sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Dono do Bob’s compra 100% da maior franqueada da Pizza Hut no País

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Controladora das redes Bob’s e Yoggi, a Brazil Fast Food Corporation (BFFC) fechou a compra de 100% da Internacional Restaurantes do Brasil (IRB), maior detentora de franquias da Pizza Hut no País. O grupo já tinha 60% da empresa e agora adquiriu os 40% que pertenciam aos demais sócios. O valor da operação não foi revelado. O negócio faz parte da estratégia de fortalecer o braço de ativos próprios da BFFC, que inclui ainda lojas da KFC.

A meta é em cinco anos dobrar o total de pontos de venda próprios, para 350, segundo Ricardo Bomeny, presidente da holding. O investimento previsto é de R$ 200 milhões. O montante a ser investido é parte do plano de investimento de R$ 1 bilhão até 2023, do grupo com seus franqueados. Noticiado em setembro do ano passado pelo Estado, a estratégia deve elevar o total de pontos de venda da BFFC de 1.145 para cerca de 1.600.

A unidade de ativos próprios da BFFC engloba 153 restaurantes administrados diretamente pelo grupo, com capital próprio. Além de lojas do Bob’s, a lista inclui franquias próprias de KFC e Pizza Hut – marcas da americana Yum! Brands, que tem como master franqueado no Brasil o Grupo Sforza. A divisão de ativos próprios responde hoje por 30% da receita da BFFC, de R$ 1,5 bilhão em 2018. “Acreditamos que existe muito espaço para potencializar e ter um crescimento mais rápido nesse negócio”, diz Bomeny.

A unidade de ativos franqueados, por sua vez, cuida da gestão de marcas e dá suporte aos franqueados das marcas Bob’s e Yoggi. Eles são os responsáveis pelos investimentos nas próprias lojas. Ao todo são 992 franquias sob essa divisão. A estratégia de criar duas holdings distintas nasceu quando a BFFC fechou capital nos Estados Unidos, em 2015.


Rio-São Paulo.


 A expansão da unidade de ativos próprios será concentrada no eixo Rio-São Paulo. As 42 lojas Pizza Hut que pertenciam à IRB estão na região metropolitana paulista. Com a compra da empresa, a holding de negócios próprios da BFFC ficará agora sob o comando de Jorge Aguirre. Veterano do setor de alimentação, o empresário era sócio da IRB e cuidou por duas décadas da marca Pizza Hut na Grande São Paulo.

Em 2019, o plano da BFFC é abrir mais 20 lojas próprias. Em São Paulo, só na marca Bob’s, a empresa passou de nove pontos de venda próprios, em junho de 2018, para 39 em menos de um ano. Até dezembro serão mais 11 lojas próprias no Estado, além de três no Rio. “A BFFC tem planos de inaugurar ainda este ano mais três pontos de venda da Pizza Hut, dois em São Paulo e um em Botafogo, no Rio de Janeiro, e quatro do KFC no Rio”, complementa Bomeny.
Exterior. 


Ele descarta retomar planos de expansão internacional no momento. O grupo já chegou a ter restaurantes em Portugal, Angola e Chile. Apesar de o cenário de retomada gradual da economia, com desemprego alto, renda estagnada e confiança do consumidor ainda em baixa, a aposta da dona do Bob’s é o mercado doméstico.
“A gente acredita no interior do Brasil, onde ainda temos muito potencial para crescer, principalmente com franquias do Bob’s”, diz. “Vejo hoje no País o início de um novo ciclo de prosperidade. Estamos aproveitando a nossa experiência para fazer esse desenvolvimento no momento em que os ativos estão mais baratos.”


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ganho com exportação é temporário, diz diretor da OMC


A tendência é que os preços caiam, o que pode prejudicar o Brasil

 

Por Agência Brasil


redacao@amanha.com.br


O diretor da Divisão Agrícola e de Commodities da Organização Mundial do Comércio (OMC), Edwini Kessie, afirmou que os ganhos atuais do Brasil com o aumento nas exportações são temporários, principalmente de soja para a China, em meio à guerra comercial do país asiático com os Estados Unidos. O diretor participou hoje (5) do 7º Fórum de Agricultura da América do Sul, em Curitiba (PR).

