quinta-feira, 27 de abril de 2023

Simone Tebet diz que decisões do Banco Central têm consequências políticas

Simone Tebet em 2022 - 25/05/2022 - Politica - Fotografia - Folha de S.Paulo


A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), disse nesta quinta-feira, 27, em audiência no Senado, que as decisões do Banco Central têm consequências políticas. Ela, porém, afirmou que a autonomia do órgão é importante para a estabilidade econômica e que o governo não interfere nas decisões técnicas.

“Juros, inflação e crescimento são 3 coisas que precisam andar juntas, não podem estar isoladas”, declarou ela. “O crescimento não pode ficar no meio do caminho”, disse Simone Tebet.

Ela afirmou que governo e Banco Central têm debatido muito o assunto, cada um com sua visão. “O governo faz uma relação muito forte entre crescimento e taxa de juros. O Banco Central, entre taxa de juros e inflação”, declarou.

Segundo a ministra, essas formas de ver o tema não são antagônicas.


 

China libera importação de estoques de carne bovina do Brasil antes de mal da vaca louca

Países de bandeira do brasil e china | Foto Premium

 

 

Brasília e São Paulo, 27 – A China liberou as importações estoques de carne bovina brasileira produzidos antes de 21 de fevereiro, quando o Brasil confirmou um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), doença popularmente conhecida como mal da vaca louca, cujos resultados indicaram ser um caso atípico. No dia 23 de fevereiro, o Brasil suspendeu os embarques da proteína à China, como prevê o protocolo entre os dois países.

A autorização foi feita pelo Departamento de Alfândegas da China (Gacc) e comunicada pelo Ministério da Agricultura.

O aval vale para a carne produzida antes desta data e embarcada após 23 de março, quando o país asiático retirou o embargo sobre a proteína brasileira.

Ainda não podem ser exportados os produtos produzidos nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro.

A China também não autorizou o recebimento das cargas embarcadas após o dia 23 de fevereiro.

 

Desaceleração da economia devido a juro alto levará a problemas fiscais, diz Haddad


Desaceleração da economia devido a juro alto levará a problemas fiscais, diz Haddad

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira que uma desaceleração da economia relacionada à condução da política monetária levaria a problemas fiscais, e voltou a pedir “harmonização” da ala monetária com a trajetória das contas públicas.

Haddad falou em debate no Senado sobre juros, inflação e crescimento, em que estava acompanhando do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Este tem sido alvo de críticas de alguns membros e aliados do governo pelo patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%, nível elevado que tende a restringir a atividade econômica.

Haddad disse nesta quinta-feira que é necessário recuperar a capacidade do Brasil de investir, pediu cortes de gastos e voltou a mirar o que chamou de “renúncias fiscais” como um fator a ser combatido de forma a aumentar a captação de recursos pela União.

O ministro afirmou que os conflitos distributivos do Brasil são “severos” e só se equacionam com crescimento econômico.

Haddad também voltou a destacar “vitória importante” com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que deu ganho parcial ao governo em julgamento de conjunto de ações sobre descontos do ICMS, que, pelas contas da equipe econômica, têm impacto potencial de até 90 bilhões de reais por ano para os cofres federais.

(Por Bernardo Caram)

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Bolsonaro diz à PF que estava sob efeito de remédio ao postar vídeo contra resultado da eleição


Crédito: Agência Brasil

Bolsonaro disse que estaria se recuperando de um "tratamento com morfina" (Crédito: Agência Brasil)

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alegou nesta quarta-feira, 26, em depoimento à Polícia Federal (PF) que o compartilhamento de um vídeo com informações falsas e questionamentos quanto à lisura do resultado das eleições de 2022 foi feito de “forma equivocada”. Segundo relato do ex-secretário de comunicação social da Presidência e atual assessor de imprensa de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, o ex-presidente disse à PF que estava sob efeito de medicamentos quando fez postagem. Bolsonaro estaria se recuperando de um “tratamento com morfina”.

