quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Tribunal de Contas da União delega à PGR bloqueio imediato de bens de Moro


Crédito: Reprodução/Instagram

O TCU (Tribunal de Contas da União) compartilhou com a PGR (Procuradoria-Geral da República) documentos sobre o dinheiro que o ex-ministro do governo Jair Bolsonaro Sergio Moro (Podemos) recebeu na banca de advocacia da Alvarez & Marsal. O órgão também pediu que o MPF (Ministério Público Federal) decida sobre o pedido imediato dos bloqueios de bens do ex-juiz.

De acordo com a CNN Brasil, a suspeita é de que Moro tenha recebido valores de empresas que ele julgou, condenou e avalizou acordos de leniência enquanto era magistrado.

Em seu despacho, o ministro Bruno Dantas disse que os fatos precisam ser melhor apurados, e que a Alvarez & Marsal não esclareceu se pagou o ex-juiz por serviços prestados para empreiteiras julgadas na Lava Jato.

“Não tenho dúvidas de que são fatos que precisam ser mais bem apurados. E é por essa razão que me causa estranheza certa atuação apressada de qualquer peticionante que pretenda interromper o fluxo natural do processo, antes mesmo da conclusão das apurações. É natural que os investigados desejem esse desfecho, mas não os órgãos de investigação, de quem se espera imparcialidade independentemente de simpatias pré-existentes”, diz o ministro do TCU.

Ainda de acordo com a reportagem da CNN Brasil, Dantas diz em seu despacho que o escritório de advocacia “recebeu cerca de R$ 40 milhões de empresas condenadas na Lava Jato, sendo R$ 1 milhão por mês da Odebrecht e Ativos (antiga agroindustrial), R$150 mil da Galvão Engenharia, R$ 97 mil da OAS e R$ 115 mil mensais do Estaleiro Enseada.”

Moro prestou serviços para a Alvarez & Marsal depois que deixou o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, e ficou nos quadros da empresa até decidir se candidatar à Presidência da República.

 “Não tenho dúvidas de que são fatos que precisam ser mais bem apurados. E é por essa razão que me causa estranheza certa atuação apressada de qualquer peticionante que pretenda interromper o fluxo natural do processo, antes mesmo da conclusão das apurações. É natural que os investigados desejem esse desfecho, mas não os órgãos de investigação, de quem se espera imparcialidade independentemente de simpatias pré-existentes”, diz o ministro do TCU.

 

 https://istoe.com.br/tribunal-de-contas-da-uniao-delega-a-pgr-bloqueio-imediato-de-bens-de-moro/

 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Decisão do Fed sobre taxa de juro pode surpreender, diz André Esteves

 

Num cenário de crescente volatilidade e juros mais altos, o sócio sênior do BTG Pactual destacou a importância dos agentes de investimento

 
 
 
 
 
 
 

uturo incerto da taxa de juros americana pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, durante o ano de 2022 será o principal driver do mercado brasileiro. Foi o que afirmou André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) durante a abertura do Summit 2022. O evento, voltado a profissionais do mercado financeiro, foi realizado nesta segunda-feira 21, em São Paulo.

Para Esteves, as decisões do FED no decorrer do ano podem surpreender os mercados e trazer ainda mais volatidade. A perspectiva atual é que o banco central deve subir os juros sete vezes. Há seis meses, os analistas acreditam que a alta no juro seria apenas em 2024.

“Hoje, são esperadas entre seis e sete altas. Muito diferente do Fed ‘dovish’ que vimos na última década. Temos uma geração de analistas e traders que nunca viram juro positivo, pressão inflacionária e política apertada.”

Ele disse que está preocupado com a postura do mercado em relação ao Fed. Segundo ele, os analistas se mostram lenientes diante da possibilidade do aumento de juro.  “O principal debate não é para onde

 

 O futuro incerto da taxa de juros americana pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, durante o ano de 2022 será o principal driver do mercado brasileiro. Foi o que afirmou André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) durante a abertura do Summit 2022. O evento, voltado a profissionais do mercado financeiro, foi realizado nesta segunda-feira 21, em São Paulo.

Para Esteves, as decisões do FED no decorrer do ano podem surpreender os mercados e trazer ainda mais volatidade. A perspectiva atual é que o banco central deve subir os juros sete vezes. Há seis meses, os analistas acreditam que a alta no juro seria apenas em 2024.

