grupo francês. A Lactalis havia participado da concorrência pela Vigor e perdido o negócio para a Lala. No processo, a empresa teria assumido o compromisso de não fazer nenhuma proposta pelos ativos da Vigor no prazo de dois anos, o que incluía a Itambé. O vai e vem resultou em uma série de liminares na Justiça, que agora chegaram ao fim com a transferência total da Itambé para a Lactalis.

*Colaborou: Moacir Drska

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Revista Forbes: para Wall Street, ‘o Brasil está de volta’ aos negócios


Revista Forbes: para Wall Street, ‘o Brasil está de volta’ aos negócios
Ilustrada pela imagem do Cristo Redentor, uma análise publicada no site da revista Forbes declara que, para Wall Street, o Brasil “está de volta” aos negócios. O fator mais destacado para explicar a afirmação é, evidentemente, o avanço da tramitação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.

Na avaliação de Kenneth Rapoza, o rali recente do Ibovespa, “que está batendo todos os mercados emergentes”, é “todo graças a um antes impopular projeto de lei de reforma das aposentadorias, pelo qual dezenas de milhares foram às ruas no fim do mês passado em apoio ao esforço do novo presidente (Jair Bolsonaro) para mudar o claudicante sistema público de pensões do Brasil”.

O autor da análise lembra que a gestora BlackRock adotou recomendação “overweight”, ou seja, acima da média de mercado para o Brasil, mas pondera que os dados econômicos contemporâneos “não são inteiramente impressionantes”. “Bancos vêm revisando o crescimento econômico para baixo o ano todo. Investidores estão deixando de olhar para os fundamentos e apostando em um voo de cruzeiro daqui para a frente por causa da reforma previdenciária.”




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Mercado se acautela contra emendas que desidratam reforma

Senado começa a articular PEC para incluir Estados e municípios na nova Previdência

 

Da Redação, com Agência Brasil

 

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Mercado se acautela contra emendas que desidratam reforma


O Ibovespa, principal índice da B3 (foto), opera com leve queda na manhã desta quinta-feira (11). Agentes econômicos se dividem entre a cautela com a votação dos destaques, que podem desidratar a economia esperada de quase R$ 1 trilhão em dez anos, e o otimismo por conta do placar da aprovação na noite de quarta-feira (10). Por volta do meio-dia, o Ibovespa apresentava retração de 0,8%, aos 104.928 pontos. O dólar comercial apresentava estabilidade, sendo vendido a R$ 3,7587 na compra e a R$ 3,7593 a venda. A apreciação dos destaques ao longo do dia dará o norte aos investidores sobre o fim da votação ou não, em dois turnos, ainda nesta semana.

O Senado pode costurar um acordo para reincluir os estados e os municípios na reforma da Previdência. O movimento tem apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele se disse favorável a que governos estaduais e prefeituras façam parte da reforma, mas admitiu não haver clima para que os deputados aprovem a reinclusão dos governos locais neste momento. Pela hipótese cogitada por Maia, o Senado aprovaria a reforma da Previdência, mas as modificações seriam fatiadas. Os pontos aprovados pelas duas Casas seriam promulgados, mas a reinclusão dos estados e dos municípios voltaria à Câmara dos Deputados para ser discutida novamente.

“O que entendo é que é muito difícil que a Câmara aprove esse tema, infelizmente. Todo mundo sabe que sou a favor. Mas de repente, pode ter uma construção da inclusão, como já ouvi do presidente do Senado [Davi Alcolumbre], no Senado Federal”, declarou Maia. “Com isso, o Senado poderia trabalhar a nossa PEC mais os estados e devolver como PEC paralela [a questão] dos estados para a gente fazer o debate em outro ambiente. Num ambiente menos tensionado. Não sei se é possível, mas vamos trabalhar para que a gente não tenha atraso na análise da reforma”, acrescentou Maia. 

Os governadores dos sete Estados que compõe o Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) assinaram uma carta aberta no final de maio, em Gramado (RS), em que expressam apoio a reformas estruturais, em especial à da Previdência. Entre eles, há unanimidade relação à vinculação da Reforma da Previdência aos estados. A quarta reunião do Cosud foi marcada para sábado (13) em Vitória (ES).



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terça-feira, 2 de julho de 2019

Cade aprova sem restrições incorporação da Aliansce pela Sonae Sierra

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A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a combinação dos negócios das empresas de shoppings centers Aliansce e Sonae Sierra.

Em fato relevante, as companhias informam sobre a publicação da decisão nesta segunda-feira, 1, sobre a incorporação da Aliansce pela Sonae Sierra e do Merger Agreement (acordo de associação) celebrado em 6 de junho.

Após verificadas a satisfação (ou renúncia, conforme o caso) de outras condições suspensivas, os conselhos de administração de cada companhia vão se reunir para determinar a data em que a operação será consumada.

A aprovação pelos acionistas de ambas ocorreu na quinta-feira passada, em assembleia geral extraordinária.