A publicação realizada apenas dois dias após os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro foi alvo de denúncia do Ministério Público (MP) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que acabou por ordenar a inclusão de Bolsonaro na investigação da tentativa de golpe no início do ano.

O depoimento do ex-presidente durou 3 horas. Encerrada a oitiva, Fábio Wajngarten afirmou que a versão dada aos agentes federais foi de que a publicação havia sido um erro e que o ex-presidente repudia os atos golpistas de 8 de janeiro. Está foi a segunda vez que Bolsonaro depôs à PF. Na primeira declaração dada aos policiais no início deste mês, Bolsonaro teve que explicar o motivo de ter pressionado e deslocado ministros de seu governo para ter acesso a joias ilegais retidas pela Receita Federal.

“Este vídeo foi postado na página do presidente no Facebook quando ele tentava transmiti-lo para o seu arquivo de WhatsApp para assisti-lo posteriormente. Por acaso, justamente, neste período o presidente estava internado em um hospital em Orlando”, afirmou. “Justamente no período entre o dia 8 e o dia 10 ele teve uma crise de obstrução intestinal, foi internado, submetido a tratamento com morfina, ficou hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia 10. Essa postagem foi feita de forma equivocada tanto que duas horas depois ele foi advertido e retirou a postagem”, disse Wajngarten.


 

MP aciona AngloGold Ashanti na Justiça e diz que empresa omitiu dados de barragem


MP aciona AngloGold Ashanti na Justiça e diz que empresa omitiu dados de barragem

Logotipo da mineradora AngloGold Ashanti

Por Marta Nogueira

 

RIO DE JANEIRO (Reuters) – O Ministério Público de Minas Gerais moveu ação contra a AngloGold Ashanti com pedido de indenização de 50 milhões de reais após a mineradora de ouro supostamente ter ocultado de autoridades pareceres técnicos que indicavam ausência de estabilidade em uma de suas barragens em Nova Lima, segundo documento visto pela Reuters.

Na ação, o MP mineiro também pede diversas medidas adicionais de segurança e relata que “por duas vezes no ano de 2022 a ré teve em mãos estudos técnicos robustos, elaborados por consultoria especializada por ela própria contratada, que indicavam a ausência de estabilidade na barragem” de Cocuruto, na Planta do Queiroz, e que teria optado por não publicá-los.

“(A AngloGold Ashanti) simplesmente omitiu que existiam e, após tentar convencer a consultoria a mudar de opinião sobre a estabilidade da barragem, resolveu trocar a equipe responsável pelo serviço”, disse a ação, vista pela Reuters.

O MP pontuou na ação que houve falta de transparência sobre a segurança de barragens de mineração, mesmo após o Brasil ter passado na história recente por dois grandes colapsos de estruturas de mineração, que pertenciam à Samarco e Vale, com centenas de mortes e grandes impactos ambientais e em comunidades. Em ambos os casos, as mineradoras foram acusadas de omitir informações de segurança.

Procurada, a AngloGold Ashanti disse que permanece sem lançar efluentes e rejeitos nas barragens do Queiroz desde dezembro de 2022.

Disse também que a produção das plantas da unidade está paralisada desde aquela data, mas não detalhou as razões de ter parado de lançar os rejeitos.

A mineradora afirmou ainda que, “por governança, não comenta publicamente assuntos que estão em trâmite judicial”.

Mas ressaltou em nota à Reuters que “sempre atua de forma ética e transparente, mantendo diálogo com todas as autoridades competentes”.

“Aproveitamos para reforçar que todas as barragens localizadas na Planta Queiroz, em Nova Lima, estão seguras e estáveis. Nenhuma das estruturas se encontra em níveis de emergência (1, 2 ou 3).”

Segundo a mineradora, as estruturas “receberam, inclusive, recentemente, no final de março, as novas Declarações de Condição de Estabilidade (DCE), emitidas por auditoria externa, em plena conformidade com a legislação”.