“Hoje, são esperadas entre seis e sete altas. Muito diferente do Fed ‘dovish’ que vimos na última década. Temos uma geração de analistas e traders que nunca viram juro positivo, pressão inflacionária e política apertada.”

Ele disse que está preocupado com a postura do mercado em relação ao Fed. Segundo ele, os analistas se mostram lenientes diante da possibilidade do aumento de juro.  “O principal debate não é para onde vai a taxa de juros americana, mas em que que velocidade ela subirá. 

Há um potencial alto de nos surpreender”, acrescentou.

Além da política monetária americana, ele destacou ainda que o mercado será pressionado no curto prazo por dois outros fatores: as eleições presidenciais no Brasil e a tensão geopolítica entre Rússia e Ucrânia.

Sobre as eleições, Esteves afirmou que é esperado uma volatilidade, já que os candidatos têm visões diferentes da política econômica, que trará implicações diferentes para os preços dos ativos. Entretanto, afirmou que a independência do Banco Central brasileiro é fundamental para reduzir a pressão causada pela decisão das urnas. “Nós não sabemos quem será nosso novo presidente, mas sabemos que nos próximos dois anos, o presidente do Banco Central, será Roberto Campos Neto. Isso nos dá uma previsibilidade para o horizonte da política monetária.”

Sobre a tensão entre a Rússia e Ucrânia, Esteves destacou que traz uma preocupação adicional aos mercados principalmente no médio prazo e que é esperada uma fuga de capital para os Estados Unidos, historicamente um refúgio dos investidores para o risco, o que diretamente, acaba impactando na taxa de juro. “Isso é cortina de fumaça. Não tem nada a ver com os fundamentos.”

Esteves destacou também sobre o cenário inflacionário do Brasil, Estados Unidos e alguns países da Europa. Apesar de a inflação brasileira voltar aos dois dígitos, de 10,5%, ela está dentro do esperado devido ao cenário de pandemia, que atingiu toda a economia em todo mundo. “Nos Estados Unidos, a inflação é 7% ao ano. Na Alemanha, 3%. No Brasil, a taxa em 10,5% é um horror, mas esperado dentro do contexto global.”

Somado a isso, as economias estão enfrentando a chamada ‘inflação verde’, que está relacionada às medidas para descarbonizar a economia, por meio da transição da energia em carbono para renováveis. Segundo ele, isso impacta no preço do petróleo e em outras commodities. “Raramente vimos as commodities no preço máximo ao mesmo tempo. No hight histórico. No médio prazo, isso é positivo para o Brasil: 2022 será um ano recorde de balança comercial.”

Diante desse cenário, Esteves destacou ainda a importância dos agentes de investimentos, que será fundamental para ajudar os clientes, seja pessoa física ou investidor institucional, a rentabilizar o capital ou protegê-lo diante do cenário inflacionário.

“Temos vivido um ciclo razoavelmente reformista que criou uma transformação e uma sofisticação maior na alocação do investimento. Antigamente, não tinha muita dúvida. A receita era aplicar o dinheiro na renda fixa proteger da inflação. Era o mínimo de risco possível. Na hora que os juros se transformam e começa ter uma nova demanda de uma discussão mais sofisticada de como alocar o capital, surge o papel do assessor de investimento. A demanda segue enorme e crescente.”

 

 https://exame.com/invest/mercados/decisao-do-fed-sobre-taxa-de-juro-pode-surpreender-diz-andre-esteves/

 

 

Valoreo capta US$ 80 mi em Série B liderado por fundo L Catterton


Em menos de um ano a companhia levantou 80 milhões de dólares nas rodadas Semente e Série A, com investidores de toda a parte do mundo

Por Da Redação

 

 

Holding de comércio eletrônico, a Valoreo concluiu com sucesso uma rodada Série B de 80 milhões de dólares liderada pelo fundo latino-americano L Catterton, a maior empresa global de private equity focada no consumidor, com participação de outros investidores selecionados.

A companhia utilizará o capital para acelerar a aquisição de marcas de destaque no comércio eletrônico na América Latina, aprimorar a plataforma tecnológica, impulsionar a expansão geográfica e estimular o crescimento orgânico das marcas já existentes em seu portfólio.

