Nesse novo momento do varejo, que coloca o consumidor no centro, fala-se muito mais das tecnologias emergentes que vão proporcionar a jornada mais personalizada possível.
Antonio Alberto Aguiar (Tombé), Diretor Executivo de Estabelecimentos da Sodexo Benefícios e Incentivos. (Foto: Divulgação)
A National Retail Federation (NRF), big show do varejo mundial, atrai milhares de pessoas dos mais diferentes segmentos para discutir os desafios, encontrar soluções e traçar os novos rumos do varejo. Em 2023, ficou claro que o setor vive um novo momento, que mostra que o consumidor está empoderado e, por isso, busca pela melhor experiência, pelo menor preço, em processos rápidos e convenientes.
Este cenário reforça um caminho que já estamos trilhando e que passou por muitas inovações. No passado, o setor imaginava que o e-commerce iria se sobrepor ao varejo físico, depois, entendeu-se que ambos precisavam estar unificados, e hoje, onde estamos, vivemos a omnicanalidade, que é a integração entre os variados canais de contato com o cliente. Fato é que todos os movimentos anteriores tiveram a ver com a garantia da melhor jornada do consumidor e assim seguiremos no futuro, convergindo para esse objetivo. Nesse novo momento do varejo, que coloca o consumidor no centro, fala-se muito mais das tecnologias emergentes que vão proporcionar a jornada mais personalizada possível.
Quero dividir um case de uma rede de supermercados, que expôs a solução na NRF e que confirma essa tese. A tecnologia apresentada realiza, continuamente, uma análise com algoritmos que levam em conta a validade de um produto, não apenas os que são registrados nas embalagens, como também o vencimento de frutas, legumes e verduras, por exemplo. Essa inteligência cria, com base nos dados, preços dinâmicos levando em consideração o prazo do alimento e o comportamento das pessoas que estão dentro da loja. Tudo isso graças às tecnologias avançadas que são capazes de identificar cada cliente, seja por meio do aplicativo do celular que cada um carrega, seja pela leitura facial dentro da loja. O caso representa a aplicação de uma jornada de experiência única, com ofertas exclusivas, baseadas em cada um dos consumidores, no mix de produtos e na rentabilidade do varejista.
Esse é apenas um dos exemplos de como a inteligência artificial (IA) baseada no uso de dados tem um potencial enorme de proporcionar uma atuação personalizada e sobre como o varejista pode gerar mais vendas para seu negócio, tendo como fator chave o uso de data analytics.
Com a evolução das tecnologias, dos aprendizados e até mesmo das ofertas de soluções no mercado, os custos para se investir em IA estão cada vez mais acessíveis, sendo que, hoje, já passaram a ser uma realidade para todos os portes de empreendimentos graças ao cloud computing, isso sem falar das soluções prontas e modulares que podem ser adquiridas em marketplaces para facilitar o processo.
Conforme o relatório Future Drivers 2025 da WGSN, divulgado durante a NRF realizada em janeiro deste ano, as práticas inovadoras estão sendo avaliadas por IA com mais regularidade e, até 2025, todos estarão mais acostumados com a tecnologia, sejam empresas ou clientes.
Este mesmo relatório aponta ainda que a cultura digital está valorizando os interesses do nicho, partindo da abordagem ampla e indo em direção à específica. O movimento é impulsionado pela Geração Z, especialmente nas redes sociais, com um crescimento de criadores de conteúdo, comunidades e plataformas, o que é chamado de microcultura, ou seja, a cultura voltada especificamente para um pequeno grupo.
Porém, na NRF não se falou apenas de tecnologia, já que muitas apresentações se voltaram também para as pessoas, em especial ao colaborador, que demanda capacitação para que possa fazer o uso correto das ferramentas e desempenhar melhor suas funções.
Um ponto que também vale destacar foi o rico debate sobre a questão da diversidade, como: formação das equipes, com atenção à negros e mulheres na liderança, e o fim do estereótipo do consumidor. Ainda segundo o estudo da WGSN, a pauta ESG é de extrema relevância no mundo dos negócios, porém deve ganhar ainda mais força até 2025, por conta do cenário atual de crises, questões sociais e ecológicas.
Dentre os aprendizados que ficaram com a minha participação no evento, principalmente no que diz respeito à economia, ressalto a adaptabilidade e a capacidade de se reinventar dos varejistas com horizontes desafiadores, fazendo com que estejam mais focados em encontrar soluções para obter retorno no curto prazo.
Estamos em um momento de aprimoramento, de manter os pés no chão, de pensar em ações com retorno rápido e de colocar o consumidor em seu merecido lugar, no centro, pois só assim será possível conquistar um crescimento sustentável.