Uma petição de 65.000 pessoas foi entregue às
autoridades federais de Berna exigindo o cancelamento, ou revisão
significativa, do acordo comercial entre a EFTA - da qual a Suíça faz
parte - e o bloco comercial do Mercosul.
A petição intitulada "Não há acordo de livre comércio entre a
Suíça e o destruidor da Amazônia Bolsonaro" exige que Berna adie a
assinatura do acordo recentemente anunciado entre a EFTA e o Mercosul, a menos que ele contenha disposições para sancionar violações de direitos humanos ou ambientais.
A petição foi organizada pela CampaxLink externo, uma ONG que luta por "uma sociedade solidária, uma economia sustentável e um meio ambiente intacto", de acordo com seu site.
A Campax disse que as 65 mil assinaturas foram recolhidas em menos de uma semana.
Fazendo
eco das preocupações dos agricultores suíços manifestadas há alguns
dias, a Campax escreve que o acordo "aumentará as exportações
brasileiras de carne bovina e soja e, assim, promoverá o desmatamento".
"Não
é apenas ecologicamente e eticamente irresponsável concluir um acordo
de livre comércio com o [presidente brasileiro] Bolsonaro - também não
faz sentido econômico", diz o grupo.
A Campax argumenta que a
assinatura do acordo incentivaria os hábitos destrutivos do governo
Bolsonaro na Floresta Amazônica e levaria a um maior aquecimento global,
cujas consequências são muito maiores para a Suíça do que os benefícios
comerciais de curto prazo.
Oposição política
O acordo
proposto entre os países da EFTA (Suíça, Noruega, Islândia e
Liechtenstein) e o bloco Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai) foi confirmado pelo ministro suíço da Economia, Guy Parmelin,
no último sábado.
O acordo significaria que cerca de 95% das
exportações suíças para a área do Mercosul estariam livres de tarifas.
As barreiras técnicas ao comércio seriam abolidas e os prestadores de
serviços suíços teriam acesso mais fácil aos mercados.
Embora as
petições na Suíça não contenham nenhum peso legal, a iniciativa da
Campax reforça outros grupos que estão insatisfeitos com o acordo.
Uma
coalizão de organizações agrícolas suíças, consumidores e ONGs,
conhecida como Coalizão Mercosul, disse que colocaria o acordo à prova
no parlamento e que verificaria se os critérios para o bem-estar
ambiental e animal, bem como para a proteção dos direitos humanos e do
consumidor, foram cumpridos.
O Partido Verde disse que se oporá ao
acordo no parlamento e, se não funcionar, começará a reunir as 50 mil
assinaturas necessárias para forçar um referendo nacional.
Por sua
vez, o Partido Socialista, o segundo maior partido no parlamento, disse
na quarta-feira (28) que apoiaria o referendo do Partido Verde "a menos
que sejam dadas garantias quanto à proteção efetiva da floresta
tropical e dos trabalhadores no local".
O Ministério da Economia espera convencer o parlamento a ratificar o acordo até 2021.
https://www.swissinfo.ch/por/politica/amaz%C3%B4nia-em-chamas_peti%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-lan%C3%A7ada-contra-o-acordo-comercial-su%C3%AD%C3%A7a-mercosul/45196464??utm_campaign=nl-form-1907&utm_medium=email&utm_source=newsletter&utm_content=o
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