Com operações no México, Brasil e Colômbia, a Valoreo adquire, opera e escala marcas líderes de categoria no e-commerce. A Valoreo foi fundada no final de 2020 por Martin e Stefan Florea, Alexander Gruell, Cedrik Hoffmann e Miguel Oehling, a equipe combina Private Equity, Banco de Investimentos, Comércio Eletrônico, Manufatura e Gestão de 

 

 Holding de comércio eletrônico, a Valoreo concluiu com sucesso uma rodada Série B de 80 milhões de dólares liderada pelo fundo latino-americano L Catterton, a maior empresa global de private equity focada no consumidor, com participação de outros investidores selecionados.

 A companhia utilizará o capital para acelerar a aquisição de marcas de destaque no comércio eletrônico na América Latina, aprimorar a plataforma tecnológica, impulsionar a expansão geográfica e estimular o crescimento orgânico das marcas já existentes em seu portfólio.

 Com operações no México, Brasil e Colômbia, a Valoreo adquire, opera e escala marcas líderes de categoria no e-commerce. A Valoreo foi fundada no final de 2020 por Martin e Stefan Florea, Alexander Gruell, Cedrik Hoffmann e Miguel Oehling, a equipe combina Private Equity, Banco de Investimentos, Comércio Eletrônico, Manufatura e Gestão de Supply Chain.

Em menos de um ano a companhia levantou 80 milhões de dólares nas rodadas Semente e Série A, com investidores de toda a parte do mundo, incluindo KASZEK, Upper90, Presight Capital, Kingsway Capital e FJ Labs.

A Valoreo concluiu a aquisição de mais de 25 marcas locais líderes em diversas categorias, incluindo Beleza e Cuidado Pessoal, Infantil, Fitness e Móveis e Decoração e vende em plataformas como Mercado Livre e Amazon. A Valoreo já contratou mais de 200 funcionários que são os melhores em operações, tecnologia e aquisições.

Alexander Gruell, Stefan e Martin Florea, Co-Fundadores e Co-CEOs da Valoreo declararam que, "desde o início, nosso foco tem sido conectar os consumidores a produtos de qualidade e com preços acessíveis. Temos experimentado um crescimento expressivo e com o apoio da L Catterton vamos solidificar nossa posição como a principal holding de comércio eletrônico da próxima geração na América Latina. Não apenas continuaremos a agregar marcas de qualidade, mas daremos aos nossos consumidores a melhor experiência de compra através de uma plataforma tecnológica inovadora. Estamos animados por dar este próximo passo para que possamos agregar ainda mais valor para empreendedores e consumidores nas regiões que atendemos".

"Estou muito entusiasmado com as enormes perspectivas de crescimento que temos pela frente aqui na Valoreo e este investimento da L Catterton nos permitirá continuar a construir nossa tecnologia proprietária, além de dobrar nossas múltiplas iniciativas operacionais, como a expansão internacional, na qual já estamos levando as marcas que estão no nosso portfólio a novos mercados. Fechamos o ano superando nosso plano inicial com eventos comerciais como a Black Friday, onde tivemos um crescimento de 90% no período, em comparação com o ano anterior, e temos grandes planos para 2022", disse Pedro Bousoño, COO da Valoreo e ex-Amazon GM.

L Catterton tem experiência significativa investindo em marcas digitais de crescimento rápido e disruptivas. Os investimentos prévios e atuais da empresa incluem: Function of Beauty, Restoration Hardware, Birkenstock e Everlane. Outros investimentos da L Catterton Latin America incluem Ben & Frank, NotCo, Petlove, Despegar.com, OdontoCompany, Cholula, Espaçolaser, Grupo MYT, St. Marche, e Bodytech.

 

 

 https://exame.com/pme/valoreo-capta-us-80-mi-em-serie-b-liderado-por-fundo-l-catterton/

Governo fez a aposta diplomática errada e vai sofrer na economia os efeitos do aumento da tensão na Ucrânia

Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Rússia, Vladimir Putin, encontraram-se no Kremlin, em Moscou, no dia 16 de fevereiro de 2022 — Foto: Alan Santos/PR

Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Rússia, Vladimir Putin, encontraram-se no Kremlin, em Moscou, no dia 16 de fevereiro de 2022 — Foto: Alan Santos/PR

 

O governo do presidente Jair Bolsonaro fez a aposta diplomática errada ao visitar e prestar solidariedade ao presidente Vladimir Putin em Moscou em meio à escalada da tensão na Ucrânia. Agora, vai sofrer os efeitos dessa decisão na economia.

