Depois
de Emirados Árabes e França, Itália e Holanda anunciam ajuda a civis.
Em Tóquio, G7 engrossa coro por “pausas humanitárias” e pede a
viabilização de apoio humanitário à região “sem impedimentos”.A Itália
anunciou nesta quarta-feira (08/11) o envio de um navio médico à costa
da Faixa de Gaza, no Mar Mediterrâneo, para prestar ajuda humanitária à
região.
A
bordo do Vulcano estão 170 pessoas, entre militares e profissionais da
saúde, além de equipamentos e medicamentos, segundo o ministro italiano
da Defesa, Guido Crosetto. Ele disse que o envio da embarcação é um
sinal concreto do país de apoio ao povo palestino e de “distância dos
terroristas do Hamas”, e acrescentou que o governo está avaliando a
possibilidade de abrir um hospital de campanha dentro de Gaza.
Também
nesta quarta, a Holanda anunciou que enviaria, “quando for possível”,
um navio da Marinha à região, carregado de mantimentos para civis. A
informação foi dada pelo primeiro-ministro Mark Rutte antes de ele
partir para um encontro com seu homólogo israelense, Benjamin Netanyahu.
Um
oficial da Marinha holandesa afirmou à agência de notícias AFP que a
embarcação zarparia em meados de novembro e chegaria até o fim do mês ao
Chipre, país da União Europeia mais próximo de Gaza.
“Na verdade,
trata-se de pré-posicionar o navio em caso de necessidade de ajuda
humanitária ou evacuação”, afirmou o oficial, acrescentando ainda que a
entrada de apoio por terra ou mar dependeria de uma “decisão a nível
internacional”.
A
Holanda tem mantido conversas com o Catar, país que assumiu as
mediações entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas na guerra.
Segundo
o primeiro-ministro holandês, o Catar – país onde vive o líder do
Hamas, Ismail Hannyeh – fez algumas propostas para o estabelecimento de
pequenas pausas no conflito, de modo a permitir a entrada de ajuda
humanitária em Gaza.
Chipre negocia corredor marinho humanitário
Os
anúncios de Itália e Holanda vêm após o presidente do Chipre, Nikos
Christodoulides, declarar que o país estava “pronto para desempenhar um
papel substancial” no conflito com o estabelecimento de um corredor
humanitário marítimo.
Também vieram após os Emirados Árabes Unidos
afirmarem que abririam um hospital de campanha em Gaza com 150 leitos,
um departamento cirúrgico e UTIs para adultos e crianças.
O
país do Golfo Pérsico também já havia prometido anteriormente 20
milhões de dólares em ajuda a civis e o transporte de 1.000 crianças
palestinas e seus familiares para tratamento médico em seu território.
Os
Emirados Árabes Unidos foram os principais articuladores dos Acordos de
Abraão, que em 2020 restabeleceu as relações diplomáticas de quatro
países árabes – os Emirados, o Bahrain, o Marrocos e o Sudão – com
Israel.
Segundo o jornal israelense The Times of Israel, o país
apoia o estabelecimento de hospitais de campanha em Gaza e arredores
porque isso facilitaria o rastreamento do Hamas em hospitais já
construídos na região, que abrigam pacientes e civis desabrigados, mas
que estariam sendo usados por terroristas para propósitos militares.
O
Egito já estaria construindo um hospital de campanha a 15 km da
Passagem de Rafah, na fronteira com o enclave, e a França também estaria
avaliando uma medida semelhante – o país também anunciou, no final de
outubro, o envio de um navio da Marinha para apoiar hospitais em Gaza.
Situação humanitária “catastrófica” em Gaza
Organizações
internacionais de ajuda humanitária têm seguidamente alertado sobre
condições humanitárias “catastróficas” no enclave palestino, que está
sob bombardeio constante desde a eclosão da guerra. Segundo essas
entidades, faltam água potável, comida e medicamentos na região, e
hospitais e profissionais de saúde estão à beira do colapso.
No
lado palestino, mais de 10 mil pessoas morreram em 32 dias de conflito,
segundo dados do Ministério da Saúde em Gaza, órgão controlado pelo
Hamas.
A guerra foi deflagrada após o Hamas invadir Israel e
promover uma série de atentados terroristas, matando ao menos 1.400
pessoas e sequestrando outras mais de 240.
G7 engrossa coro internacional por “pausas humanitárias”
No
mesmo dia em que o secretário geral das Nações Unidas, António
Guterres, declarou à agência de notícias Reuters que o saldo de vítimas
na Faixa de Gaza aponta para algo “claramente errado”, os países do G7
endossaram o coro por “pausas humanitárias” no conflito para viabilizar o
envio de assistência a civis.
Tais pausas já foram defendidas pela União Europeia e, mais recentemente, também pelos Estados Unidos.
“O
Hamas comete violações [do direito internacional] quando usa escudos
humanos”, afirmou Guterres à Reuters. “Mas quando você olha para o
número de civis mortos nas operações militares, há algo que está
claramente errado.”
“É importante fazer Israel entender que é
contra seus próprios interesses ver todos os dias as imagens terríveis
das necessidades humanitárias dramáticas da população palestina”,
continuou o chefe da ONU. “Isso não ajuda Israel perante a opinião
pública global.”
Já o G7 reforçou, em sua declaração final após um
encontro em Tóquio, no Japão, o apelo para que “todas as partes”
permitam, “sem impedimentos, o envio de ajuda humanitária à população
civil, incluindo comida, água, assistência médica, combustível e
alojamentos, bem como o acesso para os trabalhadores humanitários”.
O
grupo, que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália,
Japão e Reino Unido, também condenou os atentados de 7 de outubro
cometidos pelo Hamas, exigiu a soltura imediata dos reféns mantidos em
cativeiro em Gaza e defendeu a solução de dois Estados para a paz na
região.
ra (Lusa, AP, AFP, DW, ots)