Segundo informações da ANM citadas na ação do MP, a barragem de Cocuruto tem 41 metros de altura e volume atual de 4,17 milhões de m³, construído pelo método de alteamento a jusante. Seu Dano Potencial Associado (DPA) é tido como “Alto”, com existência de comunidades ocupando permanentemente a área a jusante da barragem, com até 5 mil pessoas possivelmente afetadas em caso de um rompimento.

A unidade é parte do complexo de mineração chamado Cuiabá, com operações em Sabará, Nova Lima e Caeté, todas cidades de Minas Gerais. A operação inclui as minas subterrâneas de Cuiabá e Lamego, além de usinas de processamento do ouro.

A capacidade de produção no local não ficou imediatamente clara e se companhia mantém parte da produção por outro método de extração.

Consultado, o MP confirmou o ajuizamento da ação por meio do coordenador ambiental, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, mas informou que somente irá se pronunciar após a análise dos pedidos liminares pelo poder judiciário.

“Em pleno ano de 2022, no Estado de Minas Gerais, enlutado por desastres ambientais e humanos sem precedentes, uma empresa de mineração responsável por colossais barragens de rejeitos com alto potencial de dano associado ainda privilegia a atividade minerária em detrimento da tutela da vida e do meio ambiente. Prefere a produção à prevenção e precaução”, afirma o MP na ação. “Prioriza a ocultação de dados em face da transparência. Opta por embaraçar a atuação dos órgãos públicos de controle, ao invés de com eles cooperar”, disse a ação do MP.

SUSPENSÃO

Ainda que a empresa tenha dito que a unidade Queiroz está paralisada, no documento o MP pede à Justiça que a AngloGold Ashanti suspenda imediatamente as atividades no local, até que diversas medidas de segurança sejam tomadas, incluindo a apresentação de um plano de ação que garanta a total estabilidade e segurança da barragem Cocuruto e das demais barragens da Planta.

Na ação, o MP pontuou que as supostas omissões apenas vieram à tona após a reguladora do setor de mineração ANM e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) terem estranhado uma mudança de consultor externo para apenas uma das barragens integrantes do portfólio da AngloGold.

A omissão de informações pela AngloGold, segundo o MP, teria ocorrido em março e setembro de 2022. Todo ano nesses meses as mineradoras responsáveis por barragens devem enviar aos órgãos de controle o relatório de inspeção de segurança regular de cada uma de suas estruturas, acompanhado da declaração de condição de estabilidade (DCE).

No primeiro semestre do ano passado, o MP afirmou que após receber de consultoria externa uma DCE negativa para sua barragem Cocuruto, o que acarretaria o imediato embargo administrativo da estrutura, a AngloGold optou por “enviar aos órgãos uma DCE positiva subscrita apenas por seus próprios funcionários, omitindo a existência do relatório negativo” dos órgãos de controle e da sociedade.

Posteriormente, uma consultoria externa concluiu novamente no segundo semestre pela instabilidade da estrutura, segundo o MP.

Procurada, a reguladora ANM não comentou o assunto imediatamente.

(Por Marta Nogueira)

 

STJ julga benefício tributário de R$88 bi que pode definir ajuste fiscal de Haddad


STJ julga benefício tributário de R$88 bi que pode definir ajuste fiscal de Haddad

Notas de 200 reais

Por Bernardo Caram e Ricardo Brito

 

BRASÍLIA (Reuters) – Em discussão que pode definir os rumos do ajuste fiscal prometido pelo governo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) retoma na tarde desta quarta-feira julgamento de caso envolvendo benefícios tributários que, pelas contas da equipe econômica, geram custo de 88 bilhões de reais por ano aos cofres federais.

A Corte avalia se descontos na cobrança do ICMS, concedidos por Estados a empresas, fazem parte ou devem ser excluídos da base de cálculo do Imposto de Renda das empresas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

O governo sustenta que companhias têm promovido uma extensão irregular dos descontos na hora do pagamento dos tributos federais. Por outro lado, escritórios da área tributária e setores empresariais argumentam que o benefício amplo é legal e que sua restrição contraria o pacto federativo.