Essa avaliação é feita por assessores presidenciais e diplomatas brasileiros depois que Putin decidiu reconhecer a independência de duas províncias da Ucrânia e enviar tropas para elas, Donetsk e Lugansk, situadas na região de Donbass, na divisa com a Rússia.

O Brasil contava com um cenário de paz, não de risco real de conflito na região. Para piorar, o gesto de Bolsonaro desagradou aos Estados Unidos.

Antes da viagem para Rússia, Bolsonaro foi informado por sua equipe que a tendência era de pacificação na região e que Putin estava fazendo apenas ameaças, mas não partiria para medidas mais concretas e graves. E foi também aconselhado a não falar do conflito entre os dois países. Só que o presidente brasileiro acabou falando que o Brasil é “solidário” à Rússia, despertando a ira dos Estados Unidos.

Potências ocidentais reagem à decisão da Rússia de enviar tropas para Ucrânia

Potências ocidentais reagem à decisão da Rússia de enviar tropas para Ucrânia

Agora, o Brasil pode sofrer na diplomacia, porque a relação com os Estados Unidos já não era boa, depois que Bolsonaro foi o último líder do G20 a reconhecer a vitória de Joe Biden contra Donald Trump, aliado do presidente brasileiro. Piores, segundo assessores presidenciais, são os efeitos na economia.

A tendência é que o barril do petróleo supere os US$ 100, podendo chegar a US$ 120. O que vai gerar pressão inflacionária em toda cadeia produtiva brasileira, a começar pelo preço dos combustíveis. E esse aumento vem, para azar do governo brasileiro, no momento em que havia uma boa notícia no setor, com uma queda constante do valor do dólar, que sinalizava cair abaixo de R$ 5.

Se esse cenário persistir ou piorar, a inflação brasileira, que estava começando a recuar, pode ficar pressionada ao longo de todo o primeiro semestre. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez uma previsão de que o pico inflacionário no Brasil seria em abril e maio. Essa previsão, porém, pode ficar defasada diante da mudança no campo econômico mundial.

Bolsonaro já vinha travando uma disputa política interna sobre o preço dos combustíveis, tentando transferir a responsabilidade pela alta no valor da gasolina, diesel e gás de cozinha para os Estados. Uma guerra mirando a disputa eleitoral deste ano. Tema que vai estar presente na campanha presidencial.

 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Suíça registrou déficit de CHF12 bilhões no segundo ano de pandemia


Muitos restaurantes e outros negócios na Suíça foram gravemente afetados pela pandemia da Covid-19. Keystone / Salvatore Di Nolfi

O orçamento da Suíça enfrentou um déficit de CHF12,2 bilhões (US$13,2 bilhões) em 2021 devido à pandemia de Covid-19, anunciou o governo na quarta-feira. Isso se segue a um déficit de CHF14,2 bilhões em 2020.

O déficit de 2021 é duas vezes maior do que o valor orçado. No ano passado as autoridades federais gastaram CHF14 bilhões para lidar com a pandemia, dos quais CHF12,3 bilhões foram para despesas extraordinárias, disse o governo em um comunicado.

A receita aumentou no ano passado em 5,6% em relação a 2020. O imposto sobre valor agregado trouxe mais CHF1,4 bilhões do que em 2020 e os impostos federais diretos geraram um adicional de CHF1,2 bilhões.

Os rendimentos do Banco Nacional Suíço (SNB) também foram CHF700 milhões mais altos do que um ano antes. Um adicional de CHF1,3 bilhão será usado para reduzir a dívida relacionada ao coronavírus, observou o governo.

As despesas também foram maiores em 2021 (+0,5%), principalmente devido a medidas relacionadas com a pandemia. As maiores despesas foram para compensação de trabalho a curto prazo (CHF4,3 bilhões), assistência em dificuldades (CHF4,2 bilhões) e compensação de perda de rendimentos por causa da Covid-19 (CHF1,8 bilhões).

