uturo incerto da taxa de juros americana pelo Federal Reserve (Fed),
banco central dos Estados Unidos, durante o ano de 2022 será o principal
driver do mercado brasileiro. Foi o que afirmou André Esteves, sócio
sênior do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) durante a
abertura do Summit 2022. O evento, voltado a profissionais do mercado
financeiro, foi realizado nesta segunda-feira 21, em São Paulo.
Para Esteves, as decisões do FED no
decorrer do ano podem surpreender os mercados e trazer ainda mais
volatidade. A perspectiva atual é que o banco central deve subir os
juros sete vezes. Há seis meses, os analistas acreditam que a alta no
juro seria apenas em 2024.
“Hoje, são esperadas entre seis e sete
altas. Muito diferente do Fed ‘dovish’ que vimos na última década. Temos
uma geração de analistas e traders que nunca viram juro positivo,
pressão inflacionária e política apertada.”
Ele disse que está preocupado com a
postura do mercado em relação ao Fed. Segundo ele, os analistas se
mostram lenientes diante da possibilidade do aumento de juro. “O
principal debate não é para onde
O futuro incerto da taxa de juros
americana pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos,
durante o ano de 2022 será o principal driver do mercado brasileiro. Foi
o que afirmou André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual (do mesmo
grupo de controle da Exame) durante a abertura do Summit 2022. O evento,
voltado a profissionais do mercado financeiro, foi realizado nesta
segunda-feira 21, em São Paulo.
Para Esteves, as decisões do FED no
decorrer do ano podem surpreender os mercados e trazer ainda mais
volatidade. A perspectiva atual é que o banco central deve subir os
juros sete vezes. Há seis meses, os analistas acreditam que a alta no
juro seria apenas em 2024.
“Hoje, são esperadas entre seis e sete
altas. Muito diferente do Fed ‘dovish’ que vimos na última década. Temos
uma geração de analistas e traders que nunca viram juro positivo,
pressão inflacionária e política apertada.”
Ele disse que está preocupado com a
postura do mercado em relação ao Fed. Segundo ele, os analistas se
mostram lenientes diante da possibilidade do aumento de juro. “O
principal debate não é para onde vai a taxa de juros americana, mas em
que que velocidade ela subirá.
Há um potencial alto de nos surpreender”,
acrescentou.
Além da política monetária americana, ele
destacou ainda que o mercado será pressionado no curto prazo por dois
outros fatores: as eleições presidenciais no Brasil e a tensão
geopolítica entre Rússia e Ucrânia.
Sobre as eleições, Esteves afirmou que é
esperado uma volatilidade, já que os candidatos têm visões diferentes da
política econômica, que trará implicações diferentes para os preços dos
ativos. Entretanto, afirmou que a independência do Banco Central
brasileiro é fundamental para reduzir a pressão causada pela decisão das
urnas. “Nós não sabemos quem será nosso novo presidente, mas sabemos
que nos próximos dois anos, o presidente do Banco Central, será Roberto
Campos Neto. Isso nos dá uma previsibilidade para o horizonte da
política monetária.”
Sobre a tensão entre a Rússia e Ucrânia,
Esteves destacou que traz uma preocupação adicional aos mercados
principalmente no médio prazo e que é esperada uma fuga de capital para
os Estados Unidos, historicamente um refúgio dos investidores para o
risco, o que diretamente, acaba impactando na taxa de juro. “Isso é
cortina de fumaça. Não tem nada a ver com os fundamentos.”
Esteves destacou também sobre o cenário
inflacionário do Brasil, Estados Unidos e alguns países da Europa.
Apesar de a inflação brasileira voltar aos dois dígitos, de 10,5%, ela
está dentro do esperado devido ao cenário de pandemia, que atingiu toda a
economia em todo mundo. “Nos Estados Unidos, a inflação é 7% ao ano. Na
Alemanha, 3%. No Brasil, a taxa em 10,5% é um horror, mas esperado
dentro do contexto global.”
Somado a isso, as economias estão
enfrentando a chamada ‘inflação verde’, que está relacionada às medidas
para descarbonizar a economia, por meio da transição da energia em
carbono para renováveis. Segundo ele, isso impacta no preço do petróleo e
em outras commodities. “Raramente vimos as commodities no preço máximo
ao mesmo tempo. No hight histórico. No médio prazo, isso é positivo para
o Brasil: 2022 será um ano recorde de balança comercial.”
Diante desse cenário, Esteves destacou
ainda a importância dos agentes de investimentos, que será fundamental
para ajudar os clientes, seja pessoa física ou investidor institucional,
a rentabilizar o capital ou protegê-lo diante do cenário inflacionário.
“Temos vivido um ciclo razoavelmente reformista que criou uma
transformação e uma sofisticação maior na alocação do investimento.
Antigamente, não tinha muita dúvida. A receita era aplicar o dinheiro na
renda fixa proteger da inflação. Era o mínimo de risco possível. Na
hora que os juros se transformam e começa ter uma nova demanda de uma
discussão mais sofisticada de como alocar o capital, surge o papel do
assessor de investimento. A demanda segue enorme e crescente.”
https://exame.com/invest/mercados/decisao-do-fed-sobre-taxa-de-juro-pode-surpreender-diz-andre-esteves/