Em 2017, o STJ decidiu que a base de cálculo do IRPJ e da CSLL deveria ser reduzida nos casos de empresas com créditos presumidos do ICMS –que permitem à companhia, na hora do pagamento do imposto, compensar valores já tributados anteriormente. Com a redução da base de cálculo dos tributos federais, a empresa paga um valor menor dos impostos, o que reduz os ganhos para o Tesouro.

A discussão agora é se essa mesma tese pode ser aplicada a outros benefícios fiscais relacionados ao ICMS, como redução de alíquota, isenção, diferimento e aplicação de imunidade tributária, entre outras modalidades –como na prática tem sido feito desde 2017.

Esses benefícios são usufruídos por empresas que pagam tributos pelo regime de lucro real, que considera o resultado financeiro efetivo e é adotado predominantemente por companhias de maior porte.

O Ministério da Fazenda trabalha para que essa extensão do benefício seja barrada pelo STJ, argumentando que a ampliação se baseia em interpretação equivocada da legislação.

“A grande maioria dos empresários pagam seus tributos, só que eles também recebem uma enxurrada de teses jurídicas no sentido de ‘olha, não pague, vamos apostar nisso ou naquilo’, é uma situação muito preocupante”, disse à Reuters a procuradora-geral adjunta de Representação Judicial da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Lana Borges Câmara.

Segundo ela, o crédito presumido gera impacto no balanço da empresa, o que justificaria a redução dos tributos federais. Por outro lado, os outros benefícios, que reduzem diretamente o pagamento do imposto estadual, “não transitam pela estrutura contábil da companhia”, não fazendo sentido haver abatimento do tributo federal sobre algo que não foi pago, afirmou.

EROSÃO FISCAL

Na avaliação da Fazenda, o benefício ampliado indevidamente ainda fere o pacto federativo ao prejudicar o repasse de recursos a municípios.

“A erosão da base de cálculo do IRPJ prejudica o pequeno município, aquele que depende do repasse do Fundo de Participação dos Municípios, que é retirado da receita tributária do Imposto de Renda”, afirmou a procuradora.

De acordo com a sócia da área tributária do escritório Mattos Filho, Ariane Costa Guimarães, o governo vem usando o argumento de que o benefício no caso do crédito presumido se refere a investimentos efetivos das empresas, enquanto os outros incentivos fiscais atingem o custeio e, por isso, não podem ganhar subvenções.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem afirmado que trabalhará para separar custeio de investimento na concessão de benefícios, alegando não conhecer outro país que dê esse incentivo ampliado. Ele aguarda a decisão do STJ para avaliar a edição de uma medida que discipline o tema.

Sob o argumento de que o novo arcabouço fiscal apenas será sustentável se a base arrecadatória do governo for recomposta, Haddad anunciou neste mês medidas para gerar ganho superior a 100 bilhões de reais por ano. O pacote contava com fim da isenção de 50 dólares para encomendas internacionais, medida que acabou descartada após pressão, a tributação de apostas online, que ainda não foi publicada, e o benefício do IRPJ e CSLL, que responde pelo maior impacto fiscal, estimado em 88 bilhões de reais.

A equipe de Haddad tem afirmado que eventuais frustrações de medidas já apresentadas levarão o governo a anunciar novas rodadas de propostas de ajuste fiscal.

Segundo a advogada do Mattos Filho, precedentes do STJ estabelecem em geral que a União não pode tributar o resultado decorrente de uma dispensa de pagamento de tributo nos Estados. Isso porque a União estaria ferindo o pacto federativo ao atuar para mitigar o efeito do incentivo estadual.

Para ela, o argumento do governo não se sustenta porque os benefícios não geram acréscimo patrimonial nas empresas e não haveria motivo para tributação sobre renda e lucro.

“É quase um contexto oportunista, porque o objetivo é arrecadar, não é mudar o arranjo de concessão de benefícios. Se quiser alterar o arranjo, pode estabelecer regras mais objetivas, contrapartidas mais claras no texto legal, fazer o que o governo está propondo, que é apoiar a reforma tributária”, disse Guimarães.

