A tendência é que os preços caiam, o que pode prejudicar o Brasil
O diretor da Divisão Agrícola e de Commodities da Organização
Mundial do Comércio (OMC), Edwini Kessie, afirmou que os ganhos atuais
do Brasil com o aumento nas exportações são temporários, principalmente
de soja para a China, em meio à guerra comercial do país asiático com os
Estados Unidos. O diretor participou hoje (5) do 7º Fórum de
Agricultura da América do Sul, em Curitiba (PR).
Kessie destacou
que, se o Brasil aumentar agora os investimentos para exportar mais
soja, quando os Estados Unidos voltarem a vender o produto para a China,
a tendência é que os preços caiam, o que pode prejudicar o setor
brasileiro. Sobre o impacto da guerra comercial na economia mundial, ele
disse que, se houver acordo no curto prazo, os efeitos não serão
significantes. “Isso não é bom para os negócios que requerem
previsibilidade”, declarou sobre esse impasse internacional.
Para
Fábio Carneiro Cunha, consultor em comércio exterior, a tendência é
que o Brasil mantenha ganhos na balança comercial por mais um ano. Ele
destacou, entretanto, que a disputa entre os dois países também gera o
efeito de aumento das importações de produtos eletrônicos e plástico,
por exemplo, o que afeta a indústria brasileira.
Segundo o
diretor, isso ocorre porque China e Estados Unidos, passam a enviar
esses produtos para países como o Brasil. “Houve aumento de exportação
de soja, de milho. Mas ao mesmo tempo, houve aumento de importações dos
dois países de setores que já sofrem com isso, como o de comércio
eletrônico e plástico. Então, quem está preparado para exportar tem um
benefício transitório, mas quem tem normalmente dificuldades com o
comércio exterior está sofrendo ainda mais”, afirmou.
A disputa
comercial iniciada entre entre China e Estados Unidos no ano passado
aumentou as exportações brasileiras para a China em US$ 8,1 bilhões, em
2018, em comparação com o ano anterior. As vendas nacionais passaram de
US$ 22,589 bilhões, em 2017, para US$ 30,706 bilhões.
O maior
salto em valor de exportação ocorreu com a soja. Produtores chineses
compraram US$ 7 bilhões a mais no ano passado do que em 2017. Os dados
são de levantamento divulgado em maio pela Confederação Nacional da
Indústria, que cruzou dados de produtos americanos que tiveram os
impostos de importação elevados.
http://www.amanha.com.br/posts/view/8084
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