Kessie destacou que, se o Brasil aumentar agora os investimentos para exportar mais soja, quando os Estados Unidos voltarem a vender o produto para a China, a tendência é que os preços caiam, o que pode prejudicar o setor brasileiro. Sobre o impacto da guerra comercial na economia mundial, ele disse que, se houver acordo no curto prazo, os efeitos não serão significantes. “Isso não é bom para os negócios que requerem previsibilidade”, declarou sobre esse impasse internacional.

Para Fábio Carneiro Cunha, consultor em comércio exterior,  a tendência é que o Brasil mantenha ganhos na balança comercial por mais um ano. Ele destacou, entretanto, que a disputa entre os dois países também gera o efeito de aumento das importações de produtos eletrônicos e plástico, por exemplo, o que afeta a indústria brasileira. 

Segundo o diretor, isso ocorre porque China e Estados Unidos, passam a enviar esses produtos para países como o Brasil. “Houve aumento de exportação de soja, de milho. Mas ao mesmo tempo, houve aumento de importações dos dois países de setores que já sofrem com isso, como o de comércio eletrônico e plástico. Então, quem está preparado para exportar tem um benefício transitório, mas quem tem normalmente dificuldades com o comércio exterior está sofrendo ainda mais”, afirmou.

A disputa comercial iniciada entre entre China e Estados Unidos no ano passado aumentou as exportações brasileiras para a China em US$ 8,1 bilhões, em 2018, em comparação com o ano anterior. As vendas nacionais passaram de US$ 22,589 bilhões, em 2017, para US$ 30,706 bilhões.

O maior salto em valor de exportação ocorreu com a soja. Produtores chineses compraram US$ 7 bilhões a mais no ano passado do que em 2017. Os dados são de levantamento divulgado em maio pela Confederação Nacional da Indústria, que cruzou dados de produtos americanos que tiveram os impostos de importação elevados.

http://www.amanha.com.br/posts/view/8084

Copel abre inscrições para aceleração de startups


Companhia possibilita acesso a um fundo de P&D de R$ 10 milhões

Da redação

redacao@amanha.com.br


A Companhia Paranaense de Energia (Copel) lançou um edital para selecionar startups vindas do mercado para serem aceleradas pelo programa Copel+. Entre os benefícios, a empresa oferece possibilidade de acesso a um fundo de pesquisa e desenvolvimento no valor de R$ 10 milhões. As inscrições vão até 13 de outubro e podem ser feitas através do site. O resultado das selecionadas será divulgado em 18 de novembro.

Com o apoio da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e do Sistema Fiep, o programa selecionará cinco startups que apresentem soluções inovadoras e com potencial de impacto positivo no mercado para serem incubadas e aceleradas. Destas, três serão escolhidas entre as startups inscritas. Podem participar empresas nascentes ou spin-offs – startups – com no mínimo seis meses de CNPJ, devidamente constituídas, que tenham produto, serviço ou processo inovador, com sede no Brasil e instituída conforme a legislação.

A ideia é impulsionar a formação de startups a partir de ideias de estudantes universitários, por meio da qual foram selecionados projetos para serem desenvolvidos até a validação de um modelo de negócios; bem como empresas que já venham do mercado. No segundo caso, o programa contempla um plano de aceleração a ser desenvolvido em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), do Sistema Fiep.

De 19 de novembro de 2019 e 18 de maio de 2020, acontecerá o plano de aceleração. As etapas contemplarão consultoria por parte das parceiras e entregas por parte das startups, resultando na criação de produtos ou serviços que atendam às demandas do setor elétrico. Durante esse processo, as startups selecionadas também terão a oportunidade de licenciar outras tecnologias e patentes desenvolvidas pela Copel.