O advogado tributarista Alberto Medeiros, que fará sustentação oral no julgamento pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), afirmou à Reuters que uma vitória do governo aumentará o custo das empresas, além de desestruturar cadeias de produção já moldadas com base nos benefícios fiscais.

“A preocupação aqui é de um claro risco de aumento do preço de diversas mercadorias e uma pressão inflacionária, justamente em um momento no qual o governo está buscando reduzir a inflação para garantir a redução dos juros”, disse ele, que é sócio tributarista de TozziniFreire Advogados.

FenaSaúde: cenário da saúde suplementar é crítico e impacta reajuste dos planos de saúde



Crédito: Agência Brasil

Operadoras de planos de saúde: relação entre receitas e despesas do setor vive grande desequilíbrio (Crédito: Agência Brasil)

 

 

Com prejuízo operacional de R$ 11,5 bilhões e resultado financeiro líquido positivo de R$ 1,5 milhões, segundo dados divulgados na segunda-feira, 24, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os planos de saúde médico-hospitalares tiveram em 2022 o pior resultado desde o início da série histórica feita pela agência, em 2001. Apesar de o quarto trimestre ter apresentado prejuízo operacional menor em relação aos três anteriores do ano passado – 1º tri (-R$ 1,1 bilhão), 2º tri (-R$ 4,4 bilhões) e 3º tri (-R$ 5,5 bilhões) -, o setor já acumula 7 trimestres negativos seguidos.

Entre 2021 e 2022, as receitas tiveram variação positiva de 5,6%, enquanto as despesas das operadoras aumentaram na ordem de 11,1%. “A relação entre receitas e despesas do setor vive um grande desequilíbrio”, avalia a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa 13 grupos de operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde.

Diante dos resultados, a federação considera o cenário crítico e alerta para o impacto nos reajustes dos planos de saúde. A divulgação do índice de reajuste dos planos individuais e familiares deve ocorrer em maio.

Outro destaque negativo de 2022, na visão da FenaSaúde, é a sinistralidade dos planos médico-hospitalares. Um dos principais indicadores do setor, o índice foi de 89,21% no quarto trimestre. O porcentual indica que a cada R$ 100 da receita das operadoras de planos saúde no trimestre, R$ 89,21 foram destinados ao pagamento de despesas assistenciais com consultas, exames, internações, cirurgias, entre outros. No terceiro trimestre o índice chegou a 93,2%.De acordo com a entidade, entre os fatores que impactam esses resultados estão o crescimento da frequência de uso dos planos de saúde; o fim da limitação de consultas e sessões de terapias ambulatoriais com fonoaudiólogos, psicólogos, entre outros; o aumento do preço de insumos médicos; a obrigatoriedade de oferta de tratamentos cada vez mais caros, com doses a cifras milionárias; a ocorrência de fraudes; e a judicialização.

“A saúde suplementar sofre efeitos diretos do descompasso entre receitas e despesas e do aumento dos custos dos tratamentos de saúde, medicamentos, procedimentos hospitalares e terapias. Essa escalada deve impactar diretamente no índice de reajustes dos planos. O cenário coloca em risco o equilíbrio do sistema, o que pode levar à saída de milhares de beneficiários, sobrecarregando ainda mais o SUS”, avalia a diretora-executiva da FenaSaúde, Vera Valente.

A executiva pontua que tal cenário tende a se agravar com a alteração do caráter taxativo do rol, promulgada em setembro de 2022, que criou, segundo Valente, “condicionantes frágeis e subjetivas de cobertura”.

“Precisamos buscar soluções que visem o uso racional dos recursos dos planos de saúde e promovam a eficiência operacional da saúde suplementar. E isso só será possível a partir da soma de esforços de todos os agentes da cadeia de serviços em saúde, como as operadoras, os prestadores de serviço e os fornecedores, com o apoio da própria sociedade, que é a principal beneficiada por um sistema que ajuda a desafogar o sistema público de saúde, oferecendo assistência médica a 50,4 milhões de pessoas”, finaliza a diretora-executiva da FenaSaúde.