Complexo de entretenimento do Sul é oportunidade para Madero fincar bandeira em Santa Catarina
Apesar da economia real ainda
não apresentar uma retomada real de crescimento, o mercado de capitais
já se movimenta: o segmento de fusões e aquisições apresenta incremento
de 24% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a consultoria
PwC. Não raro, temos movimentos que, aos olhos de quem enxerga de fora,
fazem pouco ou nenhum sentido. Lembro sempre que o nascimento das ações
de cross-selling em trade marketing
surgiu no início dos anos 1980, quando a Pampers percebeu que os homens
faziam compras de churrasco e esqueciam das fraldas para seus bebês.
Colocar uma frente de fraldas no meio de carvão e carnes fez o maior
sucesso.
Em fusões e
aquisições, não raro temos movimentos que não fazem o menor sentido à
vista de quem tem pouca experiência no segmento, mas cujas sinergias são
imensas. A posição do fundo de investimentos dono da rede de
restaurantes Madero de comprar por R$ 1 bilhão o parque e diversões Beto
Carrero World segue esta "lógica". O negócio ainda não foi firmando,
mas afinal de contas, qual o sentido de uma rede de restaurantes comprar
um parque?
Vou
voltar 10 anos no tempo, para quando as Lojas Americanas compraram a
Blockbuster no Brasil.
Qual era o objetivo de uma transação num mercado
que já apresentava sinais de queda? Os pontos de venda da rede de
locadoras foram fundamentais para expandir rapidamente a varejista ao
redor do país, com porte de lojas enxutos e mais rentáveis.
Em
outra frente, o Madero claro que tem interesse na receita do parque com
um todo – pelo visto, não fará a aquisição sozinho, já que existem
fundos que investem nas duas empresas envolvidos na transação –, mas
lembre-se: quem visita um parque se alimenta. Dentro e fora do recinto,
no hotel e nas cidades próximas. É uma receita bem lucrativa. E é
exatamente aqui que reside o principal interesse do Madero no negócio:
ter o controle da alimentação de toda uma região do estado de Santa
Catarina, do parque aos hotéis.
Se
pensarmos que o Beto Carrero vem em crescimento acima de 10% ao ano
desde 2015, se consolidando como principal opção de entretenimento em
seu setor na América Latina, com atrações de estúdios de Hollywood
inclusas e faturamento acima de R$ 1,2 bilhão/ano... temos um excelente
negócio.
A
profissionalização da operação alimentícia do parque e cercanias,
atrelada a co-operação do empreendimento deve levar a uma maximização do
valor de mercado do complexo, que ainda tem um forte potencial de
crescimento, haja vista a área disponível ser 70% do terreno aonde fica o
Beto Carrero.
Nunca vender hambúrguer foi tão divertido.
*Fundador da Sucellos, responsável por levar inteligência aos processos de investimento, fusão e aquisição de empresas.
http://www.amanha.com.br/posts/view/8038
Nenhum comentário:
Postar um comentário