Chefe de operações da startup Méliuz, Lucas Marques foi até a China e ficou abismado com a evolução tecnológica do país
Lucas Marques foi até a China – e voltou apavorado. O executivo é chefe de operações da startup Méliuz
e realizou uma viagem com outros executivos, de startups a empresas
grandes, para ver o que o país asiático tem produzido no campo da
tecnologia. O choque foi enorme e, assim que voltou, ele escreveu um
texto em seu LinkedIn, “para colocar as ideias em ordem”, como explica a Época NEGÓCIOS. O título dá o tom: “Por que 9 dias na China me deixaram apavorado”.
Um declarado fã de Jack Ma e de sua empresa, a Alibaba,
Lucas tem estudado a China e seus modelos de negócios e de inovação
desde 2014. Mas esta foi sua primeira ida ao país. “Voltei com a
impressão de que eles estão 10 ou 15 anos na frente em termos de
infraestrutura, além da produção, uso e adoção de tecnologia pela
sociedade”, diz. “O governo tem claramente a noção de que esse é o
futuro.”
Na
viagem, viu um pouco de tudo que tem sido produzido por lá – de
veículos elétricos (“todos os veículos públicos já são elétricos em
Shenzhen”), até a preparação da infraestrutura para a rede 5G (“o que
todos dizem é que a Huawei está 10 anos na frente dos concorrentes”).
Os impactos disso não são apenas para o presente. Ele usa machine learning, uma modalidade de inteligência artificial,
como exemplo. “Numa sociedade de 1,4 bilhão de pessoas na qual a
privacidade não é uma questão tão discutida como no mundo ocidental,
empresas do governo têm acesso a uma quantidade de dados tão grande que
provavelmente vai resultar nos melhores modelos de ML”, afirma a Época
NEGÓCIOS. “Quando se fala em machine learning, o mais importante é a quantidade de dados – mais do que número de desenvolvedores.”
O desenvolvimento do 5G
é outro ponto que deve moldar o futuro do desenvolvimento de
tecnologia. “A China, provavelmente, vai ter a melhor conexão 5G, o que
vai permitir o desenvolvimento das melhores empresas de IoT [internet
das coisas], de carros autônomos, de telemedicina cirúrgica guiada por
internet, entre outras coisas.”
A viagem foi organizada pelo ITS Rio
(Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio), que estuda o impacto e o
futuro da tecnologia no Brasil e no mundo. Estavam presentes
representantes de fundos de investimentos, executivos, um deputado e
advogados. A visita passou por empresas e fundos de venture capital da
China.
Lucas ressalta que é crucial que brasileiros saibam o ritmo
de desenvolvimento tecnológico e de inovação na China – por mais
difícil que seja pela distância física e cultural. “Saber que tudo é
gigantesco e que não temos ideia disso assusta. É um desafio gigante
pegar informação de lá. Mas, sem saber do que acontece, vamos ficar
muito para trás”, diz. “Sem informação, será como saber que um meteoro
vai atingir a Terra em um segundo.”
A experiência trouxe lições ao
executivo. “Volto com a certeza que temos que investir mais em
inteligência artificial do que investimos. É algo que será muito
disruptivo em termos de impacto nos negócios e na vida dos usuários.”
https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2019/07/este-executivo-passou-9-dias-na-china-e-voltou-apavorado.html
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