As startups que apresentarem resultados alinhados com estes fatores, e que demonstrem poder se beneficiar de projetos de pesquisa nos moldes do programa P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), terão acesso a um fundo de P&D no valor de R$ 10 milhões.

http://www.amanha.com.br/posts/view/8082

BRF vende participação em joint-venture em Cingapura

Catarinense anunciou acordo com a SATS Food Services por R$ 51 milhões

 

Da redação


redacao@amanha.com.br



A catarinense BRF, dona de marcas como Sadia, Perdigão, Qualy, anunciou a venda de 49% da propriedade da SATS BRF Food PTE Ltd., joint-venture criada pela BRF com a SATS Food Services PTE em 2015, para atuar em Cingapura. Agora, a SATS passa a ter o controle das operações. A empresa informou que a transação foi de cerca de R$ 51 milhões. 

O acordo inclui a assinatura de um novo contrato de distribuição e licenciamento de marcas pertencentes à BRF em Cingapura. Conforme comunicado da SATS, a SATS BRF Food PTE Ltd passará a se chamar Country Foods Pte. Ltd.

A alienação anunciada, explicou a BRF, faz parte de seu plano de restruturação, anunciado em 29 de junho de 2018. "O objetivo é acelerar o processo de desalavancagem financeira da Companhia, bem como focar em seus mercados-chave, sendo estes o Brasil, o mercado Halal e o mercado asiático", informou em comunicado ao mercado. No começo da tarde desta quinta-feira (05), na B3, as ações da BRF (SA:BRFS3) eram negociadas com alta de 1,24% a R$ 38,36.

Em 2015, na ocasião da criação da joint-venture com a SATS, a BRF investiu US$ 19 milhões. A intenção era vender produtos de valor agregado em Cingapura e deixar de ser apenas uma companhia de commodities. 


http://www.amanha.com.br/posts/view/8083

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Beto Carrero: como um hambúrguer devora um parque?


Complexo de entretenimento do Sul é oportunidade para Madero fincar bandeira em Santa Catarina

 

Por João Gabriel Chebante*

Beto Carrero é oportunidade para Madero fincar bandeira em Santa Catarina

Apesar da economia real ainda não apresentar uma retomada real de crescimento, o mercado de capitais já se movimenta: o segmento de fusões e aquisições apresenta incremento de 24% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a consultoria PwC. Não raro, temos movimentos que, aos olhos de quem enxerga de fora, fazem pouco ou nenhum sentido. Lembro sempre que o nascimento das ações de cross-selling em trade marketing surgiu no início dos anos 1980, quando a Pampers percebeu que os homens faziam compras de churrasco e esqueciam das fraldas para seus bebês. 

Colocar uma frente de fraldas no meio de carvão e carnes fez o maior sucesso.

Em fusões e aquisições, não raro temos movimentos que não fazem o menor sentido à vista de quem tem pouca experiência no segmento, mas cujas sinergias são imensas. A posição do fundo de investimentos dono da rede de restaurantes Madero de comprar por R$ 1 bilhão o parque e diversões Beto Carrero World segue esta "lógica". O negócio ainda não foi firmando, mas afinal de contas, qual o sentido de uma rede de restaurantes comprar um parque? 

Vou voltar 10 anos no tempo, para quando as Lojas Americanas compraram a Blockbuster no Brasil. 

Qual era o objetivo de uma transação num mercado que já apresentava sinais de queda? Os pontos de venda da rede de locadoras foram fundamentais para expandir rapidamente a varejista ao redor do país, com porte de lojas enxutos e mais rentáveis.

Em outra frente, o Madero claro que tem interesse na receita do parque com um todo – pelo visto, não fará a aquisição sozinho, já que existem fundos que investem nas duas empresas envolvidos na transação –, mas lembre-se: quem visita um parque se alimenta. Dentro e fora do recinto, no hotel e nas cidades próximas. É uma receita bem lucrativa. E é exatamente aqui que reside o principal interesse do Madero no negócio: ter o controle da alimentação de toda uma região do estado de Santa Catarina, do parque aos hotéis.

Se pensarmos que o Beto Carrero vem em crescimento acima de 10% ao ano desde 2015, se consolidando como principal opção de entretenimento em seu setor na América Latina, com atrações de estúdios de Hollywood inclusas e faturamento acima de R$ 1,2 bilhão/ano... temos um excelente negócio.

A profissionalização da operação alimentícia do parque e cercanias, atrelada a co-operação do empreendimento deve levar a uma maximização do valor de mercado do complexo, que ainda tem um forte potencial de crescimento, haja vista a área disponível ser 70% do terreno aonde fica o Beto Carrero.

