Com a aquisição da brasileira, a receita global do grupo francês sobe para R$ 8 bilhões
Demorou, mas finalmente saiu do papel o acordo entre o grupo
francês Lactalis e a mexicana Lala para acabar com todas as brigas
jurídicas e permitir à primeira concluir a compra da brasileira Itambé.
Na quarta-feira 10, a Lactalis anunciou que a aquisição só foi possível a
partir de uma negociação global entre os grupos, resolvendo, por fim, a
transferência de 100% do controle da empresa mineira para a
multinacional da França.
Com a compra, a Lactalis, dona de marcas como Parmalat, Batavo e
agora Itambé, se torna líder do mercado brasileiro de produtos lácteos e
conquista um faturamento combinado de R$ 8 bilhões por ano. A união
também garante ao grupo o título de líder em captação de leite no
Brasil. Com processamento de 2,3 bilhões de litros de leite por ano – o
equivalente a 9,4% da produção formal do País –, o grupo ultrapassa a
suíça Nestlé, que captou 1,6 bilhão de litros no ano passado e liderava o
ranking formado pela Associação Brasileira dos Produtores de Leite
(Leite Brasil).
O CEO da Lactalis para América Latina, Patrick Sauvageot, falou à
DINHEIRO, mas não revelou os termos da negociação. Sabe-se, porém , que a
Lala encerrou a parceria que tinha com a Parmalat no México.
A preocupação de Sauvageot, contudo, é com o sucesso do grupo.
Segundo ele, o setor a inda tem muito espaço para crescer no País. “O
consumo per capita de produtos lácteos ainda é muito pequeno no Brasil”,
diz. “Os brasileiros consomem cerca de 4 quilos de queijo por ano, por
exemplo, enquanto que na Europa esse índice é de 30 quilos por pessoa”,
diz. O executivo destaca que os primeiros investimentos serão em
tecnologia, melhoria nas fábricas e alinhamento de processos. Juntas, a Itambé e a Lactalis investem R$ 160 milhões por ano.
Impasse
Em agosto de 2017, a mexicana Lala comprou a brasileira Vigor por US$
2,6 bilhões. A aquisição, no entanto, incluiu a fatia de 50% que a
empresa detinha na Itambé – os outros 50% pertenciam à Cooperativa
Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR). Na época, A Lala
também lançou uma oferta para ter 100% do controle da companhia, mas uma
cláusula no acordo permitia a uma das sócias igualar o valor da oferta.
Não demorou muito para a CCPR exercer esse direito.
O problema começou porque a Cooperativa vendeu a sua parte para a
Lactalis no dia seguinte. A Lala e a Vigor alegam que a CCPR descumpriu o
acordo de acionistas ao negociar, nos bastidores, a transação com o
grupo francês. A Lactalis havia participado da concorrência pela Vigor e
perdido o negócio para a Lala. No processo, a empresa teria assumido o
compromisso de não fazer nenhuma proposta pelos ativos da Vigor no prazo
de dois anos, o que incluía a Itambé. O vai e vem resultou em uma série
de liminares na Justiça, que agora chegaram ao fim com a transferência
total da Itambé para a Lactalis.
*Colaborou: Moacir Drska
https://www.istoedinheiro.com.br/lactalis-concretiza-acordo-com-lala-e-conclui-compra-da-itambe/
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