Governo tenta recuperar a estabilidade financeira do país
O governo da Argentina lançou
no domingo (2) uma série de restrições cambiais para conter a alta do
dólar e a fuga de capitais, numa tentativa de recuperar a estabilidade
financeira do país após três semanas de fortes turbulências na economia
que resultaram em uma desvalorização acentuada do peso argentino. O país
vizinho limitou a compra de dólares por pessoas físicas e ordenou que
as empresas estrangeiras liquidem no mercado local as divisas obtidas em
transações externas, em meio a uma série de medidas válidas até 31 de
dezembro.
Cada pessoa física
poderá comprar no máximo 10 mil dólares por mês. Para somas que excedam
esse valor será necessária autorização prévia. Não haverá limites para
retiradas em dólares de contas bancárias de pessoas físicas, e não serão
impostas restrições a turistas. O limite de 10 mil dólares por mês
também é válido para as transferências para contas no exterior. Em
setembro, os bancos foram autorizados a estender o horário de
atendimento para melhor absorver o impacto das medidas.
Segundo um
comunicado do Banco Central, as diretivas "estabelecem parâmetros no
mercado cambial que têm como objetivo manter a estabilidade do câmbio".
O
decreto assinado pelo presidente Mauricio Macri (foto) determina que as
medidas entrem em vigor nesta segunda-feira (2), quando as operações
financeiras fossem retomadas. O documento afirma que "o Executivo viu a
necessidade de adotar uma série de medidas extraordinárias para garantir
o funcionamento normal da economia, sustentar o nível de atividade e
emprego e proteger os consumidores".
Na
semana passada, o ministro das Finanças, Hernán Lacunza, já havia
anunciado uma série de medidas para tentar prolongar os prazos de
pagamento das dívidas a credores privados e ao Fundo Monetário
Internacional. As ações do governo, cujo objetivo era preservar as
reservas do Banco Central, foram consideradas por vários analistas como
uma espécie de moratória. As restrições foram impostas após o chamado
"agosto negro" para os mercados, deflagrado pela vitória do
oposicionista Alberto Fernández, candidato presidencial da aliança
Frente de Todos, nas eleições primárias para a Presidência, com 47,7%
dos votos contra 31,7% de Macri. O resultado gerou pânico entre muitos
investidores e desencadeou a alta do dólar, que chegou a aumentar 35,8%.
Na
semana passada, o valor do peso caiu 7%, fechando a sexta-feira em
61,55 pesos para 1 dólar, em meio a intervenções do Banco Central de
mais de 300 milhões de dólares diários que não conseguiram estancar a
queda da moeda argentina. Para Lacunza, as novas medidas tendem a
estabilizar a cotação até o término do mandato de Macri, no dia 10 de
dezembro.
Na história
recente, os argentinos já atravessaram medidas semelhantes de restrição
cambial. Durante o governo da ex-presidente Cristina Kirchner (2007 a
2015), os argentinos foram obrigados a solicitar autorização para
comprar dólares e realizar transferências para fora do país, além da
imposição de uma taxa adicional sobre a compra de cartões de crédito no
exterior. Com essas medidas, o país viu surgir um mercado paralelo à
moeda oficial. Na época, as restrições foram criticadas por Macri, que
agora se viu forçado a impor medidas semelhantes, as quais podem colocar
em risco a sua reeleição nas eleições de outubro.
*Com informações da Deustche Welle
http://www.amanha.com.br/posts/view/8054
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