Nunca vender hambúrguer foi tão divertido. 


*Fundador da Sucellos, responsável por levar inteligência aos processos de investimento, fusão e aquisição de empresas. 



 http://www.amanha.com.br/posts/view/8038


A arte por trás das grifes


Atelier suíço oï, responsável pela cenografia, design de produtos e mobiliário de marcas como Bulgari e Louis Vuitton, desembarca no Brasil com uma coleção de móveis próprios

 

Crédito: Iara Morselli
Forma e emoção: para Aurel Aebi, um dos fundadores do Atelier oï, o que define a compra de um produto é a sensação que ele provoca (Crédito: Iara Morselli)


Amo entrar em uma loja, muitos sentidos podem ser despertados. A exposição do produto, a iluminação e até o design e a disposição dos móveis são detalhes importantes na arte de encantar o cliente. E é por entender bem tudo isso que o suíço Atelier oï se tronou o queridinho de grifes como Bulgari, Louis Vuitton, Rimowa, entre várias outras. “No design é comum dizer que a forma segue a função, mas nós dizemos que a forma segue a emoção”, diz Aurel Aebi, co-fundador da empresa. No final, diz ele, o que define a compra de determinado produto é a sensação que ele desperta.
Da loja ao produto: a parceria com a Bulgari já rendeu desde a cenografia da lojas da grife até o frasco de seus perfumes (Crédito:Divulgação)
O trabalho emotivo — que vai muito além da funcionalidade — tornou Aurel Aebi, Armand Louis e Patrick Reymond, o trio de designers que fundou o Atelie oï em 1991, os mais cobiçados do mercado. 

O nome faz referência sutil à palavra russa “troïka”, que define um comitê de três membros. Os amigos começaram dar vida às suas criações no sótão de suas casas. Em 2008, conquistaram um espaço de 900 m². O antigo motel de La Neuveville, na Suíça, a meio caminho entre o norte e o sul da Europa, foi reformado e hoje abriga todas as atividades do Atelier oï. “Lá, nós não apenas mantemos nosso escritório, mas também oferecemos hospitalidade criativa. Temos alguns quartos onde os clientes ou amigos podem pernoitar”, diz Aebi.

A “troïka” esteve no Brasil na última semana para lançar sua coleção de mesas Quina, em parceria com a Micasa, uma das mais conceituadas lojas de design de São Paulo. A coleção é o primeiro móvel do Atelier oï produzido inteiramente no Brasil. Os materiais utilizados são madeira e mármore, ambos produtos locais. “Todos os nossos projetos são baseados em como os materiais se expressam, como eles podem ser transformados, quais são seus limites, como você pode avançar e o que pode realmente fazer deles”, diz Aebi. O atelier conta atualmente com um acervo de 20 mil materiais. “Tentamos trabalhar com materiais naturais. Na Suíça, usamos muito a madeira local, o pinheiro e o carvalho. O ambiente natural tem uma grande influência no nosso trabalho.”
Alem das vitrines: o conjunto de mesas e cadeiras e a rede fazem parte da Nomades Collection, linha de móveis e decoração da Louis Vuitton, criada pelo Atelier oï (Crédito:Divulgação)
Uma das criações que retratam a essência do Atelier é a rede de couro The Hammock, parte da coleção “Objetos Nômades” para a Louis Vuitton. Aebi conta que, quando aceitaram trabalhar com a grife, o objetivo era usar o couro, uma das marcas da LV. A ideia, segundo ele, era fazer uma rede reta, tradicional. Mas o resultado final não ficou confortável como deveria. Eles mudaram tudo e a inspiração para o novo objeto veio da cozinha: o macarrão tipo farfalle. “Quando você tira a pasta da água e a coloca na boca, ela é tridimensional, mas suave e macio. Esta foi a inspiração para criar a estrutura de couro tridimensional da rede”, conta Aebi. “Cozinhar é uma boa metáfora para a relação que temos com os materiais e os sentidos. Para cozinhar bem, antes de tudo tem que provar. É como fazemos.”