No final do ano passado, o governo federal registrou uma dívida de 109 bilhões de francos suíços - um aumento de 5 bilhões de francos suíços.

Para evitar aumentos de impostos ou um programa de poupança para pagar a dívida, o Conselho Federal (órgão executivo) está propondo emendar a Lei do Orçamento Financeiro. Ele apresentará sua proposta ao Parlamento em março.

O governo acredita que até 2023 a política fiscal suíça terá voltado ao normal; ele não espera qualquer despesa extraordinária adicional relacionada à Covid. O Conselho Federal estima um superávit orçamentário de CHF600 milhões para 2023.

 

 https://www.swissinfo.ch/por/su%C3%AD%C3%A7a-registrou-d%C3%A9ficit-de-chf12-bilh%C3%B5es-no-segundo-ano-de-pandemia/47355414?utm_campaign=top&utm_medium=email&utm_source=newsletter&utm_content=o


STF anula norma de SP que equipara delegado de polícia a carreiras jurídicas



O artigo 144, § 6º, da Constituição Federal, estabelece vínculo de subordinação entre os governadores de estado e as respectivas polícias civis, sendo inconstitucional a lei que atribui maior autonomia aos órgãos de direção máxima das polícias civis.

ReproduçãoSTF anula norma de São Paulo que equipara delegado de polícia às carreiras jurídicas

Com esse entendimento, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da Emenda Constitucional 35/2012, que alterou o artigo 140 da Constituição de São Paulo, equiparando a carreira de delegado de polícia às carreiras jurídicas, como a da magistratura e a do Ministério Público.

Na ADI, a Procuradoria-Geral da República questionou o aumento da autonomia da atividade policial no estado de São Paulo. A PGR afirmou que a Emenda Constitucional 35/2012 "gerava consequências nefastas" à persecução penal, à atuação do Ministério Público e à definição constitucional da função policial.

Isso porque, conforme a Procuradoria, o dispositivo definia como essencial à função jurisdicional do Estado e à defesa da ordem jurídica a atuação da Polícia Civil, além de categorizar a carreira de delegado de polícia como carreira jurídica, "ao atribuir-lhe independência funcional nos atos de polícia criminal, isto é, os de investigação para apurar infrações penais, de modo a servir de base à pretensão punitiva do Estado, formulada pelo Ministério Público".

Para a PGR, o dispositivo contestado apresentava inconstitucionalidade material por interferir na estrutura da Polícia Civil conforme estabelecido pela Constituição Federal. Por unanimidade, a ADI foi julgada procedente pelo Plenário Virtual da Suprema Corte, nos termos do voto do relator, ministro Gilmar Mendes. 

"O legislador constituinte foi rigoroso quanto ao critério de atribuição de autonomia aos órgãos da administração pública. Por outro lado, foi taxativa quanto a necessidade fundamental de submissão das policiais e corpos de bombeiros militares, bem como das polícias civis, aos governadores dos estados", afirmou o ministro.

Segundo Gilmar, "não foram raras" as vezes em que Supremo Tribunal Federal se pronunciou pela impossibilidade de atribuição de autonomia aos organismos integrantes da segurança pública. Como exemplos, ele citou as ADIs 882 e 5.520.

"Resta evidente que norma do poder constituinte decorrente que venha a atribuir autonomia funcional, administrativa ou financeira a outros órgãos ou instituições que não aquelas especificamente constantes da Constituição Federal, padece de vicio de inconstitucionalidade material, por violação ao princípio da separação dos poderes", completou.

O ministro também destacou o posicionamento da Corte sobre o Ministério Público como titular da ação penal pública, único legitimado para ponderar sobre o oferecimento da denúncia ou, nos casos em que couber, seu arquivamento.

"Nesse sentido, verifico que o dispositivo impugnado, ao conferir autonomia à carreira de delegado, atribuir independência funcional aos delegados de Polícia Civil, incluir a categoria entre as funções essenciais à Justiça e ampliar seu rol de competências, incorreu em ofensa aos artigos 129, I, VI e VIII; e 144, § 6, da Constituição Federal", finalizou Gilmar.