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Acordo Mercosul/UE poderá elevar PIB em R$ 500 bilhões em dez anos

Novos investimentos poderão chegar a R$ 453 bilhões no período, prevê Ministério da Economia

 

Por Agência Brasil 

  

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O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia poderá trazer ganhos de R$ 500 bilhões em dez anos para o PIB brasileiro. A estimativa foi divulgada pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz. Segundo ele, o acordo também poderá gerar investimentos adicionais de R$ 453 bilhões no Brasil nos primeiros dez anos de vigência. A corrente de comércio – soma de exportações e importações – será ampliada em R$ 1 trilhão no mesmo período. O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo (foto), afirmou que o acordo trouxe ganhos para os dois lados. “Temos a convicção de que o acordo não é um jogo de soma zero, onde um ganha e outro perde. São ganhos coletivos, até porque as economias são complementares”, declarou.

Para entrar em vigor, o acordo precisa ser ratificado por todos os países do Mercosul e da União Europeia. Em alguns países, como a Bélgica, o acordo também precisará ser votado por parlamentos regionais. Ferraz informou que o Mercosul negocia a possibilidade de que o acordo entre em vigor em cada país do bloco assim que cada parlamento aprovar o documento. Apesar da demora de os parlamentos confirmarem o acordo, Troyjo destacou que os efeitos na economia brasileira podem começar a ser sentidos antes. “A economia é composta tanto por fundamentos [condições atuais] como pela formação de expectativas [avaliações sobre o futuro]. As empresas que fizerem planejamento de longo prazo terão de colocar na tela de radar que o Brasil agora tem acordo com a maior economia no valor agregado que é a da União Europeia”, sugeriu. 

“O acordo traz benefícios intangíveis. Muda a percepção do mundo em relação ao Mercosul como bloco, como ator no comércio internacional. Sem contar que o acordo traz uma nova dinâmica para acordos ora em negociação, com o Canadá, a Coreia do Sul e os países da Europa fora da União Europeia. O acordo põe o Mercosul na Champions League do comércio internacional”, completou Ferraz. Segundo ele, outro ganho para o Mercosul está relacionado à velocidade de desgravação (redução a zero das tarifas). Enquanto a União Europeia terá até dez anos para zerar as tarifas sobre quase todos os produtos do Mercosul, o Mercosul terá até 15 anos para fazer o mesmo com os produtos do bloco europeu.

Pelos termos do acordo, a União Europeia terá zerado as tarifas de importação de 92% dos produtos vindos do Mercosul até dez anos depois da entrada em vigor das novas regras. No mesmo intervalo, os sul-americanos terão zerado as tarifas de 72% das mercadorias vindas da Europa. Cada categoria de produto terá um cronograma e uma regra específica. No setor industrial, a União Europeia comprometeu-se a acabar com as tarifas de importação para 100% dos manufaturados em até dez anos. O Mercosul, por sua vez, terá dez anos para zerar as tarifas de 72% dos produtos industrializados e mais cinco anos para atingir o patamar de 90,8%, sem precisar zerar as tarifas para todos os produtos.

Na área agrícola, os europeus prometeram zerar as tarifas de 81,8% das mercadorias em dez anos, enquanto o Mercosul deverá eliminar as tarifas para 67,4% dos produtos. No setor automotivo, a tarifa de 35% cobrada sobre a importação de carros europeus será mantida até o sétimo ano do acordo, caindo pela metade (17,5%) nos três anos seguintes, até ser zerada em 15 anos. Dentro do período de carência de sete anos, o Mercosul poderá importar uma cota de 50 mil veículos (32 mil para o Brasil) com tarifa de 17,5%. O que exceder isso pagará 35%.

No setor de autopeças, as tarifas, que atualmente variam de 14% a 18%, serão reduzidas gradualmente a zero em dez anos. Segundo Ferraz, o acordo também trará ganhos para a indústria brasileira, que passará a integrar-se às cadeias globais de valor ao importar componentes de outros países, fabricar um produto final ou outro componente e reexportá-lo. “Flexibilizando as regras de origem, a gente pode importar partes da China, da União Europeia. Cada produto tem regras definidas. Isso não é concessão, mas uma decisão clara de governo de que o Brasil deve integrar-se às cadeias globais de valor. Os produtos [produzidos no país] têm mais conteúdos importados, para que eles possam ser reexportados de forma mais competitiva”, explicou. O secretário comparou a indústria automotiva brasileira, que exporta 15% da produção, à mexicana, que exporta 60%.

O secretário de Negociações Internacionais do Ministério da Economia, Alexandre Lobo, disse que, no caso das cotas para produtos agrícolas, houve ganhos de volumes acompanhados de redução de tarifas. O acordo prevê uma cota adicional de 180 mil toneladas de frango do Mercosul na União Europeia, sobre as atuais exportações do Brasil de 200 mil toneladas por ano. Para a carne bovina, o Mercosul conseguiu 99 mil toneladas adicionais para entrar na União Europeia, volume que se somará às 136,6 mil toneladas exportadas anualmente pelo Brasil ao bloco econômico. No caso do açúcar, o Mercosul conseguiu 180 mil toneladas adicionais para a União Europeia. Atualmente, informou Lobo, dentro do Mercosul, apenas a Região Nordeste exporta açúcar para os europeus, vendendo 22 mil toneladas por ano. O acordo prevê cotas adicionais de 450 mil toneladas de etanol industrial com tarifa zero e 200 mil toneladas de etanol de uso geral com um terço da tarifa que a União Europeia aplica atualmente.

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