MULTIDISCIPLINALIDADE 


Com uma abordagem transdiciplinar, os designers transitam pela arquitetura, design de interiores, design de produto e cenografia. “Pensamos de uma forma global, criando pontes entre disciplinas, em vez de considerar as disciplinas distintamente”, diz Aebi.
Brasilidade: a coleção de mesas Quina é o primeiro móvel dos designers produzidos inteiramente no Brasil (Crédito:Divulgação)
No Atelier oï trabalham 35 pessoas, entre designers, arquitetos, designers de interiores, engenheiro e até um construtor de barco. “Nós dividimos conhecimento. Se você dividir dinheiro, ele se torna menor, mas se você dividir ideias, elas se tornam maiores.” Foi esse compartilhamento de talentos que fez a Bulgari se tornar uma cliente fiel do Atelier. O trabalho com a grife começou com o desenvolvimento de um frasco de perfume, mas hoje são mais de 100 projetos feitos anualmente para a marca, o que inclui até a cenografia das lojas. O Atelier também é o responsável pela loja conceito da Rimowa, em Londres; pela arquitetura da fábrica da relojoaria Jaquet Droz (Grupo Swatch), em Genebra; e pela coleção de móveis de grifes famosas como Louis Vuitton.
https://www.istoedinheiro.com.br/a-arte-por-tras-das-grifes/

Deltan capta recurso de investigada e negocia com empresários




Diálogos em poder do The Intercept Brasil e analisados pela Agência Pública revelam que o procurador Deltan Dallagnol captou recursos de uma empresária citada na "lava jato", que foram destinados a financiar o Instituto Mude – Chega de Corrupção.

Deltan chegou usar instalações públicas para se reunir com possíveis doadores
Fernando Frazão/Agência Brasil
Como o nome sugere, a organização foi criada para promover a pauta de combate a corrupção e exaltar os feitos da da força-tarefa. As mensagens analisadas pela agência apontam que Deltan se reuniu com empresários, em muitas ocasiões a portas fechadas, para buscar recursos para a entidade.

Uma das financiadoras da organização foi a advogada Patrícia Tendrich Pires Coelho. Ela seria depois investigada pela “lava jato”, mas não foi denunciada pelo Ministério Público Federal.

Deltan sabia da proximidade da empresa de Patrícia, a Asgaard Navegação S.A., com o empresário Eike Batista e com o banqueiro André Esteves (BTG Pactual) —dois dos alvos da “lava jato”—e mesmo assim aceitou ajuda financeira da empresária para o Mude. A Asgaard Navegação S.A. fornecia navios para a Petrobras.

Em conversa com Patrícia Fehrmann, do Instituto Mude, Deltan comenta que conheceu a empresária Patrícia Coelho. “Caramba. Essa viagem de ontem foi de Deus. Além dela, estava um deputado federal que se comprometeu a apoiar rs”, escreveu.

Enquanto discutia com a formalização do Mude no chat #mude Delta,Fáb,Pat,Had,Mar, (composto por membros da entidade e o procurador), um dos fundadores do instituto, Hadler Martines, comenta que realizou uma pesquisa sobre a investidora.

“Talvez vocês já tenham feito isso mas sobre nossa investidora anjo, dei uma boa pesquisada sobre seu histórico e realmente ela parece ser uma grande empresária multimilionária e com grande trânsito com grandes empresários nacionais. Hoje ela é sócia de empresa de frotas de navios (Aasgard) e de mineração e portos (Mlog). Algumas coisas que me chamaram atenção: sua empresa fornece navios para a Petrobras; ela é ex-banco Opportunity (famoso Daniel Dantas); ela foi ou é muito próxima do Eike Batista e também do André Esteves (BTG)”, escreveu.

No dia 11 de setembro de 2016, Hadler voltou a compartilhar suspeitas com integrantes do instituto e Deltan. “Sobre nossa reunião com o Anjo, ainda estou com uma pulga atrás da orelha, tentando entender a razão do apoio financeiro tão generoso (sendo cético no momento)”, escreveu. “Me pergunto se ela quer ‘ficar bem’ com o MPF por alguma razão… Ela já foi conselheira do Eike e pelo que li dela, ela o representava em algumas negociações. Sugestão: fiquemos atentos. Desculpem o provérbio católico, mas quando a esmola é demais, o santo desconfia…”.