Clique aqui para ler o voto do relator
ADI 5.522

 

https://www.conjur.com.br/2022-fev-20/stf-anula-lei-equipara-delegado-policia-carreiras-juridicas

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

O "jênios" das redes sociais e os "formadores" de opinião: pobre país


Por 

O cronista da Folha de São Paulo, Antônio Prata, inspirou-me. Em um belo texto, mostra como os perdedores, os burros, os caras do fundão da classe da oitava série acabam se dando bem e se transformam em "comunicadores". Ou políticos.

 

 

Têm milhões de seguidores esses agentes da "fundãocracia", diz Prata. Ele lista as pérolas que constam no site do Monark (o que não difere de outros "formadores").

Incrível o conjunto de bobagens, tolices e platitudes que parecem ter sido tiradas de almanaques tipo Biotônico Fontoura ou Renascim. Ou Sadol. Ou daqueles livrinhos "pílulas de felicidade" — mas sem citar a fonte, é claro. E milhões de néscios seguem.

Monark, para ficar no "case" da "moda", diz qualquer coisa sobre qualquer coisa (e foi demitido por defender a existência de um partido nazista). Ele tem o mesmo perfil do ex-Big Brother Brasil (que incrível coincidência ele ser ex-BBB; estou muito surpreso!) que foi demitido da Jovem Pan. Cá entre nós, ser demitido da JP por fazer gesto nazista é o sujeito ser expulso de uma rave por fumar maconha. Ou ser expulso da igreja do RR Soares por pedir mais do que dez por cento de dízimo. É o próprio paroxismo. Mas, enfim, parece que até na JP há limites (essa é a parte positiva da coisa toda).

Quando Bolsonaro repercutiu uma notícia das redes de que vacina e Aids estavam interligados, um dos "influencers" (argh — é uma onomatopeia) semianalfabetos, que serviu de fonte, tinha mais de 4 milhões de néscioseguidores.

Sim, o sujeito não tem futuro, é ignorante, esculhambou no colégio, é da turma do fundão e...pronto. O que vai fazer da vida? Simples. Será blogueiro e/ou influencer. Alguns fazem faculdade de Direito, é verdade. Ou fazem podcast espalhando fake news. Ou tiktokeiam.

Vasculhando as redes, encontramos especialistas tipo Almanaque. Algo como "não tenho partido". E aí tasca uma frase como "obrigar a vacinação é nazismo". "Minha liberdade vale mais do que a vida". Burrice autocontraditória.

Em mais de uma TV do RS é possível ver agentes da fundãocracia. Também em rádios. Dizem todos os dias, com ar de inteligentes, coisas como "os que defendem medidas restritivas na pandemia deviam passar férias em Cuba ou Venezuela". Que coisa "jenial", não? Ou copiam descaradamente notícias da internet (muitas fake) e "contam" sem mencionar a fonte. O pessoal do fundão não é perigoso por ser do fundão. São perigosos porque existem muitos...!

Dos Monarks e Adrilles aos atuais BBB's (que discutem herpes e bizarrices sob os olhares de milhões de egressos dos fundões das salas de aula espalhados pelo país — talvez eles já sejam maioria), passando pelos pastores que "curam" milhares de doentes de Covid retirando-lhes percentuais dos seus ganhos via PIX, o Brasil (ainda) resiste.

O país resiste. Bravamente. Bom, se a justiça resiste a membros do MP que dizem coisas (em audiência) como "esses advogados são bosta" (sem o "s") ... é porque temos alguma gordura para queimar.

Sim, o Brasil é como o escaravelho. Voa. Mas ninguém sabe como voa. Impossível de explicar.

O Flow — que demitiu Monark — é um sucesso (eu nem sabia que existia). Bom, dá para ver o nível a partir do que aconteceu no "papo" entre os "filósofos contemporâneos" Kim, Monark, Tabata e quejandos.

Tempos de pós-modernidade (sabe-se lá o que é isso, exatamente) é assim. Se fizer um bate papo sobre ciência, enche uma Kombi. Ou uma monark. Quanto mais bobagem, melhor.

Saudade dos velhos almanaques. Eram bem melhores que os blogs e "falas" dos atuais influencers.

Junto com Antônio Prata, pergunto: onde foi que erramos? Não, não respondam. A pergunta é retórica. Ou não.

 

 https://www.conjur.com.br/2022-fev-17/senso-incomum-jenios-redes-formadores-opiniao-pobre-pais