Diante das novas informações sobre a investidora, Deltan comenta que “mais cedo ou mais tarde descobriremos isso”. Posteriormente, Deltan pergunta ao procurador Roberson Pozzobon se o nome de Patrícia havia aparecido nas investigações.

A investidora Patrícia Coelho apareceu nas investigações e foi Deltan quem informou as pessoas do instituto. “Caros, uma notícia ruim agora, mas que não quero que desanime Vcs. A Patricia Coelho apareceu numa petição nossa e me ligou. Ela disse que tinha sociedade com o grego Kotronakis (um grego que apareceu num esquema de afretamentos da petrobras e que foi alvo de operação nossa), mas ele tinha só 1% e ela alega que jamais teria transferido valores pra ele… Falei que somos 13, cada um cuida de certos casos, que desconheço o caso e que a orientação geral que damos para todos que procuram é: se não tem nada de errado, não tem com o que se preocupar; se tem, melhor procurar um advogado rs. Ouvindo sobre o caso superficialmente, não posso afirmar que ela esteve envolvida ou que será alvo, mas há sinais ruins. É possível que ela não tenha feito nada de errado, mas talvez seja melhor evitar novas relações com ela ou a empresa dela, por cautela”, escreveu.

Deltan ainda cita um trecho da Bíblia: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.


Procurador de recursos


As mensagens analisadas pela Pública entre Deltan e os membros do Instituto Mude revelam também que Patrícia Coelho não foi a única empresária procurada pelo procurador para angariar recursos.

“Caros, acho que vou conseguir uma reunião do Flavio bilionário evangélico do WizeUp com o MUDE”, escreveu no dia 3 de março de 2017.

No dia 30 de abril, ele disse que estava agendando um café da manhã com o empresário para 18 de maio: “Caros, estou agendando café da manhã com o Flávio do wise-up para o dia 18/5. Ele vai mudar a data da volta dele para estar conosco. Quem pode ir? Têm sugestão de lugar? Impoertante *(sic) preparar algo bacana pra apresentar a ele”, escreveu Deltan.

Além de convescotes matinais, Deltan também aproveitava encontros casuais para identificar possíveis doadores. “hoje um mega empresário veio falar comigo no aeroporto, um cara de SC com nome diferente. Passei meu e teu tel Pati. Falei pra ele te contatar. Ele tinha uma empresa que acabou de vender com sede em múltiplos Estados, uns 250 funcionários….”.

Deltan ainda revela que poderia pedir recursos a um empresário da Opus Dei em uma reunião na sede da Procuradoria. A conduta é vedada pelo Código de Ética e de Conduta do Ministério Público da União que proíbe “utilizar bens do patrimônio institucional para atendimento de atividades de interesse”.


Instituto com DNA gospel


As conversas revelam também que o Instituto Mude e a igreja Batista de Bacacheri são organizações intimamente ligadas. A primeira sede do Mude foi o templo frequentado por Deltan em Curitiba.

A conta da igreja Batista de Bacacheri teria sido usada para custear o site do Insituto Mude. “Marcos e Deltan. Como o valor de oferta entrou na conta da igreja. A nota tem que ser pra igreja também. A igreja será o pj no caso do site. Calculo 8 mil mas brifei 3 fornecedores e estou esperando o orçamento”, afirmou Patrícia Fehrmann em chat do Telegram.


Outro lado


Em nota pública, a força-tarefa de Curitiba afirmou que “é lícito aos procuradores da República interagir com entidades e movimentos da sociedade civil e estimular a causa de combate à corrupção, inclusive no ambiente da procuradoria”.

O Instituto Mude se pronunciou alegando que, “apesar de não haver nenhum empecilho legal para tal, o procurador Deltan Dallagnol nunca foi integrante ou associado” da entidade. Já a igreja Batista de Bacacheri avisou que não irá se pronunciar sobre o assunto.


 https://www.conjur.com.br/2019-set-02/deltan-capta-recurso-investigada-negocia-doadores